quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CINE ESPECIAL: ALFRED HITCHCOCK: Parte 2

Nos dias 16 a 19 de novembro, estarei participando do curso, “A OBRA DE ALFRED HITCHCOCK”, no Museu da Comunicação (Rua dos Andradas, 959 – Porto Alegre / RS). Enquanto os quatro dias não vêm, por aqui, estarei postando um pouco sobre cada filme desse diretor, que não é somente o mestre do suspense, mas um dos melhores diretores de todos os tempos. 

FESTIM DIABOLICO
O MEU PREFERIDO DO MESTRE DO SUSPENSE
Sinopse: Na cidade de Nova York, Brandon (John Dall) e Phillip (Farley Granger) assassinam seu amigo David, por considerarem-se superiormente intelectuais em relação a ele. Com toda a frieza e arrogância, resolvem provar para eles mesmos sua habilidade e esperteza: esconderão o cadáver em um grande baú, que servirá como mesa e estará exposto no meio da sala de estar do apartamento deles, durante uma festa que realizarão logo em seguida.
Junto com Psicose, Janela, Indiscreta, Um Corpo que Cai e Pássaros, Festim Diabólico está entre os melhores filmes do mestre do suspense Alfred Hitchcock. Rodado em 1948, foi o primeiro filme que o diretor inglês utilizou cores, o primeiro de uma ótima parceria com o ator James Stewart e um dos primeiros filmes a ter a historia mostrada em tempo real.
Gravado totalmente em estúdio, esse filme com certeza, para o diretor particularmente, foi um dos projetos mais experimentais que ele participou, tanto que foi extremamente ousado em usar apenas 10 tomadas com oito minutos, cada uma. Explico: Naquele tempo o máximo que uma cena era gravada era em torno de 8 minutos, depois disso, era necessário trocar o rolo do filme, para continuar a filmagem. Neste, Hitchcock usou somente 10 tomadas e os cortes são praticamente imperceptíveis. A pessoa que for assistir a esse filme da o entender que foi rodado direto sem cortes, sendo que, hoje atualmente isso é bem possível, mas naquele tempo era impossível, mas Hitchcock, mestre como era na direção, fez com que os cortes fossem imperceptíveis, fazendo certo truques de câmera como, por exemplo, quando a imagem foca para as costas de alguém, e por meio segundo, a imagem fica escura e daí volta ao filme novamente, sendo neste instante, em que o diretor trocava os rolos de filme. Para época muitas pessoas acreditaram friamente que o filme foi rodado em uma única tomada. A sensação de assistir a esse filme é como assistirmos uma peça, só que filmada, durante toda a trama, e todos os personagens se encontram em um único lugar do prédio onde se concentra a historia. A única vez que se tem uma parte externa é a parte da rua, onde se inicia os créditos (nota: Hitchcock faz a sua ponta habitual passando pela calçada), o resto, tudo se passou dentro dos estúdios. Curiosamente, se vê o ambiente pela janela, sendo que a trama começa a tarde e ao decorrer dos minutos que se passam, o ambiente de fora começa a escurecer, e mesmo sendo feito em estúdio, Hitchcock fez de todas as maneiras possíveis para que as imagens do lado de fora fossem bem reais, desde a nuvens aos prédios com suas luzes. Mas essa pirotecnia não salvaria o filme se não contasse com uma boa historia, que alias foi baseada em fatos verídicos na época, sobre dois estudantes que mataram um amigo de 14 anos por acreditarem que eram superiores a ele, e o mataram por acreditar que o assassinato fosse algo especial, somente para as pessoas superiores que acreditaram eles serem. Após cometerem o crime Brandon (John Dall no papel de sua vida) e Phillip (Farley Granger visto depois em Pacto Sinistro também de Hitchcock) escondem o corpo de David (Dick Hogan) num baú de livros no meio da sala, e após isso ofereceram um banquete a convidados ligados a vitima, tornando-se ainda mais interessante ao descobrirmos que entre os convidados estarão o pai, a noiva e a tia da vítima, além do outro pretendente de sua noiva, Kenneth. Completando a lista de pessoas presentes na festa, está à senhora Wilson (a empregada) e principalmente Rupert Cadell (o também imortal James Stewart). Rupert é o professor da dupla de assassinos, cujas opiniões em classe, aceitas de forma errônea por eles, acabaram motivando-lhes a cometerem o crime. Ou seja, Rupert mesmo não sendo culpado pelo que a dupla fez, foi responsável pela idéias mal interpretadas por eles. Contudo, Hitchcock não coloca a culpa nos ombros do personagem, e sim faz com que ele vire um verdadeiro detetive ao longo da projeção, porque por mais que Brandon e Fhilipe acharem que cometeram um crime perfeito, cada um acaba jogando pistas no ar. Brandon, por exemplo, em sua arrogância cega, começa a jogar pistas, sutilmente, sobre o crime que acabara de cometer e, à medida que o professor Rupert vai começando a desconfiar dessas pistas, e principalmente de Fhilipe que começa a se desequilibrar por causa do crime que cometeu, e a maneira que o desgaste o pega vai progredindo e a tensão aumenta ao longo da festa. O maior suspense da trama é esse, será que eles serão pegos ao longo da trama? O baú será aberto ao longo do decorrer da festa? Essas questões são respondidas no clímax da trama, mas até lá fica aquele suspense angustiante, pois o espectador, junto com os assassinos são os únicos que sabem que tem um corpo guardado dentro do baú no meio da sala. Hitchcock habilidoso no suspense durante vários momentos brinca com a câmera, nos acompanhando, aproveitando cada detalhe, desde uma corda usada no crime, de certos detalhes em um chapéu e por ai vai. O mais surpreendente em Festim Diabólico é que os protagonistas principais eram na verdade homossexuais. Claro que como o filme foi feito em 1948 certos assuntos como opção sexual eram tabus naquele tempo, portanto mantém a suspeita de homossexualismo, da forma mais sutil possível, tanto que muitas pessoas nem desconfiam quando assistem ao filme, e tal assunto não era discutido muito abertamente naquele tempo.Por sua ousadia técnica e pela historia um tanto pesada para os padrões na época, Festim Diabólico não teve o reconhecimento merecido na época que a película estreou, mas felizmente o tempo fez que corrigisse esse erro e atualmente é para mim um dos melhores filmes do mestre do suspense.Com poucos recursos técnicos, somente pela força de vontade e ousadia, Alfred Hitchcock criou uma obra ousada, fantástica e simples. Um grande clássico que para aqueles que não assistiram ainda vale a pena ser descoberto.


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