segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cine Dica: O melhor do nosso cinema: CHEIRO DO RALO

 LOURENÇO:  FAZ QUE NEM A MERDA VOLTE DEPOIS. 

Sinopse: Lourenço (Selton Mello) é o dono de uma loja que compra objetos usados. Aos poucos ele desenvolve um jogo com seus clientes, trocando a frieza pelo prazer que sente ao explorá-los, já que sempre estão em sérias dificuldades financeiras. Ao mesmo tempo Lourenço passa a ver as pessoas como se estivessem à venda, identificando-as através de uma característica ou um objeto que lhe é oferecido. Incomodado com o permanente e fedorento cheiro do ralo que existe em sua loja, Lourenço vê seu mundo ruir quando é obrigado a se relacionar com uma das pessoas que julgava controlar.
  
De uma vez por todas o cinema brasileiro provou que não deve nada a produções americanas e que às vezes o próprio cinema americano nos deve um filme com uma historia de qualidade, mesmo gastando todos os rios de dinheiro que obtém. Mas eis que um pequeno filme feito na raça surpreende muita gente, inclusive eu que me pego uma vez ou outra vendo e revendo essa pequena obra, que para mim é um grande clássico moderno. O Cheiro do Ralo é um fascinante estudo sobre as relações de poder entre quem tem e quem não tem: sedução, taras, fantasias, desejos, amor, dependência, cinismo e insegurança.
Tudo isso embalado, com um dos roteiros mais inteligentes dos últimos anos, levado às telas pelo diretor Heitor Dhalia (diretor de “Nina”) e por uma interpretação magistral de Selton Mello. Ele é o filme, apesar de interpretar um sujeito que está longe de ser um ser humano exemplar (muito pelo contrário), sua entrega ao personagem é tão completa que conseguimos entende-lo e, até mesmo em alguns momentos assustadores, nos identificarmos com ele. Selton é Lourenço, um cara solitário e cínico que dirige uma decadente loja de penhores, como se fosse um executivo de uma grande empresa.
Ele tem uma secretária, que faz a triagem dos clientes, um segurança (interpretado por Lourenço Mutarelli, autor do livro em que o filme foi baseado) e Lourenço, que se senta atrás de uma mesa para receber vendedores o dia inteiro. Os clientes trazem toda espécie de lixo para tentar vender para Lourenço, cujos critérios para a compra variam: ele paga apenas 30 reais por um faqueiro de prata e oferece no máximo 100 reais por um violino Stradivarius, mas gasta 400 reais em um olho de vidro sem valor.
Lourenço tinha uma noiva (Fabiana Guglielmetti) com quem rompe faltando pouco para o casamento.

Lourenço: “eu não tenho nada pra te oferecer, e você não tem nada pra me oferecer”.

A mulher, inconformada, passa a fazer ameaças e a persegui-lo. 

Lourenço: “toda mulher é igual”, pois se você “se você bobear, os convites vão para a gráfica”.

Falando em mulher, há  garçonete do bar onde Lourenço vai comer quase todos os dias. Ela tem um nome impronunciável.

 “Lourenço: uma mistura do nome do pai, da mãe e de alguma celebridade”.

 E ele está apaixonado por ela. Melhor dizendo, Lourenço está mesmo apaixonado é pela “bunda” dela. Ele fica no balcão fingindo ler algum romance policial enquanto espera ansioso, que a moça se vire e mostre o corpo para ele.

“Lourenço: se a comida daqui fosse boa, seria então o paraíso”. 

A garçonete (interpretada por Paula Braun) começa a gostar da atenção e entra no jogo de sedução de Lourenço até que um dia, inevitavelmente, ele acaba falando mais do que devia e o “clima” termina. Por fim, há o bendito cheiro do ralo. 
Pacientemente, Lourenço explica para cada cliente que entra na loja, que o cheiro não vem dele, mas sim do ralo do banheiro, que está com algum problema. Até que um dia, um cliente, comenta que, já que Lourenço é o único a usar o banheiro, o cheiro só pode vir dele. Ele culpa o cheiro pelo seu mau humor, por seu cinismo, por sua vida. Ao invés de consertar o banheiro, ele tenta primeiro simplesmente cimentar o ralo, mas o encanamento parece estar conspirando contra ele.

 “Lourenço: esses canos não são o que parecem, sendo que é por ai que eles nos observam”.

Não é um filme fácil: o personagem é asqueroso e o roteiro é tão direto e cínico quanto ele. A sucessão de personagens bizarros (que funcionam como se o filme fosse composto por uma série de curtas metragens) trás de tudo, mas no fundo o que se vê é uma relação de poder. Os vendedores estão lá porque precisam de dinheiro e alguns (como uma drogada que sustenta o vício vendendo coisas roubadas) fazem qualquer coisa por um pouco de dinheiro.
Lourenço tem que tocar o negócio, mas, antes de tudo, precisa ter uma relação de dominação com todos à sua volta. Por vezes o cliente é mais forte e ele se deixa dominar. Ele fala de um “pai” que nunca conheceu e que ele tenta montar através de pedaços como o olho de vidro e uma perna mecânica.
Ele é estranhamente sedutor em um momento, para no seguinte se revelar um completo crápula. Suas falas são diretas, cínicas e, por isso mesmo, engraçada por sua franqueza. A  garçonete é muito mais do que um traseiro bonito. Ela sabe do poder de sedução que tem, mas qual é o limite entre o charme e a vulgaridade? Ela diz a Lourenço que estaria disposta a se mostrar para ele de graça, mas que ele estragou tudo quando disse que queria pagar pra ver. Por outro lado, quando precisa de dinheiro, ela vai procurá-lo. O que Lourenço parece (ou não quer) entender, é que tudo é válido desde que seja consensual, mas isso atrapalharia o jogo de poder dele. Ou seja, tudo tem seu preço.
Feito em um esquema de trocas e parcerias, o filme foi produzido por pouco mais de 300 mil reais, mas parece muito mais caro. A direção de arte é muito boa e ele tem um ar atemporal que lembra os filmes dos irmãos Cohen (Barton Fink, A Roda da Fortuna). A edição dá um show à parte, com cortes muito interessantes nas cenas de transição, quando vemos Selton Mello andando pelas ruas da Mooca, onde foi rodado o filme.
O elenco é composto por uma série de atores pouco conhecidos, mas muito bons e algumas participações especiais, como Alice Braga na lanchonete, Tiazinha na TV e Paulo César Peréio como uma voz ao telefone. O esquema de filmagem de “guerrilha” foi necessário porque os temas “pouco atraentes” do roteiro não conseguiram trazer investidores.
Um filme que mistura de tudo um pouco, desde o drama a maior comédia de humor negro.

Indispensável.

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Cine Dica: Sala P. F. Gastal apresenta Juventude em Fúria

JUVENTUDE EM FÚRIA INVADE A SALA P. F. GASTAL 

De 1º a 9 de outubro a Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro reúne na mostra Juventude em Fúria filmes que exploram diversas facetas da rebeldia e da inquietação juvenil. Platão dizia que “de todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil de domar”, e o cinema foi pródigo em retratar este período da vida marcado pelo inconformismo, pela experimentação, e por arroubos de paixão e violência, onde imperam a transgressão e o desafio as autoridades. 
A mostra faz um breve panorama cinematográfico do furor juvenil reunindo obras de diversas épocas, como Juventude Transviada (1955), de Nicholas Ray e Sementes da Violência (1955), de Richard Brooks, retratos seminais sobre a delinquência e a rebeldia dos jovens nos anos 1950, e obras de culto, como os violentos Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick, Warriors - Os Selvagens da Noite (1979), de Walter Hill, e Quadrophenia (1979), de Franc Roddam, baseado no álbum homônimo da banda de rock inglesa The Who. A irreverência, tendo o rock como força motriz, está presente nos escrachados Cry-Baby (1990), de John Waters, Rock’n’Roll High School (1979), de Allan Arkush e Joe Dante, e na insana comédia apocalíptica Gas! (1970), de Roger Corman. A crueldade e a inocência se chocam em obras como O Senhor das Moscas (1990), de Harry Hook, Terra de Ninguém (1973), de Terrence Malick e na bizarra visão da juventude americana vista em Gummo - Vida Sem Destino (1997), de Harmony Korine. Já o diretor Nagisa Oshima, falecido no início deste ano, apresenta um feroz retrato da juventude japonesa pós-guerra em O Túmulo do Sol (1960), filme que marcou a sua estreia no cinema.
 A mostra Juventude em Fúria tem o apoio da distribuidora MPLC e da locadora E o Vídeo Levou.


Mais informações e horários das sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui.

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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cine Dicas: Estreias do final de semana (27/09/13)

Aconteceu em Saint-Tropez 

Sinopse: O enterro da mulher de Zef (Eric Elmosnino) caiu bem no dia do casamento da filha de Ronie (Kad Merad) e isso só faz piorar a conturbada relação dos dois irmãos. Afinal, a dupla vive em conflito pelas questões que envolvem o trabalho, mulheres, música e religião. Em comum, eles têm o velho pai com Alzheimer (Ivry Gitlis) e as filhas de cada um, Noga (Lou de Laâge) e Melita (Clara Ponsot), que se adoram. Entre Londres, Paris, Saint-Tropez e Nova York, brigas, confrontos e traições fazem explodir a harmonia familiar. Porém, graças a esses conflitos, uma reconciliação caótica e inesperada fará surgir uma grande e complicada história de amor.

A Última Estação 

Sinopse: 1950. O jovem libanês Tarik deixa sua cidade natal em busca de uma vida melhor no Brasil. Ao chegar no porto de Santos ele se desentende com o irmão de uma garota síria com a qual estava flertando e, na briga, cai no mar. Ele é salvo por Ali, outro jovem libanês. Só que, ao passar pela imigração, Ali fica detido pela polícia e eles se separam. Décadas mais tarde, já idoso, Tárik (Mounir Maasri) resolve partir em busca de Ali para pedir-lhe perdão. Em seu jornada ele tem a companhia da filha, que se recusa a seguir os ideais religiosos e de comportamento pregados pelo pai.


 O Verão do Skylab 

Sinopse: Durante o aniversário de uma bisavó, toda a família se reúne na Bretanha. A festa marca o encontro entre as pessoas mais diferentes, que não se encontravam há anos, incluindo o tio traumatizado pelas experiências na guerra, a garota pré-adolescente que espera encontrar o primeiro amor, a tia que não suporta mais o imenso apetite sexual do marido, o tio de esquerda e um outro, de direita, o adolescente que deseja ser considerado adulto e mesmo um avô com tendências suicidas. Enquanto isso, a televisão anuncia a passagem do Skylab nos céus, um enorme satélite que pode se chocar com a Terra. 

Uma Primavera com Minha Mãe 

‎Sinopse: Aos 48 anos de idade Alain Evrard tem que voltar a morar com sua mãe. No passado os dois tinham uma relação complicada. Alain viveu a maior parte do tempo afastado dela. A convivência não será fácil mas a descoberta de que sua mãe tem um tumor o fará repensar a sua relação com ela.


 Família do Bagulho 

Sinopse: Após ser roubado, o traficante de meia tigela David Clark (Jason Sudeikis) é obrigado por seu chefe, Brad Gurdlinger (Ed Helms), a viajar até o México para fechar uma negociação envolvendo um grande carregamento de maconha. Para tanto David precisa formar uma família de mentira e com isso convida a stripper Rose O'Reilly (Jennifer Aniston) para ser sua falsa esposa. A delinquente Casey (Emma Roberts) e o virgem Kenny (Will Poulter) logo entram no plano e juntos eles formam os Miller, que aparentemente estariam fazendo uma pacata viagem rumo ao México a bordo do trailer da família. Entretanto, ao longo do caminho os antigos hábitos voltam à tona e nem tudo sai como o planejado. 

R.I.P.D. - Agentes do Além 

Sinopse: Nick Walker (Ryan Reynolds) é um policial que morreu recentemente. Para sua surpresa, sua alma foi enviada para o Departamento Descanse em Paz, uma espécie de agência que trabalha às escondidas na Terra. Devido à sua experiência, Nick logo é enviado de volta à Terra para trabalhar ao lado do veterano Roy Pulsipher (Jeff Bridges). Juntos, eles precisam encontrar o assassino de Nick.

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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cine Dica: Em DVD e Blu-Ray: Segredos de Sangue

"AS VEZES PRECISAMOS FAZER COISAS RUINS PARA NÃO FAZERMOS COISAS PIORES"

 India Stoker

Sinopse: No dia do aniversário de 18 anos de India Stoker (Mia Wasikowska), seu pai sofre um acidente de carro e morre. A convivência desta garota tímida com a sua mãe (Nicole Kidman) torna-se ainda mais problemática, fato agravado pela visita dos parentes durante o funeral. Entre os familiares presentes, está o tio Charlie (Matthew Goode), um aventureiro que passou a vida inteira entre as cidades da Europa, sem dar sinal de vida. India nunca soube da existência desse homem, mas logo a sua presença traz à tona o sombrio passado da família Stoker.

Na maioria das vezes, um diretor estrangeiro de grande prestigio em seu país de origem, acaba não tendo uma estréia satisfatória quando filma pela primeira vez em território americano. Felizmente esse não é o caso do sul coreano Park Chan-wook, cineasta consagrado graças a sua “trilogia da vingança”, conhecida principalmente pelo filme do meio, Old Boy, que fez o mundo ter um olhar mais atento, não somente pelo cineasta como também dos filmes que vinham de lá. O resultado final em território gringo não é só satisfatório, como também surpreende ao criar um ótimo filme, com uma trama que não trás muitas novidades.
Escrito pelo ator Wentworth Miller (da série de TV Prison Break) a historia poderia ser filmada por qualquer um, mas que acabaria correndo o risco de ter um resultado pra lá de desastroso. Porém, Park Cahn Wook injeta ao máximo originalidade no modo em que é conduzido essa trama, começando na forma em que ele filma: sua câmera esta sempre acompanhando os protagonistas, assim como também ela própria apresenta a trama para o espectador(por vezes em simetria), sem que alguém fale sobre o que esta acontecendo.
O inicio do filme, já da uma pista do que virá a seguir, pois tudo começa com a morte do patriarca da família. Habilidoso como ninguém, o cineasta somente apresenta sons do tal acidente, enquanto apresenta os demais personagens e as letras dos créditos iniciais vão surgindo em lugares pouco convencionais. Imediatamente surge Charlie (Matthew Goode, de Watchmen) que se diz irmão do falecido e que aos poucos vai se infiltrando na forma de sedução, nas vidas da mãe e filha, que são interpretadas por Nicole Kidman e Mia Waskowska (Alice no País das Maravilhas).
Basicamente o filme é voltado somente nesta trindade, cheios de ambigüidade, onde aos poucos se é descascado quem são eles realmente por dentro e por fora. India, aliás, é a personagem mais complexa, pois se isola dentro de sua mente cheia de mistério e fazendo com que ela não tenha uma relação muito amistosa com a mãe, sendo que essa ultima não se mostra muita afetada pela morte do marido e começa há ter suas atenções voltadas para Charlie. Interessante é a forma como esse personagem se infiltra na vida das duas, de uma forma sedutora, perigosa e que faz principalmente India descobrir coisas de si própria que antes desconhecida.
Além da ótima direção autoral que Wook passa para nos, o filme também ganha pontos graças ao ótimo desempenho dos três astros principais, ao começar Mia Wasikowska: consagrada no filme de Tim Burton, Wasikowska a principio vivia sofrendo criticas devido a suas atuações por vezes inexpressivas. Mas bastou atuar em filmes de qualidade, em que desafiassem o seu modo de interpretar, que fez com que ela chegasse aqui surpreendendo com sua personagem Stoker, que chega há ser mais assustadora do que seu próprio tio. Isso se deve graças à frieza que ela passa em seu rosto e fazendo com que tenhamos um grau cada vez mais elevado de tensão no decorrer do filme.
O mesmo vale pelo ótimo desempenho de Matthew Goode, que embora já desde o começo seu personagem não esconde que é um louco com segundas intenções, é graças à ótima interpretação do ator que faz com que o personagem se torne mais interessante do que tem a oferecer. Nicole Kidman por sua vez quase é eclipsada pelo desempenho dos seus parceiros de cena. Porém, sua personagem realmente cresce no ato final da trama, onde ela bota para fora tudo que sente pela filha, num momento de desabafo e sinceridade crua.     
Embora a origem da historia no qual move todos os personagens da trama possa soar um tanto que previsível, o ato final felizmente nos entrega momentos com que faz que a gente se encolhe na poltrona, esperando pelo pior e faz com que a gente enxergue os melhores momentos de Park Chan-wook quando apresentou a sua "trilogia da vingança" para o mundo. Um começo bem promissor para esse genial cineasta, num país que cada vez menos se está valorizando a visão autoral dos diretores que querem passar algo de original para o espectador que assiste. 

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Cine Dica: ?POR QUE VOCÊ PARTIU?? tem pré-estreia neste sábado, dia 28, às 21h, no CineBancários

POR QUE VOCÊ PARTIU?” 

Documentário que conta a história de seis importantes Chefs franceses estreia em Porto Alegre 
Pré-estreia – 28 de setembro, sábado, às 21h 
no CineBancários 
(General Câmara, 424 – Centro)

O CineBancários exibe, no dia 28 de setembro, sábado, às 21h, “Por que você partiu?” do diretor francês Eric Belhassen. O documentário reúne, pela primeira vez, seis dos mais destacados Chefs franceses que atuam no Brasil: Erick Jacquin (La Brasserie Erick Jacquin), Alain Uzan (Restaurante Avek), Emmanuel Bassoleil (Restaurante Skye), Frédéric Monnier (Brasserie Rosário), Laurent Suaudeau (Escola de Arte Culinária Laurent) e Roland Villard (Hotel Sofitel).
 Por que você partiu? é a pergunta que permite ao diretor Eric Belhassen transformar os Chefs em personagens. Para ir além das respostas “oficiais”, o realizador viaja até a França em busca das origens de seus personagens e de respostas mais profundas.
Ele percorre mais de 2000 km em uma espécie de road movie pelas regiões mais gastronômicas da França, onde reencontra os familiares e histórias do passado que ajudam a entender as razões que levaram esses franceses a deixarem seu país em busca de uma nova vida no Brasil.
Tanto para os chefs que partiram quanto para as famílias que ficaram, a separação é tema central do filme: a separação da família, da pátria e da sua cultura. As razões dos seus exílios, mesmo se diferentes para cada um, se conectam todas ao exílio do próprio autor do filme, que se questiona sobre seu próprio partir, e os motivos que o levaram a deixar a França, 15 anos atrás.

Essa primeira obra do diretor Eric Belhassen foi selecionada no Festival do Rio, na categoria Panorama mundial, e foi convidada para abertura do 30th Miami International Film Festival, na categoria culinária.

Mais informações vocês conferem na pagina da sala clicando aqui.

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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cine Dica: SESSÃO PLATAFORMA: BESTIAIRE



Sinopse: Populares na Europa medieval, os bestiários eram catálogos que reuniam informação sobre animais reais e fantásticos, acompanhados por ilustrações e lendas antigas cujas principais personagens eram animais exóticos. O filme desdobra-se como se de um livro de imagens fílmicas se tratasse, onde os seres humanos e os animais estão em exibição. Ao ritmo da mudança das estações do ano, os animais e as pessoas observam-se entre si. Temos a oportunidade de ver criaturas fascinantes e encantadoras: por um lado, búfalos, hienas, zebras, rinocerontes, avestruzes, por outro, taxidermistas e tratadores de animais. Todos habitam organizada e silenciosamente um quadro que o espectador observa. Uma meditação deslumbrante sobre a consciência da natureza e as fronteiras entre natureza e "civilização".

Dirigido por Denis Côté cujo seus filmes são confinados aos circuitos mais alternativos, fornece aqui em sua mais nova obra, inúmeras qualidades estéticas, juntamente com uma reflexão que nasce no espectador que assiste. Enquanto a maioria das salas de cinema passa filmes convencionais, Bestiáire surge como uma verdadeira lufada de ar fresco, cujos protagonistas são animais em um zoológico, que embora não digam palavra alguma, expressam seus supostos modos e sensações que transmitem para a câmera, de acordo com o lugar que eles estão no momento. Como na maioria das obras deste tipo, parece absolutamente necessário se criar uma história que enlaça o comportamento humano com os dos animais (assim como acontece em  animações, documentários ou ficção), mas Bestaire evita nas armadilhas que ocorrem em outros filmes, apresentando os animais em uma relação consistente e crua com o os humanos que surgem na tela e com o próprio espectador que assiste.
A relação entre os animais e os seres humanos, uma vez que é mostrado, prova por vezes ser pacifica, mas que não esconde o lado hipócrita dessa relação, para não dizer cruel. A crueldade realista, para não dizer bestial: um taxidermista agindo friamente com o que faz de melhor, estudantes nas artes plásticas e visitantes do zoológico. Mas eles estão ali presentes em sua relação primaria com os animais, isto é, em um desejo de posse e dominação: as cabeças empalhadas referem se ao troféu de caça, os guardas que controlam o ritmo de vida no animal, tratadores que alimentam de hora em hora os animais, mas que não muda o fato deles estarem privando a liberdade do animal dentro do zoológico, para então dar mais segurança para as massas humanas alienadas que os visitam.
O filme como um todo é produzido através das grades das gaiolas, que constantemente fica lembrando o encarceramento e observação criada em torno dos animais encarcerados gerando em alguns momentos sublimes, mas também de pura tensão: a cena que mostra zebras nervosas sendo colocadas em cubículos, da há sensação de que a qualquer momento elas serão abatidas. Do começo ao fim, somos apenas observadores de mãos atadas e o filme também abre com pessoas observando, mas de uma forma diferente: seus olhos observam o animal (jaz empalhado) enquanto suas mãos reproduzem os contornos no papel. Este processo de trazer o espectador para o local de observador junto com outras pessoas que surgem na tela, o diretor quer simplesmente encenar uma relação pré-existente de dominante / dominado que caracteriza a relação ao animal.

NOTA: O filme novamente será apresentado no próximo sábado as 17horas na sala P.F GASTAL.  Mais informações sobre a sessão Plataforma você encontra na pagina da sala clicando aqui.

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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: ELYSIUM


Sinopse: No ano de 2159 existem duas classes de pessoas: os muito ricos que vivem numa estação espacial imaculada construída pelo homem chamada Elysium e os demais que vivem na Terra arruinada e superpovoada. As pessoas na Terra estão desesperadas para escapar da criminalidade e da pobreza do planeta e precisam desesperadamente da assistência médica de ponta disponível em Elysium mas alguns residentes de Elysium farão de tudo para impor o cumprimento das leis anti-imigração e preservar o estilo de vida luxuoso dos seus cidadãos. O único homem com alguma chance de trazer igualdade a esses mundos é Max (Matt Damon) um sujeito comum que precisa urgentemente chegar a Elysium. Com a sua vida em risco ele assume a contragosto uma missão perigosa que o colocará cara a cara contra a Secretária Delacourt (Jodie Foster) de Elysium e seu exército linha-dura. Se ele for bem-sucedido entretanto poderá salvar não só a sua própria vida mas também a de milhões de pessoas na Terra.

Como dito acima na sinopse, basicamente é isso Elysium: uma premissa simples, mas muito bem orquestrado na narrativa, proposta pelo cineasta Neill Blomkamp, cuja trama é também de sua própria autoria. Elysium é pesado em sua proposta que passa, com personagens inseridos em momentos chaves, com uma trama com começo, meio e fim bem amarrados. Assim como Distrito 9, o diretor novamente expõe a crueldade da diferença social, racial e colocada na historia de uma forma convincente, mesmo se tratando um futuro incerto, mas que passa uma metáfora sobre a hipocrisia e preconceito do nosso mundo atual. 
O diretor transmite sua mensagem através de diálogos, que embora curtos em alguns momentos, são certeiros em sua proposta que quer passar.  Novamente Neill Blomkamp prova que é a mais nova promessa do cinema americano. Se em Distrito 9 ele deu o seu cartão de visitas, em Elysium ele confirma que é um diretor repleto de idéias, nas quais possui um estilo próprio em filmar e dirigir os seus atores que escolhe.
Resta saber se o tema de diferença de classes, discriminação e o sofrimento das minorias irá se estender para mais um filme. Como sempre. Matt Damon não faz feio como herói de ação e convence no papel do errante Max, que na oportunidade que tem de ir para Elysium para se curar, pode também ajudar todos aqueles que precisam ir. Os brasileiros Wagner Moura e Alice Braga cumprem muito bem suas funções em seus papeis. Wagner Moura, aliás, conseguiu ter uma estréia em um filme americano muito mais feliz do que outros que tentaram, já que seu personagem simplesmente rouba a cena toda vez que surge e sua participação no ato final é de extrema importância.
A sempre ótima Jodie Foster me impressionou pelo fato de interpretar uma personagem tão desprezível, sendo que ela nada mais é do que uma referencia da política norte americana, com relação as pessoas que tentam a todo ano entrar no país de forma clandestina. Porém, nem de metáforas vive o filme e Sharlto Copley é uma prova disso. Ele havia trabalhado com o diretor em Distrito 9 e aqui ele faz um vilão extremamente detestável e uma verdadeira grande ameaça para os protagonistas. A fotografia de Elysium novamente repete a técnica do filme anterior do cineasta, onde o mundo é composto de inúmeros casebres que se estendem até onde a vista alcança .
Mas, assim como aconteceu no filme anterior, todo o cenário caindo em ruínas acaba que ajudando a contar a história. O contraste entre a Terra, que mais parece um planeta sem vida, com o verdadeiro éden que é a estação espacial Elysium é valorizado em cada centímetro da cenografia. Os efeitos do filme, embora simples, são eficazes, sendo que a primeira vista de Elysium nos primeiros minutos não tem como deixar de se impressionar.
As explosões, tiros, mortes são de uma forma crua, suja e que explora o contato cada vez mais inevitável da maquina com o ser humano. Aqui no caso, o personagem de Matt Damon usa um exoesqueleto que o torna forte num determinado tempo. Não teve como eu não me lembrar de Robocop, sendo que essa sensação é a mesma que eu senti em Distrito 9 e o que me faz acreditar que  Neill Blomkamp teria sido uma escolha mais lógica para a nova versão que está sendo comandada atualmente por José Padilha.
Enfim, Elysium é uma boa ficção científica que vai muito mais além do que um mero entretecimento. Nos faz refletir sobre o nosso mundo atual e que nos faz acreditar cada vez mais que o futuro será muito mais sombrio que nos possamos imaginar se não tomarmos uma providencia com nos mesmos.    

Leia também: DISTRITO 9

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Cine Dica: Sessão Plataforma apresenta Bestiaire

SESSÃO PLATAFORMA EXIBE DOCUMENTÁRIO CANADENSE BESTIAIRE NA SALA P. F. GASTAL
  
O filme da Sessão Plataforma de setembro é Bestiaire, do canadense Denis Côté, que participou dos festivais de Sundance, Berlim e Toronto. Imagine Bestiaire como um filme residência em um zoológico. Cotê faz um filme não sobre animais, mas sobre imagens em extinção. Uma meditação sobre a vida e o movimento, sobre a criação de imagens para representação do real, onde a todo o momento a câmera está revelada como intermediador imprescindível desse processo. Não é um filme apenas sobre a câmera e enquadramentos. Mas com seus rígidos e belíssimos quadros, Cotê faz com que o espectador e os personagens (vale ressaltar personagens não dirigíveis), troquem olhares constantes. Uma intimidadora experiência. Bestiaire será exibido dia 24 de setembro, às 20h, com reprise no sábado, dia 28 de setembro, às 17h. O valor do ingresso é de R$ 3,00.
 Bestiaire. Canadá, 2012, 72 minutos. Direção de Denis Côté. Documentário. Exibição em Blu-ray, com legendas em português.
  
Abaixo, texto dos curadores Davi Pretto e Giovani Borba e da produtora Paola Wink sobre o projeto Sessão Plataforma:

BASE

Uma base para se estar mais próximo aos filmes, pensando os filmes e pensando o cinema.

Foi com esse desejo que concebemos a Plataforma; imaginando uma estrutura horizontal, praticamente suspensa, onde se pode ir além. Um espaço para compartilhar a experiência cinematográfica da sala, e que vai além dela, e a descoberta de novos filmes, de novos realizadores. Lugar que nos aproxima do horizonte e nos convida a contemplar, nos convida a refletir.
 A Plataforma carrega um conjunto de ideias e ações que venham a encontrar novos caminhos para a situação paradigmática que nos encontramos atualmente na cinematografia brasileira. Vemos uma quantidade grande, ainda que desigual, de ações e investimentos governamentais, aliado com a facilidade trazida pela transformação para os equipamentos digitais (câmeras, projetores, etc). Vemos uma quantidade bastante significativa, e que cresce exponencialmente, de filmes nacionais lançados, inúmeros novos realizadores de lugares que antes eram desprovidos da possibilidade de produzir. Vemos a formação e crescimento de movimentos e realizadores que buscam uma produção mais horizontal e igualitária de criação coletiva, que corre em paralelo e independente de um modelo industrial. Porém há ainda um abismo que distancia a possibilidade de diálogo e inclusão desses filmes e cineastas com produções de grande orçamento e o circuito comercial “de shopping”. Nessa inclusão, quando ocorre, essas obras são forçadas a se enquadrar em um modelo industrial, que se propuseram a contrapor. A democratização das salas de cinema não legitimaria esse novo cinema, afinal essas obras já percorrem um circuito completo por si só. Festivais, mostras, cineclubes e exibições online que já somam números de público para essas obras, maiores que filmes de grande orçamento que pairam apenas em uma rede convencional de exibição. É imprescindível pensarmos como esses dois modelos de fazer cinema podem interagir sem a necessidade de nenhum deles perder sua personalidade.
 Essa questão da afirmação e preservação do âmago desse novo cinema também é indiretamente abalada quando ações do estado de financiamento fazem realizadores submeter seus projetos em modelos clássicos, onde são exigidos documentos dignos de uma proposta industrial. Roteiros, metas e justificativas. Projetos de realizadores internacionais renomados que trabalham com propostas fluídas e híbridas de encontro e acaso dificilmente seriam aprovados em editais no modelo encontrado no Brasil. Ainda parece que esbarramos em um pensamento de criação de um produto óbvio, como uma linha de montagem. Mais uma vez, vemos uma tentativa inadequada de controlar e definir o descontrole.
 A diversidade cinematográfica atravessa as fronteiras entre gêneros, bitolas, formatos, meios de exibição, de linguagem e metragem. Desta mesma maneira, pensamos que uma janela para este outro cinema pode se apresentar de maneiras também diversas, onde o formato com que se apresentam os filmes é parte de uma proposta artística.
 Foi deste pensar os filmes que queremos mostrar e como mostrá-los, que surge a Sessão Plataforma. Com o entendimento de que a Plataforma não está para uma mostra, tampouco festival de filmes. Nossa proposta é oferecer uma sessão única, e mesmo exibindo regularmente, essa premissa da sessão única faz de cada uma das sessões, uma nova edição, para um pequeno universo específico de cinema. Onde cada filme traz uma reflexão, imprime uma ideia, aponta novos caminhos, proporciona um outro olhar. Uma experiência cinematográfica periódica e extensiva; um formato horizontal, ao invés do formato vertical, intensivo e anual de eventos do gênero.
A Sessão Plataforma é apenas uma das vertentes desta rede maior que propomos para refletir, exibir, escrever e produzir junto com esse novo cinema. Desta Plataforma, nosso olhar se lança neste horizonte, em busca da produção contemporânea ao redor do mundo que explora nas possibilidades narrativas e estéticas, sem artifícios mirabolantes, que atritam, provocam e instigam; que possam reinventar o fazer cinematográfico, sob a ótica das mais diferentes culturas, de onde volta e meia nos surpreendem as cinematografias pouco conhecidas. 


Davi Pretto, Giovani Borba, Paola Wink.

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: O Tempo e o Vento


Sinopse: O filme conta a história da família Terra Cambará durante dois séculos começando nas Missões e seguindo pelo século XX. Sob o ponto de vista desta família passa a história do Rio Grande do Sul e o drama de seu povo na cidade fictícia de Santa Fé.

É uma verdadeira missão impossível adaptar um épico como esse de Erico Veríssimo, cujo resultado não teve como sair 100% positivo. Embora o diretor Jayme Monjardim consiga condensar o grande épico de altos e baixos de uma família em meio a inúmeras guerras que aconteceram na historia do Sul num filme de apenas duas horas de duração, o resultado acaba se tornando um tanto que irregular, principalmente em algumas passagens do tempo. A meu ver, a trama fluiria muito melhor se o filme fosse de duas para três horas de duração, ou então adaptassem a historia novamente numa mini série para TV, cujo formato rendeu um pequeno clássico da TV brasileira anos atrás.   
Felizmente os produtores foram hábeis em já no inicio da historia, em conseguir prender atenção do espectador, no momento que surge a alma penada do Capitão Rodrigo (Tiago Lacerda) ao visitar pela ultima vez sua amada Bibiana (Fernanda Montenegro), que através dela, se inicia o conto da família que se estende em dois séculos. Já no inicio, nos é apresentado o melhor e o pior da produção: se a interpretação de Fernanda Montenegro é ótima como sempre, o mesmo não se pode dizer de Tiago Lacerda, cujo seu desempenho soa um tanto que forçado demais e sua teimosia de ficar sorrindo o tempo todo, parece mais que ele está imitando descaradamente Tarcisio Meira, que foi interprete do personagem na já citada mini série.
Com isso, o espectador que assiste deseja no fundo que o filme tão cedo não chegue ao ponto em que ele surge ainda vivo e deseja desfrutar um pouco mais do primeiro (e melhor) ato da trama. Aliás, Ana Terra com certeza foi à melhor personagem feminina criada por Veríssimo, pois devido as suas atitudes e opiniões fortes, representa uma mulher a frente daquele tempo. Nada melhor então do que ter uma atriz que faz jus a personagem e Cléo Pires da um show de interpretação, ao injetar um ar selvagem, de uma onça dentro de uma gaiola, mas pronta para se libertar e se entregar a um amor proibido.   
Embora com as irregularidades aqui e ali, o final entrega para o publico em geral, uma trama que já temos uma idéia de como ela acaba desde o inicio. Pode até agradar as grandes massas, principalmente os mais tradicionalistas daqui, mas que com certeza irá desagradar aqueles que buscam algo de mais corajoso numa superprodução brasileira como essa. Agora quem ficar durante os créditos de encerramento, ambos os lados que eu já citei, irão de concordar que a musica em "inglês" que é cantada, simplesmente não tem nada a ver com que nos foi apresentado durante as duas horas de projeção.  

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Cine Dica: MISTÉRIOS DE LISBOA SEGUE NA PROGRAMAÇÃO DA SALA P.F. GASTAL

Obra-prima de Raoul Ruiz, Mistérios de Lisboa ganha mais uma semana na Sala P.F. Gastal e permanece em cartaz no cinema da Usina do Gasômetro (3º andar) até dia 29 de setembro. 

O filme mergulha o espectador num turbilhão incontrolável de aventuras e desventuras, coincidências e revelações, sentimentos e paixões violentas, vinganças, amores desgraçados e ilegítimos em uma atribulada viagem por Portugal, França, Itália e Brasil.
 Numa Lisboa de intrigas e identidades ocultas, encontramos uma série de figuras que dominam o destino de Pedro da Silva, órfão de um colégio interno. Entre eles, está o Padre Dinis, que de aristocrata e libertino se converte em justiceiro; uma condessa roída pelo ciúme e sedenta de vingança; e um pirata sanguinário que se torna um próspero homem de negócios. Todos eles atravessam a história do século XIX e ajudam Pedro na busca por sua identidade.
 Vencedor de Prêmio da Crítica da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e do prestigiado Prix Louis Delluc na França em 2010, Mistérios de Lisboa é um dos testamentos cinematográficos de Ruiz, morto em 2011. Pouco exibido no Brasil, o cineasta foi um dos principais nomes do Novo Cinema Chileno dos anos 1960, país do qual precisou fugir após o Golpe de Estado em 1973. Radicado na França, compôs uma filmografia ímpar com mais de 100 títulos, com destaque para A Hipótese do Quadro Roubado (1978), As Três Coroas do Marinheiro (1983), A Vila dos Piratas (1983), além de O Tempo Redescoberto (1998), abusada adaptação da obra de Marcel Proust. Considerado pelo crítico Inácio Araújo como “um herdeiro direto de Orson Welles e Jorge Luis Borges, na medida em que aceita o mundo como constituído por aparências, a partir das quais compõe seus labirintos”, Ruiz faz de seu cinema uma investigação constante sobre a natureza das imagens. Produzido para a televisão, para ser exibido em capítulos, Mistérios de Lisboa foi captado e finalizado em formato digital. Na Sala P. F. Gastal o filme será exibido na íntegra, em uma sessão com cerca quatro horas e meia. O elenco do filme conta com as estrelas francesas Léa Seydoux, Clotilde Hesme e com o ator português e galã global Ricardo Pereira. A exibição será em blu-ray, no projetor de alta definição do espaço, o que assegura a qualidade da projeção.


Mais informações e horários das sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui.

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