terça-feira, 3 de abril de 2018

Cine Especial: Cinema Russo: Parte 5


 Nos dias 07 e 08 de Abril eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre participando do curso Cinema Russo: Diretores, Diretoras e um pouco de História, criado pelo Cine Um e ministrado pela editora da revista cinema Teorema Ivonete Pinto e pela pesquisadora de cinema Juliana Costa. Antes disso, eu estarei por aqui postando sobre os melhores filmes daquele país, cujo alguns clássicos nos ensinam até mesmo o verdadeiro significado da palavra “socialismo”.

Andrey Rublev (1966)


Sinopse: A vida de Andrei Rublev, o grande pintor de ícones da Rússia do século XV, um período de intensa turbulência e também de diversas dificuldades pelas quais passavam o povo russo. Na época o país sofria com a pobreza, a rigidez da igreja ortodoxa e também as invasões tártaras. Nesse cenário caótico, estão inseridos os diversos episódios da vida de Andrei, que mais tarde abandonaria seu trabalho como pintor, para se dedicar a Deus.

Andrei Tarkovsky não pretendia criar uma obra de caráter histórico ou biográfico. Queria investigar a natureza do gênio poético do pintor russo. A partir daquele homem, desejava explorar a questão da psicologia da criação artística, analisando também a consciência cívica e a mentalidade de um artista que criou tesouros espirituais importantes. O filme queria mostrar como o anseio popular por fraternidade, em época de guerra civil e invasões estrangeiras, dá origem à Trindade pintada por Rublev – que sintetiza o ideal de fraternidade, amor e serena santidade. Os episódios não implicam uma sequência cronológica tradicional, seguem a lógica poética da necessidade que leva Rublev a pintar sua célebre Trindade. Desta forma, os capítulos ilustram uma espécie de manifestação visual das contradições e complexidades da vida e da criação artística.


 

O Sacrifício (1986)



Sinopse: Na noite de seu aniversário, Alexander (Erland Josephson) vê suas maiores preocupações sobre a humanidade se concretizarem quando finalmente eclode a Terceira Grande Guerra Mundial. O homem, um antigo jornalista e poeta, decide realizar uma imersão máxima na espiritualidade e planeja oferecer um sacrifício para que Deus impeça a Guerra de acontecer.



O Sacrifício é, desde o início, uma despedida de Andrei Tarkovsky. É um tributo do mestre russo ao mestre sueco. E um adeus de um diretor ímpar no cinema mundial, entregando não só sua obra definitiva, mas também um dos mais lindos poemas visuais que o cinema já viu. Em O Sacrifício, Alexander é um jornalista, filósofo e ator aposentado que está celebrando seu aniversário com a família e amigos. Porém, tudo muda quando é anunciado o início da Terceira Guerra Mundial. 
É como uma carta de adeus. Tarkovsky, em duas horas e vinte minutos (e apenas cento e quinze cortes) narra a jornada de Alexander em dar a Deus tudo o que ele tem para que a Guerra acabe. Tarkovsky, que viveu no auge da Guerra Fria e foi exilado de seu país após Stalker, revela seus temores de um futuro que ele sabia que não iria presenciar e de seu passado em seu país. Ainda mais pessoal que O Espelho, O Sacrifício navega na mente de seu realizador como um barco no meio de um mar calmo. É lento, tímido e abrupto. Mas quando acaba, e Tarkovsky dá seu último adeus ao mundo do cinema, você sabe que ali acabou uma das maiores obras já postas em filme.

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