sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cine Dica: Em Cartaz: A grande beleza


Sinopse: Em Roma durante o verão o escritor Jap Gambardella (Toni Servillo) reflete sobre sua vida. Ele tem 65 anos de idade e desde o grande sucesso do romance O Aparelho Humano escrito décadas atrás ele não concluiu nenhum outro livro. Desde então a vida de Jep se passa entre as festas da alta sociedade os luxos e privilégios de sua fama. Quando se lembra de um amor inocente da sua juventude Jep cria forças para mudar sua vida e talvez voltar a escrever.
  
Dono de uma visão incomum na forma de filmar, Paolo Sorrentino havia surpreendido a critica internacional ao arrancar um ótimo desempenho de Sean Penn no filme Aqui é o Meu Lugar e agora chega aos cinemas brasileiros com o seu surpreende A Grande Beleza, cujo protagonista vive em conflitos internos e com relação ao mundo que vive. Aqui existe uma critica feroz (atenção na cena da conversa entre amigos), com relação à alta sociedade da Itália, mais precisamente de Roma, que por mais que vivam no luxo e festas, não escondem o fato de não saberem qual é o seu lugar naquele mundo cheio de luzes e cores. Tudo isso, através de um olhar amadurecido do protagonista, que se vê cansado de tudo, mas buscando algum sentido entre amigos e nas ruas da capital italiana.
Jep Gambardella, interpretado pelo ótimo ator Toni Servillo (visto recentemente A Bela que Dorme) fica perambulando e se fascinando pela sua cidade. Vale destacar, que isso é muito bem representado nos maravilhosos primeiros dez minutos de projeção, onde o diretor avança de um lado para o outro com a câmera, capturando o mais de essencial da cidade e fazendo um resgate da Roma de ontem e hoje. Em meio a isso, testemunhamos o protagonista dançando em meio a inúmeras pessoas (aparentemente) felizes e desfrutando do melhor que as suas vidas podem lhe oferecer consigo próprias.
Em meio a um circulo de pessoas da alta, vemos diálogos maravilhosos, que ao mesmo tempo são tapa na cara para alguns personagens, que se desconstroem com palavras duras, mas verdadeiras. Jep é um que não possui papas na língua, sendo que ele não suporta o fato de ver seus conterrâneos com a faca e o queijo nas mãos, mas ficam dizendo que sempre se sacrificaram na vida, quando na realidade nunca sentiram na pele o verdadeiro significado da palavra. Essa alienação é ainda bem mais sentida no momento que essa classe da alta mergulha num universo cheio de festas, bebida, drogas e sexo, sendo que eles experimentam esses ingredientes noite após noite, talvez por acreditarem que faça eles realmente se sentirem-se vivos.     
Jep, por mais que queira, não se sente acomodado nesse universo que vive, que por vezes se refugia ao passado, se lembrando tanto do seu primeiro amor, como também indo á lugares que o faça se lembrar da grande beleza que foi aquela visão de quando jovem. Ao mesmo tempo ele começa a experimentar algum sentido disso tudo, no momento que começa a dialogar e a observar personagens super interessantes, desde as confissões de um padre quase papa, como também as girafas que somem, que são sequências de grande conteúdo e beleza. Tudo isso moldado por momentos que lembram o melhor da filmografia de Federico Fellini (principalmente A Doce Vida), mas Sorrentino sempre deixou claro que jamais buscou inspiração através da obra desse grande diretor.      
Embora seja um tanto que longo em alguns momentos, A Grande Beleza nos encanta pelo seu incrível visual fantástico e por nos apresentar uma fábula adulta contemporânea que nos remete ao passado glamoroso do cinema Italiano, mas que sobrevive ainda aos dias de hoje com estilo.    


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