Sinopse: A rotina do ensino médio da Escola Estadual Doutor Alarico da Silveira, localizada no centro de São Paulo, é alterada por conta das eleições do grêmio estudantil que se aproximam.
O ano de 2018 ficará marcado por nos ter apresentado uma eleição controversa, onde um candidato usou somente todos os meios de comunicação pela internet, para espalhar fake news e se auto promover como a pessoa mais indicada(?) para comandar o país. Em uma democracia de verdade, a eleição funciona quando as propostas dos candidatos de vários partidos são ouvidas em debate perante o olhar do povo, para assim conhecermos melhor as suas ideias, de uma forma mais limpa e coerente. Embora não retrate esse cenário duvidoso do qual ocorreu no ano passado, o filme “Eleições” nos apresenta o dia a dia de uma eleição estudantil, mas que fala muito do nosso país atual.
Dirigido por Alice Riff, diretora do documentário "As Histórias Que o Nosso Cinema (não) Contava" (2018), o filme foca no dia a dia de uma escola nas vésperas das eleições das chapas. A obra foca, ao menos, quatro chapas, onde cada um dos seus integrantes fica contando na frente dos alunos as suas propostas para o melhoramento da escola. Ao mesmo tempo, testemunhamos as reações, as opiniões dos alunos ao longo desse período e as consequências que podem gerar no dia da votação.
Como eu tenho quase quarenta anos de vida é sempre bom ver a cara dessa nova geração de estudantes e da maneira como eles interagem uns com os outros dentro da escola. Percebe-se que há visivelmente uma diversidade de opiniões, comportamento e do modo de se vestir de cada um dos alunos. Em tempos em que o conservadorismo político quer ditar as regras dentro das escolas, testemunharmos esse quadro atual se nota que há uma esperança sendo plantada por detrás dos muros das escolas.
Embora seja um documentário, a cineasta opta em não interagir muito com os alunos, mas sim captar as reações e opiniões reais deles no dia a dia da escola. Temos somente um vislumbre de alguns deles interagindo com a câmera quando determinados alunos fazem pequenos noticiários falando sobre como anda o desenvolvimento da eleição. Esses momentos, aliás, mostram o poder das mídias eletrônicas atuais, de como elas podem influenciar a opinião de eleitores e mudar assim o curso da história.
Curiosamente, a questões LGBT, religião, raça e liberdade de expressão são colocadas em pauta no decorrer da obra. Há por exemplo, tanto momentos em que mostra um aluno gay sofrendo preconceito, como também a inserção de uma determinada religião para uma das chapas. Embora essa passagem da obra possa parecer forçada para colocar o assunto em pauta, nunca é demais a gente se lembrar que vivemos num país laico e que se deve separar política da religião como é bem mostrado nesse documentário.
Ao seu final, as eleições terminam de uma forma democrática, porém, não escondendo os percalços que aquela escola ainda terá que enfrentar ao longo dessa jornada. De uma forma corajosa, o documentário faz uma comparação da escola com o estado que recorre a força policial, do qual ambos acreditam que é o melhor meio para se conter determinada situação. Testemunharmos, por exemplo, diretores responsáveis pela escola em querer apoiar a força policial, se faz assim um paralelo com esses governantes atuais que acreditam que tudo pode ser resolvido com a força bruta de uma polícia despreparada.
Com uma rápida e bela homenagem a Marielle Franco, "Eleições" é um importante documentário para ser visto pelos estudantes do Brasil atual, pois é por eles que será construído o nosso futuro e para que ele não se torne assim tão sombrio.
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