terça-feira, 15 de março de 2016

Cine Especial: Análise e Interpretação de Filmes: Parte 3

Nos dias 21, 22 e 23 de março eu estarei participando em Porto Alegre do curso Analise e Interpretação de Filmes, atividade criada pelo Cine Um e ministrada pela jornalista Fatimarlei Lunardelli. Enquanto os dias da atividade não vêm, eu irei fazer por aqui uma pequena analise dos principais filmes que serão analisados no decorrer da atividade. 

A Marca da Maldade (1958)

Sinopse: Ao investigar um assassinato, Ramon Miguel Vargas (Charlton Heston), um chefe de polícia mexicano em lua-de-mel em uma pequena cidade da fronteira dos Estados Unidos com o México, entra em choque com Hank Quinlan (Orson Welles), um corrupto detetive americano que utiliza qualquer meio para deter o poder.


Num primeiro plano, o filme parece seguir algumas das formulas clássicas  dos filmes policiais noir da RKO: fotografia com ampla definição de claro e escuro; um crime como ponto de partida o desenrolar da trama e as investigações que se desenvolvem acerca delas; ambientes decadentes e imundos; imoralidade e corrupção; e cenas preferencialmente noturnas, permeiam toda a composição estética da obra.
Mas contrapondo entre outros clássicos noir, esta magnífica obra de Welles tem como protagonista um policial mexicano honesto que coloca a lei acima de tudo e interpretado muito bem por Charlton Heston, contudo um herói clássico que inexiste em outras produções ao estilo onde os “mocinhos” interpretados por Robert Mitchum, Humphrey Bogart, ou Robert Ryan, eram heróis atormentados que ainda assim desafiavam o sistema. Outro detalhe muito interessante muito de praxe nas fitas policiais noir são as femme fatale, a mulher que acaba seduzindo e atrapalhando a vida do personagem principal, onde aqui em A Marca da Maldade não encontra refúgio. Mesmo assim, é considerado o último dos clássicos noir de Hollywood.
A Trilha Sonora de Henry Mancini (1924-1994) que veio até a se tornar um referencial ao estilo dos velhos filmes policiais, tem papel fundamental, uma vez que ela molda algumas cenas, participando delas ativamente, atuando como uma importante ferramenta de continuidade que claramente situa o espectador na trama.
Um filme sem dúvida com diálogo inovador para o público do final da década de 1950, que eram consideradas até então um tabu para o cinema norte-americano, mesmo com o Código Hayes estando já naquele tempo perdendo o seu fôlego. Vemos palavras como baseado, entorpecentes, picada, entre outras que fazem parte do vocabulário dos viciados. 
A versão proposta por Welles talvez seja um pouco mais direta e clara (onde não contava a trilha de Henry Mancini, introduzida pelo estúdio, que não sai nada mal), além da fotografia claro-escuro quase expressionista, os cortes abruptos, e o uso de câmera na mão. Com todos estes recursos dentro do baixo orçamento previsto para produção, Welles oferece ao mundo uma obra B de primeira, com requintes de produção Classe A, que se tornou uma das películas mais admiradas e assistidas em todos os tempos ao longo de mais de 50 anos de seu lançamento, com um tema bem pertinente ainda nos dias de hoje. Uma fita de referencia até mesmos para cineastas e críticos modernos, que consideram A MARCA DA MALDADE como um dos melhores trabalhos de Orson Welles, que se impõe como uma de suas obras de impacto técnico estarrecedor, reveladora de rara volúpia criativa em seus efeitos de câmera, som, e edição. Sem dúvida, um dos filmes capitais da moderna linguagem do cinema.



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