Sinopse: Nos anos
1930, James (Jesse Eisenberg) sai de uma cidade do interior rumo a Los Angeles
com o sonho de seguir carreira na indústria cinematográfica em Hollywood. Lá
ele acaba se apaixonando por Theresa (Kristen Stewart) e se deixa contagiar
pelo clima de ‘café society’ da época.
Não há pretensão no
universo dos filmes recentes de Woody Allen, mas nem por isso deixa de serem incomuns
as suas obras das quais ele lança. Café Society mostra um Allen agiu no que irá
mostrar, mas ao mesmo tempo disposto a trabalhar com novidades, pois esse filme
é o seu primeiro em formato digital. Isso faz com que se destaque a bela fotografia de Vittorio Storaro, já
vencedor pela categoria em filmes como Apocalypse Now e O Último Imperador.
Para quem conhece de cor a filmografia do
cineasta, Café Society mostra todas as características e marcas registradas que
já foram vistas em seus filmes, mas sempre nos lançando com um novo frescor
para os nossos olhos. Pode parecer algo repetitivo em alguns momentos, mas cabe
ressaltar que conseguimos enxergar em suas obras recentes uma forma do cineasta
escancarar os seus próprios aprendizados que teve ao longo dessas décadas de
trabalho no cinema. Esse seu último filme me parece um cruzamento entre o
passado e seu presente atual e não se intimidando em colocar na tela os seus
erros e acertos e dando vida a eles através dos seus personagens que criou.
A trama se destaca ao
apresentar todo o glamour do universo das celebridades dos anos 30, onde a edição
de arte e figurino molda aquele período visto na tela como um todo. Contudo, o
casal central vivido Jesse Eisenberg e Kristen Stewart deixa um pouco a desejar
em alguns momentos, pois a química vista entre eles realmente não empolga em
momentos dos quais deveria empolgar. Se Jesse Eisenberg se sai bem como uma espécie
de jovem Allen, Kristen Stewart novamente apresenta uma atuação econômica e que
ainda não me fez convencer que há uma versatilidade dentro dela.
Felizmente a ala de coadjuvantes
salva o filme, principalmente quando Eisenberg contracena com eles. Steve Carell
se sai muito bem em cena, principalmente pelo fato do seu personagem transitar
entre a comédia e o drama, sendo que esse último o astro provou ter talento de
sobra. Ao interpretar um produtor
de cinema, Carell poderia cair na vala comum ao criar um personagem detestável.
Contudo, sentimos simpatia por ele e nos convence que os seus sentimentos
vistos em cena, embora confusos às vezes, soam verdadeiros.
Mas, como eu havia
salientado acima, o destaque vai mesmo para a bela fotografia de Vittorio Storaro,
do qual torcemos que seja lembrado na próxima premiação do Oscar. Por ser um
retrato dos anos 30, estamos diante de um período que sempre foi romanceado
pelos livros de história ao destacar o cinema americano. Com tons pastel e
luzes douradas, as imagens transmitem uma fábrica de sonhos da cidade do
cinema, mas não escondendo também um lado obscuro das engrenagens daquela
fabrica de contar histórias.
Ao som de Jazz,
enxergamos um Woody Allen do começo ao fim, mas maduro e aberto as novas possibilidades
que o cinema de hoje tem a oferecer. Porém, jamais deixando de lado a sua essência
e seu amor por filmar. Mesmo quando não é genial, Allen tem a proeza de nos fazer rir
e nos emocionar com o seu mundo neurótico, da possibilidades do que é se apaixonar e
viver a vida em uma sociedade tão glamorosa e passageira
quanto um bom cappuccino.
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