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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 8 de junho de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Alvorada'

Sinopse: O dia a dia de um chefe de estado em sua residência oficial. A presidente Dilma Rousseff no Palácio do Alvorada no período mais tenso e dramático da história recente do Brasil: o processo de impeachment que acabou por afastar a primeira mulher eleita presidente do país.

É difícil a gente prever na hora as consequências de determinados acontecimentos, pois ainda não temos a capacidade de prevermos o nosso próprio futuro. Os documentários, por exemplo, são em alguns casos registros históricos de determinadas épocas e são por essas obras que encontramos sinais do que viria a se tornar o nosso presente. “Alvorada” (2021) é um de muitos registros cinematográficos sobre o cenário político brasileiro de 2016, mas que agora revisto concluímos que as sementes que foram plantadas dali em diante dariam péssimos frutos para o nosso futuro.

Dirigido por Anna Muylaert, Lô Politi, o documentário "Alvorada' desvenda o cotidiano da presidente Dilma Rousseff, primeira e única mulher a governar o Brasil, durante o desenrolar dramático do impeachment. Rodado entre julho e setembro de 2016, o documentário testemunha a tensão e a perplexidade que imperavam no círculo da presidente, em reuniões, telefonemas intermináveis e sussurros ouvidos do Palácio do Planalto. Ao mesmo tempo, revela uma personalidade surpreendente nas conversas informais em que Dilma fala de política, história, literatura – e de si própria.

Diferente de outros documentários como “O Processo” (2018), ou "Excelentíssimos" (2018), esse procura não retratar de forma minuciosa todos eventos daquela época, pois quem viveu ou assistiu as obras sitadas  já sabe o que ocorreu. Porém, assistimos pela perspectiva mais pessoal, mais precisamente através de pessoas em volta de Dilma, como no caso de sua assessoria, e dela própria. Ao vermos Dilma pela primeira vez, vemos uma mulher frágil fisicamente, mas cuja as suas palavras e olhar sintetizam uma pessoa que carrega um pesado fardo, mas que não se cansa em trabalhar  para provar o quanto estavam errados sobre o que estavam fazendo contra ela e contra a própria Democracia.

Raramente sendo parados para serem entrevistados, os personagens centrais em cena somente ficam fazendo os seus respectivos deveres no Palácio do Alvorada, desde ao vermos os funcionários locais limpando ou cozinhando no local, como também vermos assessoria trabalhar sem pausa ao acompanhar o raciocínio da Presidente sobre o que ela quer passar para a posteridade. É nestes momentos, por exemplo, que vemos uma Dilma dura com a sua assessoria, principalmente no que ela quer passar nos seus textos e provando que sempre estava um passo a frente com relação as pessoas que queriam ajuda-la. Verdade seja dita, Dilma sempre esteve sozinha neste embate contra os políticos que queriam afasta-la do poder a todo custo.

O documentário procura sempre retratar essa mulher lutando, mesmo em uma situação em que a causa já se tornou perdida, mas não se rebaixando perante os seus algozes. O que se vê, não é uma luta ali para se virar o jogo da situação, mas sim somente para concluir os seus serviços prestados pelo o país e que foram interrompidos por uma oposição que não soube perder nas últimas eleições, culminando em um processo cheio de falhas e que fará muitos historiadores futuros tentar entender como isso acabou acontecendo. Dilma foi até o fim no julgamento do Senado e cumprindo o seu dever em deixar registrado na história o quanto a oposição estava errada e sendo afogados em suas próprias ambições cegamente.

O documentário começa com a voz do Presidente atual Jair Bolsonaro votando contra a Presidente na Sessão da Câmara que desencadeou o impeachment. Isso é proposital, já que ali estava a peça fundamental que se tornaria o estopim do nosso cenário atual nebuloso e dos quais os golpistas da direita nem estavam prevendo. Tiraram uma Presidente do poder sem prova concreta, prenderam posteriormente Lula e abrindo caminho para um autoritarismo disfarçado de Democracia. Como Dilma disse em seu último dia como Presidente: “A história será implacável com os que hoje se julgam vencedores”.

Verdade seja dita, a vinda do coronavírus serviu para escancarar de uma vez por todas a cilada que todos nós os brasileiros haviam caído e provando cada vez mais que somos um país hoje dividido entre a razão e a insanidade do fascismo. "Alvorada” é um pequeno, porém, poderoso registro histórico e que serve de prelúdio para o cenário nebuloso e genocida em que todos nós atualmente estamos enfrentando.  


Nota: O filme pode ser visto também por locação no Google Play Filmes.

 

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segunda-feira, 7 de junho de 2021

Cine Dica: O Curso online GIALLO: SUSPENSE À ITALIANA

 O GÊNERO CULT DE FILMES DE SUSPENSE

QUE NASCEU NA ITÁLIA


Apresentação 

Produto cinematográfico italiano por excelência, o Giallo viveu seu auge entre as décadas de 60 e 80. O nome surgiu por influência das publicações populares de suspense surgidas no final dos anos 20 – os pulps – com histórias policiais de crimes de sangue e assassinos seriais. A característica marcante destas publicações era o uso da cor amarela (“giallo” em italiano) de forma destacada nas capas.

A história de um dos subgêneros mais fascinantes do cinema popular da Itália começou com A Garota Que Sabia Demais (1963), de Mario Bava, e se prolonga até hoje, como neo-giallo, com filmes como a produção francesa A Estranha Cor das Lágrimas do Seu Corpo (2013) dirigido pela dupla Hélène Cattet e Bruno Forzani. 

Objetivos

O Curso online GIALLO: SUSPENSE À ITALIANA, ministrado pelo pesquisador e crítico de cinema Fernando Brito, vai apresentar as origens do gênero, suas características visuais e temáticas. A partir da apreciação crítica de trechos dos gialli de grandes diretores do gênero como Mario Bava, Dario Argento, Lucio Fulci e Sergio Martino, serão analisados os principais elementos do gênero, como o voyeurismo, o ponto de vista do assassino, a transformação da morte em espetáculo estético, a exploração da violência, o barroquismo visual, as tramas mirabolantes, o psicologismo, o erotismo apelativo e a misoginia, a vitimização da mulher e a associação entre sexo e morte. Por fim, a influência do giallo na gênese do slasher norte-americano. 

Conteúdos

As raízes do giallo no krimi alemão 

Mario Bava e a gênese do giallo 

Os sexy gialli de Umberto Lenzi e cia. 

Pelos olhos do assassino: Dario Argento 

O ápice do giallo e Lucio Fulci 

Sergio Martino: morbidez, erotismo e psicologia 

A morte do giallo 

O nascimento do slasher e neo-giallo 


Curso online

GIALLO: SUSPENSE À ITALIANA

de Fernando Brito


Datas 

19 e 20 / Junho 

(sábado e domingo)


Horário

14h às 16h30 


Duração

2 encontros online 

(carga horária: 5 horas / aula) 


Material

Certificado de participação 


Investimento 

R$ 85,00 (parcelado em até 12x)


..PROMOÇÃO..

Valor Especial para as primeiras 10 inscrições 

com 15% de desconto: R$ 70,00 


Informações

cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 99320-2714 


,,,Inscrições...

http://cinemacineum.blogspot.com/


sexta-feira, 4 de junho de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Cruella'

Sinopse: Inteligente, criativa e determinada, Estella quer fazer um nome para si através de seus designs e acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman. Entretanto, o relacionamento delas desencadeia um curso de eventos e revelações que fazem com que Estella abrace seu lado rebelde e se torne a Cruella. 

Sejamos honestos para nós mesmos quando pensamos nas versões live-action dos clássicos da Disney. Boa parte deles não tem alma, não passando de uma cópia sem nenhum brilho se for comparado ao original e existindo somente para gerar lucro ao estúdio. "O Rei Leão" (2019), por exemplo, talvez seja o pior exemplo de um filme sem alma, cuja a perfeição dos animais em cena não possui nenhum pingo de vida se for comparado ao desenho tradicional do clássico de 1994 que nos fazia até mesmo chorar em diversos momentos.

Porém, nem tudo são maçãs podres neste cenário, pois se puxarmos pela memória o estúdio havia começado com o pé direito nestas releituras dos seus clássicos. "Malévola" (2014) foi uma grata surpresa para a época, pois deu uma nova dimensão a uma personagem já bastante complexa do clássico "A Bela Adormecida" (1959) e provando que não custa ousar para inovar e nos surpreender. "Cruella" (2021) vem para jogar esse cenário de pernas pro ar e a gente só tem que agradecer.

Dirigido por Craig Gillespie, do magistral "Eu Tonya" (2017), o filme é ambientado entre os anos 60 e 70, em meio à revolução do punk rock, o filme da Disney mostra a história de uma jovem vigarista chamada Estella (Emma Stone). Inteligente, criativa e determinada a fazer um nome para si através de seus designs, ela acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), uma lenda fashion que é devastadoramente chique e assustadora. Entretanto, o relacionamento delas desencadeia um curso de eventos e revelações que farão com que Estella abrace seu lado rebelde e se torne a Cruella, uma pessoa má, elegante e voltada para a vingança.

O clássico da Disney "101 Dálmatas" (1961) não somente apresentava animais fofos como também uma das vilãs mais carismáticas do estúdio. Cruella possuía uma presença contagiante, cuja a sua ambição em transformar cachorrinhos inocentes em casacos de pele era somente a ponta de um iceberg de uma figura que tinha ainda mais para nos oferecer. Convenhamos, a versão do clássico em  live-action  de 1996 somente funcionou graças a personagem e isso muito se devia a veterana Glenn Close ao dar vida a famigerada vilã. Parecia, portanto, uma missão impossível dar uma nova roupagem para esse curiosa figura em pleno século 21, mas eis que surge Emma Stone.

Vencedora do Oscar por ´"La La Land" (2016), Stone embarcou de cabeça na personagem, ao não somente ficar perfeita visualmente, como também em transforma-la em alguém mais humana e próxima a nós. Sua Cruella é uma personagem de origem trágica, que comeu o pão que o Diabo amassou, mas não desistindo de sua grande ambição de se tornar uma grande estilista. A primeira meia hora de filme é uma verdadeira aula de como se faz uma história de origem e cuja a narração off da personagem se encaixa profundamente.

Outro grande acerto do filme talvez seja o fato da trama transitar entre o verosímil e o cartunesco, sendo que esse último é representado por situações e personagens que mais parecem que saíram do clássico desenho animado, mas não dominando a cenas como um todo. Há uma preocupação na construção dos personagens, que antes em suas versões originais não possuíam profundidade e sendo apenas figuras para nos entreter. É surpreendente, por exemplo, vermos Horácio e Jasper, antes simples capangas da protagonista, se tornando peças fundamentais na vida da personagem e isso graças ao bom desempenho de Paul Walter Hauser e Joel Fry.

Voltando a protagonista, não me surpreenderia se Emma Stone fosse indicada ao próximo Oscar, pois atriz se sobressai em momentos em que a personagem dá de encontro com situações que desafiam o seu ser e a forçando a dar um novo passo para colocar para fora o seu lado mais sombrio e calculista. Porém, essas situações somente acontecem porque a sua antagonista Baronesa funciona também em cena e isso graças ao incrível desempenho de Emma Thompson. Aliás, ambas em cena são protagonistas de momentos em que o filme adentra a um terreno ousado, corajoso e até então um pouco inédito para o estúdio.

Tecnicamente o filme é um colírio para os olhos, cuja a edição de arte e fotografia se alinham com perfeição e nos passando uma bela reconstituição de época. Porém, é bom destacar a impressionante montagem das cenas, cujo o seu ritmo faz com que jamais sintamos o tempo passar e cujo um plano-sequência no primeiro ato da trama irá nos surpreender. Mas é no seu figurino que se encontra o seu maior triunfo, cujo o trabalho da estilista Jenny Beavan, vencedora do Oscar pelo figurino de "Mad Max - Estrada da Fúria" (2015) sintetizam tempos ousados do mundo da moda e se casando muito bem com as cores da época.

O filme, logicamente, não se esquece dos fãs do clássico do estúdio e cujo os créditos finais nos brindam com uma bela homenagem nostálgica e muito bem-vinda. Aliás, o filme termina exatamente quando o clássico começa, ou seja, respeitando a sua fonte original, mas sem copia-la. Com uma trilha sonora surpreendente e com as melhores músicas dos anos 60 e 70,  "Cruella" é o melhor filme live-action dos clássicos da Disney e provando que ousar nunca é demais para nos surpreender.


Nota: O filme está também disponível pelo Disney + 


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quinta-feira, 3 de junho de 2021

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (03/06/21)

 Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

Sinopse: O casal Ed e Lorraine Warren investigam um assassino que alega ter sido possuído por um demônio.


Acqua Movie

Sinopse: Duda é uma documentarista e ambientalista que trabalha com a questão indígena e é mãe de Cícero, de 12 anos. Após a morte do pai, ele convence Duda a viajar de São Paulo ao sertão para jogar as cinzas no rio São Francisco.

Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos

Sinopse: Antes do País das Maravilhas e da viagem à Terra do Nunca, os irmãos Peter (Jordan A. Nash) e Alice (Keira Chansa) deixaram a imaginação correr solta durante um verão repleto de brincadeiras com espadas, chás da tarde e navios piratas. Quando uma tragédia toma conta da família e muda completamente a vida de seus pais, Jack (David Oyelowo) e Rose (Angelina Jolie), Peter e Alice embarcam numa aventura fantástica e entendem que crescer pode não ser o maior dos seus problemas.


Verão de 85

Sinopse: No seu aniversário de 16 anos, Alexis é heroicamente salvo da morte por David, de 18 anos, depois do seu barco afundar na costa da Normandia. As férias de verão estão apenas começando e Alexis acaba de conhecer o amigo dos seus sonhos.


Confira também: Estreias na Cinemateca Paulo Amorim. 


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Cine Dica: Programação de 03 a 09 de Junho de 2021 na Cinemateca Paulo Amorim

 PROGRAMAÇÃO DE 3 A 9 DE JUNHO DE 2021

SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

Raia 4


SALA 1 / PAULO AMORIM

15h30 - LEGADO ITALIANO

(Brasil, 2020, 90min). Documentário de Márcia Monteiro. Lança Filmes, 10 anos.

Sinopse: Com locações na Serra Gaúcha e no norte da Itália, o documentário revisita os 145 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul e os vários legados que hoje fazem parte da cultura gaúcha. Entre depoimentos e imagens, os descendentes de imigrantes abordam temas como a religiosidade, a música, a gastronomia, a arquitetura, a indústria, o dialeto talian e, claro, a produção do vinho.


17h30 - BABENCO – ALGUÉM TEM QUE OUVIR O CORAÇÃO E DIZER: PAROU

(Brasil, 75min, 2020). Documentário de Bárbara Paz. Imovision, 12 anos.

Sinopse: A atriz Bárbara Paz encontrou forças na dor da despedida precoce para realizar um filme póstumo e fazer uma homenagem emocionante ao marido Hector Babenco (1946 - 2016). Em meio a lembranças, histórias e cenas dos muitos títulos que ele dirigiu, o público conhece um pouco mais da trajetória do diretor, que lutou contra um câncer durante três décadas e fez do cinema um motivo para continuar vivendo. Melhor documentário no Festival de Veneza de 2019, o longa também foi indicado para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme internacional.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 - ALVORADA

(Brasil, 2020, 90min). Documentário de Anna Muylaert e Lô Politi. Vitrine Filmes, Livre.

Sinopse: O filme acompanha o período que antecedeu o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mostrando reuniões, longos telefonemas e as atuações de políticos e equipe de trabalho nos bastidores. Rodado entre julho e setembro de 2016, o longa também destaca a intimidade da presidente em meio a suntuosidade do Palácio da Alvorada - entre grandes salões e longos corredores, ela fala de política, história, literatura e de si própria.


16h30 - RAIA 4

(Brasil, 2020, 96min). Direção de Emiliano Cunha, com Brídia Moni, Kethelen Guadagnini e José Henrique Ligabue. Boulevard Filmes, Drama. 14 anos.

Sinopse: Duas adolescentes de temperamentos distintos convivem no mesmo clube, onde treinam e se preparam para competições de natação. Além dos conflitos típicos da idade, as diferenças de personalidade entre as duas se intensificam por conta das disputas na piscina e também na vida pessoal. Rodado em Porto Alegre, as protagonistas do filme são estreantes e foram selecionadas entre mais de 100 jovens nadadoras. “Raia 4” se destacou no Festival de Gramado de 2019, quando conquistou os prêmios do Júri da Crítica, Fotografia (assinada por Edu Rabin) e Melhor Longa Gaúcho.


18h30 – PORTUÑOL *ESTREIA*

(Brasil, 2020, 70 min). Documentário de Thais Fernandes. Lança Filmes, 14 anos.

Sinopse: A equipe do filme viajou pelas fronteiras do Brasil com Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia para investigar a cultura que nasce da convivência entre estes vizinhos hispanohablantes. Trata-se de um filme de estrada que, no percurso, vai desfazendo limites físicos e desvendando a latinidade de personagens tão diversos quanto crianças, professores, estudantes ou músicos. O que une todos eles é o portuñol, essa língua que também é uma síntese da América Latina. O documentário venceu a Mostra Gaúcha de Longas do Festival de Gramado em 2020.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS).

SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS).

CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.

Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013.

Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos.

Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 2 de junho de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Mães de Verdade’

Sinopse: O casal Kiyokazu Kurihara e Satoko decide adotar um bebê. Seis anos depois, felizes no casamento, eles recebem uma ligação de uma mulher chamada Hikari Katakura alegando ser a mãe biológica de Asato, o filho adotado do casal. 

No filme americano "Juno" (2007) vemos de forma lucida e bem humorada a jovem protagonista doar para adoção o seu bebê, pois ela ainda é muito nova para criar. Porém, no mundo real, e na prática, as coisas não funcionam de forma mecânica, pois os sentimentos humanos sempre estarão lá para nos lembrarmos do que realmente somos feitos. "Mães de Verdade" (2021) retrata de forma delicada diversas mães, das quais tiveram sorte, mas outras tiveram o azar de encarar a dura realidade.

Dirigido por  Naomi Kawase,  o filme conta a história de Kiyokazu Kurihara (Arata Iura) e Satoko (Hiromi Nagasaku), um casal que, no desejo de ter um filho, adotam um bebê. Seis anos depois, enquanto vivem um feliz casamento, eles recebem uma ligação de uma mulher chamada Hikari Katakura (Aju Makita), alegando ser a mãe biológica de Asato (Reo Sato), o filho adotado do casal. Hikari diz querer seu filho de volta, chantageando a família com a pedida de uma alta quantia de dinheiro.

De forma lírica, porém, não menos realista, Naomi Kawase procura construir essa história de forma verossímil, mas jamais se esquecendo de estar lidando com o cinema. Por conta disso, a diretora usa diversos artifícios, desde ao criar uma bela fotografia de cores claras, das quais sintetiza o equilíbrio que o casal principal vai passando, como também para momentos obscuros em que a mãe biológica vai enfrentando. Tudo isso moldado por um curioso flashback, do qual surge sem nenhum aviso, mas que não nos confundem em nenhum momento.

Embora o filme seja um retrato da cultura japonesa atual, por outro lado, o tema sobre adoção é universal e devendo ser visto e debatido por todos. Se por um lado alguns países tratam o assunto com certo conservadorismo, é curioso observar que isso não acontece em outros como no caso do Japão, que trata o assunto de forma lucida e não se esquecendo do peso que ela traz para as pessoas envolvidas. O conservadorismo está ali, principalmente ao ser retratado através dos pais da mãe biológica, mas isso não é algo para ser jogado para debaixo do tapete, mas sim sendo encarado de frente.

Embora o casal o casal central seja os verdadeiros protagonistas do primeiro ato, Hikari Katakura surpreende em uma atuação comovente como a mãe biológica, da qual ela retrata diversas meninas sonhadoras de todo mundo, mas tendo o conto de fadas desfeito quando encara o mundo real como um todo. É neste último caso, por exemplo, que a diretora Naomi Kawase muda o tom do filme de uma forma quase documental, ao focar a jovem protagonista em meio a outras meninas com a mesma situação em um refúgio para dar à luz e assim conhecemos cada uma de suas histórias. Ou seja, não é um caso isolado, mas um de muitos ao redor do globo.

No ato final verdades precisam ser ditas, para que elas sejam administradas de forma coerente, seja pelos vai adotivos ou biológicos. Não importa qual o sangue fale mais alto, mas sim os sentimentos que precisam serem ouvidos. "Nossas Mães" fala sobre o amor universal vindo de mães que anseiam pelo melhor para os seus filhos em meio adversidades que vão surgindo no mundo. 


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terça-feira, 1 de junho de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Cine Marrocos'

Sinopse: Conheça a história de sem-tetos, refugiados africanos e imigrantes latino-americanos que ocuparam o prédio de um antigo cinema do centro de São Paulo e o processo artístico que os transformou em estrelas de cinema.  

Os antigos cinemas de rua brasileiros estão definhando, sendo desativados e reformulados para se tornarem shopping center, ou na pior das hipóteses, palanque para pregação de religiosos cuja a ambição é dominar os meios políticos. O prédio do Cine Imperial de Porto Alegre, por exemplo, há anos está desativado, não sendo refeito e cujo os responsáveis nos passam a desculpa até hoje que há uma enorme pedra embaixo que provocaria a queda do prédio caso fosse removida. Tudo se torna uma representação do descaso do estado perante aos seus patrimônios e dois quais ficam abandonados e esquecidos conforme o tempo vai passando.

Curiosamente, esses prédios se tornam abrigos de moradores sem teto, refugiados de outros países e buscando, enfim, uma forma de recomeçar do zero. Porém, quando acontece isso, não demora muito para que o estado expulse essas pessoas e coloque novamente o prédio em abandono e dando meras justificativas que não convencem nem o mais leigo sobre o assunto. "Cine Marrocos" (2021) é um retrato da resistência desse povo que, curiosamente, abraça por alguns momentos a magia do cinema que em um passado longínquo deixava aquele cenário muito mais dourado.

Dirigido por Ricardo Calil, do filme "Uma Noite em 67" (2010), acompanhamos no documentário a história de sem-tetos, refugiados africanos e imigrantes latino-americanos que ocuparam o prédio de um antigo cinema do centro de São Paulo e o processo artístico que os transformou em estrelas de cinema. Passado e presente transitam naquele cenário e recriando uma verdadeira janela do tempo.

Ícone do meio cinematográfico dos anos 1950, o Cine Marrocos teve um fim triste, sendo desativado e abandonado. Nos tempos ativos, o local serviu de cenário para festivais inesquecíveis e dos quais os cinéfilos veteranos jamais se esquecem. É por esse pensamento que o cineasta Ricardo Calil decide convidar esses moradores a conhecerem os filmes que eram exibidos na época, para que então os mesmos façam encenações dos trechos clássicos como "A Grande Ilusão" (1949), "Crepúsculo dos Deuses" (1950) e "Júlio César" (1953).

A intenção do cineasta não é tornar aquelas pessoas em profissionais da área, mas sim para que eles se misturem com a aura da sétima arte impregnada naquele lugar abandonado, mas contendo grandes histórias que obteve ao longo do tempo. Em meio aos preparos para a criação das cenas ficamos conhecendo um pouco sobre alguns moradores, sendo que cada um deles possuem histórias surpreendentes e os motivos que alguns levaram abandonar os seus país de origem. É pela arte de atuação, portanto, que eles encontram um meio para colocar para fora as suas dores, frustações e tornando as suas atuações quase impecáveis.

Para o deleite do cinéfilo, Ricardo Calil faz um paralelo entre a cenas clássicas e as recriadas pelos moradores. O resultado é surpreendente, principalmente pelo fato da fotografia ser similar a dos clássicos, além do figurino que não faz feio em nenhum momento. Vale destacar, novamente, o bom empenho de cada uma daquelas pessoas que decidiram abraçar essa forma de fazer arte mesmo com o pouco que obtiveram.

Curiosamente, o documentário transita pelos fatos que ocorriam lá dentro com o que era noticiado pelos jornais tradicionais da época. Os moradores eram liderados por um líder do MSTS lá dentro, que era responsável, segundo reportagens da Rede Globo, de esquemas de tráfico de drogas e armas dentro do local. A pergunta que fica no ar é se Ricardo Calil sabia disso tudo ou preferiu ignorar para continuar com o seu projeto lá dentro?

Polêmicas à parte, o documentário fala sobre tempos dourados que não voltam mais, onde vemos pessoas em situação miserável buscando abrigo através de um local que um dia era o glamour do cinema. Ao mesmo tempo, a obra sintetiza que os sonhos não podem morrerem perante a um sistema cheio de regras e dos quais somente existem para aniquilar o que um dia valia a pena. Ao presenciarmos no prólogo e epílogo e cena final clássica de "Crepúsculo dos Deuses" constatamos que não foi colocada ali de forma gratuita, mas sim para nos dizer que precisamos abraçar o que é nosso por direito, mesmo que isso custe a nossa própria identidade perante a esses tempos loucos.

"Cine Marrocos" é sobre um ato de resistência cultural, do qual pessoas comuns tem muito mais a oferecer para nós do que políticos que se acham no direito de tirar o nosso livre arbítrio de ir e vir. 


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