Nos dias 16 e 17 de
setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, participando do
curso Filmes e Sonhos, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista
Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam, estejam por
aqui comigo, para mergulhar nos melhores exemplos cinematográficos e dos quais
tentam retratar um pouco esse nosso universo do sonhar.
Sonhando com as ruas de
Roma ao lado de Fellini
8 ½ (1963)
Sinopse: Prestes a
rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) ainda
não tem ideia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e
pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se
interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente,
ficção com realidade.
Fellini em 1963 tinha
conseguido todas as glórias como diretor, já havia superado Rosselini, De Sica,
assim como o Neo-realismo Italiano, e era muito mais popular que qualquer um
dos citados, seu filme mais emblemático seria e é, até hoje, A Doce Vida, e
obviamente ele entrou em crise existencial.
Quando não há mais
nada a conquistar o que fazer? Talvez tenha sido a questão que mais infernizou
sua cabeça naqueles tempos, e sua resposta foi fazer um filme com base nessa
crise o que resultou em um divisor de águas em sua carreira e no seu melhor
filme. Seu oitavo filme, 8 1/2, em seu próprio título já reflete a brincadeira
que ele levará adiante, atravessar o próprio conceito de filme, e transformá-lo
em algo indescritível. A trama é relativamente simples um diretor de cinema,
interpretado por Marcello Mastroianni alter-ego de Fellini, encontra-se em uma
crise artística e pessoal com seu próximo filme, perseguido pelo produtor, pela
amante e pela mulher, ele perambula pela indústria cinematográfica enquanto
prepara o filme, que pode ser uma comédia, um filme existencial, memorialístico
e até mesmo uma ficção científica! Isso não importa no mais, o filme que Marcello
quer construir vai se constituindo nesse fio narrativo, em que a dimensão entre
a realidade e os sonhos não é perceptível.
Grande parte da
genialidade por trás da história encontra-se na visão metalinguística que ele
fornece sobre a arte de fazer um filme. Em certa parte a personagem diz a
Marcello que não gosta do chapéu que ele está usando, e na cena o chapéu
magicamente desaparece. Podemos notar que as cenas que Marcello descreve ao
produtor acontecem com eles a medida que a projeção avança. esse jogo metalinguístico
que já se encontra difundido em demasia na cultura cinematográfica, aqui fora
pioneiro e em certo ponto era hermético nos anos 60, o que lhe deu status de
filme "difícil", mas na verdade em seus 140 minutos, ele é a coisa
mais engraçada que Fellini já fez! A cena mais icônica é o harém de Marcello,
repleto de todas as mulheres que passaram no filme. Quando uma revolta começa,
Marcello empunha um chicote para conter "suas mulheres", isso, apesar
de ser claramente chauvinista, é a psique do personagem, é encarada entre um
misto de patético com heroico. Esta é um dentre outras cenas em que o sonho
entra na realidade do filme que é a ideia de outro filme. Entendeu? Não! Então
assista, pois é realmente indescritível, é uma boneca russa que não acaba.
A DOCE VIDA (1960)
Sinopse:Roma, início
dos anos 60. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni em desempenho
memorável) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos que lotam a badalada
Via Veneto. Neste mundo marcado pelas aparências e por um vazio existencial,
freqüenta festas, conhece os tipos mais extravagantes e descobre um novo
sentido para a vida.
O filme “La Dolce Vita”, do famoso Federico
Fellini é um clássico na história do cinema: além de ter se tornado quase um
sinônimo da Itália, um neologismo que nos remete a uma época na rua Veneto em
Roma, entre mesas dos cafés e os paparazzi a procura da estrela da vez para ser
fotografada. Mas no começo o filme não foi um sucesso, aliás: na estreia o
diretor e os atores foram vaiados e insultados pelo público, para o Marcello
Mastroianni, por exemplo, um espectador gritou “Vilão, vagabundo, comunista!”,
outro até cuspiu no Federico Fellini. Era o dia 5 de fevereiro de 1960, no
cinema Capitol, em Milão.
Um filme que naquela
época era visionário, inimaginável, sem moralismo, só podia escandalizar as
hierarquias vaticanas e moralistas. Na Itália o ‘Osservatore Romano’, o jornal
da Santa Sé se posicionou contra o filme e o diretor, na Holanda, por exemplo,
foi censurado, apesar das bilheterias estarem arrecadando uma quantia recorde
em toda a Europa.Na verdade, A Doce Vida, não tinha mais nada de estranho: eram
apenas sonhos em celulóides.
Obra prima que acabou
criando o termo paparazzi. Painel da sociedade romana do pós guerra, criticando
a hipocrisia das relações entre o catolicismo e o Estado Italiano, a estrutura
de classes é mostrado o desespero dos homens e mulheres desencontrados.
Inesquecível a sequência em que a deslumbrante Anita Ekberg dança com Celentano
e em seguida se banha na Fontana di Trevi. Bom uso da famosa canção Patrícia e
temas musicais marcantes de Nino Rota. Filme que despertou a atenção do grande
publico, para o trabalho de Fellini e um dos filmes mais lembrados da carreira
de Marcello Mastroianni.
Mais informações sobre o curso Filmes e Sonhos você confere clicando aqui.
Oi, Marcelo!
ResponderExcluirTô passando pra dar os parabéns pelo aniversário do blog.
Até a próxima!
Obrigado Bússola. Tudo de bom. Abraços
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