sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Cine Especial: Filmes e Sonhos: Parte 6



Nos dias 16 e 17 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, participando do curso Filmes e Sonhos, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam, estejam por aqui comigo, para mergulhar nos melhores exemplos cinematográficos e dos quais tentam retratar um pouco esse nosso universo do sonhar.
 
Sonhando com as ruas de Roma ao lado de Fellini
 
8 ½ (1963)

Sinopse: Prestes a rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) ainda não tem ideia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente, ficção com realidade.

Fellini em 1963 tinha conseguido todas as glórias como diretor, já havia superado Rosselini, De Sica, assim como o Neo-realismo Italiano, e era muito mais popular que qualquer um dos citados, seu filme mais emblemático seria e é, até hoje, A Doce Vida, e obviamente ele entrou em crise existencial.
Quando não há mais nada a conquistar o que fazer? Talvez tenha sido a questão que mais infernizou sua cabeça naqueles tempos, e sua resposta foi fazer um filme com base nessa crise o que resultou em um divisor de águas em sua carreira e no seu melhor filme. Seu oitavo filme, 8 1/2, em seu próprio título já reflete a brincadeira que ele levará adiante, atravessar o próprio conceito de filme, e transformá-lo em algo indescritível. A trama é relativamente simples um diretor de cinema, interpretado por Marcello Mastroianni alter-ego de Fellini, encontra-se em uma crise artística e pessoal com seu próximo filme, perseguido pelo produtor, pela amante e pela mulher, ele perambula pela indústria cinematográfica enquanto prepara o filme, que pode ser uma comédia, um filme existencial, memorialístico e até mesmo uma ficção científica! Isso não importa no mais, o filme que Marcello quer construir vai se constituindo nesse fio narrativo, em que a dimensão entre a realidade e os sonhos não é perceptível.
Grande parte da genialidade por trás da história encontra-se na visão metalinguística que ele fornece sobre a arte de fazer um filme. Em certa parte a personagem diz a Marcello que não gosta do chapéu que ele está usando, e na cena o chapéu magicamente desaparece. Podemos notar que as cenas que Marcello descreve ao produtor acontecem com eles a medida que a projeção avança. esse jogo metalinguístico que já se encontra difundido em demasia na cultura cinematográfica, aqui fora pioneiro e em certo ponto era hermético nos anos 60, o que lhe deu status de filme "difícil", mas na verdade em seus 140 minutos, ele é a coisa mais engraçada que Fellini já fez! A cena mais icônica é o harém de Marcello, repleto de todas as mulheres que passaram no filme. Quando uma revolta começa, Marcello empunha um chicote para conter "suas mulheres", isso, apesar de ser claramente chauvinista, é a psique do personagem, é encarada entre um misto de patético com heroico. Esta é um dentre outras cenas em que o sonho entra na realidade do filme que é a ideia de outro filme. Entendeu? Não! Então assista, pois é realmente indescritível, é uma boneca russa que não acaba.


A DOCE VIDA (1960)

Sinopse:Roma, início dos anos 60. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni em desempenho memorável) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos que lotam a badalada Via Veneto. Neste mundo marcado pelas aparências e por um vazio existencial, freqüenta festas, conhece os tipos mais extravagantes e descobre um novo sentido para a vida.


 O filme “La Dolce Vita”, do famoso Federico Fellini é um clássico na história do cinema: além de ter se tornado quase um sinônimo da Itália, um neologismo que nos remete a uma época na rua Veneto em Roma, entre mesas dos cafés e os paparazzi a procura da estrela da vez para ser fotografada. Mas no começo o filme não foi um sucesso, aliás: na estreia o diretor e os atores foram vaiados e insultados pelo público, para o Marcello Mastroianni, por exemplo, um espectador gritou “Vilão, vagabundo, comunista!”, outro até cuspiu no Federico Fellini. Era o dia 5 de fevereiro de 1960, no cinema Capitol, em Milão.
Um filme que naquela época era visionário, inimaginável, sem moralismo, só podia escandalizar as hierarquias vaticanas e moralistas. Na Itália o ‘Osservatore Romano’, o jornal da Santa Sé se posicionou contra o filme e o diretor, na Holanda, por exemplo, foi censurado, apesar das bilheterias estarem arrecadando uma quantia recorde em toda a Europa.Na verdade, A Doce Vida, não tinha mais nada de estranho: eram apenas sonhos em celulóides. 
Obra prima que acabou criando o termo paparazzi. Painel da sociedade romana do pós guerra, criticando a hipocrisia das relações entre o catolicismo e o Estado Italiano, a estrutura de classes é mostrado o desespero dos homens e mulheres desencontrados. Inesquecível a sequência em que a deslumbrante Anita Ekberg dança com Celentano e em seguida se banha na Fontana di Trevi. Bom uso da famosa canção Patrícia e temas musicais marcantes de Nino Rota. Filme que despertou a atenção do grande publico, para o trabalho de Fellini e um dos filmes mais lembrados da carreira de Marcello Mastroianni.



Mais informações sobre o curso Filmes e Sonhos você confere clicando aqui.

2 comentários:

  1. Oi, Marcelo!
    Tô passando pra dar os parabéns pelo aniversário do blog.
    Até a próxima!

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  2. Obrigado Bússola. Tudo de bom. Abraços

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