quinta-feira, 1 de março de 2018

Cine Dica: Curtas Metragens: Gildíssima / Rito Sumário

 Gildíssima (2014)



Sinopse: Referência em sua época, Gilda Marinho foi uma mulher moderna, um mito, e persiste até hoje na memória coletiva de Porto Alegre. Traz em seu legado de vida e obra a história do jornalismo, da militância e da sociedade de uma época. Na contramão de costumes tradicionais, e um tanto conservadores, Gilda Marinho mostra a uma Porto Alegre ainda provinciana, mas que se pretendia moderna, um novo olhar, uma nova forma de vida, pois sabia o real significado de “viver a vida”. Gilda era uma mulher exuberante, alegre, profissional, independente, que rompeu tabus e sempre esteve “a frente de seu tempo”.

Dirigido por Alexandre Derlan, Gildíssima reconta os passos de Gilda Marinho, mulher a frente do seu tempo e que não se intimou por tempos difíceis dos tempos de chumbo. Embora seja uma de inúmeras pessoas que não se intimidaram perante o governo golpista da época, Derlan cria uma narrativa que se difere de outras cinebiografias. Para começar, o filme é protagonizado por três atrizes, das quais cada uma interpreta uma fase distinta da vida de Gilda, sendo elas Deborah Finocchiano, Graça Garcia e Sinara Robin. 
Curiosamente, o filme transita entre a reconstituição dos fatos, mas ao mesmo tempo com requintes de documentários, já que, além dos depoimentos de pessoas próximas de Gilda, há também a palavra das próprias interpretes que dão vida a ela e nos passando o quão é significativo para as três encarnarem a personagem nesse pequeno projeto. Além de arquivos e fotos da época, Derlan consegue fazer uma pequena reconstituição de Porto Alegre, mesmo de uma forma discreta, porém, eficaz. Destaco para a cena do Viaduto da Otavio Rocha da Avenida Borges de Medeiros e que sintetiza, não somente o tempo de Gilda, como também tempos dourados em meio às represálias.   





Rito Sumário (2015)



Sinopse: Num dia comum da cidade de Porto Alegre, um homem com problemas físicos tenta sacar certa quantia de dinheiro num banco. Contudo, as aparências enganam, pois isso pode ser apenas uma cortina de fumaça para encobrir uma grande armação.


Dirigido por Alexandre Derlan, o filme nos surpreende já nos segundos iniciais, já que o movimento da câmera, além de uma fotografia granulada e da qual transita entre o preto e branco e colorido, fazem com que enxerguemos uma Porto Alegre que até então não nos déssemos conta, ou que não quiséssemos prestar atenção nela. A partir dali, a trama foca um homem (Carlos Azevedo) se preparando para sair e cuidando de uns curativos que se encontram em seu pescoço. A partir do momento em que ele vai ao banco, aos poucos, percebemos que não é exatamente um saque comum de dinheiro, principalmente a partir dos jogos de olhares entre o protagonista e o caixa do banco (Fernando Waschburcer). Porém, Alexandre Derlan tem o excito de nunca jogar óbvio na tela e fazer com que levantemos mais perguntas do que respostas, principalmente quando em poucos segundos a trama transita entre o presente e o (aparentemente) passado.
Escrito a quatro mãos por Derlam e Jânio Alves, o roteiro tem uma abordagem que nos intriga mesmo com o seu pouco tempo de duração. “É uma reação a tantas notícias sobre estelionatários, corruptos, bandidos e quadrilhas. Todos apontamos o dedo para os grandes golpes. Mas há os pequenos também. E nosso filme versa sobre eles”, disse o cineasta na época quando o curta foi exibido no festival de Gramado. Os minutos finais me fez lembrar do já clássico filme Os Suspeitos de Brian Singer, mesmo tendo uma temática completamente diferente.
Um curta engenhoso, precioso e que merece ser conferido.

 
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