segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Carvana: Como se faz um Malandro

Nota: filme exibido para associados no último sábado (17/11/18).   
Sinopse: Os 60 anos de carreira de um dos maiores nomes do cinema nacional, narrados por ele mesmo. A história do jovem estudante de teatro, que iniciou sua carreia no cinema através pequenos papéis nas icônicas pornochancadas e se consagrou como ator no Cinema Novo. Através de imagens raras disponibilizadas por artistas que compartilharam de sua trajetória, o ator e diretor é visto pela primeira vez de maneira transparente, sem apelos publicitários.

Devo muito o meu conhecimento com relação ao cinema brasileiro graças à extinta rede Manchete, já que aos sábados de vários anos atrás passavam duas sessões do cinema brasileiro a noite. Dentre essas inúmeras exibições conheci o clássico “Vá trabalhar, Vagabundo”, escrito, dirigido e estrelado por Hugo Carvana, do qual a imagem do seu personagem malandro encantou inúmeras gerações de cinéfilos. Eis que chegamos ao documentário Carvana: Como se faz um Malandro, obra que não fala somente sobre esse ilustre talento, como também fala um pouco do nosso cinema brasileiro.
Dirigido por Lulu Corrêa, amiga e diretora assistente de Hugo durante a sua carreira, o documentário destrincha os principais, sucessos, tropeços e redenções de Hugo Carvana nos seus sessenta anos de carreira artística dentro do cinema. De uma forma bem humorada, a obra é construída através de inúmeras imagens, desde aos filmes clássicos estrelados por ele, como também cenas de arquivos dos bastidores. Tem-se, então, um mosaico que reconstitui, tanto a sua carreira, como também sobre as várias fases do nosso próprio cinema.
Rodado poucos meses antes de falecer em 2014, o documentário propõe a nos mostrar as inúmeras faces do interprete, desde o auge de sua juventude e vigor, como também de sua imagem envelhecida, mas que nunca perdeu a sua ginga brasileira. Carvana foi, talvez, um dos muitos atores e cineastas que criou a sua carreira através da persistência, já que se fazer cinema brasileiro, principalmente nos tempos de chumbo, requeria teimosia e malandragem. Foi através desses ingredientes que Carvana foi seguindo em frente e testemunhando as mudanças que o nosso país e o cinema foi enfrentando ao longo do tempo.
Assim como outros documentários recentes como, por exemplo, Guarnieri, do qual fala sobre outro grande interprete que foi Gianfrancesco Guarnieri, Carvana propõe a criar uma linha do tempo sobre o cinema brasileiro, desde as cenas de clássicos estrelados pelo interprete, como também cenas de arquivos da TV e dos jornais. Com um posicionamento político, Carvana esteve em meio a inúmeros momentos históricos de nosso país, desde ao golpe de 1964 que todos nós sofremos como também os tempos redemocratização. Com isso, o documentário sintetiza tanto o auge como também as quedas do nosso cinema, principalmente com relação ao início governo Collor e do qual extinguiu a Embrafilme e sepultou o nosso cinema brasileiro por, ao menos, cinco anos.
Portanto, é simbólico quando surge em cena o seu personagem Dino do clássico Vá Trabalhar, Vagabundo, já que ele seria uma representação da resistência perante tempos em que a cultura cinematográfica brasileira resiste perante os golpes, preconceitos e percalços a todo momento. Até os seus últimos momentos de vida, Hugo Carvana trabalhou como ninguém, pois não sabia fazer outra coisa, a não ser fazer o seu bom cinema. Carvana: Como se faz um Malandro  é documentário sobre a persistência do cinema brasileiro para não morrer, já que malandragem, assim como um belo drible, sejam talvez as únicas formas de fazer a nossa arte sobreviver. 
Onde assistir: Sala Norberto Lubisco:  R. dos Andradas, 736 - Centro Histórico, Porto Alegre - RS. Horário: 17h


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