segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Lumière! A Aventura Começa

NOTA: filme exibido para os sócios  do Clube de Cinema de Porto Alegre no último sabado (06/01/18).

Sinopse: O diretor Thierry Frémaux celebra o feito realizado pelos irmãos Louis e Auguste Lumière. Ele reúne 114 filmes dentre os 1400 que os Lumière produziram e os apresenta restaurados em 4K num formato de filme único.

O cinema de hoje possui tantos recursos técnicos na elaboração de inúmeras histórias que fica até mesmo difícil imaginar como era no principio de tudo. Mas os verdadeiros amantes do cinema sempre buscaram conhecimento sobre as raízes dessa arte e sempre conseguiram se imaginar no lugar das pessoas que testemunharam a primeira sessão de cinema, que foi  no dia 28 de Dezembro de 1895, no Salão Grand Café, em Paris. O documentário Lumière! A Aventura Começa é uma carta de amor aos primeiros anos do cinema, onde testemunhamos as raízes dessa arte em movimento e de como ela mudou a nossa história como um todo. 
Dirigido por  Thierry Frémaux, a obra abre com a primeira imagem em celuloide da história, onde vemos um trabalhador saindo de uma fábrica (Saída dos Operários da Fábrica Lumière) junto com outros trabalhadores e olhando para o que, posteriormente, se chamaria de cinematógrafo. Os primeiros filmes rodados na história foram elaborados pelos irmãos irmãos Auguste e Louis Lumière, que decidiram filmar inúmeras situações de Paris e posteriormente em outras partes da França. Não demorou muito para que sua invenção chamasse atenção e aos poucos seus colegas de trabalho do estúdio passaram a rodar inúmeras cenas ao redor do globo. 
Fazendo tanto o trabalho de filmar, como também em atuar, os irmãos Lumière talvez nem tinham ideia do que haviam criado, tanto que, existem lendas, de que eles achavam que a sua invenção não teria futuro. Polêmicas a parte, o que interessa é que Frémaux ousa em acolher, ao menos, 114, dos mais de 1.4000 filmes em que os irmãos haviam filmado, reuni-los então num único documentário e do qual ele narrasse e sintetizasse todo o frescor de novidade que a invenção estava trazendo naquele tempo. Ao mesmo tempo, através das cenas que os irmãos haviam filmado, se percebe que há uma corrida pelo progresso da virada do século de 19 aos 20, onde homens e mulheres sempre surgem na tela fazendo algum tipo de trabalho, ou então quando testemunhamos as primeiras maquinas a vapor e fazendo a gente se dar conta de que inúmeros talentos daquele tempo já estavam a muito tempo enxergando para o futuro. 
Não há como não se maravilhar, por exemplo, ao vermos a clássica cena do filme A Chegada do Trem e nos fazer lembrar do recente filme A Invenção de Hugo Cabret de Martin Scorsese que, aliás, é muito bem lembrado nos segundos finais dessa obra. Curiosamente, os curtas que os irmãos haviam criado, são na realidade os primeiros filmes com gêneros: a cena de um curta em que testemunhamos uma menina caindo na calçada pode ser considerado o primeiro filme de suspense da história. 
Claro que, ao longo do tempo em que assistimos a esses curta na tela, vemos algumas pessoas deslumbradas devido a câmera e chegando a fazer até mesmo pose na frente dela. Porém, não há dúvidas, em que cena de um curta em que se passa no Vietnã e vemos uma menina correndo em direção a câmera, cujo o seu rosto expressa todo o seu lado encantado pelo aparelho, representa o assombro e o encantamento que as pessoas sentiam quando testemunhavam aquilo. Curiosamente, a cena me fez lembrar o clássico brasileiro Os Herdeiros, em que o protagonista (Sérgio Cardosocorre em direção a câmera, sendo que a cena viria a se tornar clássica e fazendo parte do documentário Cinema Novo, obra em que Eryk Rocha (filho de Glauber Rocha) faz uma homenagem ao melhor período do nosso cinema. 
Embora os dois documentários possuam propostas distintas, ambos  tem algo em comum, que é com relação ao frescor da novidade vinda das duas épocas, cuja as ruas, pessoas e o ritmo frenético do dia a dia transborda na tela de uma maneira jamais vista. Mas, se por um lado o nosso "Cinema Novo" nos passava um pouco de nossa realidade dos anos 60, o cinema de Lumierre colocava as pessoas frente a frente com a realidade da virada do século 19 aos 20, mas com recursos técnicos que viriam a ser melhor elaborados nos anos seguintes: a cena em que vemos trabalhadores derrubando uma parede de concreto, para que logo em seguida fosse exibida de trás pra frente e deixando público incrédulo, é então um pequeno exemplo de como a sétima arte não tinha limites e que talvez os próprios irmãos Lumière não estivessem preparados para o que viria a seguir. 
Lumière! A Aventura Começa é uma obra prima sobre o principio de uma arte e de como ela realizaria futuras promessas das quais  estava nos reservando.  



NOTA: O filme segue em cartaz na Casa de Cultura Mario Quintana, rua das Andradas nº 736, Porto Alegre. Horário as 15h e de terça a domingo.



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