Nos
dias 14 e 15 de Julho, estarei participando do curso TODAS AS CORES DE PEDRO ALMODÓVAR, criado pelo CENA UM e ministrado pelo Doutor em Ciências
da Comunicação Josmar Reyes. E enquanto os dois dias não vêm, por
aqui, estarei escrevendo um pouco sobre o que eu sei desse cineasta, que
adora explorar o universo feminino de várias maneiras possíveis.
Kika
Sinopse:
Kika é uma maquiadora contratada por Nichoilas, um escritor norte-americano
radicado em Madri, para maquiar o corpo de seu enteado Ramón e deixá-lo
apresentável no velório. Porém, Ramón não está morto, ele sofre de catalepsia,
e acaba despertando durante a maquiagem. Como resultado, Ramón e Kika começam
um relacionamento. Tudo vai bem para o jovem casal até que Nicholas retorna de
uma longa viagem. Primeiro Kika se envolve com o escritor, e depois Andréa
Caradortada, uma bizarra apresentadora de um programa sensacionalista de TV,
suspeita que Nicholas é um serial killer e passa a espionar a vida de todos em
busca de um um furo jornalístico.
O filme tem um começo vertiginoso, com habitual
humor corrosivo do diretor, algumas seqüências kitsch e cenas de sexo que
beiram o explicito. O resultado de tudo isso é muita diversão com o toque
dramático, polêmico e surreal no melhor estilo do cineasta. Fourque Abril e
Rossy de Palma estão deliciosamente engraçadas, sendo que Abril, no papel de
uma jornalista sensacionalista (Andrea Caracortada), veste figurinos de Jean
Paul Gaultier.
Má Educação
Sinopse: Quando criança, Ignácio (Gael García Bernal) estudou em um
colégio interno católico. Lá ele sofreu abusos sexuais por parte de seu
professor de Literatura, o padre Manolo (Daniel Gimenez Cacho), que marcaram
sua vida para sempre. Ignácio se apaixona por um colega de colégio, Enrique
(Fele Martínez), que termina sendo expulso. Vinte anos mais tarde, os três
personagens se reencontram. Este reencontro marcará não só a vida, mas também a
morte de alguns deles.
Confesso que vi esse filme somente uma vez e já não
me lembro muito dele. Portanto, farei algo diferente aqui, dando espaço
ao próprio Almodóvar, sobre o porquê de ter criado esse filme. Confiram:
" É um filme muito íntimo, mas não é
autobiográfico. Não falo de minha vida no colégio (...). Obviamente minhas
memórias foram importantes na hora de escrever o roteiro, já que vivi nos
locais e momentos onde a história se passa. ‘Má Educação’ não é um ajuste de
contas com os padres que me educaram mal, nem com a Igreja em geral. Caso
tivesse necessidade de me vingar, não teria esperado quarenta anos para
fazê-lo. A Igreja não me interessa, nem como adversária. O filme não é uma
comédia, ainda que haja humor nem um musical infantil, ainda que crianças
cantem. É um film noir, ou, pelo menos, gostaria de considerá-lo assim. O
gênero noir admite bem a mistura com outros gêneros, sempre que a narração
respire esse ar fatal, sem o qual o negro seria cinza. No noir pode não haver
polícia nem armas, nem sequer violência física, mas tem de haver mentiras e
fatalidade, qualidades que normalmente uma mulher encarna: a femme fatale. Ela
é consciente de seu poder de sedução e é fria, razão pela qual não se altera
facilmente. É alguém que perdeu os escrúpulos e não se interessa em
recuperá-los. Para ela, o sexo não é fonte de prazer e sim de dor para os
demais. Em A Má Educação, a femme fatale é um enfant terrible, o personagem
interpretado por Gael Garcia Bernal”.
Pedro Almodóvar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário