quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cine Especial: Cinema Marginal Brasileiro: FINAL



Na minha ultima participação desse ano, dentro dos cursos de cinema elaborados pelo Cena Um (dias 11 e 12 de dezembro), o assunto será sobre o Cinema Marginal Brasileiro, que será ministrado pelo jornalista Leonardo Bomfim. Enquanto a atividade não chega, estarei por aqui postando sobre os principais filmes desse movimento que bateu de frente com a censura da ditadura da época.
Sem Essa, Aranha
Sinopse: Banqueiro vive perigosamente e dividido entre três mulheres: uma loira, uma morena e outra negra - essa a sua verdadeira paixão. O filme inspirou a música ''Qualquer Coisa'', de Caetano Veloso, que no refrão diz ''Sem essa, aranha/Nem a sanha arranha o carro/Nem o sarro arranha a Spaña''. Aranha é o personagem interpretado por Jorge Loredo, também conhecido por Zé Bonitinho.


O deboche parece mais escrachado do que O Bandido da Luz Vermelha (1968) e A Mulher de Todos (1969), filmes anteriores do diretor. José Louredo leva o Zé Bonitinho para um universo bêbado, reflexo da realidade versão chanchada. Ele é Aranha, homem casado com uma porção de mulheres-vedetes, cada uma em uma classe social, cada uma em seu castelo particular. O deboche é tamanho que o bigode dele ora cai, ora cola, não importa. Aliás, questões técnicas realmente não importam nesse cinema urgente, feito às pressas, no afã do momento.
Meteorango Kid: O Herói Intergalático
Sinopse: As aventuras de Lula, um estudante universitário, no dia de seu aniversário. De forma absolutamente despojada, anárquica e irreverente, mostra sem rodeios o perfil de um jovem desesperado, representante de uma geração oprimida pela ditadura militar e pela moral retrógrada de uma sociedade passiva e hipócrita. O anti-herói intergaláctico atravessa esse labirinto cotidiano através das suas fantasias e delírios libertários, deixando atrás de si um rastro de inconformismo e um convite à rebelião em todos os níveis.
Em termos de sintaxe cinematográfica, Meteorango encontra-se enquadrado na mesma estética de invenções geniais como O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla) ou Matou a Família e Foi ao Cinema (Júlio Bressane): a montagem é frenética, a ação descontínua, o som tratado como “puzzle” picotado ao bel-prazer do diretor. Aí, entretanto, é que sobressai a abordagem criativa de Oliveira. Do arcabouço aparentemente simples, traçado na juventude vazia do herói Lula, toda uma intensa eclosão de situações absurdas permeia sua trajetória pelas vielas e avenidas de Salvador. A sequencia de abertura já é antológica por si, ao mostrar Antônio Luiz Martins “trajado” de Cristo; mostrada em “rewind”, a cena culmina com a agonia do Messias, numa colagem de belíssimos closes superpostos em ângulos de câmera diferentes. No fecho, é mostrada em decorrer normal, equidistante à primeira.


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