Perdido em meio a
brigas judiciais há mais de trinta e cinco anos, obra William Friedkin é redescoberta
por uma nova geração de cinéfilos.
Sinopse: Em uma selva
latina, um grupo de voluntários trabalha em uma companhia de petróleo. No
entanto, uma torre de perfuração é incendiada, ameaçando incinerar toda a
região. A solução é mandar um grupo de homens para o local com um carregamento
de explosivos para conter o fogo. Liderados por Jackie Scanlon (Roy Scheider),
o grupo terá de transportar os explosivos por mais de 200 milhas, em território
selvagem, utilizando dois caminhões velhos.
Na ultima sessão Aurora
(22/08/2014) da Usina do Gasômetro, eu já sabia que iria encarar mais um filme
desafiador do cineasta William Friedkin, mas jamais imaginei que fosse tão
assim perturbador e que fizesse com que os meus nervos ficassem a flor da pele.
Com grande reconhecimento no cinema hollywoodiano durante os anos 70 (devido ao O
Exorcista e Operação França) Friedkin exigiu aos estúdios Universal e Paramount
o financiamento (no total de 10 milhões de dólares) para a refilmagem do cultuado
filme francês de 1955 Le Convoi de la peur (O Salário do Medo) de Henri-Georges
Clouzot; e o resultado final do trabalho do diretor americano faz com que
qualquer cinéfilo que saia da sala do cinema, fique com o filme em sua mente
por pelo menos uma semana. Um filme cru, perturbador, bruto, violento, critico
(atenção na cena da igreja com a noiva de olho roxo) e que não poupa os nossos
olhos.
Mais do que uma refilmagem, o filme é na realidade uma reimaginação da obra original, o que livra então de qualquer comparação (diferente do horror que foi Psicose de Gus Van Sant). A historia narra um grupo de quatro criminosos, cada um com crimes distintos, fugitivos em seus países de origem, contratados por uma companhia petrolífera para uma missão suicida: carregar seis caixas de nitroglicerina altamente instável, através de uma trilha cheia de desafios criados pela natureza, em uma selva tropical em dois caminhões para uma estação de extração de óleo sabotada.
O filme não parte para ação de imediato e com isso ele nos apresenta dois atos: o primeiro é na apresentação de cada um dos personagens (entre eles o conhecido Roy Scheider de Tubarão) de uma forma gradual, sem muitas palavras (lembrando o prólogo do Exorcista) e fazendo com a gente nos obrigue a prestar uma maior atenção aos eventos que ocorrem na tela. Já a segunda parte é na missão suicida. É neste momento que o filme nos coloca lado a lado com os personagens, gerando fortes momentos de suspense, como a passagem dos caminhões em uma frágil ponte de cordas, que desde já, é um dos momentos mais angustiantes do filme e que gera uma tensão em nós jamais vista.
A narrativa se passa em um país indefinido, que é produtor de petróleo da América latina. Neste aspecto Friedkin não faz concessões, sendo que o local é mostrado com a máxima dureza possível, corrupção, miséria, sujeira e morte fazem parte do ambiente daquele país e tornam o clima do filme pesadíssimo, realista e muito disso se deve graças aos closes e tomadas fortes do diretor nos rostos castigados dos habitantes locais. Seguindo bem a tendência da década de setenta, a obra termina com um final pessimista e inconclusivo, como o próprio Friedkin fez em seus outros filmes.
Infelizmente a obra foi um verdadeiro fracasso comercial nos EUA, angustiando o diretor pela dificuldade, dedicação que teve com as filmagens (ele dedica a obra a Clouzot) e pelo esforço que ele exigiu de todos os envolvidos na produção. Alguns apontam o motivo do fracasso pelo fato do filme ter estreado exatamente um mês depois do estouro que foi do primeiro “Guerra nas Estrelas”. Independente disso, o filme somente seguia a tendência de um cinema mais autoral e cru que o cinema americano dos anos 70 vivia e dizer que o publico daquele tempo já estava mais do que cansado dessa época de ouro do cinema americano é um tanto que precipitado.
A meu ver, talvez o filme estivesse até mesmo um pouco à frente do seu tempo. Colocando-me como espectador do final dos anos 70, me arrisco a dizer que o filme possui passagens que devem ter desconcertado o cinéfilo: o genial primeiro ato da trama e a explosão na companhia de petróleo que acabou gerando inúmeras mortes macabras com certeza foram momentos que atingiram um publico desprevenido.
Revisto atualmente por uma nova geração de cinéfilos, O Comboio do Medo é um filme que merece ser visto e revisto por todos e fazer nos lembrar, de um período em que o cinema americano desafiava a mente e os nervos do cinéfilo muito mais do que hoje em dia.
Mais do que uma refilmagem, o filme é na realidade uma reimaginação da obra original, o que livra então de qualquer comparação (diferente do horror que foi Psicose de Gus Van Sant). A historia narra um grupo de quatro criminosos, cada um com crimes distintos, fugitivos em seus países de origem, contratados por uma companhia petrolífera para uma missão suicida: carregar seis caixas de nitroglicerina altamente instável, através de uma trilha cheia de desafios criados pela natureza, em uma selva tropical em dois caminhões para uma estação de extração de óleo sabotada.
O filme não parte para ação de imediato e com isso ele nos apresenta dois atos: o primeiro é na apresentação de cada um dos personagens (entre eles o conhecido Roy Scheider de Tubarão) de uma forma gradual, sem muitas palavras (lembrando o prólogo do Exorcista) e fazendo com a gente nos obrigue a prestar uma maior atenção aos eventos que ocorrem na tela. Já a segunda parte é na missão suicida. É neste momento que o filme nos coloca lado a lado com os personagens, gerando fortes momentos de suspense, como a passagem dos caminhões em uma frágil ponte de cordas, que desde já, é um dos momentos mais angustiantes do filme e que gera uma tensão em nós jamais vista.
A narrativa se passa em um país indefinido, que é produtor de petróleo da América latina. Neste aspecto Friedkin não faz concessões, sendo que o local é mostrado com a máxima dureza possível, corrupção, miséria, sujeira e morte fazem parte do ambiente daquele país e tornam o clima do filme pesadíssimo, realista e muito disso se deve graças aos closes e tomadas fortes do diretor nos rostos castigados dos habitantes locais. Seguindo bem a tendência da década de setenta, a obra termina com um final pessimista e inconclusivo, como o próprio Friedkin fez em seus outros filmes.
Infelizmente a obra foi um verdadeiro fracasso comercial nos EUA, angustiando o diretor pela dificuldade, dedicação que teve com as filmagens (ele dedica a obra a Clouzot) e pelo esforço que ele exigiu de todos os envolvidos na produção. Alguns apontam o motivo do fracasso pelo fato do filme ter estreado exatamente um mês depois do estouro que foi do primeiro “Guerra nas Estrelas”. Independente disso, o filme somente seguia a tendência de um cinema mais autoral e cru que o cinema americano dos anos 70 vivia e dizer que o publico daquele tempo já estava mais do que cansado dessa época de ouro do cinema americano é um tanto que precipitado.
A meu ver, talvez o filme estivesse até mesmo um pouco à frente do seu tempo. Colocando-me como espectador do final dos anos 70, me arrisco a dizer que o filme possui passagens que devem ter desconcertado o cinéfilo: o genial primeiro ato da trama e a explosão na companhia de petróleo que acabou gerando inúmeras mortes macabras com certeza foram momentos que atingiram um publico desprevenido.
Revisto atualmente por uma nova geração de cinéfilos, O Comboio do Medo é um filme que merece ser visto e revisto por todos e fazer nos lembrar, de um período em que o cinema americano desafiava a mente e os nervos do cinéfilo muito mais do que hoje em dia.
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