quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Cine Especial: Pier Paolo Pasolini: Intelectual e Cineasta Maldito: Parte 2


Nos dias 01 e 02 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio Petrobras de Porto Alegre, onde irei participar do curso Pasolini: Intelectual e Cineasta Maldito, criado pelo Cine Um e ministrado pela professora e crítica de cinema Fatimalei Lunardelli. Enquanto os dias dessa atividade não chegam, eu estarei por aqui falando um pouco dos filmes desse perfeccionista e polêmico cineasta.  

Gaviões e Passarinhos (1966)



Sinopse: Pai (Totò) e filho (Ninetto Davoli), ambos trabalhadores proletários, empreendem uma viagem, acompanhados e orientados pelas ideias marxistas de um corvo falastrão. Parábola ferina de Pier Paolo Pasolini sobre o universo dos marginalizados.



Vida e morte, luta de classes e a melancolia de um velho corvo intelectual são temas deste singelo ensaio de Pasolini. O filme já faz rir desde seus cantantes créditos iniciais, e a leveza e o bom humor com que assuntos profundos são tratados transparecem na presença do lendário comediante Totò. A maneira de filmar de Pasolini é uma homenagem ao cinema mudo de Charlie Chaplin. A figura de Totó, com suas pernas finas, calças justas, fraque, cartola e guarda chuva lembra o Carlitos de Chaplin, sempre Chaplin a inspirar os grandes diretores de cinema. Parábola ferina de Pier Paolo Pasolini sobre o universo dos marginalizados.


Édipo Rei (1967)

Sinopse: Em busca de respostas sobre sua origem, Édipo (Franco Citti) é atingido por uma horrível profecia, onde deve matar seu pai e casar com sua própria mãe.


Édipo Rei filme de 1967, dirigido por Pier Paolo Pasolini  que retrata a tragédia grega, escrita por Sófocles por volta de 427 a. C., a história de  lida, relida, repetida em cenas teatrais, cinematográficas e até familiares. É difícil manter-se impassível diante do que assistimos.Filme que deve ser visto, bom ponto de parada para pensar.  Édipo Rei passa a questão intrincada da inevitabilidade do que deve acontecer e o quanto colaboramos direta ou indiretamente, envoltos em uma grande teia, para que tudo ocorra e siga o curso já determinado. A vida termina onde começa. Podemos mudar?



Teorema (1968)

SinopseEm Milão a vida de uma rica família burguesa é totalmente modificada por um misterioso visitante (Terence Stamp), que seduz a empregada, o filho, a mãe, a filha e finalmente o pai. Além disto, tem um contato intelectual com todos eles, convencendo-os da futilidade da existência, e após cumprir seu objetivo parte em poucos dias. Após sua ida ninguém da família consegue continuar vivendo da mesma forma.

Como é comum em filmes de Pasolini, a sexualidade está à tona, é fortíssima em diversas e diversas cenas e tampouco Pasolini se envergonha de fazer planos enquadrando, ainda que sob as calças, a genitália de Terence Stamp, no papel do visitante sem nome. O que se passa em várias cenas do filme é uma sensação de desejo reprimido, por diversas razões. Pelas ‘classes’ (a mera empregada não poderia usufruir da visita), pelos tabus (um homem desejar outro, desejo que se auto-reprime, dessa forma crescendo). Temos roupas masculinas jogadas ao sofá em uma simbologia óbvia, e talvez certo fetiche do diretor.
Na direção, Pasolini realiza mais um excelente trabalho, o mesmo ocorrendo com a fotografia, a cargo de Giuseppe Ruzzolini, e a trilha sonora assinada por Ennio Morricone, onde se destaca a música “Requiem KV 626”, de Wolfgang Amadeus Mozart. No elenco, a atriz Laura Betti brilha, no papel da empregada Emilia, seguida pelas boas atuações de Massimo Girotti, Silvana Mangano e Terence Stamp.



Mais informações sobre o curso clique aqui. 

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