sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Cine Especial: FILME NOIR: CINEFILIA & SEXUALIDADE: FIINAL


Nos dias 24 e 25  de Outubro eu estarei me encaminhando para minha 40ª participação nos cursos do Cena Um. Na próxima aula o tema será sobre o gênero Noir, que será ministrado pelo Doutor de Cinema Fernando Mascarello. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui eu estarei postando sobre os filmes que eu assisti desse cinema inovador, corajoso para a época e que se não fosse por eles, não existiria filmes como Pulp Fiction ou Sin City.

 

O MENSAGEIRO DO DIABO 

Sinopse: O reverendo Harry Powell não é bem o que aparenta ser: utilizando-se de palavras da Bíblia e belas canções religiosas, e com a ajuda de seu carisma que consegue conquistar rapidamente as pessoas, ele é na verdade um golpista que se aproveita da situação de recém-viúvas para tirar dinheiro delas. Sua nova vítima é Willa Harper (Shelley Winters), que perdeu seu marido, enforcado por assassinato.

Quando fez O Mensageiro do Diabo, Charles Laughton tinha apenas uma co-direção que se chamava O Homem da Torre Riffel do ano de 1951. Na realidade foi no trabalho como ator que ele ganharia grande prestigio, atuando em mais de 50 títulos e sendo dirigido por verdadeiros mestres do cinema como Alfred Hitchcock e Jean Renoir.  Tal experiência que teve em meio a grandes talentos na direção, fez que ganhasse interesse em dirigir e o resultado foi à criação de um único filme em sua carreira, mas que é indubitavelmente um belo exemplo de herdeiro de outros gêneros cinematográficos vistos em outras décadas.
O filme nos brinda com belas imagens em preto e branco que solta aos olhos, que por vezes lembra, tanto o período do expressionismo alemão como também os primeiros títulos gênero noir que surgiram no cinema americano a partir da década 40. Ver O Mensageiro do Diabo se tem uma sensação de mistura de talentos: visualmente o filme lembra os melhores títulos de Fritz Lang (Metrópolis), mas por outro lado possui uma dose de humor negro que nos lembra um filme de Hitchcock. Porém, o filme se direciona por ares um conto de fadas mais sombrio, para não dizer macabro. 
Harry Powell (Robert Mitchum) é um ex-presidiário, que por sua vez é uma verdadeira mistura de anjo e demônio num único corpo, sendo um reverendo fervoroso e um assassino de esposas das quais rouba dinheiro. Sua próxima vitima é uma viúva (Shelley Winters) e seus dois filhos, que ambos guardam uma quantia exorbitante de dinheiro dado pelo pai falecido. Após o assassinato da mãe (a cena em que mostra onde está o corpo é desde já espetacular) as duas crianças decidem fugir pelo mundo, mas ao mesmo tempo o grande vilão da trama fica no encalço dos dois.
À medida que o vilão chega mais perto dos seus pequenos alvos, se aumenta ainda mais o suspense, se criando momentos soberbos e fazendo do falso pastor Harry num dos melhores e mais enigmáticos vilões da historia do cinema. Pelo fato do cineasta ter sido um ótimo ator, ele optou por alguém como Mitchum, que possuía um grande talento de misturar um lado cômico com o seu lado mais perverso e se criando então um verdadeiro estudo sobre as origens da maldade humana. Com sua face enigmática, Mitchum também passou certo apelo sexual nas entrelinhas, sendo algo chocante para os padrões morais dos bons costumes americanos da década de 50.
Talvez por ser uma obra com um conteúdo até então inédito aos olhos do cinéfilo americano daquele tempo, O Mensageiro do Diabo acabou se tornando um verdadeiro fracasso de bilheteria e prejudicando a carreira de Laughton para sempre. Depois disso ele jamais dirigiria um filme novamente. Porém, o tempo fez justiça e O Mensageiro do Diabo sempre se encontra facilmente na lista dos melhores filmes de todos os tempos.

Leia também: partes 1,2,3 e 4



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