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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Cine Dica: Streaming: 'Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil'

Sinopse: Documentário jornalistico que nos passa novas informações sobre o atentado do até então candidato a presidência Jair Bolsonaro.

 jornalista Joaquim de Carvalho

No documentário "Mercado de Notícias" (2014) de Jorge Furtado é mostrado o que talvez seja considerado hoje uma verdadeira fake news, mas que os eventos vistos na obra são de uma época em que as redes sócias não tinham todo esse poder que se tem hoje em dia. As imagens são de 2010, durante as eleições Presidenciais, quando até então candidato ao mandato José Serra estava fazendo campanha em um determinado dia, mas que  acabou tendo a testa machucada (segundo dizem) por alguém de outro partido durante uma manifestação. A cena foi captada por diversos meios de comunicação (vide SBT e Globo) e devido ao ocorrido acabou fortalecendo a imagem hostil do outro partido. Contudo, numa edição de cenas bem elaborada apresentada no documentário, Jorge Furtado reuniu todas as imagens das emissoras, que captaram o momento da agressão e se percebe  que a única coisa que atingiu Serra foi uma bola de papel e vinda do seu próprio segurança. Ou seja, em vez das emissoras terem noticiado uma manipulação elas simplesmente compraram a ideia da agressão vinda do outro partido. 

Como disse o vilão Mysterio no filme "Homem Aranha - Longe de Casa" (2019) a verdade não é mais o suficiente para alimentar as pessoas, sendo que a verdade não as conforta, mas a fantasia orquestrada acaba se tornando mais tentadora. Nos últimos anos, por exemplo, a extrema direita se deu conta disso, ao avançar com passos largos pelo mundo a fora através de fake news e conquistando assim governos após manipularem a opinião pública por meio das redes sociais. É aí que chegamos ao documentário "Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil" (2021), que dá uma nova luz sobre a possível facada que mudou os rumos do Brasil.

Produzido pelo canal jornalistico independente Brasil 247 e dirigido pelo jornalista Joaquim de Carvalho, o documentário é protagonizado pelo mesmo, que vai a Juiz de Fora, local que acabou decidindo as eleições do Brasil em 2018. A obra revela imagens inéditas, nunca vistas pelos meios de comunicação tradicionais e mostrando Adélio Bispo momentos antes de esfaquear o até então candidato Jair Bolsonaro. O documentário vai mais a fundo, ao desvendar a ligação de Adélio com um dos filhos do Presidente, Carlos Bolsonaro. 

Eu me lembro que quando aconteceu o ocorrido imediatamente verifiquei as redes sociais e o efeito foi bombástico e positivo para Bolsonaro, que dali em diante facilmente ganharia a eleição. Porém, as mesmas redes sociais levantaram a teoria de que o ataque foi uma verdadeira fake news, principalmente pelo fato de não haver sangue na camiseta que o candidato estava usando. Isso levantou teorias de conspiração das mais diversas, mas nunca se houve um documentário que se aprofundasse nisso, até agora.  

O jornalista Joaquim de Carvalho procura criar um verdadeiro mosaico cheio de informações, vindas de pessoas ligadas, tanto ao Adélio como também a Bolsonaro, que vai desde a seguranças do candidato, médicos, cenários como do hospital Albert Einstein e, principalmente, um clube e escola de tiro. Embora possa parecer que a obra tenha a pretensão de nos dizer que aquilo tudo foi uma armação, por outro lado, Joaquim de Carvalho nos passa uma certeza de que, por enquanto, não temos todas as informações necessárias para que se tenha uma base sólida de que tudo foi uma grande fake news. Isso é representado muito bem em momentos em que algumas pessoas não querem dar entrevista, ou de pessoas que participaram dos eventos daquele dia, mas que  simplesmente desapareceram ou morreram de causas, aparentemente, naturais.

Porém, dois momentos chamam bastante atenção na obra como um todo. Em primeiro, há diversas cenas daquele dia que são colocadas em câmera lenta, onde vemos a interação de Adélio com os seguranças de Bolsonaro antes dele ser esfaqueado, sendo que esses últimos foram contratados justamente naquele dia. E talvez, o mais explicito, é a ligação de Adélio com Carlos Bolsonaro, sendo que ambos frequentaram o mesmo Clube e escola de tiro  38 e que se encontra em  Campinas, Santa Catarina.

Só com esse cenário que interliga os dois já é o suficiente para que aquele evento se torne suspeito, principalmente pelo fato de Adélio nunca ter tido recursos suficientes para comparecer em uma escola de tiro, mas que, curiosamente, acabou recebendo oito mil reais em sua conta dias antes. Curiosamente, o documentário também destrincha diversas cenas da mídia tradicional, que compraram a ideia de que Adélio era de um partido de esquerda e assim alimentando ainda mais a guerra de ódio que estava se extrapolando cada vez mais na época. Teorias de conspiração a parte, talvez o documentário tenha vindo tardiamente, mas que venha a ser um registro curioso do evento que mudou o cenário brasileiro e abrindo espaço para o discurso autoritário que atualmente convivemos.

"Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil" é um documentário que talvez apenas aponte  a ponta de um grande iceberg obscuro, mas que já  é um grande caminho andado. 

Onde assistir: Pelo Canal do Yotube do Brasil 247 clicando aqui. 

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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Última Floresta'

Sinopse: Em uma tribo Yanomami isolada na Amazônia, o xamã Davi Kopenawa Yanomami tenta manter vivos os espíritos da floresta e as tradições, enquanto a chegada de garimpeiros traz morte e doenças para a comunidade.

Nos últimos tempos o cinema documentário brasileiro tem transitado entre a ficção e a verdade, sendo que ambas as partes unidas se cria um filme denúncia sobre o que realmente ocorre nas nossas terras brasileiras. "Branco Sai, Preto Fica" (2015), por exemplo, é uma ficção que transita com um teor quase documental e fala sobre o preconceito racial que ainda hoje continua encravado no Brasil. "A Última Floresta" (2021) vai ainda mais além, onde a ficção se torna apenas uma camada fina e dando lugar a verdade sobre o que esse desgoverno atual faz contra o povo indígena.

Dirigido por Luiz Bolognesi, o mesmo de “Uma História de Amor e Fúria “(2013), o documentário fala sobre o fato de garimpeiros que voltaram a penetrar de modo massivo e agressivo nas florestas do Brasil desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, em 2019. Essa movimentação alterou drasticamente o ambiente de vida dos Yanomami na região da fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Os invasores envenenam a água com mercúrio e trazem consigo vírus mortais, tais como o da Covid-19, para comunidades indígenas até então isoladas e protegidas.

Luiz Bolognesi procura jamais interferir nas ações do povo Yanomami em cena. Ao invés disso, a sua câmera se torna o nosso olhar que somente observa as ações desses personagens, desde ao fato deles saírem para caçarem, como também no seu dia a dia em sua aldeia. Se tem, portanto, uma visão particular desse povo, do qual se sustenta com que a natureza dá, além de manter as suas velhas tradições vindas de suas crenças de vários séculos atrás.

O documentário cria um clima de ficção no momento em que os personagens centrais transitam entre a verossimilhança com situações que beiram ao universo do sonhar, como se lá houvesse um lugar em que esse povo pudesse escapar para buscar ensinamentos e assim enfrentar o dia a dia do seu habitat natural. Porém, a realidade se sobressai com a presença do índio Davi Kopenawa Yanomami que é escritor, xamã e líder político yanomami. Atualmente, é presidente da Hutukara Associação Yanomami, uma entidade indígena de ajuda mútua e etnodesenvolvimento.

Sua figura se torna a voz da razão daquele povo que se sente seduzido pelas riquezas vindas do homem branco. O seu personagem em si dentro do documentário fala de alguém que conheceu de perto essa realidade da civilização, mas optou por retornar para as suas raízes, pois a civilização já se encontra a muito tempo doente. Aliás, ele é um que viu de perto o massacre que o seu povo sofreu no passado e que acredita que novas quedas ele sofrerá se caso algo não seja feito.

Talvez o ápice do filme se encontra realmente nas cenas em que o diretor usa a sua câmera para testemunhar a cultura Yanomami em sua essência. Na reta final, por exemplo, vemos esses homens e mulheres se entregarem aos seus cachimbos, chás, ervas medicinais e adentrando em uma realidade que o olhar comum vindo da civilização não consegue enxergar. Para se ver é preciso sentir e o documentário nos entrega isso mesmo que em poucos minutos.

Com créditos finais que nos dão um tapa na cara sobre a terrível realidade em que vive atualmente o povo Yanomami, "A Última Floresta" é um filme denúncia contra esse desgoverno atual, que trata os verdadeiros donos dessa terra com arrogância e violência e que cabe nós termos a consciência desse genocídio que ocorre bem diante dos nossos olhos. 



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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (09/09/21)

 Maligno

Sinopse: Em Maligno, Madison (Annabelle Wallis) passa a ter sonhos aterrorizantes de pessoas sendo brutalmente assassinadas. Ela acaba descobrindo que, na verdade, são visões dos crimes enquanto acontecem. Aos poucos, ela percebe que esses assassinatos estão conectados a uma entidade do seu passado chamada Gabriel. Para impedir a criatura, Madison precisará investigar de onde ela surgiu e enfrentar seus traumas de infância.


Parque Oeste

Sinopse: Depois de ser vítima de uma violenta desocupação ocorrida no bairro Parque Oeste, em Goiânia, uma mulher reconstrói sua vida tendo como norte a luta por moradia.

Cidadãos do Mundo

Sinopse: Nunca é tarde para mudar sua vida. Dois aposentados, o Professor, que ensinou latim toda a sua vida, e Giorgetto, um morador de Roma que recebe uma pensão de pobreza, dizem a si mesmos que em outro lugar, em outro país, a grama será mais verde e seu poder de compra mais substancial. A eles se juntam em seu projeto de partida Attilio, boêmio, vendedor de antiguidades e fofoqueiro. Mudar para onde? Esta é a primeira pergunta, e talvez já seja demais. De alguma forma, o trio está organizado. Você tem que dizer adeus, retirar suas economias, etc. Mas a parte mais difícil em ir embora ainda é partir.


Patrulha Canina: O Filme


Sinopse: Patrulha Canina: O Filme é uma produção Nickelodeon e a Spin Master em parceria com a Paramount Pictures. O longa acompanha um grupo de cães falantes que utilizam equipamentos especializados para investigar e resolver crimes, evitando desastres na pequena cidade onde moram.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 9 A 15 DE SETEMBRO DE 2021 na Cinemateca Paulo Amorim.

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

 POR QUE VOCÊ NÃO CHORA? 


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h30 – BAGDÁ VIVE EM MIM Assista o trailer aqui.

(Baghdad in My Shadow – Suíça/Alemanha/Reino Unido, 2019, 105 min). Direção de Samir, com Haytham Abdulrazaq, Zahraa Ghandour, Waseem Abbas. Arteplex Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: O café Abu Nawas é um ponto de encontro popular entre os iraquianos que vivem em Londres. É por lá que se cruzam histórias de vida como a de Taufiq, um escritor fracassado; de Amal, uma arquiteta que se esconde do marido violento; e do jovem gay Muhannad, especialista em tecnologia. Mas Taufiq acompanha com preocupação a trajetória de seu sobrinho Nasseer, que acaba de aderir ao islamismo radical.


17h30 – EMA Assista o trailer aqui.

(Chile, 2021, 105min). Direção de Pablo Larraín, com Gael García Bernal e Mariana DiGirolamo. Imovision, 14 anos. Drama

Sinopse: Ema e Gastón forma um belo casal, moderno e dedicado à dança. Mas, entre quatro paredes, sofrem por conta de uma adoção que não deu certo e também por causa do comportamento nada convencional de Ema. Entre números de danças e muitos questionamentos, a mulher embarca em uma odisseia de libertação, autoconhecimento e desejo – e faz tudo o que estiver ao seu alcance para ser mãe novamente.


* Na terça, dia 14, às 17h30min, exibição do filme “No Tempo das Diligências” (1939), de John Ford, dentro do ciclo “Clássicos na Cinemateca – 35 anos”. Assista o trailer aqui.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – KING KONG EN ASSUNCIÓN Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2020, 90min). Direção de Camilo Cavalcante, com Andrade Junior, Ana Ivanova. ArtHouse Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Um velho matador de aluguel está escondido no interior da Bolívia, na região desértica do Salar de Uyuni. Ele acaba de cumprir sua última missão e tem um sonho: ir ao Paraguai para encontrar sua única filha, que ele não conhece. Nesta longa jornada em busca do paradeiro dela, que já é uma mulher de 38 anos, ele reflete sobre a sua vida e o que restou após passar tantos anos se escondendo e matando gente. O filme foi o vencedor do Festival de Cinema de Gramado em 2020, levando os Kikitos de melhor filme e ator póstumo para Andrade Júnior (1945 – 2019).


16h30 – POR QUE VOCÊ NÃO CHORA? *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 105min) Direção de Cibele Amaral, com Bárbara Paz, Carolina Monte Rosa e Cristiana Oliveira. O2 Play, 14 anos. Drama.

Sinopse: Jéssica é uma jovem introspectiva que cursa a faculdade de Psicologia. Um dos estágios obrigatórios do curso a aproxima da explosiva e falante Bárbara, que sofre do transtorno de borderline e precisa de psicoterapia. A convivência entre estas duas mulheres de origens e comportamentos tão distintos faz com que ambas questionem suas vidas e seus princípios, procurando mudar perspectivas. Baseado na experiência da própria diretora, que também é psicóloga, o filme tem como pano de fundo a discussão sobre o suicídio - e se integra agora às campanhas do Setembro Amarelo. O filme competiu na mostra de longas brasileiros do Festival de Gramado 2020.


18h30 – HOMEM ONÇA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 90min). Direção de Vinicius Reis, com Chico Diaz, Emilio de Mello, Bianca Byington. Pandora Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: O roteiro acompanha dois momentos da vida de Pedro. No primeiro, em 1997, ele vive com a família no Rio de Janeiro e trabalha na Gás do Brasil, uma empresa que está passando por um duro processo de reestruturação, com demissões e aposentadorias antecipadas. No segundo momento, em 1999, Pedro vive aposentado em Barbosa, sua cidade natal, na companhia da namorada e das memórias de infância. O filme foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Gramado 2021, ficando com o Kikito de atriz coadjuvante para Bianca Byington.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS).

CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


Acesse nossas plataformas sociais:

Blog: https://cinematecapauloamorim.wordpress.com/

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Um Animal Amarelo’

Sinopse: Fernando, um cineasta falido, mergulha em uma jornada entre Brasil, Portugal e Moçambique em busca de pistas sobre o passado violento de seu avô. 

O Brasil não era um país desabitado quando foi descoberto, mas sim ele foi invadido por Portugueses que, por sua vez, roubaram a terra dos índios e sendo que esses últimos foram mortos, escravizados ou se refugiando no coração da floresta. Após isso, os poderosos começaram a invadir o continente africano, para escravizar o povo negro e traze-lo para cá como gado e servir ao homem branco. Terras invadidas e raízes misturadas, pois não temos um sangue do qual podemos dizer que é brasileiro, mas sim misturado, um cruzamento de ancestrais estrangeiros que buscavam, infelizmente, poder em outros países, nem que para isso tivesse que matar em busca de sua riqueza e glória.

Devido a essa ambição que perdura até bem recentemente, o Brasil de hoje vive em transe continuo desde o segundo golpe (político dessa vez) ocorrido em 2016, sendo que golpe após golpe perdemos cada vez mais a nossa identidade e fazendo com que não mais saibamos para onde ir. Por conta desse cenário, viver através da cultura neste país atual é o mesmo que pedir esmolas, pois vivemos em terra em que o cinema, por exemplo, está definhando e fazendo com que os realizadores reflitam em que pé estarão amanhã ou no mês próximo. "Um Animal Amarelo" (2021) retrata o indivíduo brasileiro perdendo a sua identidade ao abraçar o que os nossos antepassados faziam e se colocando em um retrocesso continuo.

Dirigido por Felipe Bragança, o filme conta a história de Fernando (Higor Campagnaro), um cineasta brasileiro que está falido. Ele cresceu assombrado pelas lembranças de seu avô e também sempre foi assombrado por um espírito moçambicano que prometia grandes riquezas. Perseguido pelo estado político e cultural do Brasil, Fernando vai a fundo em sua jornada de aventuras e milagres para descobrir seu passado.

Dividido em atos, o filme pode ser interpretado como uma metáfora sobre o Brasil de ontem e hoje, onde individuo brasileiro em busca de riquezas se perdia em sua própria busca e se vendendo em nome de um sistema que diz que não há vida bem sucedida se não se tornar um homem de seu próprio negócio. Por conta disso ficamos conhecendo o avô do protagonista no início da projeção, assim como um misterioso osso que ele vive carregando e de uma presença misteriosa que seria essa o monstro amarelo. A figura em si pode ser interpretada de diversas formas, sendo ela uma figura folclórica, ou uma entidade que faz com que os personagens centrais se lembrem do que tiraram dela.

O filme é cheio de simbolismo, sendo que os navios encalhados em uma praia distante simbolizam a vinda do homem branco a terras desconhecidas, para sim adquirir riquezas e escravizar aqueles que achavam inferiores e descartáveis. Curiosamente, Fernando sai de um Brasil à beira de mudanças após o golpe de 2016, sendo que no passado foi um país invadido, redemocratizado e voltando, portanto, à estaca zero. Ao tentar conseguir a sorte em terras estrangeiras, indo direção as suas raízes portuguesas, constatamos uma similaridade vista no filme "Terra Estrangeira" (1995), de Walter Salles, sendo que ambos os filmes falam sobre a incerteza e do desejo de viver de uma riqueza e glória, mas que se encontra muito mais distante do que se imagina.

Nos últimos capítulos da trama se constata também que a imprevisibilidade é o que domina o protagonista, ao ponto de se encontrar em um beco sem saída e sendo obrigado a rever o que havia ficado de lado em um passado que havia abandonado. O ato final é simbólico, ao vermos Fernando retornando ao Brasil forçadamente e cujo o discurso conservador e hipócrita do novo Presidente do Brasil ecoa ao fundo e tornando tudo muito mais sombrio do que imaginamos. Ao menos ele retorna ao fazer o seu filme, mesmo em um país que se encontra ainda em transe e não valorizando o seu patrimônio cultural e do qual o mesmo é jogado a própria sorte.

"Um Animal Amarelo" confronta de frente com o Brasil de hoje, que não consegue ser uma nação independente e ficando em transe diante da destruição de tudo que nos pertence.

Nota: O filme também se encontra em locação pelo Youtube. 

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terça-feira, 7 de setembro de 2021

NOTA: Brasileiros ouçam Charles Chaplin neste 07 de Setembro

“Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio… negros… brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem… um apelo à fraternidade universal… à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora… milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas… vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia… da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais… que vos desprezam… que vos escravizam… que arregimentam as vossas vidas… que ditam os vossos atos, as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar… os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela… de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo… um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!.”

Charles Chaplin no discurso final no clássico "Grande Ditador" (1940). 


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Luto: Jean-Paul Belmondo (1933 - 2021)

Morreu na última segunda-feira (06/09) o ator Jean-Paul Belmondo, aos 88 anos. Astro do cinema francês e um dos maiores representantes da Nouvelle Vague, Bébel, como era conhecido entre amigos e fãs, infelizmente teve seu falecimento anunciado por seu advogado, Michel Godest. "Ele estava cansado há algum tempo. Morreu em paz", disse o profissional à AFP. A causa da morte não foi divulgada.
Belmondo tinha apenas 26 anos quando participou do filme que mudaria a sua vida e o próprio cinema francês: Acossado, dirigido pelo também iniciante Jean-Luc Godard. No filme, ele interpreta Michel Poiccard, um ladrão que, após roubar um carro em Marselha, foge para Paris e acaba matando um policial no caminho. Na capital, ele se relaciona com Patricia Franchini (Jean Seberg), uma jovem americana que passa a escondê-lo em seu apartamento.
Godard, que na época era crítico da revista Cahiers du Cinéma, filmou Belmondo sem um roteiro definido, com baixo orçamento e carregando sua câmera pelas ruas de Paris. Com uma atuação improvisada, Bébel construiu um dos anti-heróis mais famosos da história da sétima arte – e foi o grande responsável pelo sucesso da obra, que se tornou uma das pioneiras da Nouvelle Vague.

Filmografia: 
2016 Viagem Através do Cinema Francês
2009 De um Filme ao Outro
2008 Un Homme et Son Chien
1999 Além do Meu Futuro
1995 As Cento e Uma Noites
1974 Stavisky ou o Império de Alexandre
1972 Armadilha para um Lobo
1971 Os Ladrões
1969 A Sereia do Mississipi
1967 Cassino Royale
1967 O Ladrão Aventureiro
1966 Paris Está em Chamas?
1965 O Demônio das Onze Horas
1964 Gloriosa Retirada
1964 O Homem do Rio
1964 Ouro, Brilhantes e Morte
1963 Dragées au poivre
1963 Peau de banane
1963 Um Homem de Confiança
1962 Técnica de um Delator
1961 Léon Morin - O Padre
1961 Uma Mulher é uma Mulher
1960 Acossado
1960 Como Fera Encurralada
1960 Duas Almas em Suplício
1960 Michele Di Libero
1959 Quem Matou Leda?
1957 Basta Ser Bonita


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