Final de semana rico para mim, já
que participei do curso Boca do Lixo: Nos tempos da Pornochanchada. Durante
dois dias, o jornalista Cassiano Scherner foi a fundo para nos explicar
e nos apresentar um pouco desse universo cinematográfico brasileiro, que se iniciou
no final dos anos 60 e se estendeu até início dos anos 80. É surpreendente que,
mesmo com não muitos recursos da época, os produtores e cineastas, com amor no
que faziam, fizeram desse gênero algo lucrativo e que começou a ser produzido
numa velocidade fantástica.
Só para se ter uma idéia, 30%
do cinema nacional nascia da Boca do Lixo. Nada mal para um local que nem se
quer era um estúdio, mas sim duas ruas se cruzando na cidade de São Paulo (Rua Triunfo
e Vitória) e onde os criadores se reunião para escrever e se preparar para
filmar inúmeros rolos de filmes para serem exibidos nas salas de cinema. Após o
encerramento dessas maquina de fazer dinheiro (devido à chegada do sexo
explicito nas locadoras), parecia que esses filmes cairiam no esquecimento, mas
foi graças ao Canal Brasil (muito citado na atividade aliás), que fez com que
essas obras ganhassem o status de Cult que possui até hoje.
Com encerramento do curso, deixo
aqui um extra sobre mais um filme que acabei assistindo ainda ontem após a
atividade.
A Dama da Zona (1979)
Sinopse: Prostituta
independente e de forte personalidade, Esmeralda mora num cortiço em São Paulo
cercada de personagens marcados pela miséria e desesperança. A proprietária do
cortiço, indiferente ao destino de seus inquilinos, quer transformar a casa num
prostíbulo.
A meu ver, um filme que nitidamente
se preocupou em explorar o melhor do que se poderia encontrar nesses filmes do período
da boca. A produção (Kynema Filmes) é do ator e diretor Cláudio Cunha (que é
também autor do argumento), e no elenco há a presença de atrizes como Marlene
Silva (a Dama do título) e Marlene França, conhecidas do público não só de
cinema como da televisão. Nota-se ainda um maior cuidado técnico na fotografia
e no trabalho de câmera (ambos de Carlos Reichenbach) e na cenografia.
Um filme que usa e abusa da
comédia e da beleza das atrizes, mas acima de tudo, uma obra que sintetizou a
fase áurea desse período e ao mesmo tempo dando indícios de que algo estaria
mudando futuramente dentro do gênero a partir do início da década de 80.
Grato pelo comentário, prezado Marcelo!! Abração
ResponderExcluirDe nada Cassiano. Espero que um dia volte a ministrar mais um curso para nós. Abraços
ResponderExcluir