quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cine Especial: MICHELANGELO ANTONIONI EM 4 ATOS: Parte 2

Nos dias 19 e 20 de Maio, participarei do curso MICHELANGELO ANTONIONI EM 4 ATOS, criado pelo CENA UM e ministrado pelo professor de cinema Henrique Marcusso. Diferente dos cursos anteriores que eu já participei, Marcusso irá somente fazer uma analise minuciosa sobre a Tetralogia Existencial que Antonioni havia criado nos anos 60. Enquanto a atividade não chega, por aqui, falarei um pouco dos quatro filmes que serão abordados durante o curso.

A NOITE
 O DESESPERO POR UM CONTATO EMOCIONAL 

Sinopse: Giovanni Pontano (Marcello Mastroianni) e Lidia (Jeanne Moreau) estão casados há 10 anos. O relacionamento entre eles está desgastado, especialmente em relação à comunicação. Durante uma festa em uma mansão eles tentam disfarçar suas angústias, ocupando o tempo com os demais convidados.

Segundo filme da tetralogia existencial de Antonioni, onde se  baseia muito  na solidão, iniciada com A Aventura  e terminada com Deserto Vermelho, do mesmo diretor. Urso de ouro no festival de Berlim de 1961, sendo um exemplo típico do estilo do cineasta, sendo um cinema hermégico, preocupado em analisar as dificuldades de comunicação entre as pessoas, sendo por vezes, uma obra pesada, simbólica, estudo profundo de casamento em crise. O casal central (vividos pelos ótimos Marcello Mastroianni e Jeanne Moreau) tenta a todo o momento da projeção, buscar algum sentido em suas vidas, mesmo em coisas das mais banais. A esposa, por exemplo, em um determinado momento do primeiro ato, caminha sem rumo na cidade, em busca talvez de algo interessante, para que possa se animar, o que acaba dando de encontro com momentos imprevisíveis, como numa briga de dois rapazes.
Mas o melhor do filme fica para o segundo e o terceiro ato, aonde ambos vão numa festa burguesa, em que os convidados se divertem de inúmeras formas, que por vezes, parecem banais, mas que tornam algo de bom grado para animá-los. O casal em si passa por testes de fidelidade ao longo do percurso, onde a fotografia criada por Antonioni simboliza o lado perdido que os personagens se sentem, ao adentrarem num universo em que não sabe exatamente o que eles irão encontrar, muito embora tenham a tentação de caírem. Curiosamente, essa seqüência da festa e o lado melancólico dos personagens, me fizeram me lembrar muito de Melancolia, de Lars Von Trier, sendo que não me surpreenderia, se Trier  tivesse se inspirado na obra de Antonioni.  Os momentos finais do epilogo da trama simbolizam o desespero do casal, na comunicação de um pelo outro, embora da entender que a tentativa seja tarde demais.              
Enfim, um filme belo, inquietante e calmo, com uma fotografia belíssima (nas mãos de Moreau, o epílogo do filme), e silêncios estremecedores.


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