segunda-feira, 22 de junho de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: Últimas Conversas



Sinopse: Realizado a partir de entrevistas feitas com jovens estudantes brasileiros pelo cineasta Eduardo Coutinho antes de sua morte (em fevereiro de 2014), o filme busca entender como pensam, como sonham e como vivem os adolescentes de hoje. O material foi editado por sua parceira de longa data, a montadora Jordana Berg, e a versão final é assinada por João Moreira Salles.


Em seu ultimo filme como cineasta, Eduardo Coutinho se sente cansado, mas ao mesmo tempo disposto a continuar filmando, pois como ele mesmo disse no início da obra: “o que mais eu poderia fazer na vida”?
A sensação que se dá é que, embora não prevendo o futuro, ele se sentia que estava em sua reta final, mas antes de guardar as suas ferramentas de trabalho, decide então fazer uma entrevista com jovens brasileiros de hoje. Nas entrevistas assistimos depoimentos que contem de tudo um pouco, desde as vidas mais simples, ou até mesmo as mais sofridas e ferrenhas.
Diferente do que se vê em certos filmes que, tentam reconstituir o que é o jovem brasileiro, vemos aqui pessoas reais, falando de tudo, desde os seus sonhos, dores familiares e certa carga de incerteza com relação ao futuro de cada um. Embora com mais de oitenta anos, Coutinho deixa a vontade os jovens para entrevista, pois embora não conheça a cultura ou até mesmo os costumes dessa geração de hoje, demonstrou total sensibilidade e ao mesmo tempo curiosidade para compreender o do porque da moda deles, o que eles ouvem de música e do porque de certas profissões que eles escolheram para estudar mais pra frente. As entrevistas começam a ficar tão boas, que nos identificamos facilmente com aqueles jovens, pois cada passagem de suas vidas, por vezes, soa que familiares para nós, para não dizer idênticas.
E quando a gente achava que ele somente chamou jovens de classe média para as entrevistas, eis que ele deixa uma menina chamada Luiza, de apenas seis anos e de classe média alta para o final. Talvez ela não tenha sido ultima a ser entrevistada, mas as suas palavras selam o filme de uma forma maravilhosa. Ambos travam um diálogo filosófico e teológico, encerrado com a frase dela: “O Homem que morreu, a gente chama de Deus”
E então rindo, Coutinho pede ao assistente para abrir a porta e ela se caminhar para a saída em contra-luz, como se fosse levada pela eternidade. Um encerramento brilhante, mas que, após essas entrevistas, daríamos tudo para voltarmos no tempo e termos uma tarde de conversas descompromissadas com o nosso inesquecível cineasta. 


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