quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Cine Curiosidade: Ministério da Cultura tenta se redimir


A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura já cometeu inúmeros erros nos anos anteriores, escolhendo filmes errados para tentar ser um dos finalistas para Oscar de melhor filme estrangeiro (Lula: O Filho do Brasil foi uma delas), mas quando acerta se torna uma escolha pelo menos coerente. O Palhaço não é nenhuma maravilha do mundo, mas é cinema, o nosso cinema com qualidade, comandado de cabo a rabo e com estilo pelo nosso Selton Mello.
Se for indicado entre os cinco, e ganhar, isso é outros quinhentos, mas que isso se torne o inicio, para escolhas mais pensadas vindo de um Ministério, que tem muito que aprender sobre o que é o nosso cinema brasileiro.       

O PALHAÇO 

Sinopse: Benjamim (Selton Mello) trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue e fazem a alegria da plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa por uma crise existencial e assim, volta e meia, pensa em abandonar Lola (Giselle Mota), a mulher que cospe fogo, os irmãos Lorotta (Álamo Facó e Hossen Minussi), Dona Zaira (Teuda Bara) e o resto dos amigos da trupe. Seu pai e amigos lamentam o que está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele precisa encontrar seu caminho por conta própria.

Feliz Natal foi a primeira experiência de Selton Mello como diretor, mas é nesse, O Palhaço, que ele prova que nasceu, não só para ser um dos melhores interpretes do cinema brasileiro atual, como também prova ter talento atrás das câmeras. Além de dirigir o filme, ele também atua na historia o que já é um grande desafio que não é para muitos cineastas que existem por ai, portanto merece todo o credito. O seu personagem Benjamin pode tranquilamente figurar entre os melhores personagens que ele atuou na telona (ao lado do protagonista de Cheiro do Ralo) onde ele consegue passar para o espectador toda sua insegurança sobre que realmente quer da vida, e com isso, solta a triste e certeira frase: “eu faço as pessoas rirem, mas quem me faz rir?”.
Apesar da crise existencial do protagonista, o filme não cai no drama facilmente e oscila tranqüilamente com momentos de humor, por vezes pastelão, por vezes num estilo de humor inteligente visto nos filmes antigos como do Mazzaropi, que convenhamos, faz falta no cinema brasileiro atual. Um dos pontos, particularmente meus favoritos da trama, são as aparições hilárias de personagens excêntricos, que por mais estranhos que sejam, divertem pelas suas palavras incrivelmente engraçadas, como no caso do delegado que surge em certo ponto da historia. São participações pequenas, mas jamais vazias, pois elas estão ali por um significado, mas nunca para somente encher a linguiça. Vale destacar a fantástica fotografia em cor pastel, dando a entender que a trama se passa em um tempo passado distante, onde tudo era mais colorido, apesar das dificuldades do dia a dia do circo.
Por fim, O Palhaço é uma obra obrigatória, na qual nos diverti e nos faz pensar sobre do porque estamos aqui nesta vida. Uma dose reflexão, mas muito divertida e colorida.


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