terça-feira, 1 de agosto de 2017

Cine Especial: "A TELA QUE PENSA: Filosofia, Cinema e Ficção Científica"

Viagem a Lua (1902) de   Georges Méliès 


No último sábado (29/07/17) eu participei do mini curso A Tela que Pensa: Filosofia, Cinema e Ficção Científica, criado pelo Filosofia e Arte e que foi ministrado pelo professores Ana Beatriz Antunes e Luame Cerqueira. O objetivo do Filosofia e Arte é levar os estudos sobre o cinema pra fora faculdades e atrair aqueles que buscam mais conhecimento sobre a sétima arte. Durante quatro horas, os professores foram criativos, inspiradores e abriram as mentes daqueles que acompanharam atividade.

O desejo pela criação
Metrópolis (1927), de Fritz Lang,

O curso abriu com a clássica cena de Frankenstein, de 1931, onde o filme, dentre outras coisas, tocava em assuntos espinhosos sobre a possibilidade de o homem brincar de Deus. Isso se casa com o nascimento do cinema que, embora os irmãos lumiere tenham criado essa ferramenta, foi o mágico Georges Méliès (Viagem a Lua) que começou a criar histórias para dentro da tela e assim dando vida as mais diversas fantasias e ficções jamais vistas.
Embarcamos então para o clássico Metrópolis (1927), de Fritz Lang, do qual conhecemos o futuro (seria agora o nosso presente?) em que a sociedade é divida entre os poderosos e a classe trabalhadora, da qual trabalha nas engrenagens abaixo do solo, para que então a cidade continue funcionando. Visto hoje o filme é uma síntese do poder do capitalismo perante as minorias que, por sua vez, dependem de poderosos inescrupulosos para sobreviverem. Embora o seu final possa parecer fraco, para alguns, ele serve de exemplo de uma hipocrisia que perdura até hoje e tornando o filme então mais atual do que nunca.

O potencial do homem vindo de fora e a Odisseia Espacial de Homero
2001: Uma odisseia no Espaço (1968) de Stanley Kubrick,

Adentramos a mente de David Cronenberg (A Mosca), cuja sua filmografia explora certa ligação entre o homem por uma determinada evolução, ou até mesmo fusão entre a carne, tecnologia ou de planos que vão além do espaço tempo. Isso nos leva então ao clássico 2001: Uma odisseia no Espaço de Stanley Kubrick, do qual testemunhamos a evolução do homem através de meios externos e que o faz ir muito além do nosso planeta azul. O filme pode ser interpretado das mais diversas maneiras, desde como uma espécie de Odisseia de Homero do espaço, como também uma representação do homem em busca de sua identidade e que vai muito além de sua própria vida.

O melhor do cinema para nos despertar

Em certo momento da atividade, Ana Beatriz Antunes diz o seguinte: “o cinema não nasceu para a gente se esquecer da realidade por algumas horas, mas sim despertarmos para ela”. Embora tenha nascido como curiosidade, ou até mesmo entretenimento, o cinema é uma arte em movimento e da qual nos brinda com tramas que representam uma realidade que, por vezes, não nos damos conta de que ela realmente existe e mesmo vivendo em seu dia a dia. Em contrapartida, programas TVs, novelas, ou até mesmo os próprios filmes ruins, são mecanismo de alienação e do qual nos fazem obter pouca reflexão sobre a realidade da qual vivemos.       

Inteligência artificial
Eu, Robô (2003) de Alex Proyas

Blade Runner, Matrix, AI, Eu, Robô e dentre outros, são filmes que me vieram à mente no momento que adentramos sobre o papel da inteligência artificial, tanto representada no cinema como também na literatura. Em muitas ficções, por exemplo, o ser criado em laboratório procura encontrar o seu papel no mundo, mas que, por vezes, enfrenta obstáculos vindos até mesmo do próprio criador. Esse obstáculo seria de alguma forma conter o ser artificial para não superar o papel do homem no mundo real?   

Lembrar e sentir o que é ser humano
Ela (2013) de Spike Jones 

No filme 2046 (sequência de Amor a Flor da Pele), de Wong Kar-Wai, mostra o protagonista (Tony Leung Chiu-Wai) no presente e arrependido por não ter conquistado um amor do passado. O presente então se torna uma sombra e o passado se torna algo concreto através da memória. Em Ela, de Spike Jones, um sistema operacional de computador (voz de Scarlett Johansson) faz com que um solitário escritor (Joaquin Phoenix) se apaixone por ela.
Em ambos os casos, seria uma espécie de síntese de uma sociedade cada vez mais preocupada em obter a sua independência, mas cada vez se tornando mais solitária. O presente então nos traz a sensação de indefinição com relação ao futuro, enquanto o passado se torna cada vez mais dourado. Em meio a esse cenário, a tecnologia chegou ao ápice em conseguir dar amor e prazer para uma sociedade cada vez mais presa num mundo acelerado e da qual não consegue mais sentir o tempo passar.

A pergunta é o que virá a seguir?

Resumidamente, foi um curso que me abriu a mente, fazendo fortalecer a minha paixão pelo cinema e enxergando nessa arte o seu verdadeiro potencial em abrir a mente de uma sociedade cada vez mais desligada de sua própria realidade.  Parabéns aos envolvidos do projeto Filosofia & Arte 


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