sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Cine Especial: Michael Haneke: O lado sombrio do nosso tempo: Parte 2


Nos dias 08 e 09 de outubro eu estarei participando do curso Michael Haneke: O lado sombrio do nosso tempo, criado pelo Cine Um e ministrado pelo jornalista  Bruno Maya. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui eu irei postar sobre os filmes que o cineasta já fez e analisar um pouco sobre o porquê do seu cinema chocar, mas fascinar.



O Castelo (1997)



Sinopse: K. (Ulrich Mühe) é um agrimensor que chega a um vilarejo a trabalho, e no meio dessa aldeia coberta de neve, ele encontra um castelo no dia seguinte da sua chegada. Ele descobre então que o castelo é bem misterioso e que apenas alguns privilegiados têm acesso ao local. No entanto, ele não se satisfaz com isso e decide que vai conhecer o lugar a todo custo, mas logo percebe que a tarefa não será nada fácil.

Michael Haneke filma o romance homónimo de Franz Kafka, escrito em 1922 e publicado postumamente, assumindo uma fidelidade quase absoluta à sua fonte literária, que designa por “fragmento de prosa”. O Castelo (1997) tem como foco a violência anônima e desprovida de fundamento da aparente banalidade e naturalidade quotidianas, motivo que marca grande parte da obra de Haneke, desde logo Violência Gratuita (leia mais abaixo), realizado no mesmo ano, e, de forma ainda mais evidente em Fita Branca (2009), filme que encontra em O Castelo o seu principal antecedente.

 

Violência Gratuita (1997)



Sinopse: Uma família de classe média alta vai passar as férias em sua casa à beira de um lago. Chegando lá, um garoto gordinho e educado bate à porta para pedir um ovo. Logo se junta a ele um rapaz magrelo e que aparenta ser ainda mais polido com as palavras e gestos. Sem se preocupar, a esposa e mãe Anna (Susanne Lothar) deixa os dois adolescentes entrarem na casa, acreditando que são amigos da família ao lado. Uma vez lá dentro, eles começam a praticar violência gratuita com Anna, o marido e também com o filho do casal.


Violência Gratuita conta com uma trama forte, de carga pesada, feito exclusivamente para causar um impacto sem precedentes no psicológico de seu espectador, utilizando a violência, tal como seu título nacional sugere, para conferir um choque emocional no público. Não é um filme para todos, isso porque, esta obra, mesmo que contenha pouca violência gráfica, pretende através de seus artifícios revoltar e imobilizar o espectador através de tudo aquilo que está sendo apresentado. Brutal? Certamente. Entretanto, Violência Gratuita tenta a todo instante provocar a inércia de reações de seu público, que em certos momentos sua crítica social é diluída por esse instinto de transtornar-nos a todo e qualquer custo.
Dez anos depois, o cineasta lançaria uma versão americana da mesma história, mas isso fica para uma próxima postagem. 

 

Código Desconhecido (2000)



Sinopse: A narrativa é divida entre três grupos de pessoas: a atriz francesa Anne Laurent (Juliette Binoche), o marido dela e sogros; uma romena, Maria (Luminita Gheorghiu), luta para ter dinheiro para sua família voltar para casa; e Amadou (Ona Lu Yenke), um professor para crianças surdas-mudas que está em conflito com seu clã africano. O catalisador das histórias começa numa esquina, onde o cunhado de Anne, Jean (Alexander Hamidi), insulta Maria, que implora ajuda. Amadou, enraivecido, provoca uma briga com Jean, resultando em repercussões negativas para os três grupos.

O diretor Michael Haneke faz as transposições de uma cena para outra de maneira radical, com o uso de bastante corte seco construindo assim a atmosfera do filme e utiliza em várias cenas o estilo documentário, nos planos-seqüência. 
Código Desconhecido é um longa-metragem que trata, além do preconceito racial a temática da discórdia e da violência do nosso cotidiano, e o quanto podemos ser impotentes em determinadas situações. Haneke causa impacto na forma ácida de abordar um determinado tema, que é uma de suas características já conhecida em obras como os já citados O Sétimo Continente, Violência Gratuita e A Professora e o Piano, do qual falarei mais semana que vem.   

 
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