quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Cine Especial: Palma de Ouro em Cannes: Parte 4

Com a chegada do aguardado filme Azul é a cor mais quente nos cinemas brasileiros, vamos nos relembrar um pouco dos principais grandes vencedores de anos anteriores no Festival de Cinema de Cannes e que levaram a cobiçada Palma de Ouro.
  
ELEFANTE (2003) 

INSPIRADO EM UM TRÁGICO CASO REAL, DIRETOR UNE FATOS VERÍDICOS COM CRIATIVIDADE PARA CRIAR UM FILME INCOMUM

Sinopse: Um dia aparentemente comum na vida de um grupo de adolescentes, todos estudantes de uma escola secundária de Portland, no estado de Oregon, interior dos Estados Unidos. Enquanto a maior parte está engajada em atividades cotidianas, dois alunos esperam, em casa, a chegada de uma metralhadora semi-automática, com altíssima precisão e poder de fogo. Munidos de um arsenal de outras armas que vinham colecionando, os dois partem para a escola, onde serão protagonistas de uma grande tragédia.

Gus Van Sant é um diretor que tem uma carreira um tanto irregular de altos (Gênio Indomável) e baixos (Psicose 1998) mas quando acerta, ele acerta em cheio e aqui ele não só acerta o alvo como cria uma obra prima corajosa, engenhosa e polemica. Inspirado no trágico acontecimento da escola de Columbine em 1999, o filme retrata o dia a dia de jovens perdidos em suas vidas e não sabendo o que querem e com isso, são facilmente seduzidos pelo caminho errado da vida, uma juventude sem brilho e desprovida de perspectivas
O filme possui inúmeras historias paralelas em que ambas se passam em um mesmo cenário e todas somente irão se cruzar somente no trágico ato final. Até lá, o diretor usa a sua criatividade na montagem, sempre apresentando uma determinada historia para depois cortá-la e ir para outra historia que se passa perto da historia anterior, tudo isso para elaboramos um incrível quebra cabeça nas nossas mentes e conhecer melhor o dia a dia de cada um dos personagens que surgem na tela.
Ousado, criativo e trágico esses e outros elementos que fazem desse filme indispensável para qualquer cinéfilo que queira saber o que rolou de bom na primeira década do cinema no século 21.

Entre os muros da escola (2009) 

Filme francês conquista críticos do mundo e vira assunto entre as escolas

Sinopse: François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de língua francesa em uma escola de ensino médio, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. François busca estimular seus alunos, mas o descaso e a falta de educação são grandes complicadores.
  
O tema levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2009. A historia é baseada no cotidiano de um professor, François Bégaudeau, que escreveu um livro com o mesmo titulo e também protagoniza o filme. No livro ele conta suas experiências como professor de língua francesa para os adolescentes. No filme, quase um documentário, os alunos são convidados a escrever e a falar sobre as suas vidas. O resultado vai além do cotidiano dos alunos de uma escola do subúrbio de Paris, já que traça um retrato da atual sociedade francesa. O melhor deles, por exemplo, enfrenta dificuldades nos estudos porque sua mãe é imigrante chinesa ilegal e corre o risco de ser deportada. Lançado na França em Setembro do ano passado, Entre os Muros da Escola fez 1,5 milhões de espectadores. Para a escolha do elenco o diretor Laurent Cantet selecionou alunos de uma escola no 20º distrito de Paris. Os pais dos estudantes são os mesmos da vida real.

CuriosidadesO diretor Laurent Cantet veio ao Brasil para o lançamento do filme.
Foi o 1º filme francês a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes desde 1987. 


 A ÁRVORE DA VIDA (2011)
A ODISSEIA SOBRE TODOS NOS


Sinopse: Conta a história que aproxima o foco na relação entre pai e filho de uma família comum, e expande a ótica desta rica relação, ao longo dos séculos, desde o Big Bang até o fim dos tempos, em uma fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e o perdão.

Assim como foi Stanley Kubrick, Terrence Malick é um cineasta que dirigiu ao longo dos anos poucos filmes, mas o suficiente para cada um deles passar algo totalmente fora do convencional para o espectador e seu ultimo trabalho não foge desse padrão. A Árvore da Vida é uma historia aparentemente simples, sobre o nascimento, desenvolvimento, degradação e redenção de uma família, e se por um lado ela é criada de uma  forma de elementos já vista em outros filmes, como do clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço e do recente A Fonte de Vida, por outro, é criado com um toque especial do diretor, o que o torna fresco, individual e com isso, a historia aparentemente simples, ganha contornos inusitados.  Ao começar pela meia hora inicial, em que Malick apresenta a premissa principal da historia, mas a envolve com o que ele quer passar para o espectador, sobre qual a ligação entre o homem e a natureza? Deus criou realmente o universo, ou foi tudo ao acaso?
São perguntas difíceis de serem respondidas, mas talvez as respostas estejam em cada gesto de olhar, ou do tocar dos personagens um com os outros, ou simplesmente no fato, de que a união de uma família, não importa qual o obstáculo, é que sempre irá gerar o laço que envolve o ser humano com o que vem depois desse plano. Ou seja: um filme para ser visto de mente aberta, não importa qual a sua crença, pois a pessoa sai pensativa e até mesmo recapitula o que aconteceu durante a sua própria vida. Em meio a tudo isso, Malick cria um jogo de câmera pouco visto no cinema atual. Com ângulos inusitados, onde foca e filma por completo, todo o cotidiano daquela família, aliada com uma montagem rápida, mas que jamais cansa, pois quando agente menos percebe, já nos simpatizamos com cada um dos personagens junto com as imagens, e com isso, nos viciamos em cada detalhe de suas reações, desde com o próximo ao lado ou com o contato deles com a vida em volta, não importa em qual forma.
Apesar de Brad Pitt e Sean Penn estarem ótimos em seus papeis, a trama e as imagens deslumbrantes de A Árvore da vida é o que falam por si, e só por isso, é um filme que o torna indispensável nos próximos anos. Devido principalmente a sua mensagem corajosa que tenta passar, para um público acostumado com o convencional, mas com o desejo de apreciar algo incomum.


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