Sinopse: A grande
marcha de retomada dos territórios sagrados Guarani Kaiowá através das
filmagens de Vincent Carelli, que registrou o nascedouro do movimento na década
de 1980. Vinte anos mais tarde, tomado pelos relatos de sucessivos massacres,
Carelli busca as origens deste genocídio, um conflito de forças
desproporcionais: a insurgência pacífica e obstinada dos despossuídos Guarani
Kaiowá frente ao poderoso aparato do agronegócio.
Quando eu estiver
escrevendo essa matéria estará fazendo exatamente um ano desde que o Brasil
enfrentou o seu segundo golpe na história. Tendo a casa do congresso tomada por
corruptos, intolerantes e retrógrados, o Brasil vive num momento delicado, onde
homens dentro do poder não se importam com as necessidades do povo, desde que
consigam sempre então adquirir algum lucro. Se essas pessoas criam leis das quais somente
martirizam o povo, o que dizer então sobre o que eles pensam com relação aos
verdadeiros donos dessa terra e que até hoje lutam para viver nela.
Dirigido por Vincent
Carelli e codirigido pelo fotografo Ernesto Carvalho e pela montadora Tita,
Martírio revela a luta dos índios Guarani Kaiowa, que há décadas lutam pela
reconquista de suas terras. No decorrer do documentário, testemunhamos as
origens desse conflito, bem como registros recentes e a posição do governo
atual perante essa batalha entre os índios e os donos das fazendas, dos quais se
dizem os verdadeiros donos das terras. De forma corajosa, os realizadores
acompanham o dia a dia dessas pessoas, nem que para isso corram o sério risco
de levarem um tiro no fogo cruzado.
Mais do que revelar
sobre a cruzada atual do índio brasileiro atual, o filme desvenda inúmeras histórias,
até então desconhecidas pela maioria das pessoas, onde revela a via cruz desse
povo que sofreu nas mãos do homem branco ao longo das décadas. Passando a idéia de bons samaritanos através
da mídia da época (início do século 20), o governo desde o principio camuflou os
reais motivos que levaram a se interessar em ajudar o povo indígena, quando na
realidade estavam mais interessados em suas terras e para sim estender o império
rural liderado no principio pela erva mate. Após o conflito da guerra do
Paraguai, muitos indígenas se espalharam pelos dois países, mas que gradualmente
foram tentando reconquistar o que tinham por direito, mas com duras penas
durante o processo.
Vincent Carelli e sua
equipe acompanharam por mais de dez anos o povo indígena no Mato Grosso do Sul e
revelando através de cenas impactantes as suas lutas do dia a dia por lá. Através
de depoimentos, testemunhamos revelações dramáticas de inúmeras pessoas, das
quais revelam a perda e retomada sofrida, não só de suas terras, como também
testemunharem a morte de inúmeros parentes e dos quais não recuaram perante o inevitável.
Não há como não se chocar ao testemunharmos o depoimento de alguns deles, onde
eles fazem questão de ir ao interior de determinadas fazendas que um dia pertenceram
a sua gente, para então revelar os túmulos dos quais se encontram os seus irmãos
de sangue.
Mas o que torna ainda mais chocante, para não dizer trágico, é testemunharmos os discursos intolerantes de deputados que se dizem a serviço do povo, quando na verdade estão a serviço de si próprios e querendo defender no congresso a sua visão retrógrada com relação aos indígenas. A favor de leis que das quais dão poder para agir livremente e gerar inúmeras represálias contra as tribos, esses deputados não somente escancaram o desejo de protegerem os seus negócios rurais, como também revelam os seus pensamentos preconceituosos e intolerantes. O resultado disso é revelar o lado podre da policial federal, por exemplo, que nada mais faz do que representar esses homens gananciosos e que valorizam mais a cabeça de um boi do que inúmeras crianças indígenas juntas.
Mas o que torna ainda mais chocante, para não dizer trágico, é testemunharmos os discursos intolerantes de deputados que se dizem a serviço do povo, quando na verdade estão a serviço de si próprios e querendo defender no congresso a sua visão retrógrada com relação aos indígenas. A favor de leis que das quais dão poder para agir livremente e gerar inúmeras represálias contra as tribos, esses deputados não somente escancaram o desejo de protegerem os seus negócios rurais, como também revelam os seus pensamentos preconceituosos e intolerantes. O resultado disso é revelar o lado podre da policial federal, por exemplo, que nada mais faz do que representar esses homens gananciosos e que valorizam mais a cabeça de um boi do que inúmeras crianças indígenas juntas.
Mas quando se achava
que testemunhamos tudo de pior, eis que justamente por aqui no RS, é revelado o
pior do ser humano atual e o grande ápice do documentário como um todo. Em
2014, numa audiência pública da qual “abrigava leilão da resistência” os
deputados ruralistas gaúchos Luis Carlos Heinze (PP), o ganhador principal da época,
e Alceu Moreira (PMDB) proferiram discursos de intolerância: “povos indígenas e
quilombolas, e homossexuais, são todos que formam o tudo o que não
presta", segundo a visão de Heinze.
Mais do que um documentário,
Martírio é um filme denúncia, pois não somente revela as represálias que os indígenas
sofrem todos os dias no país, como também escancara o lado podre e golpista dos
políticos de ontem e hoje.
Em Cartaz na Sala Cinebancários: Rua General da Câmara, nº424, centro de Porto Alegre. Horários: 17h e 20h.
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Recomendo muito esse filme
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