Sinopse: A única
coisa no mundo que o menino Jack conhece é um quarto com uma pequena janela. É
nesse lugar que ele nasceu e de onde nunca saiu. A criança já está com 5 anos e
começa a questionar sua mãe o motivo de viverem presos no quarto, até o dia em
que ele tem a chance de desbravar aquilo que nunca conheceu.
Quando se é criança, você imagina
o mundo de outra forma, pois você gradualmente está conhecendo ele e
descobrindo o quão grande ele é. Quando eu era pequeno, por exemplo, acreditava
que, após descer em uma estação rodoviária, eu entrava em outro mundo, como se
aquele lugar fosse de outro planeta. Essas lembranças cada vez mais douradas me
vieram na mente ao ver uma cena chave do filme O Quarto de Jack, mas que, diferente
de mim, o protagonista mirim foi conhecer um mundo vasto somente quando tinha
cinco anos, pois antes a sua realidade era resumida somente entre quatro
paredes.
Dirigido por Lenny
Abrahamson (Frank), acompanhamos a vida de Jack (Jacob Tremblay, fenomenal),
que, ao lado de sua mãe (Brie Larson) vivem num quarto fechado, onde há somente
uma janelinha no teto, alguns móveis, televisão e uma cama. O primeiro ato da
trama nos é apresentado o dia a dia dos dois naquele mundo minúsculo, onde a
protagonista cuida da sua cria de todas as formas possíveis e escondendo dele a
real realidade do que está realmente acontecendo. Quando descobrimos que na
verdade eles se encontram presos há anos, e nas mãos de um molestador, a
protagonista decide por conta própria sair daquele mundo, pois ela própria já
não agüenta mais viver presa e esconder a realidade para o seu filho.
Falar mais desse primeiro
ato seria estragar alguns momentos primorosos, pois é preciso tirar chapéus
para a dupla central, cujo seus desempenhos se encontram limitados nesse
cenário tão pequeno, mas o que tornam eles gigantes perante aos nossos olhos. Porém,
num momento de desespero, do qual desencadeia a fuga e a libertação de ambos é
desde já um dos melhores momentos do filme. Atenção ao momento em que Jack se
encontra face a face com o mundo do qual ele via somente pela TV sendo belamente
filmado e se casando perfeitamente com a sua trilha sonora.
Uma vez fora do cubículo, o
segundo e terceiro ato da trama acompanhamos os passos da mãe e do seu filho,
ao tentarem se acostumar com o novo mundo a sua frente. Assim como aconteceu no
início, acompanhamos a trama pela perspectiva do protagonista mirim que, mesmo
não entendendo o que acontece em volta, nós compreendemos muito bem e isso
graças a boa direção de Abrahamson e
pelos ótimos desempenhos de Joan Allen
(Ultimato a Borne) e William H. Macy (Magnólia),
dos quais interpretam os pais da mãe de Jack. Esses últimos, aliás, se
apresentam de formas distintas com relação à verdadeira origem de Jack e o que
desencadeia um desequilíbrio familiar, do qual a mãe do pequeno protagonista
terá que enfrentar.
Conhecida por ter atuado em
comédias, como o recente Descompensada, Brie Larson nos brinda com uma personagem
de peso, do qual ela passa toda a tristeza e sofrimento em que a sua personagem
passou unicamente através dos seus expressivos olhos. Em uma situação como essa
qualquer pessoa comum enlouqueceria, mas o seu desempenho nos faz convencer de
que a sua personagem vence os obstáculos para proteger o seu filho, assim como matar
o desejo de desistir de tudo. Embora novata em premiações, não é a toa que ela tenha
se tornado franco favorita pelo cobiçado Oscar.
Mas a alma do filme é realmente
Jacob Tremblay, pois mesmo sendo tão novo, ele transmite um ar de
amadurecimento perante os adultos, mesmo que o seu personagem esteja
gradualmente aprendendo sobre o novo mundo. Tudo gira em volta dele, o que faz
do seu personagem o verdadeiro protagonista da trama. Esquecido nas premiações,
como o Oscar, ficamos na torcida para que esse pequeno, mas grande artista não
se perca com o tempo, assim como aconteceu com outros jovens talentos.
Embora seja uma
pequena produção, O Quarto de Jack ainda sim é um belo filme, do qual passa a idéia
de que a inocência ainda pode ser a principal arma contra o lado sombrio vindo do
ser humano atual.
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Gostei de suas palavras sobre o filme, e, assim como você, eu me vi muito através do Jack, do seu olhar, das suas palavras, isso porque o filme, apesar de muito bem feito e adaptado pela autora do livro, este sim é uma leitura espetacular.
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