quarta-feira, 18 de julho de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Submersão


Nota: filme exibido aos associados no dia 28 de abril desse ano.  
Sinopse: De um lado está Danielle, uma exploradora do oceano que descobre um novo desafio no abismo Ártico. De outro, James, um empreiteiro acusado de ser um espião, interrogado constantemente por jihadistas africanos. Encarando missões de vida ou morte, os dois precisam confiar na conexão emocional do relacionamento.



Embora se diferencie de outros cineastas autorais, Wim Wenders entrou recentemente ao um pequeno grupo de diretores veteranos que ousaram arriscar em usar recursos de ponta do mundo cinematográfico. Jean Luc Godard, por exemplo, experimentou o 3D no curioso Adeus a Linguagem, enquanto o próprio Wenders usou o mesmo recurso em Pina e no recente Os Belos Dias de Aranjuez. Em Submersão ele experimentar contar uma história de amor em meio a pirotecnia, cujo resultado fica aquém das expectativas, mas que não deixa de ser curioso em apreciá-la.
O filme conta a história de Danielle (Alicia Vikander, de O Quarto de Jack), exploradora destemida que acha no fundo do mar um novo ponto de um abismo infinito e do qual ela acredita que precisa ser explorado. Certo dia na praia ela conhece James (James McAvoy, de Fragmento) e iniciando uma ardente paixão no pouco tempo em que ficam juntos. Contudo, James é capturado por terroristas que acreditam que ele possa ser um espião e fazendo com que ele passe por verdadeiros obstáculos para não ser morto no final do percurso.
Se no já citado Os Belos Dias de Aranjuez Wim Wenders usou o casal central daquele filme para falar sobre relacionamentos contemporâneos num único cenário, aqui ele expande esses dilemas amorosos, onde ele coloca o casal central em pontos turísticos e focando ao máximo esses belos cenários que somente um cineasta como ele consegue captar. Ao mesmo tempo, ele obtém uma boa proeza com a edição das cenas, onde o passado e o presente vêm e voltam e construindo um mosaico de imagens que transitam entre a realidade e a poesia. Seria uma forma, portanto, de sintetizar os sentimentos que ambos os personagens centrais sentem um pelo outro, já que ambos os interpretes não conseguem exatamente possuir uma boa química no momento em que estão juntos em cena. 
Embora já com um Oscar em sua casa, Alicia Vikander parece querer experimentar os papeis de aventureira desde a sua participação em Kong: A Ilha da Caveira, mas aqui ela não nos convence como uma exploradora do oceano, mas sim nos convencendo no que mais parece um peixe fora d’água com relação a profissão de sua personagem. As cenas dela com James McAvoy, por exemplo, até que soam tocantes, mesmo elas sendo passageiras, mas se tornando peça fundamental dentro da trama. Já esse último cumpre o seu papel como pode dentro da trama, principalmente nas situações em que o seu personagem se encontra prisioneiro e na corda bamba entre a vida e a morte.
O problema principal de Submersão é que talvez Wim Wenders tenha se perdido nas propostas apresentadas na trama. Ao criar uma história de amor em meio a dilemas e pensamentos com relação ao mundo contemporâneo em que vivemos o cineasta não soube nivelar muito bem essas temáticas numa única trama, mesmo com todo o seu empenho e com a pirotecnia em mãos do qual faz do seu filme ter ares de super produção. Talvez eu tenha uma nova releitura numa segunda revisão sobre o filme, mas fica esse sentimento de que faltou algo no caminho desse processo. 
Submersão é um filme em que o cineasta Wim Wenders testa os melhores meios técnicos cinematograficos para desenvolver uma boa história, mesmo quando essa não cumpre com as nossas expectativas. 
 
Siga o Clube de Cinema de Porto Alegre através das redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Nenhum comentário:

Postar um comentário