Em minha 42ª
participação dos cursos criados pelo Cena Um, o tema dessa vez será sobre o
Novo Cinema Argentino. A atividade irá acontecer nos dias 25 e 26 desse mês de
novembro e será ministrado por Rosângela Fachel de Medeiros, que ministrou o
curso sobre "David Cronenberg: Seu Cinema e Suas Obsessões". Enquanto
os dias da atividade não chegam, por aqui estarei postando sobre os melhores
filmes dessa nova fase que o cinema de nossos hermanos vive atualmente.
Las Acácias
Sinopse: O filme
conta a história de Rubén, um motorista de caminhão solitário que faz o trecho
entre Assunção, no Paraguai, e Buenos Aires, na Argentina, há anos. Em uma das
viagens, ele se depara com Jacinta e a pequena Anahí, em uma viagem fora da
rotina.
Las Acacias faz parte da “nova onda” do cinema
argentino, que conquistou grande repercussão em inúmeros festivais no mundo a
fora e é presença constante em nossos cinemas. O ponto forte desse filme de estreia do diretor Pablo Giorgelli está
em volta do olhar, em que pouco se fala, mas muito se observa. Ou seja: é um
cinema fundado na potência do ponto de vista dos personagens e que molda a
historia.
Aqui, as palavras vêm
dos olhares, nos pequenos gestos, que faz com que os protagonistas aos poucos
descasquem a imagem em que eles se apresentarão no início do filme, para então
apresentarem uma nova faceta até então escondida. A trama acaba então
explorando um pouco alguns dos problemas graves do mundo atual, que é da falta
da comunicação, de não saber se comunicar ou de simplesmente se refugiar no seu
mundo em particular. O personagem Rubén (Germán de Silva) no princípio mais
parece uma carcaça durona, assim como o seu caminhão, mas querendo ou não, terá
que mudar o seu mundo no momento que dá carona para duas personagens.
Com isso, a trama se
passa praticamente no caminhão do protagonista, onde em planos simples, começa
há se criar uma relação entre Rubén, Jacinta (Hebe Duarte) e seu bebê Anaty. A
pequena protagonista, aliás, é responsável por nos brindar com momentos
inesquecíveis, onde não só faz com que o motorista e a mulher comecem a conversarem
como também nos surpreende por ser tão expressiva, mesmo com poucos meses de
vida. Com certeza o diretor teve um trabalho árduo (mas compensador), em filmar
os momentos em que o bebê passava um olhar no qual serviria de ponto de partida
para inúmeros momentos chaves na relação do trio.
Curiosamente, a
sensação de claustrofobia que o espectador pode sentir no princípio, já que a trama
quase toda ela se passa dentro da cabine do veiculo, logo se é dissipada,
passando a sensação de que o ambiente se alargou e isso graças à aproximação
que o trio começa há ter. Outro ponto a favor da trama foi não se alongar sobre
o passado de cada um deles, deixando somente pistas de onde eles vieram, o que
eles foram e o que eles perderam no passado. Bom exemplo disso é no caso de
Rubén, que com poucas palavras vindas dele (e de imagens de determinadas
fotos), se percebe que ele tinha a felicidade nas mãos, mas que por um motivo
ou outro acabou que perdendo ela ao longo do trajeto da sua vida.
Com Jacinta e Anaty, ele
consegue então enxergar uma possibilidade de redenção, mesmo que no final do
trajeto, coloque ambos em caminhos diferentes. Embora torçamos por um final
feliz, a trama termina com inúmeras questões no ar e fazendo com que a historia
continue em nossas mentes e imaginando qual seria o caminho seguinte para cada
um deles. No final das contas Las Acácias é mais um belo filme road movie, no qual
sempre durante uma viagem na estrada, faz com que os protagonistas descubram
novas camadas de sentimentos deles mesmos. Muito embora eles acreditem no
princípio, que suas vidas já estão mais do que bem definidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário