quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: Círculo de Fogo


Sinopse: Quando legiões de criaturas monstruosas conhecidas como Kaiju começaram a emergir do mar iniciou-se uma guerra que acabaria com milhões de vidas e consumiria recursos da humanidade por anos a fio. Para combater os gigantes Kaiju um tipo especial de arma foi criado: robôs gigantes chamados de Jaegers controlados simultaneamente por dois pilotos que têm suas mentes trancadas em uma ponte neural. Mas mesmo os Jaegers se mostram quase que indefesos em relação aos implacáveis Kaiju. À beira da derrota as forças que defendem a humanidade não têm escolha senão recorrer a dois improváveis heróis um esquecido ex-piloto (Charlie Hunnam) e uma inexperiente aprendiz (Rinko Kikuchi) que se juntam para comandar um lendário mas aparentemente obsoleto Jaeger do passado. Juntos eles representam a última esperança da humanidade contra o apocalipse.

A minha infância dos anos 80 (e inicio dos anos 90) foi bem feliz, pois me sentava na frente da TV, para ver heróis japoneses coloridos exagerados, com suas frases de efeito e enfrentando monstros pra lá de bizarros. Heróis como Spectreman, Ultraman, Jaspion, flashman e dentre outros, fizeram a alegria da mulecada e fazendo os pais perderem os cabelos quando eles pediam a todo o momento um brinquedo com relação ao seu seriado preferido. Eis que então, uma dessas crianças cresceu se tornou um cineasta de prestigio e criou uma baita homenagem para toda essa geração que é o Circulo de Fogo.
Vindo dos últimos filmes que produziu (como Mama), Guilherme Del Toro ganhou sinal verde para fazer a produção que quisesse dentro do estúdio Warner e não poupou dinheiro para fazer um filme, que faz com que qualquer marmanjo de mais de 30 anos logo se lembre do que curtia na TV antigamente. Por isso, a geração nova dificilmente irá ver algo parecido visto em filmes como Transformes, sendo que naquelas produções mal dava para se ver o que estava acontecendo na tela, mas aqui tudo é feito de forma lenta, para que assim possamos desfrutar os visuais dos seres gigantescos. Falando neles, Del Toro provou de uma vez por todas que é um dos maiores gênios em se criar seres fantásticos, cheios de detalhes e que surpreendentemente possui uma verossimilhança incomum.
Para meu espanto, embora o filme tenha sido convertido em ultima hora em 3D, Del Toro foi cuidadoso nesta ferramenta, que tão mal atualmente está sendo aproveitada no cinema atual. Aqui, nos sentimentos a profundidade, aproximação das coisas e (pasmen), sentimos a dimensão da altura das criaturas e robôs vistos na tela, gerando até mesmo em alguns momentos uma leve vertigem. Isso tudo pode ser já visto nos primeiros minutos de projeção e que sintetiza o que estará por vir nas quase duas horas de aventura.
Mas com tudo isso, como fica o lado humano da coisa? Eis que a dupla central Raleigh Becket (Charlie Hunnam) e Mako Mori (Rinko Kikuchi, do sensacional Babel) nos convence como os mocinhos da aventura, sendo que a ultima é protagonista dos melhores e mais emocionante momentos da trama. Não há como não se emocionar, por exemplo, numa seqüência em flashback, onde mostra a origem dela, num momento inspirado, mas que ao mesmo tempo me lembrou um episódio clássico de Spectreman, em que o herói salva uma menina de um ataque de monstro, mas não conseguiu salvar a vida de sua mãe. Seria uma homenagem ou coincidência?   
Vale destacar também, que os coadjuvantes não ficam muito atrás e o melhor deles é Stacker Pentecos (Idris Elba), grande chefão do grupo de heróis e o lado paternal de Mako. Seus momentos em que surge em cena, ele simplesmente coloca o filme no seu bolso e nos brindando com momentos emocionantes, principalmente no ato final da trama. De brinde da ala dos coadjuvantes, Ron Perlman (Hellboy) velho colaborador do cineasta, tem uma participação pequena, mas muito divertida, sendo que a cena extra nos créditos é com ele e é pra lá de inesperada.
Com começo, meio e fim bem amarradinhos (mas com continuação sempre em vista), Circulo de Fogo é uma agradável surpresa desse ano, que embora com ares de super produção, é no final das contas uma aventura despretensiosa, sem ambição nenhuma de querer mudar a vida de ninguém e que somente existe para nos lembrar que a nossa geração de antigamente era bem mais feliz do que essa atual, que vive com a vista cansada com esses filmes ação vertiginosos e vazios. Aprenda com esse filme Michael Bay.   

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