Com a chegada do
aguardado filme Azul é a cor mais quente nos cinemas brasileiros, vamos nos
relembrar um pouco dos principais grandes vencedores de anos anteriores no
Festival de Cinema de Cannes e que levaram a cobiçada Palma de Ouro.
Coração Selvagem (1990)
Sinopse: Numa
estranha homenagem ao filme "O Mágico de Oz", Sailor e Lula são dois
amantes que vivem intensamente a vida e a paixão. Tentando fugir das garras da
mãe da garota, os dois caem na estrada para uma viagem violenta e psicodélica,
uma vez que a mãe de Lula contrata um grupo de assassinos profissionais para
matar Sailor.
Vencedor da Palma de
Ouro no Festival de Cannes, o filme é outra homenagem de Lynch á violência
escatológica, ao grotesco e com pitadas de bizarrice, que desta vez, é
temperada com o gosto pela caricatural. Existe uma versão original de quatro
horas e meia de duração, sendo que os cortes contribuirão para realçar a
obsessão pelas imagens fortíssimas, marcadas pela presença do fogo e pela
trilha sonora de Angelo Badalamenti. A todo o momento, o filme faz referencias
ao clássico de O Mágico de Oz, em momentos imaginativos e muito bem amarrados.
Destaque para monstruosa participação de Willem Dafoe, cujo destino de seu
personagem é grotesco, porém hilário. Um final inesperado, mesmo parecendo
convencional para alguns.
Pulp Fiction: Tempo
de Violência (1994)
Sinopse: Três
histórias são apresentadas de forma não cronológica ao público. Em uma,
conhecemos Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson),
dois mafiosos que devem fazer uma cobrança, que termina em chacina e com uma
violenta seqüência no carro. Em outra história, Vincent deve levar a mulher de
seu chefe (Uma Thurman) para se divertir enquanto ele viaja, mesmo com todos os
boatos que rodeiam o caso. Por último, conhecemos Butch Coolidge (Bruce
Willis), um boxeador que deve lutar em um combate com vencedor pré-definido,
mas que surpreende a todos, vence e foge com o dinheiro da luta para provar o
seu valor, sendo perseguido logo após.
O mais importante (e
melhor) filme Americano da década de 90, premiado com o Oscar de roteiro
Original (do diretor Tarantino) e Palma de Ouro em Cannes em 94. É pouco para
esse filme pop, nervoso, violento, mordaz, verborrágico e na maioria das vezes
genial. Começa melhor e termina brilhantemente. Tem atuações perfeitas como
Jackson e marca o retorno de Travolta em especial a uma cena de dança com Uma
Thurman. Se muitos achavam que Cães de Aluguel era o máximo que poderiam
esperar de Quentin Tarantino, muitos desses então devem ter ficado de queixo
caído com a revolução da forma de filmar e contar historia que foi esse filme
de 94. Assim como o filme anterior, a trama explora o mundo dos gângsteres, mas
de uma forma similar do que já foi visto, onde os diálogos afiados e muito
espertos dominam durante todo o filme de uma forma, que não tem como cansar
deles, porque são soberbos.
Mas o mundo não
estava preparado naquela época para Pulp Fiction, tanto que muitos colegas
cinéfilos da época, simplesmente não entenderam o vai e vem da historia, sendo
que muitos ficaram confusos, quando um dos personagens centrais da historia,
morre repentinamente no meio do filme, para depois surgir ainda vivo perto do
final da trama. Essa forma de se contar a historia, foi sem sombra de duvida,
uma forma de Tarantino fazer o espectador prestar 100% de atenção do que está
vendo, sendo que ao longo dos anos, essa forma de apresentar um enredo, foi
ainda mais aprimorada e atingindo o auge em filmes como Amnésia e 21 Gramas.
Tarantino ainda por cima não deixa de focar em nenhum momento os seus
personagens, onde vemos eles não só falando, mas vendo suas mudanças de
expressões no rosto a cada momento, de acordo com a situação em que eles estão
passando, fazendo das sequências, quase uma espécie de filme documentário.
Como sempre, a trilha
sonora é outro grande trunfo da trama, sendo que cada seguimento da historia
(dividida em quatro partes, mais um prólogo e um epilogo) possui suas trilhas
sonoras, que de uma forma bem redondinha, faz um ótimo casamento com as cenas,
em especial, dos momentos juntos dos personagens de John Travolta e Uma
Thurman. Alias, o seguimento onde aparecem os dois lado a lado, é sem sombra de
duvida o melhor de toda a produção, já que ambos estão a vontade em seus
respectivos personagens, onde imediatamente se cria um laço de sintonia de
ambos, sendo no dialogo (onde as palavras do mundo de Tarantino saem da boca
deles) ou então nos olhares. Uma Thurman faz aqui o papel de sua vida e merecia
realmente ter levado um Oscar para casa, pois sua imagem de Mia Wallace
(dançando com Travolta) ficou registrada para sempre na mente dos cinéfilos.
Samuel L. Jackson é outro que saiu ganhando, tanto, que não foi somente o seu
personagem, mas também o próprio ator, que acabou virando um ícone pop. As
cenas onde ele dispara (literalmente) palavras da bíblia, ou quando tenta
buscar redenção no momento em que excita em não matar um casal de assaltantes é
momentos nos quais até hoje Jackson tenta se superar (apesar de ter chegado
perto em Jackie Brown, também de Tarantino).
Ao longo dos anos, os
fãs do filme levantaram inúmeras teorias sobre inúmeras mensagens subliminares,
ou até mesmo situações não explicáveis no decorrer da trama, como do porque de
não aparecer o que tem dentro da maleta, ou qual o significado do curativo na
nuca Marcelos Wallace. Isso e muito mais, serviu para aumentar a aura pop e de
obra prima do cinema que Tarantino lançou com esse filme, fazendo do cinema
independente algo tão importante quanto à super produções, que pipocaram os
anos 90, e que na maioria delas, se tornaram dispensáveis. Nada mal para um
filme com orçamento modesto ( R$12 milhões de dólares), mas com um grande
conteúdo significativo e que merece ser sempre visto e revisto inúmeras vezes.
O Pianista (2002)
Sinopse: O pianista
polonês Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) interpretava peças clássicas em uma
rádio de Varsóvia quando as primeiras bombas caíram sobre a cidade, em 1939.
Com a invasão alemã e o início da 2ª Guerra Mundial, começaram também
restrições aos judeus poloneses pelos nazistas. Inspirado nas memórias do
pianista, o filme mostra o surgimento do Gueto de Varsóvia, quando os alemães
construíram muros para encerrar os judeus em algumas áreas, e acompanha a
perseguição que levou à captura e envio da família de Szpilman para os campos
de concentração. Wladyslaw é o único que consegue fugir e é obrigado a se
refugiar em prédios abandonados espalhados pela cidade, até que o pesadelo da
guerra acabe.
Talvez um dos melhores
filmes do diretor Roman Polanski e um dos melhores ao retratar o horror do
holocausto. Devido ao fato de sua mãe ter morrido no gueto na época, era obvio
que o diretor faria um filme como esse, só que ninguém imaginava que faria de
maneira tão fantástica. Adrien Broody (King Kong) levou um merecido Oscar por
seu ótimo desempenho como judeu que sobrevive graças ao seu talento com o
piano. Indispensável para qualquer cinéfilo.
Pulp Fiction me surpreendeu. Achei que não ia gostar, mas não desgrudei o olho da TV.
ResponderExcluirMuito legal a ideia de fazer essa série com o vencedores em Cannes.
Abraços!
Obrigado pela opinião Le
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