Sinopse: Adaptação de
musical da Broadway, que por sua vez foi inspirado em clássica obra do escritor
Victor Hugo. A história se passa em plena Revolução Francesa do século XIX.
Jean Valjean (Hugh Jackman) rouba um pão para alimentar a irmã mais nova e
acaba sendo preso por isso. Solto tempos depois, ele tentará recomeçar sua vida
e se redimir. Ao mesmo tempo em que tenta fugir da perseguição do inspetor
Javert (Russell Crowe).
De
vez em outra, o gênero musical volta com tanta força, que parece que haverá uma
nova leva de filmes musicais no cinema, o que não acontece na verdade. O que
talvez tranque a retomada por completo seja o preconceito de certa parte do
publico, que não vê sentido algum dos personagens cantando em determinada parte
do filme. Ora, isso é cinema, cinema é magia e, portanto pode-se facilmente se
quebrar essa realidade “pé no chão” que tanto o publico de hoje gosta, para embarcar
numa historia mágica, no qual os personagens, mesmo no momento mais angustiante
de suas vidas, comecem a cantar.
Os
Miseráveis é mais do que um musical, é
um verdadeiro super espetáculo do começo ao fim, em que já no inicio temos uma
vaga idéia do estará por vir. Baseado mais na peça musical da Broadway, do que do livro clássico
de Victor Hugo, acompanhamos a cruzada de Jean Valjean (Hugh Jackman) na sua
busca de paz e redenção, depois de ficar vários anos preso injustamente, mas em
seu encalço estará o implacável inspetor Javert (Russel Crowe), que não medira
esforços para capturá-lo. Nestes primeiros minutos de projeção, temos o maior
acerto e o maior erro na escolha do elenco: Hugh Jackman se entrega de corpo e
alma para incorporar o protagonista Jean Valiean, onde ele consegue transmitir
a cada momento todo o desejo em buscar uma paz interior e ao mesmo tempo sempre
seguir uma linha reta para o caminho da luz. Já não é a mesma coisa com relação
a Russell Crowe, que não consegue passar a persistência, teimosia e tão pouco a
justiça cega que carrega o inspetor Javert. Para piorar, Crowe mostra que não
nasceu para cantar, pois chegamos até mesmo a nos contorcer quando ouvimos o
ator soltando a voz.
Mas se por um lado temos
esse passo em falso, por outro testemunhamos mais escolhas certeiras e Anne Hathaway é uma
delas. Embora a sua Fantine apareça pouco em cena, é mais do que suficiente
para Hathaway colocar o filme no seu bolso, já que sua interpretação é
assombrosa, onde ela passa o verdadeiro peso do mundo em que a sua personagem sente
nas costas. A cena em que ela canta e desaba em lagrimas (numa das melhores canções
do filme) é digna de levar vários prêmios e o diretor Tom Hooper (O Discurso do
Rei), foi habilidoso em criar esse incrível momento numa seqüência sem cortes,
onde vemos a atriz nos brindar com um dos melhores momentos de sua carreira.
Mas por mais que desejamos que ela continuasse em cena, a trama precisa seguir
novos rumos e é ai que o filme se torna um tanto que irregular, principalmente
quando entra em cena o casal de trambiqueiros vividos por Helena Bonham Carter
e Sacha Baron Cohen, que são tutores da filha de Fantine. Embora eles cumpram
com louvor os momentos cômicos da trama, tem-se a impressão de que eles saíram de
outro filme e embarcaram aqui como penetras. Principalmente Bonham Carter, na
qual a sua personagem lembra por demais a sua outra encarnação em Sweeney Todd
- O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet.
Após isso tudo, o
filme embarca em sua segunda parte, no qual a Revolução Francesa do século XIX
se torna a alma dominante. Se por um lado esse fato histórico pouco nos
interessa, por outro, o publico já está mais do que fisgado pelos protagonistas
e pela sua riquíssima reconstituição de época, onde edição arte, fotografia e
trilha falam por si. Surpreendentemente, embora o filme chegue perto da casa de
três horas de projeção, uma vez que o publico é conquistado, não sente nenhum
pouco de cansaço, principalmente com a montagem rápida, no qual sempre da à sensação
de que algo está acontecendo a todo o momento (embora as cenas inclinadas tenham
me incomodado um pouco até o final). Em meio a todas essas inúmeras sub-tramas,
todos os personagens (sejam eles grandes ou pequenos), irão se colidir no ato
final da historia e selará o destino de cada um deles. Embora o romance açucarado
dos personagens Cosette (Amanda Seyfried) e Marius (Eddie Redmayne) seja um
tanto que forçado demais, ele é essencial para colocar um ponto final na busca
de redenção do personagem Jean Valjean.
Embora a trama se
encaminhe para algo previsível, somos todos compensados por minutos finais
grandiosos, no qual Hugh Jackman brilha
como ninguém e o filme se encerra da maneira como começou, de uma forma
espetacularmente grandiosa e que nos faz até mesmo nos esquecer de alguns
momentos que ficaram aquém do esperado. Com o resultado mais do que positivo, não
me admiraria que alguns dos envolvidos puder futuramente embarcar em mais um
filme musical que é baseado num grande clássico. O Corcunda de Notre Dame seria
sem sombra de duvida uma ótima pedida.
Neste fim de semana vi duas versões de Os Miseráveis, de 1935 e 1952. Ambas pecam ao cortar alguns personagens, até porque a duração é de menos de duas horas. No geral, gostei da interpretação de Fredric March como Jean Valjean na versão de 1935.
ResponderExcluirAbraços!
Já no meu caso, a primeira adaptação que eu assisti foi uma em 98 estrelada por Lian Nesson.
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