Sinopse: Ambientado no sul
dos Estados Unidos dois anos antes do advento da Guerra Civil Django Livre é
estrelado por Jamie Foxx no papel de Django um escravo cujo passado brutal com
seus antigos senhores o deixa cara a cara com um caçador de recompensas alemão
o dr. King Schultz. Schultz está no encalço de assassinos os irmãos Brittle e
Django é o único que poderá levá-lo até eles. O heterodoxo Schultz compra
Django com a promessa de alforriá-lo após a captura dos Brittle mortos ou
vivos.br Com o sucesso da missão Schultz liberta Django mas ambos optam por não
se separar e seguir pelo mesmo caminho. Com Django ao seu lado Schultz sai em
busca dos criminosos mais procurados do sul. Enquanto vai aperfeiçoando suas
habilidades como caçador Django permanece focado no seu único objetivo:
encontrar e resgatar Broomhilda a esposa que ele perdera para o tráfico de
escravos anos atrás.br A busca de Django e Schultz acaba por levá-los a Calvin
Candie o proprietário de Candyland uma abominável propriedade agrícola. Explorando
a fazenda sob falsos pretextos Django e Schultz despertam a suspeita de Stephen
o escravo doméstico de confiança de Candie. Seus passos passam a ser seguidos e
uma organização perigosa fecha o cerco em torno deles. Se Django e Schultz
quiserem escapar com Broomhilda serão obrigados a escolher entre a
independência e a solidariedade entre o sacrifício e a sobrevivência.
Do jeito que a carruagem
anda, Quentin Tarantino está fazendo uma espécie de trilogia histórica, onde se
explora uma determinada raça oprimida em ir à desforra contra a opressão
dominante. Foi assim em Bastardos Inglórios, onde os Judeus dessem a lenha
contra os Nazistas e aqui a historia se repete, onde Tarantino explora um dos períodos
mais vergonhosos dos EUA, que foi a escravidão. Mais do que um tapa na cara
contra os racistas daquele tempo, Tarantino aproveita ao máximo para homenagear
um gênero que ele já estava namorando já algum tempo: o faroeste, ou mais
especificamente o Western spaghetti, no
qual surgiram perolas como a trilogia dos Dólares comandada por Sergio Leone e
Jango, estrelado por Franco Nero (que aqui faz uma bela ponta).
Mas mesmo com todos esses ingredientes,
a primeira vista a historia é simples, mas o que faz dela diferente de outras produções
dentro do gênero é com certeza o olhar afiado de Tarantino em injetar a todo o
momento a sua afinidade pelo humor negro e seus diálogos afiadíssimos, que
sempre renderam momentos inesquecíveis em seus filmes. O primeiro ato
representa a construção desse cenário, que aqui no caso é comandada pela interpretação
certeira e refinada de Christoph Waltz, que embora lembre em alguns momentos o
seu personagem marcante que o consagrou em Bastardos Inglórios, aqui suas intenções
são bem mais nobres, mesmo possuindo as mais ardilosas idéias para se dar bem,
tanto ele, como o seu mais novo parceiro, Django (James Foxx, cujo seu
personagem vai crescendo gradualmente no decorrer da trama).
Com a dupla feita, ambos
embarcam numa jornada cheia de perigos, onde se tornam uma dupla de caçadores
de recompensas, que em meio a suas caçadas, sempre dão de encontro com almofadinhas
ricos e que acreditam estarem por cima da carne seca. Nesse momento, Quentin
Tarantino tira o maior sarro desse tipo de pessoa daquele período, em especial,
de um grupo de pessoas alienadas que se vestem de Ku Klux
Klan, que acabam discutindo uns com os outros, devido a abertura para os olhos
mal feita das mascaras que vestem. Infelizmente esses momentos hilários se
perdem um pouco a partir do momento da entrada do segundo ato, sendo que
Tarantino não consegue manter o mesmo ritmo, pois a meu ver, acaba esticando a
trama mais do que deveria.
Felizmente, o ritmo se acelera
graças à entrada de um dos personagens mais asquerosos da trama: Calvin Candie,
dono um grande império e que usa escravos para lutas livres até a morte. Para a
surpresa de todos, Leonardo Dicaprio surpreende interpretando esse personagem
de uma forma tão insana e fora de controle, que em alguns momentos chegamos até
nos assustar com suas ações imprevisíveis, principalmente na seqüência em que
ele levanta uma teoria sobre um crânio que ele carrega de um falecido escravo.
Devido a essa seqüência (com direito ao Dicaprio realmente machucar a mão em
cena), o ator nos brinda com uma de suas melhores interpretações de sua
carreira, mas que acabou injustamente ignorado pelos membros da academia. Mas o
que dizer então do braço direito de Candie, que nada mais é do que um escravo
vira casaca e que não hesita em trair a sua própria raça para melhor agradar o
seu senhor. Não é um dos personagens mais fáceis de ser aceitos hoje em dia devido
as suas ações, mas só mesmo um ator de calibre como Samuel L. Jackson, para nos
fazer rir de suas ações endiabradas e de suas palavras racistas que ele dispara
do inicio ao fim. É o melhor momento da carreira do ator depois de muito tempo.
Com todos os piões reunidos no
mesmo tabuleiro, Tarantino como ninguém cria uma verdadeira montanha russa de emoções
no terceiro ato, nos quais a gente jamais sabe o que irá acontecer em seguida. A
aflição é tanta, que nos faz acreditar que os mocinhos (modo de dizer) não irão
se dar bem depois que toda a merda é jogada no ventilador. Quando isso
acontece, o espectador é jogado em um verdadeiro banho de sangue, no qual a
gente não via em sua filmografia desde Kill Bill: Volume 1, mas tudo de uma forma
cartunesca, chocante, hilária e com uma rica montagem de câmera e trilha sonora,
que nos contagia e da vontade de gritar um olé.
Mas embora com tudo isso, a
tempestade se ameniza e embora o cineasta entregue um final que o publico em
geral irá aceitar de bom grado, faltou ali um Gran Finale mais corajoso. Talvez fosse uma espécie de
forma de Tarantino conseguir conquistar uma fatia maior do publico cinéfilo em
geral, que embora isso possa ser valido, faz com que ele se afaste um pouco de
tempos mais corajosos como em Cães de
Aluguel. Apesar disso, esse ultimo filme nos faz desejar querer ver o que ele
irá aprontar na eventual terceira parte dessa trilogia histórica que ele está inventando.
Que os Tarantinescos estejam futuramente lá para conferir.
Gostei do seu texto....o olhar do Tarantino é que faz a diferença.
ResponderExcluirAbraços
Tudo que ele toca virá ouro.
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