sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: Blue Jasmine


Sinopse: Jasmine é uma elegante socialite de Nova York. Sua vida toma um novo rumo quando acontecimentos inesperados a levam a se separar do marido o rico empresário Hal. Em crise existencial ela decide se mudar para a casa de sua irmã Ginger que vive num modesto apartamento em São Francisco. Morando numa nova cidade e distante de seu universo Jasmine precisará reorganizar toda sua vida. O filme marca a primeira parceria entre o diretor Woody Allen e a atriz Cate Blanchett. Desde sua estreia nos EUA em julho vem sendo considerado um dos melhores trabalhos da carreira do cineasta.

Depois de dar um giro pelo mundo contando suas historias, Woody Allen decidiu novamente trazer o seu universo neurótico para o território americano após alguns anos de ausência. Assim como um bom e velho vinho, Allen prova que não será pela idade já meio avançada que irá deixar o seu talento decair e neste mais novo filme ele fortalece isso que eu digo. Como sempre, paranóias, inquietudes e duvidas novamente surgem na vida dos personagens e aqui em um grau muito maior.
Inspirado no clássico Um Bonde Chamado Desejo, acompanhamos a personagem Jasmine (Cate Blanchett espetacular), tentando se reerguer na vida, após a morte do seu marido (Alec Baldwin) na cadeia. Ao mesmo tempo, a trama vem e volta no tempo, mostrando a vida dela antes desses eventos e como a sua situação era mais glamorosa, para então depois acontecer uma grande queda. Isso acaba provocando uma Jasmine paranóica, irritada e insatisfeita com as pessoas em volta, como no caso de sua irmã (Sally Hawkins) que vive meio sem perspectivas de vida ao lado do marido grosseiro (Bobby Cannavale).
Não é preciso ser gênio em adivinhar que todo o foco da historia está voltado em Jasmine, onde se disseca toda a sua personalidade e caráter, tanto antes como depois. O filme foca principalmente ao fato de que ela sempre vivia em busca de algo maior, mas sempre através da ajuda de outras pessoas: no passado através do seu marido, ou no presente, através do mais novo bom partido (Peter Sarsgaard).
Com isso, temos um retrato de uma pessoa que mente para ela própria, que vendia a imagem da pessoa bem sucedida, mas que no final das contas se tornou um ser frustrado graças as suas ações suspeitas e que a tornou uma entidade imprevisível e com um temperamento explosivo. Arrisco dizer que aqui, Cate Blanchett nos brinda com o seu melhor desempenho da carreira, pois sua Jasmine é um ser de inúmeras camadas, onde cada uma delas pode simplesmente submergir e nos surpreender de uma forma única. O ato final nos reserva revelações surpreendes, nas quais ficamos chocados, e por que não dizer frustrados com as  ações da protagonista, mesmo quando compreendemos do porque dela ter agido assim.
Allen como sempre cria um humor único, mesmo em meio às situações, que nas quais nos meros mortais passássemos, não acharíamos menor graça. Porém, nos surpreende o fato dele saber casar entre as cenas de humor, com momentos mais pesados, fazendo a gente ter uma ligeira sensação de que entramos em outro filme, principalmente no ato final da trama. Essa mistura de humor e drama ele havia provado que conseguia fazer em Crimes e Pecados (1989) provado novamente em Ponto Final - Match Point (2005) e aqui atingindo um novo patamar dessa mistura.  
Com uma câmera elegante que jamais perde o foco das ações dos seus personagens, Woody Allen nos brinda com um filme, cujo final nos faz querer saber qual seria o próximo passo de cada um deles, principalmente com relação à Jasmine. Personagem afetada não somente pelas ações de pessoas próximas, como também desconstruída por não ter sabido administrar as suas próprias ações e criando um universo no qual ela se isola e se separa do mundo cinzento que ela tenta desvencilhar.   


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Um comentário:

  1. Não sou fã do diretor. Porém, dessa vez concordo.

    Ele combinou bem alguns pontos do roteiro. Ficou um filme charmoso e tenso ao mesmo tempo.

    abs

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