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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Cine Dica: Streaming: 'Um Clássico Filme de Terror'

Sinopse: Nesse filme de suspense brutal, estranhos viajando pelo sul da Itália ficam presos na floresta e precisam lutar desesperadamente para saírem de lá vivos. 

O cinema pós-terror tem surpreendido a crítica especializada e o público nos últimos anos. São filmes que vão além do óbvio, onde se explora um terror psicológico, uma crítica aos diversos sistemas de hoje, desde ao papel da política e da religião dentro da sociedade. Porém, não significa que o horror tradicional esteja morto.

Não que ele não possa mais nos trazer algo de original, porém, o gênero de horror não se prende exclusivamente aos estúdios nortes americanos. Por lá, os engravatados estão mais preocupados em lançar um grande sucesso dentro do gênero, criar franquias e expandir para mais filmes interligados e formar assim o seu universo cinematográfico de monstros. A fórmula até que funciona, mas as vezes se esquecem que o mundo real pode ser ainda mais assustador do que se imagina.

Em uma sociedade de hoje cada vez mais presa em redes sociais, onde o jovem tenta de tudo para obter sucesso com vídeos caseiros sem conteúdo, se tem um prato cheio para se tirar dali o quanto a humanidade está cada vez mais em estado de alienação e desumanidade. Neste último caso, parece que vivemos dentro de uma sociedade que se alimenta das tragédias, onde as mídias jornalísticas, sejam elas imparciais ou sensacionalistas, cada vez mais alimentam o desejo do ser humano em ver algo catastrófico. "Um Clássico Filme de Terror" (2021) não é somente uma homenagem a diversos filmes clássicos, como também uma crítica acida sobre a vida alienada que cada vez mais estamos nos enterrando.

Dirigido por Roberto De Feo e Paolo Strippoli, "Um Clássico Filme de Terror" é um suspense violento sobre um grupo de pessoas viajando em um trailer pelo sul da Itália. Durante o caminho, eles acabam sofrendo um acidente quando um animal aparece, de repente, no meio da estrada. Tentando continuar sua viagem, o grupo percebe que o caminho por onde vieram desapareceu misteriosamente e resta apenas uma densa floresta em sua volta. Sem saber que um grande perigo os espera no meio da mata fechada, eles caminham pelo lugar desconhecido procurando ajuda. Dentro desse lugar sombrio, a noite será longa.

Em um primeiro momento, parece que o filme é construído através de várias referências de outros filmes clássicos, que vai desde a trilogia "Uma Noite Alucinante" (1981), "O Massacre da Serra Elétrica" (1974) e até mesmo obras recentes como o cultuado "Midsommar" (2019). Porém, estamos falando de um filme de horror italiano, onde as regras do cinema tradicional norte americano não são seguidas e por conta disso espere pelo imprevisível. O que eu posso dizer é que, para o cinéfilo atento principalmente, os realizadores se inspiraram no horror do cinema italiano de antigamente, principalmente aqueles construídos pelos cineastas como Dario Argento e Mario Bava e por conta disso aguarde por horror gore, com muito sangue e membros cortados mesmo que discretamente.

Porém, quando achamos que o filme se encaminha para óbvio, eis que o terceiro ato nos surpreende de uma forma impressionante, onde horror dá espaço a uma crítica acida contra uma sociedade movida por crenças, mas que não esconde o seu lado mais hipócrita. Em tempos em que a religião cada vez mais se adentra aos poderes políticos o filme acaba por assim dizer bem corajoso neste ponto. Ainda assim, o filme me vem com outra peça fundamental em sua mensagem principal.

Em 1954, por exemplo, o mestre Alfred Hitchcock previu que o voyeurismo seria cada vez um vício maior dentro da sociedade através do seu clássico "Janela Indiscreta". Porém, a sociedade perderia a sua timidez, não se importariam mais que fossem observados e adquirindo o desejo quase obsessivo de se exibir em vídeos pelas redes sociais para obter sucesso a qualquer preço. Wes Craven previu isso em sua franquia "Pânico" iniciada em 1996 e sintetizando os tempos atuais em seu quarto e último filme antes de morrer.

Pode-se dizer que "Um Clássico Filme de Terror" possui um final dividido entre três atos, sendo que o segundo é disparado o melhor, por ser simbólico, assustador e não menos que realista, pois a sociedade de hoje primeiro registra para depois pensar em salvar vidas. Pelo visto, os monstros clássicos realmente deixaram de ser assustadores, pois o ser humano comum de hoje ganha com facilidade.

"Um Clássico Filme de Terror" não é somente uma homenagem ao gênero, como também um aviso de que nós mesmos estamos alimentando aqueles que obtém o lucro através do horror e alienando cada vez mais uma sociedade em transe total.

Onde Assistir: Netflix

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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Cine Dica: Próximo Cine Debate: "Uma Noite de 12 Anos"

Sinopse: 1973, Uruguai. José Mujica (Antonio de la Torre), Mauricio Rosencof (Chino Darín) e Eleuterio Fernández Huidobro (Alfonso Tort) são militantes dos Tupamaros, grupo que luta contra a ditadura militar local. Eles são presos em ações distintas e encarcerados junto a outros nove companheiros, de forma que não possam sequer falar um com o outro. Ao longo dos anos, o trio busca meios de sobreviver não só à tortura, mas também ao encarceramento que fez com que ficassem completamente alheios à sociedade, sem a menor ideia se um dia seriam soltos.

No clássico "O dia que Dorival encarou a guarda" (1986) de Jorge Furtado, vemos um homem preso numa delegacia militar, implorando para tomar banho, mas que tem os seus pedidos negados. Furioso, ele começa a xingar cada um dos que trabalham no local e escancarando toda a hipocrisia e burocracia que impregna aquele ambiente. Se aquele cenário ainda representava resquícios da nossa ditadura, "Uma Noite de 12 Anos" nos adentramos no auge do golpe contra o Uruguai, mas do qual a força de vontade de três homens se sobressai contra qualquer fascismo imposto contra eles.

Dirigido por Alvaro Brechner, o filme acompanha a história de três prisioneiros políticos, que sofrem nas mãos de militares. Pertencentes ao grupo Tupamaros, José Mujica (Antonio de la Torre), Mauricio Rosencof (Chino Darín) e Eleuterio Fernández Huidobro (Alfonso Tort) usam todos os métodos para tentar sobreviver a inúmeras torturas psicológicas e solidão ao extremo que vão contra eles. Conforme o tempo passa, eles precisam enfrentar as suas próprias insanidades e se agarrarem no que fazem deles serem homens de verdade.

Alvaro Brechner não tem pressa ao apresentar os seus principais protagonistas, mas sim nos colocando dentro do cenário tenebroso em que eles terão que enfrentar nos próximos doze anos de encarceramento. Aliás, Brechner faz um giro de 360ªgraus naquele ambiente de pouquíssimo espaço, fazendo com que tenhamos uma sensação de claustrofobia e dando um exemplo  do que será o filme nas próximas duas horas. Aliás, o cenário do filme não deve em nada a um filme de terror, pois o horror vindo do próprio ser humano pode ser muito mais implacável do que qualquer vulto demoníaco.

O filme é dividido em inúmeras fases, onde cada um delas vai mudando, conforme os militares vão levando os protagonistas nos mais diversos tipos de prisão e das quais elevam um grau cada vez maior de isolamento. Na medida que a situação vai ficando cada vez pior, os três começam a usar inúmeros métodos de comunicação e para assim não perderem a razão. Não deixa de ser emocionante, por exemplo, as sequências em que vemos os três se comunicando com batidas na parede, ao ponto de chegarem a jogarem xadrez mentalmente através desse método.

Antônio de la Torre, Chino Darín e Alfonso Tort se saem bem em seus respectivos personagens, principalmente o primeiro, pois Torre não fica preso na imagem de José Mujica, mas sim conseguindo elaborar uma interpretação que fala por si e escapando da ala de grandes interpretes mas que não conseguem criar grandes performances quando interpretam personagens históricos. O filme por si só escapa também do óbvio, pois embora saibamos que há uma ditadura esmagando o Uruguai naquele tempo, os eventos do mundo de fora surgem somente como pano de fundo e dando mais destaque ao horror psicológico do qual os personagens vão passando. Porém, Alvaro Brechner  não esconde aquele período por muito tempo e quando ele surge vem de forma implacável, principalmente ao ser representado pelo talento assombroso que é de César Troncoso (O Banheiro do Papa).

Nos derradeiros momentos finais da obra, percebemos que o estado ditatorial pode nos tirar tudo, mas que nunca poderá nos tirar a nossa força e tão pouco a nossa fé. Com uma edição frenética, testemunhamos três pessoas enfrentando as suas próprias mentes, mas se agarrando no que era mais precioso para eles que é o conhecimento. Ao vermos uma planta brotar num lugar mais improvável do filme, nos damos conta que a opressão não mata, mas sim só faz germinar galhos mais fortes contra ela.

"Uma Noite de 12 Anos"  mostra a força de vontade de poucos, mas que pode no futuro mudar a vida de muitos. 

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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (05/08/21)

O Esquadrão Suicida

Sinopse: O governo envia os supervilões mais perigosos do mundo para a remota ilha de Corto Maltese, repleta de inimigos. Armados com armas de alta tecnologia, eles viajam pela selva perigosa em uma missão de busca e destruição com o Coronel Rick Flag.


O Diabo Branco

Sinopse: Em uma viagem de carro pelo interior da Argentina, um grupo de quatro amigos têm um estranho encontro com um misterioso homem quando chegam para pernoitar em uma pousada local. As férias ideais dos amigos são arruinadas quando eles acabam se tornando reféns de uma antiga lenda maligna que assombra a cidade.

Abe 

Sinopse: Abe (Noah Schnapp) é um menino de 12 anos que mora no Brooklyn com a mãe judia e com o pai palestino. Para manter sua família unida apesar das diferenças, o jovem inicia um curso de gastronomia, onde torna-se aprendiz e amigo de Chico (Seu Jorge), um chefe brasileiro.



Mangueira em 2 Tempos

Sinopse: Depois de quase trinta anos, Mangueira em 2 tempos revisita amigos de infância retratados no vídeo “Mangueira do amanhã”, sobre a escola de samba mirim. Suas histórias revelam as circunstâncias brutais da vida dos moradores das favelas do Rio de Janeiro, mas também de seus surpreendentes destinos. Mestre Wesley se inspira na musicalidade local para realizar a carreira de percussionista. A narrativa de sua trajetória explora a conexão entre samba e funk, ritmos marcados pelas batidas em 2 tempos e propõe o diálogo entre o jazz e a percussão da Mangueira.


Piedade

Sinopse: Na fictícia cidade de Piedade, a rotina dos moradores é abalada pela chegada de uma grande empresa petrolífera, que decide expulsar todos de suas casas e empreendimentos para ter melhor acesso aos recursos naturais.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 5 DE AGOSTO A 11 DE AGOSTO DE 2021 na Cinemateca Paulo Amorim

Sertânia

 Sertânia (estreia)

Sala Paulo Amorim, às 17h30min

* Não haverá sessão no dia 10 (terça-feira)

(Brasil, 2020, 100min) Direção de Geraldo Sarno, com Vertin Moura, Julio Adrião e Kécia Prado. Bretz Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Um dos melhores filmes de 2020, segundo os críticos, o longa-metragem reconta a trajetória do cangaceiro Antão a partir de um momento inesperado: ele está ferido e agoniza sob um sol escaldante. À medida em que a câmera volta ao seu passado, sabemos da sua infância, da ausência do pai, da vida na capital paulista e de como voltou à Paraíba para se unir ao bando de Jesuíno e lutar contra


Prazer, Camaradas! (estreia)

Segundas-feiras não há sessões

Sala Paulo Amorim, às 15h30min

(Portugal, 2019, 105min) Direção e roteiro de José Filipe Costa. Bretz Filmes, 14 anos. Documentário.

Sinopse: Em 1975, depois da Revolução dos Cravos em Portugal, muitos estrangeiros e portugueses do norte se mudaram para a região central do país para ajudar nas recém-formadas cooperativas. Mas suas visões progressistas sobre os costumes e a sexualidade logo se chocaram com os comportamentos locais. O filme nasceu de um conjunto de relatos orais, textos literários e diários sobre essa experiência, mostrando que entre os portugueses das aldeias e os chamados “turistas revolucionários” surgiram tensões, mas também cumplicidade e até amor.


Piedade (estreia)

Segundas-feiras não há sessões

Sala Eduardo Hirtz, às 17h

(Brasil, 2020, 90min) Direção de Claudio Assis, com Fernanda Montenegro, Irandhir Santos, Matheus Nachtergaele, Cauã Reymond. ArtHouse Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: O bar Paraíso do Mar, na Praia da Saudade, carrega a identidade da família Bezerra, que administra o lugar há 30 anos. A viúva dona Dona Carminha e seu filho mais velho, Omar, também representam um foco de resistência contra o avanço predatório da corporação petroleira Petrogreen. Quando o executivo paulista Aurélio chega, representando os interesses da empresa, o cotidiano da família é abalado, trazendo à tona segredos do passado e uma inusitada conexão com Sandro, dono de um cinema pornô do outro lado da cidade.


Todos os Mortos

Sala Eduardo Hirtz, às 18h30min

* Não haverá exibição no dia 11 (quarta-feira)

(Brasil, 2020, 120min) Direção de Caetano Gotardo e Marco Dutra, com Mawusi Tulani, Clarissa Kiste, Carolina Bianchi, Alaíde Costa e Thomás Aquino. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama fantástico.

Sinopse: Na São Paulo do finalzinho do século XIX, os resquícios da escravidão ainda são recentes. As irmãs Soares, da aristocracia paulista, acabam de perder sua última criada e não conseguem se adaptar a uma sociedade sem terras e sem escravos. Ao mesmo tempo, a família Nascimento, que trabalhava como escrava na fazenda dos Soares, agora se depara com uma sociedade na qual não há espaço para os negros recém-libertos. Mesmo com as diferenças sociais, todos lutam para sobreviver neste mundo moderno. Prêmios de melhor ator e atriz coadjuvante (para Thomás Aquino e Alaíde Costa) no Festival de Gramado 2020.


Rodantes

Segundas-feiras não há sessões

Sala Eduardo Hirtz, às 14h30

(Brasil, 2019, 100min) Direção de Leandro Lara, com Caroline Abras, Félix Smith, Jonathan Well, Murilo Grossi. Zeta Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Um Brasil desconhecido se apresenta neste projeto, que marca a estreia do diretor Leandro Lara na direção de longas-metragens. Durante seis meses, ele viajou por Rondônia, na região amazônica, para contar as histórias de três personagens que tentam seguir seus caminhos em um cenário hostil. Tatiane é uma jovem mulher que foge para esquecer um passado traumático, enquanto Odair precisa deixar a casa dos pais para protagonizar suas próprias descobertas; já Henry é um imigrante haitiano que enfrenta várias dificuldades para sobreviver em meio à miséria brasileira.


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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Jungle Cruise - A Maldição Nos Confins Da Selva'

Sinopse: Os confins da selva da Amazónia escondem um segredo bem guardado que pode mudar o mundo... Descobre já a nova aventura da Disney com Dwayne Johnson e Emily Blunt! 'Jungle Cruise - A Maldição Nos Confins da Selva' estreia nos cinemas este verão. 

A toda poderosa, e por vezes pretensiosa, Disney não tem o que reclamar hoje em dia, já que atualmente ela é proprietária das maiores franquias que geram bilhões ao estúdio, desde o universo do MCU como também "Star Wars". Porém, talvez, desde o encerramento da franquia "Piratas do Caribe" que o estúdio não tem uma franquia milionária que pode realmente dizer que é sua."Jungle Cruise  - A Maldição Nos Confins Da Selva" talvez venha para mudar esse quadro, já que é uma aventura divertida, despretensiosa e para não levar a sério em hipótese alguma.

Dirigido por  Jaume Collet-Serra, "Jungle Cruise" gira ao redor do malandro e brincalhão Frank Wolff (Dwayne Johnson), capitão do barco La Guilla. Ele é contratado pela Dra. Lily Houghton (Emily Blunt) e seu irmão McGregor (Jack Whitehall) para levá-los em uma missão pelas densas florestas amazônicas com a intenção de encontrar uma misteriosa árvore com poderes de cura que poderá mudar para sempre o futuro da medicina. No caminho, eles viverão inúmeros perigos, enfrentando animais selvagens e até mesmo forças sobrenaturais.

De novidade o filme não tem nada, mas para os amantes da velha e boa aventura o filme é um prato cheio em todos os sentidos. Claramente os realizadores buscaram os mesmos elementos de sucesso da franquia "Piratas do Caribe", mas para cinéfilo de olhar atento irá perceber que o filme bebe também da fonte de outros clássicos dentro do gênero, tanto da franquia "Indiana Jones" iniciada em 1981, como também até mesmo do clássico "Uma Aventura na África" (1951). E se em alguns momentos o filme também te lembrar o divertido "A Múmia" (1999) não se surpreenda.

Tecnicamente o filme é uma grande super produção, com direito ao uso de efeitos visuais de ponta, mas também aproveitando das velhas técnicas de cinema e que remete como se fazia os filmes de aventura de antigamente. Porém, é preciso assistir ao filme de mente aberta, principalmente para nós brasileiros, já que aventura se passa na Amazônia e para os historiadores mais sérios o filme pode parecer uma verdadeira blasfêmia, principalmente da maneira como é retratado uma determinada tribo indígena. É a forma estereotipada que os gringos nos enxergam e por conta disso nunca haverá remédio.

Mas o coração do filme fica por conta da atuação dos seus interpretes, já que estão mais do que a vontade em seus respectivos papeis.  Emily Blunt é um dos grandes talentos dessa nova geração, mas provando também que tem fibra em um papel que exige força física e nisso ela não decepciona. Agora,  Dwayne Johnson tem me surpreendido cada vez mais nos filmes que atua.

Astros de filmes de ação, na maioria das vezes dispensáveis, o ator parece que conseguiu um certo equilíbrio em filmes de aventura e fantasia desde que ingressou na franquia "Jumanji" (2017). Aqui ele é uma verdadeira metralhadora com a língua, com o direito de lançar piadas uma atrás da outra e provando ter uma verdadeira veia cômica. O seu personagem, aliás, parece uma mistura de Charlie Allnut de "Uma Aventura na África" com Rick O'Connell de "A Múmia", mas ao mesmo tempo obtendo a sua luz própria.

De resto não tem muito o que dizer, principalmente com relação aos vilões que aparecem na trama, como no caso do alemão Príncipe Joachin, interpretado pelo talentoso Jesse Plemons, mas aqui sendo reduzido a um personagem megalomaníaco e parecendo que saiu dos filmes antigos em que os vilões eram sempre caricatos. O final é aquele de sempre, com muita aventura, efeitos visuais em abundância e aqueles minutos finais que nos dá a entender que haverá uma eventual sequência para, enfim, gerar uma nova franquia.

"Jungle Cruise - A Maldição Nos Confins Da Selva" é uma boa aventura em todos os sentidos, fazendo referências aos filmes clássicos do gênero e nos convidando para duas horas bem despretensiosas.   


Nota: O filme também se encontra em locação pelo Disney +

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terça-feira, 3 de agosto de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta'

Sinopse: Lyudmila, uma executiva do Partido Comunista que lutou na guerra pela ideologia de Stalin, está certa de que seu trabalho criará uma sociedade comunista e detesta qualquer sentimento anti-soviético. Durante uma greve em uma fábrica local, Lyudmila testemunha um piquete de trabalhadores baleado por ordem do governo, que busca abafar greves na URSS.  

Em tempos políticos atuais, com discursos acalorados, ou você escolhe um lado ou se torna um neutro, sendo que o neutro também não é muito diferente daquele que escolhe o lado opressor e que oprime o povo. Porém, independente de qual lado você escolher, chegará um ponto que você terá de esquecer no que acredita e pensar na sua vida e naqueles em que você ama. "Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta" (2020) nos revela quando uma realidade socialista se torna fascista no momento em que começam a matar a sua própria gente, ao ponto de que o lado positivo sobre a realidade Comunista fica somente na superfície.

Dirigido por Andrey Konchalovsky, o mesmo de "Paraíso" (2017), o filme conta a história de Lyudmila (Julia Vysotskaya), que foi uma devota membra do Partido Comunista que lutou na Segunda Guerra Mundial pela ideologia de Stalin. Certa de que seu trabalho criará uma sociedade comunista igualitária, ela detesta qualquer sentimento anti-soviético. Durante uma greve na fábrica eletromotriz local, Lyudmila testemunha um piquete de trabalhadores que são mortos a tiros sob ordens do governo, que procura, cada vez mais, encobrir greves trabalhistas na URSS. A partir de então, sua imutável visão de mundo começa a ruir, passando a questionar tudo o que sempre acreditou.

Baseado em fatos verídicos, Andrey Konchalovsky recria um momento histórico sangrento, mas do qual o governo URSS encobriu por décadas, mas sendo revelado após a sua queda. Por se tratar de um assunto delicado, o cineasta procura não criar um vilão especifico, mas sim retratar pessoas comuns que, por vezes, mal sabem como reger uma nação perante uma sociedade cada vez mais insatisfeita com a situação do país. Ao mesmo tempo, a protagonista Lyuda seria uma representação perfeita de uma pessoa cega pela sua ideologia dos tempos de Stalin e procurando não querer enxergar o fato de que os governantes daquele período não estavam direcionando o país de acordo no que ela acreditava.

Julia Vysotskaya está ótima em cena, ao retratar uma pessoa cheia de cicatrizes, porém não físicas, mas sim psicológicas, tendo testemunhado os dois lados da história durante a Segunda Guerra e tendo escolhido o que ela achava o mais correto para a sua pessoa. Porém, no momento em que a sua filha desaparece perante os protestos contra o governo, ela começa a se questionar se estava realmente certa sobre o que acreditava, muito embora não permita de forma imediata. O seu olhar ao testemunhar o massacre de Novotcherkassk pode facilmente entrar na lista dos grandes momentos do cinema deste ano.

Tecnicamente o filme também é um colírio para os olhos, sendo que a fotografia em preto e branco sintetiza uma sociedade Russa não sabendo ao certo como será o seu amanhã devido à alta dos preços e o aumento do desemprego. Ao mesmo tempo, Andrey Konchalovsky usa a sua câmera como uma representação do olhar da protagonista que, aos poucos, começa a enxergar o outro lado da moeda da qual ela defende, seja na reunião entre os políticos, como também em uma conversa reveladora com o seu pai sobre tempos ainda mais nebulosos.

Simplificando, é preciso assistir ao filme de mente aberta, pois ele não se encontra em posição de mudar o posicionamento político de ninguém, mas sim sempre nos lembrar do que é mais importante que é os laços familiares e proteger o que nos faz realmente humanos em tempos complexos. No minuto final, testemunhamos uma protagonista reconhecendo que errou, mas tendo a convicção de que nunca é tarde para recomeçar zero.

"Caros Camaradas - Trabalhadores em Luta" é sobre os erros e acertos de tempos soviéticos e cuja as vozes de trabalhadores oprimidos não devem ser esquecidos. 


Nota: O filme também se encontra em locação pelo Youtube.

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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Tempo'

Sinopse: Uma família em um feriado tropical que descobre que a praia isolada onde eles estão relaxando por algumas horas está de alguma forma os fazendo envelhecer rapidamente... reduzindo suas vidas inteiras em um único dia. 


Quando éramos crianças a sensação que dava era que o ano demorava para passar, como se o natal estivesse muito distante para se comemorar e abrir aquele tão desejado presente. Quando se cresce parece que tudo fica mais acelerado, talvez devido a responsabilidades que surgem para a fase adulta e fazendo com que não testemunhemos o tempo passar. Por conta disso, parece que estamos cada vez mais esquecendo de aproveitar a vida, ao ponto que a chegada da velhice acaba não sendo mais tão distante.

Esse medo com relação ao fim da vida parece estar cada vez mais sendo explorado no cinema recente, seja de forma dramática ou fantasiosa. Se por um lado o horror psicológico nos afeta e nos faz cair em lagrimas no filme "Meu Pai" (2020), do outro, nos faz a gente se amedrontar perante ao que é visto em "Relíquia Macabra" (2021), já que neste último caso o horror se encontra no fato do medo de nós encararmos a responsabilidade de cuidar de um ente querido em seus últimos passos. É aí que chegamos em "Tempo" (2021), onde o medo perante o fim através da velhice acelerada nos coloca para fora o pior e o melhor de todos nós.

Neste novo trabalho do cineasta M. Night Shyamalan e estrelado por Gael Garcia Bernal, acompanhamos uma família durante uma viagem para uma ilha tropical. Quando chegam em uma praia deserta, algo estranho começa a acontecer: todos passam a envelhecer rapidamente, anos inteiros passam em questão de minutos. Eles, então, precisam descobrir o que está acontecendo antes que suas vidas sejam encurtadas drasticamente.

M. Night Shyamalan gosta de usar o gênero fantástico para falar sobre a humanidade e da qual é sempre testada em seus filmes. Curiosamente, os seus protagonistas são sempre testados perante uma situação que, por vezes, nós nunca testemunhamos exatamente o que está a sua frente. Se por um lado raramente vemos os alienígenas em "Sinais" (2002), do outro, ficamos imaginando o que é exatamente a ameaça nunca vista no filme "Fim dos Tempos" (2008).

O resultado é situações das quais chamamos de extracampo - ou seja, sons e objetos imateriais, que criamos e completamos com a nossa imaginação - para dentro do quadro, da imagem, sem necessariamente dar corpo a esses sons e objetos. Por conta disso, em seu mais novo filme, ameaça que coloca a vida da família central em cheque é sugerida apenas através de sons, de enquadramentos pensados pelo cineasta, além de planos-sequências que representam a direção do olhar que o protagonista faz em determinada situação que lhe choca.

Além disso, boa parte da verdadeira ação ocorre na beira de uma praia misteriosa, com poucos personagens e fazendo com que a situação se torne cada vez mais claustrofóbica. Na medida que os personagens vão se dando conta que estão envelhecendo rapidamente suas máscaras vão caindo, ao ponto de cada um revelar as suas principais fraquezas, assim como também a sua real pessoa. Todos ali são na realidade uma representação do ser humano atual, cada vez mais sozinho em seus compromissos, enquanto a família que ele construiu vai se deteriorando através de problemas, por vezes, mesquinhos.

Por conta disso, o terror vai cada vez mais dominando o espaço, ao ponto de o diretor fazer o seu filme mais violento, mas não menos filosófico com relação ao começo do fim. Se por um lado testemunhamos no início o casal central em uma crise conjugal, aos poucos, eles vão se entendendo perante ao fato de que suas vidas estão cada vez mais dando Adeus e tendo que desfrutar do que faziam eles serem felizes antes que seja tarde. Não deixa de ser singelo, exemplo, um plano fechado em que o cineasta filma o casal se entendo mesmo com todo os problemas que o envelhecimento trouxe para os mesmos.

Como não poderia deixar de ser, M. Night Shyamalan vai deixando pistas ao longo do filme sobre o verdadeiro mistério que envolve toda ilha. O ato final, por exemplo, possui duas grandes revelações, muito embora a última tenha sido criada mais para aliviar a tensão que até ali havia sido criado em todos nós. Se por um lado faltou um pouco de coragem na reta final, ao menos, todo o restante do filme compensa ao ter nos criado vários pensamentos, tensões e questionamentos.

"Tempo" é sobre o medo que todos nós carregamos sobre o começo do fim da vida e sobre a real maneira de aproveita-la antes que ela passe sem que a gente perceba. 


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