Sinopse: A adolescente Bia
(Valentina Herszage), de 15 anos, e seu irmão, João (Bernardo Marinho), de 25
anos, levam uma vida normal. Mas quando uma série de assassinatos começa, eles
e os amigos ficam com a imaginação à flor da pele, pensando como ocorreram os
crimes e, ao mesmo tempo, analisando como a juventude de hoje encara os
problemas.
Adolescência é um momento de
descobertas, onde o jovem se transforma, experimenta e descobre o lado bom e
ruim quando se perde a inocência. Ao mesmo tempo em que experimenta mudanças no
seu universo particular, o universo em sua volta vive mudando constantemente,
fazendo com que se sinta inseguro com relação ao que virá depois. Mate-me Por
Favor é mais do que um filme de suspense, mas um retrato da juventude contemporânea,
que cada vez mais se encontra encarando cedo o lado cru que o mundo real irá
lhe oferecer.
O cenário é a Barra da Tijuca,
onde acompanhamos o dia a dia de um grupo de adolescentes numa escola. Durante a
trama observamos o lado simples desses jovens, desde namorar, paquerar, usar o
que está na moda e curtir as festas. Porém, começam a surgir jovens mortas próximo
ao local e fazendo que desperte o medo e a paranoia entre esses jovens.
Diferente do habitual dentro
do gênero, a trama não se prende ao tentar descobrir quem é o assassino, mas sim
nas consequências que ele provoca nas outras pessoas. A trama então se
concentra mais na jovem Bia (Valentina Herszage), que sente mais afetada pelos
eventos que andam acontecendo, principalmente pelo fato das vitimas serem um pouco
parecidas com ela. Isso faz com que a gente assista uma perspectiva da situação
através do olhar dela, com o direito de testemunharmos os seus sonhos, pesadelos
e imaginação um tanto que peculiar.
É através de Bia, aliás, que
vemos a transformação do jovem contemporâneo de hoje que, para o bem ou para o
mal, amadurece mais rápido do que se imagina. Sem ter pais presentes para orientá-la,
Bia vive sozinha com o seu irmão João, sendo que esse último tem que enfrentar o
fato de namorar uma garota virtual, da qual nem sequer conheceu ainda
pessoalmente. Ambos vivem numa espécie de encruzilhada de descobertas, mas da
qual não saem do lugar, mas passam por essas mudanças num lugar limitado como na
Tijuca e gerando até mesmo uma sensação de claustrofobia em suas vidas sem que
eles percebessem.
Dirigido e roteirizado por
Anita Rocha da Silveira, a cineasta tem a proeza de transformar a Barra da
Tijuca num ambiente não muito acolhedor, como se não houvesse um porto seguro
para o qual o jovem deite sua cabeça para sentir um pouco de segurança. Ao mesmo
tempo, o lugar vive de mudanças, aonde prédios cada vez mais altos vão surgindo
no horizonte e o que era verde se torna concreto e sem vida. Isso faz com se
crie no decorrer do filme um cenário em que os jovens andam como sonâmbulos,
dando a entender que não há como eles interromperem, não só as mudanças físicas
e psicológicas na qual eles passam como também do cenário em volta deles e cada
vez mais sem vida aparente.
O papel do progresso desenfreado
que surge na trama, aliás, dá entender que ele está ali para apagar o passado e
até mesmo os eventos do presente. Portanto, não é a toa que a cineasta tem até
mesmo a proeza de inserir o terrível caso de assassinato da atriz Daniella
Perez, ocorrido 1992 e que ocorreu justamente nesse local. Essa inserção desse caso
dentro da trama dá a entender que, por mais mórbido que as histórias sejam,
elas não podem ser esquecidas, pois elas estão lá no passado para que elas não
se repitam no presente, mesmo que isso pareça impossível.
Com um final em aberto sobre
os eventos vistos na trama, Mate-me por favor é um filme para o jovem de hoje ver
e fazendo ele entender que não está sozinho para enfrentar os horrores e da
insegurança do mundo atual tem a oferecer.
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