quinta-feira, 17 de março de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: BOA NOITE MAMÃE



Sinopse: Uma família vive em uma residência isolada em meio a árvores e plantações de milho. Após dias afastada por conta de cirurgias plásticas, a mãe (Susanne Wuest) volta para casa e não é reconhecida pelos filhos gêmeos. As crianças, de nove anos, duvidam que a mulher de rosto coberto seja realmente sua mãe e a partir de então nada será como antes.

Estamos diante de um momento particularmente interessante do gênero de horror, do qual certos filmes estão conquistando boa parte da crítica exigente, pois esses longas (como o recente A Bruxa) fogem do lugar comum e ganhando merecido prestigio. No caso do austríaco Boa Noite Mamãe, o burburinho sobre o filme não se limitou apenas a internet como de costume, mas também ganhando elogios pelos festivais do qual foi exibido mundo a fora (como aqui no Fantaspoa) e ganhando agora exibição no circuito tradicional de uma forma merecida.
O filme foi criado pelos dois cineastas Severin Fiala e Veronika Franz que, embora tenha dividido a crítica no princípio, gradualmente se percebe que o longa ganha um brilho próprio no decorrer do tempo, independente se as pessoas gostem ou não do gênero. O gosto amargo e o prazer, ou até mesmo a sensação de incômodo, são essas e muito mais as sensações que as pessoas sentem quando assistem a esse filme. Isso pode também até ser um ponto negativo, já que essas sensações poderiam ser preservadas no seu ápice final da trama.
De qualquer forma, o que tem que se levar em conta é o ambiente tenso que surge na relação entre dois irmãos gêmeos com a mãe, que surge com o rosto enfaixado após uma cirurgia plástica e começa agir de forma estranha, como se não fosse ela, mas sim outra pessoa. Como ela começa agir de modo estranho, e até mesmo de forma ruim com os dois meninos, ambos começam a suspeitar que ela seja outra pessoa. A partir daí, se tem pistas sendo jogadas rapidamente na nossa frente e fazendo com que criamos inúmeras possibilidades sobre o que realmente está acontecendo na tela.
Talvez um dos pontos negativos do filme seja dele ser um pouco que arrastado em alguns momentos, principalmente quando se limita a mostrar os dois garotos como possíveis vitimas da situação. Mas a partir do instante da mudança da narrativa, Boa Noite Mamãe ganha momentos ainda mais interessantes, porém até mesmo mais explícitos, que vão de cenas de tortura explicita, mas não chegando perto de outros filmes como O Albergue. Isso faz com que agrade tanto o público interessado por uma trama engenhosa, como também aqueles que gostam de um terror mais tradicional.
Após o ato final, o filme deixa algumas perguntas no ar, demonstrando ser um exemplar de um cinema que vai por fora do convencional, mas ao mesmo tempo pode ser interpretado por alguns por ser um filme que possui furos no roteiro. Essa última possibilidade é fortalecida pelo surgimento de um tumulo cheio de ossos, mas que rapidamente é esquecido. Seria apenas para mostrar eles acharem um gato e dar um tom mais gótico a obra?
Também não fica claro se a mãe sofreu um acidente ou simplesmente fez uma cirurgia plástica para mudar o visual um pouco, mas chega um ponto que essa duvida já não tem mais importância. O ideal é que talvez não se achasse explicações para tudo, como o desejo doentio dos meninos por insetos que ao menos, serve de elemento de horror e gera alguns momentos de tensão, ou simplesmente uma representação do lado mais sombrio de um dos gêmeos. Assim como já citado A Bruxa, Boa Noite Mamãe é um filme que cresce de uma forma vertiginosa em nossas mentes após a sessão e faz com que até mesmo a gente discute sobre quais são os nossos limites perante uma situação da qual não conseguimos administrar e nos rendendo para a total insanidade particular. 




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