quinta-feira, 23 de março de 2017

Cine Especial: Literatura Policial no Cinema: FINAL

Nos dias 25 e 26 de março eu estarei participando do curso Literatura Policial no Cinema, criado pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema César Almeida. Enquanto atividade não chega, por aqui eu irei fazer uma pequena investigação sobre os principais clássicos envolvidos nesse gênero cinematográfico. 

 

Os Infiltrados (2006)



Sinopse: A polícia trava uma verdadeira guerra contra o crime organizado em Boston. Billy Costigan (Leonardo DiCaprio), um jovem policial, recebe a missão de se infiltrar na máfia, mais especificamente no grupo comandado por Frank Costello (Jack Nicholson). Aos poucos Billy conquista sua confiança, ao mesmo tempo em que Colin Sullivan (Matt Damon), um criminoso que foi infiltrado na polícia como informante de Costello, também ascende dentro da corporação. Tanto Billy quanto Colin sentem-se aflitos devido à vida dupla que levam, tendo a obrigação de sempre obter informações. Porém quando a máfia e a polícia descobrem que entre eles há um espião, a vida de ambos passa a correr perigo.


Na primeira vez que vi Os Infiltrados (numa sessão inesquecível), fiquei me perguntando por que o cineasta não trabalhou antes com Jack Nicholson, pois o seu personagem Costellho está entre os melhores desempenhos da carreira do ator. Claro que muitos vão dizer que ele já fez personagens melhores (como em Um Estranho no Ninho), ou até alguns dizendo que, Jack Nicholson sempre faz um personagem parecido, se comparados as suas atuações anteriores. Mas não há como negar que, sempre quando ele surge em cena, ele domina a tela, graças ao seu tom sarcástico e psicótico.
A produção em si, é um dos melhores jogos de gato e rato do cinema recente, onde ninguém é confiável. Sendo assim, tanto o personagem de Dicaprio (policial infiltrado na gangue), como de Matt Damon (informante de Costello, infiltrado na policia), passam para o espectador todo o peso que sentem devido ao seu serviço, onde a cada momento, podem levar um tiro na cabeça (literalmente). O filme também é lembrado pelo ótimo desempenho de praticamente todos do elenco, como no caso Mark Wahlberg (indicado ao Oscar) e Martin Sheen, que exercem momentos fundamentais e peças chaves durante a trama. O ato final reserva momentos imprevisíveis para história, em que deixa o espectador de queixo caído, principalmente para aquele pouco familiarizado ao cinema de Scorsese, mas isso foi essencial, para o sucesso do filme e pela (finalmente) consagração do cineasta no Oscar, onde produção levou os prêmios  de melhor filme e melhor diretor.   


 

DRIVE (2012)



Sinopse: Ryan Gosling interpreta neste filme um piloto profissional que trabalha em cenas de perseguição de carros em Hollywood. Além disso, ele usa sua habilidade e precisão no volante como motorista em assaltos. Dentro do seu mundo solitário ele conhece Irene (Carrey Mulligan), cujo marido sairá da prisão em poucos dias. Disposto a ajudar essa família a pagar uma antiga dívida, ele se dividirá entre usar todas as suas habilidades para salva-lá ou embarcar em uma fulminante paixão.


De novo, a trama de Drive não tem nada, mas a forma que o diretor Colas Winding Refn (Guerreiro Silencioso) dirige, faz com que a história nos soe fresca e contagiante. Há claros elementos que nos lembram outros filmes como Taxi Drive, Carga Explosiva e até mesmo Os Brutos também amam. Porém, Winding faz a diferença ao usar câmera para capturar a cada momento os sentimentos dos seus personagens, sendo que consegue puxar para fora todo o peso que os personagens carregam durante a história, em especial do motorista. Ryan Gosling (Namorados para Sempre) faz aqui o personagem da sua vida, onde ele passa uma carga de sentimentos múltiplos na tela, onde por vezes, só temos uma idéia exata de quais suas intenções, quando conhece Irene (Carrey Mulligan). A partir daí, sabemos que o personagem busca um pouco de paz consigo mesmo, para então. quem sabe, possa se livrar de certos serviços que usa com o seu carro.
Mas a partir do momento em que o marido de Irene surge, já temos um palco armado para a queda de cada um dos personagens no decorrer do filme. Para não soar familiar (embora aconteça realmente) Winding Refn faz de cada sequência crucial, um momento em que a imagem (com uma bela câmera lenta) se misture com os sentimentos que rola na cabeça dos personagens, em especial do motorista. Momentos, como a famosa cena do elevador, ou quando o protagonista usa uma mascara para ir à caça de um determinado personagem, são momentos em que uma direção segura e a competência do elenco fazem a diferença. É interessante também como o diretor foca determinados detalhes que, embora banais para uns, possam ser uma pista do que está por vir, como o desenho de um escorpião na jaqueta do motorista, sendo que ela representa toda a ambiguidade do personagem.

Saído consagrado em Cannes (como o premio de melhor direção) e com uma trilha sonora que crava na mente de quem assiste, Drive é um daqueles casos raros do cinema atual, onde todas as peças estão lugar, para então funcionar de forma redondinha e ser aceito positivamente ao longo do tempo de sua exibição. Pode ter sido esnobado no Oscar, mas ganhou o premio principal, que é o reconhecimento gradual ao longo do tempo, mesmo num espaço tão curto de tempo.


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