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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 8 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: "Dias Sem Fim"

Sinopse: Jahkor (Ashton Sanders) é um jovem de fala mansa que luta para manter o seu sonho de viver como um rapper vivo em meio a uma guerra de gangues em Oakland. 

Seja Rapper ou funk, são músicas que, por vezes, sofrem a discriminação devido ao seu palavreado chulo e do qual algumas pessoas se sentem ofendidas só de ouvi-las. Porém, são músicas criadas por cantores que convivem com a violência, miséria e que, em alguns casos, o instinto pela sobrevivência é o único elo que os fazem se manter vivos no dia a dia.  "Dias Sem Fim" nos coloca frente a frente em uma realidade crua, da qual na maioria das vezes ignoramos, mas que é algo universal e que é preciso ser discutido.
Dirigido pelo roteirista Joe Robert Cole, co-roteirista de "Pantera Negra" (2018), o filme conta a história de um jovem (Ashton Sanders), que  passa seus primeiros dias na cadeia refletindo sobre os motivos, pistas e sinais que o levariam a ser um criminoso, desde sua vida adulta até os primórdios de sua juventude. Na prisão, ele dá de encontro com o seu pai, interpretado pelo ator Jeffrey Wright da série "Westworld".
O filme já começa de uma forma imprevisível, principalmente ao vermos o jovem protagonista cometendo um crime hediondo e fazendo a gente se perguntar porque ele fez isso. No decorrer do filme, Joe Robert Cole opta em não nos dar respostas fáceis sobre isso, mas sim fazendo com que a gente tire as nossas próprias conclusões através dos vários flashbacks que nos são apresentados. O resultado é uma colcha de retalhos, das quais algumas fazem sentido, e outras nos fazem questionar se são realmente verossímil de acordo com o que o protagonista vai se lembrando.
É bem da verdade que os cinéfilos de hoje estão mais do que acostumados com soluções fáceis em determinados longas metragens, mas não é o que acontece aqui nesse filme. Aqui vemos um jovem perdido na vida, procurando uma razão pela sua existência, seja através do desejo em criar música, ou na possibilidade de construir uma família. O resultado é uma descida ao inferno em meio a uma realidade que não dá a ele muita perspectiva, mas que muitas das razões que o faz se tornar um verdadeiro desajustado também não são muito bem explicadas.
Porém, é preciso reconhecer que o filme ganha muito do seu fôlego graças a atuação em cena de Jeffrey Wright como o pai do protagonista. Aqui vemos dois lados da mesma moeda, da qual uma é influenciadora da outra e fazendo com que pai e filho fiquem se refletindo um no outro e fazendo ambos se perguntarem onde é que haviam errado. Reconhecido mundialmente pela série  "Westworld",  Jeffrey Wright  tem aqui uma das suas melhores interpretações de sua carreira e que merecia até mesmo ser reconhecidos em futuros prêmios que vierem.  
"Dias Sem Fim", é apenas um fragmento de diversas histórias de jovens perdidos em suas próprias realidades, mas que cabe a gente começarmos a prestar mais atenção neles. 

Onde assistir: Netflix. 

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domingo, 7 de junho de 2020

NOTA: #somos70porcento e Charles Chaplin já falava por nós todos




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sexta-feira, 5 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: ‘Green Book: o Guia’

Sinopse: Dr. Don Shirley é um pianista afro-americano de renome mundial, prestes a embarcar em uma turnê pelo sul dos Estados Unidos, em 1962. Como precisa de um motorista e guarda-costas, Shirley recruta Tony Lip, um ítalo-americano do Bronx. 

Há tempos em que o veneno do ultraconservadorismo explode em países como o Brasil e EUA. O cinema, ao menos, nos dá lições de moral que nos emociona e nos dá esperança em meio aos tempos de incerteza. Curiosamente, em alguns casos, são histórias que vem de tempos longínquos, onde ser diferente perante uma sociedade intolerante naquele período exigia maior esforço para sobreviver no seu dia a dia. “Green Book: O Guia” é uma jornada para se conhecer perante os obstáculos de tempos mais conservadores e se dar conta que nada ainda está perdido, mesmo quando o mundo lhe diz ao contrário.
Dirigido por Peter Farrelly de “Debi & Loide” (1994) o filme se passa no ano de 1963, onde conhecemos Tony Lip (Viggo Mortensen), um tradicional brucutu ítalo-americano que leva a vida com alguns trabalhos duvidosos como trabalhar numa casa noturna barra pesada, por exemplo. Num período sem emprego, ele fica sabendo de uma vaga de motorista para um tradicional músico. É quando conhece Don Shirley (Mahershala Ali) de “Moonlight” (2016 ), um conceituado pianista, que precisa de um motorista, mas também de um assistente e segurança, uma vez que tem uma turnê marcada pelo sul dos Estados Unidos.
Logicamente o crítico da velha guarda irá comparar esse filme ao clássico “Conduzindo Miss Daisy” (1989), já que ambos os filmes possuem premissas semelhantes. Porém, a situação aqui se inverte, mas mantendo o potencial de gerar discussões sobre a questão racial que, aliás, não está somente relacionada ao povo negro, como também ao imigrante que tenta construir uma vida em território norte americano. Tony Lip, por exemplo, é um desses inúmeros descendentes de imigrantes italianos a procura de oportunidades nos EUA, mas se dando conta que é preciso se virar com o que tem para sobreviver em uma sociedade hipócrita e conservadora.
Como todo bom road movie (ou filme de estrada para os íntimos), a relação dele com Shirley vai se intensificando na medida que Tony tenta interagir através de conversas descompromissadas durante a viagem, o que se envereda para uma experiência reveladora para ambas as partes. A dupla conhece o que é sofrer preconceito na pele, mesmo quando o próprio Tony se revela um racista no princípio da história, mas descobrindo um outro lado seu que ele até então desconhecia. Shiley, por sua vez, sofre com o preconceito vindo de uma sociedade que ainda não consegue aceitar os ventos da mudança que já aconteciam naquele tempo. Porém, o próprio Shirley começa a se dar conta que ele se afastou de suas próprias raízes para ser aceito pelos brancos e em momentos em que a imagem fala por si: a cena em que ele observa trabalhadores negros do campo olhando para ele simboliza muito bem isso.
Acostumado a fazer comédias escrachadas e polêmicas ao lado do seu irmão, Peter Farrelly surpreende ao fazer uma comédia dramática cheia de sensibilidade, na qual retrata duas pessoas de realidades distintas, mas tendo algo em comum mais do que se imagina. Já tendo provado há um bom tempo que é um ator versátil, Vigo Mortensen surpreende novamente aqui, ao representar fielmente um italiano e se distanciando por completo do seu último grande desempenho que foi em “Capitão Fantástico” (2016). Já Mahershala Ali dispensa apresentações, já que suas grandes atuações, mesmo em poucos títulos até aqui, fez ele se tornar um dos grandes talentos do cinema norte americano nestes últimos tempos e o seu trabalho ao lado de Mortensen se torna o verdadeiro coração do filme.
“Green Book: O Guia” é um belíssimo road movie, onde mostra que as diferenças entre as pessoas se esvaem, uma vez que elas se prezam a se conhecer umas as outras extinguindo, por assim, a intolerância.

Onde Assistir: Google Play Filmes e Youtube. O filme também será exibido dia 13/06 na HBO as 22h e dia 15/06  na HBO 2 as 22h.  

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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Você Nem Imagina'

Sinopse: Uma garota de ascendência asiática que vive nos tempos atuais, mas ainda escreve cartas de amor à mão, e que espera que o alvo de sua paixão jamais descubra seus verdadeiros sentimentos

Os relacionamentos atuais de hoje, por vezes, são complexos, ao ponto de não bastar apenas se apaixonar, mas sim também saber porque. Ao mesmo tempo há a questão das redes sociais atuais da internet, das quais ajudam as pessoas conhecerem umas as outras, mas também as distanciando e fazendo com que as próprias se sintam mais à vontade em se expressarem somente pelo teclado. “Você Nem Imagina” nos convida a conhecer um triângulo amoroso inusitado, mas muito haver com o que nós do mundo real vivemos.
Dirigido por Alice Wu, o filme conta a história de Ellie Chu (Leah Lewis), uma típica aluna deslocada que possui o hábito de fazer a lição de casa de seus colegas por dinheiro para contribuir com as contas em casa. Secretamente, ela possui uma paixão pela bela Aster Flores (Alexxis Lemire). Quando Paul (Daniel Diemer), um jogador de futebol, se aproxima de Ellie para pedir ajuda para escrever uma carta de amor para sua amada, ela entra em conflito.
Mais do que uma comédia romântica adolescente, o filme surpreende pela visão autoral de Alice Wu na direção, cuja a sua forma de dirigir nos chama atenção, principalmente nos enquadramentos em que se destaca toda a expressão dos seus respectivos atores principais e fazendo com que cada cena se case com a proposta principal da trama. Outro destaque está na forma inserção das redes sociais dentro da história, onde elas aparecem em forma de nuvens, como uma espécie de representação dos pensamentos personagens, quando na realidade é a única forma deles conseguirem se expressarem naquela realidade. Um retrato sublime sobre a nossa realidade do lado de cá da tela e de como ela está sendo reduzida dessa forma, infelizmente.
Porém, na medida que a trama avança, comecemos a ver o amadurecimento do trio central e de como eles descobrem que tem muito mais aprender sobre o que é ser um humano do que imaginam. Ellie, por exemplo, não esconde o seu lado pretencioso em acreditar que sabe de tudo, quando na realidade mal sabe administrar os seus próprios sentimentos. Enquanto isso Paul mal sabe se expressar sobre o que sentir com relação Aster, mas tendo um coração de ouro que o próprio desconhece.
O filme ganha a nossa simpatia justamente por isso, ao fazer com que o trio central saia do seu porto seguro e deem de cara com a realidade que tinham por perto. Ao mesmo tempo o filme toca em assuntos como a questão LGBT e o preconceito, mas tudo de uma forma tão simples e delicada que ficamos nos perguntando se não poderia ser assim em nossa própria realidade um dia. Em tempos de intolerância que a gente convive em nossa realidade, nada melhor do que ter um filme como esse para nos dar um bom exemplo que a gente tanto precisa.
Vale destacar atuação do elenco principal e fazendo a gente imaginar o quanto eles podem ir longe daqui pra frente. Tanto Leah Lewis como Daniel Lemier estão ótimos em seus respectivos papéis, ao ponto de desejarmos que a inusitada forma de como começou amizade deles não acabe, mesmo quando a verdade possa acabar com ela mais cedo ou mais tarde. Porém, Collin Chou, que faz o pai da personagem Leah Lewis, rouba a cena nos poucos momentos que surge em cena e seu discurso com relação a sua filha em um determinado momento da trama é inesquecível e do qual não nos esquecemos tão cedo.
"Você Nem Imagina” é uma comédia romântica deliciosa, reflexiva, cujo o seu final nós não queremos que chegue tão rapidamente e fazendo a gente se perguntar qual será o próximo passo daqueles inesquecíveis personagens.

Onde Assistir: Netflix. 

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terça-feira, 2 de junho de 2020

Cine Especial: ‘Infiltrado na Klan’ – O Mal Entre Nós


Embora o cinema tenha se tornado uma arte para apreciarmos diversas histórias isso não significa que ela não tenha tido também os seus diversos problemas. Na era atual dos “fake news”, por exemplo, é comum as pessoas serem facilmente manipuladas por ideias até mesmo distorcidas, mas que antigamente esse papel era através de outros meios de comunicação e o cinema, infelizmente, foi usado de forma bastante errônea. Adolf Hitler foi um que deitou e rolou dentro das salas de cinema, onde através de palavras fortes e diversos gestos com as mãos, acabou que seduzindo as plateias alemãs da época.
O cinema americano também teve uma grande parcela de culpa, ao retratar diversos períodos históricos, mas que em alguns casos, principalmente em seus primeiros anos do século 20, tratou de um jeito inverossímil e irresponsável. Pegamos, por exemplo, a quantidade de filmes de faroestes em que os índios sempre eram retratados como verdadeiros selvagens e dos quais mereciam serem mortos na tela grande. Num gesto de protesto, além de corajoso, Marlon Brando recusou o Oscar de melhor ator pela sua atuação em “O Poderoso Chefão” (1972), por se sentir muito desapontado com a forma em que a máquina de entretenimento hollywoodiano tratou o povo indígena ao longo das décadas nas telas do cinema. 
Curiosamente, até mesmo os grandes clássicos do cinema foram culpados por despertar um lado adormecido do povo norte americano e do qual jamais poderia ter sido reanimado. Com “Infiltrado na Klan”, ‘Infiltrado na Klan’ – O Mal Entre Nós reacende essa polêmica fogueira de uma forma corajosa e desconcertante. Ao abrir o seu filme, testemunhamos uma cena clássica de “E O Vento Levou”(1939), onde vemos a personagem Scarlett O’Hara (Vivien Lee) caminhar em meio aos diversos soldados mortos do Sul devido a Guerra Civil Norte Americana e encerrando a cena com a bandeira dos Confederados tremulando ao vento.
A cena é feita para despertar dentro de nós uma simpatia por aqueles soldados, mas fazendo a gente se esquecer, num primeiro momento, de que eles defendiam a escravidão e que não desejavam o povo negro ser libertado. Com a cena, Spike Lee nos diz que somos facilmente persuadidos pelo conteúdo visual e fazendo a gente se esquecer sobre o que está por detrás de tal ideia idealizada. Discursos de ódio contra as minorias, por exemplo, eram aceitos quando se colocava o nome Deus no jogo e fazendo com que discursos absurdos, assim, prosseguissem ao longo dos anos.
Há, por exemplo, uma conversa em “Infiltrado na Klan” sobre os planos de um determinado político de transferir o seu discurso de ódio para o campo político e, assim, preparar o terreno para a eleição de um presidente alinhado com ideias racistas. Espantado, um outro personagem rebate: “Os americanos jamais votariam em alguém assim.” A ideia absurda, por fim, se tornou realidade, ao vermos exemplos de políticos polêmicos como Donald Trump e Jair Bolsonaro obtendo o poder através do voto do povo.
O poder das palavras alinhado com as imagens, portanto, se tornam uma arma nas mãos daqueles que possuem uma obsessão insana de oprimir aqueles que eles acham minoria e que devem ser excluídos da face da terra. Spike Lee retornou aos cinemas em um momento delicado, onde diversos países, como EUA e o Brasil, retornam com discursos vindos de políticos que se acham no direito de oprimir pessoas que eles consideram um incomodo. Portanto, por mais absurda que seja o fato do policial negro Ron (John David Washington) de “Na Batida do Amor” (2017), se infiltrar na organização Ku Klux Klan em 1978, a trama vem numa hora mais do que adequada.
Para conseguir o tal feito, Ron usou o seu parceiro Flip (Adam Driver) de Star Wars: O Despertar da Força (2015) como dublê e para assim conseguir passe livre para entrar na organização. Por mais caricatos que possam parecer os personagens dentro do Klan vistos na tela, eles também não deixam de ser verossímeis. Se há uma dúvida com relação a isso, basta testemunharmos o personagem político da trama chamado David Duke (Topher Grace) de “Interestelar” (2014), que realmente existe e ainda hoje faz discursos absurdos e fazendo com que figuras como Trump e Bolsonaro se tornem moleques mimados.
O ápice da obra de Spike Lee é sem sombra de dúvida quando o mesmo coloca em duas linhas narrativas, mas conectadas uma com a outra, as cenas do clássico “O Nascimento de uma Nação”(1915) de D. W. Griffith. Na época, o filme foi considerado a primeira superprodução norte americana, ao ponto de ter sido exibido até mesmo na Casa Branca. Logicamente, os representantes dos direitos humanos da época tacharam a obra de racista e muito perigosa, pois ela romanceia os Ku Klux Klan e os tornando os verdadeiros heróis dentro da trama.
O próprio D. W. Griffith na época pediu desculpas, ao ponto de realizar no ano seguinte “Intolerância” (1916), mas o estrago já estava feito, pois houve casos de homens negros sendo assassinados naquele período por homens brancos encapuzados. Se os realizadores do cinema atual não cometem os mesmos erros do passado, porém, as redes sociais de hoje se tornaram o novo palanque para os discursos de ódio. Os minutos finais de “Infiltrado na Klan” são poderosos, pois a trama principal desliza em linha reta para o seu imprevisível final e nos jogando para uma realidade recente, crua e desoladora.
“Infiltrado na Klan” é um tapa na cara para aqueles que se dizem “cidadãos do bem”, quando no fundo não passam de opressores e com o desejo de levar suas ideias errôneas adiante.

Onde assistir: DVD, Google Play Filmes e Youtube. 

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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Emma'

Sinopse: Bonita, inteligente e rica, Emma Woodhouse é uma abelha rainha inquieta em sua pequena cidade natal. Em busca de emoções, ela se aventura por decisões equivocadas e erros românticos até encontrar o amor que sempre acreditou estar ausente em sua vida.


Sempre fui um bom apreciador por filmes de época, mais precisamente com ambientações vistas no século XIX, mas cujos os costumes não se diferem muito do que ocorre atualmente. Romances emocionais (Orgulho e Preconceito), tramas familiares (Adoráveis Mulheres) e projetos imprevisíveis (A Favorita), são longas que se destacaram principalmente pela sua fonte literária, mas que das quais nos lembram muito das obras da escritora Jane usten, da qual se destacou ao criar personagens femininas que, por vezes, demonstram ser mulheres até mesmo a frente de sua época.  Se filmes como, por exemplo, "Orgulho e Preconceito" (2005), ou "Razão e Sensibilidade" (1995) existem, a adaptação cinematográfica de "Emma" não poderia ser diferente.      
Moldurado pelo escritor Eleanor Catton, a trama não apresenta nada de extraordinário, mas sim em uma história simples sobre Emma, interpretada aqui pela atriz Anya Taylor-Joy do já clássico horror A Bruxa (2015), que age sempre de anjo cupido com a intenção de reunir casais, mas que quase sempre evita determinados futuros pretendentes. Em certa ocasião, a protagonista resolve ajudar Harriet (Mia Goth) a encontrar seu par, criando assim uma forte amizade entre as duas. Em meio a isso testemunhamos bailes, declarações de amor, jantares elegantes, passeios por bosques e cujo os diálogos são sempre os pontos altos do filme.  
Aliás, as conversas entre os personagens é coração pulsante do filme, onde é quase sempre carregado por um tom sarcástico e muito divertido. Vale destacar o enquadramento dessas cenas, onde sempre se destaca as expressões dos respectivos personagens e fazendo com que testemunhamos as suas reações perante diálogos que, por vezes, os deixam desconcertados. São momentos que nunca escondem o lado refinado da língua inglesa e fazendo, portanto, jus a sua fonte literária.  
Logicamente que os intérpretes se sentem mais do que a vontade neste tipo de filme. Anya Taylor-Joy, novamente, prova porque é uma das melhores jovens atrizes do cinema recente, ao encarnar uma figura, por vezes, complexa, mas que da qual ela consegue obter a nossa simpatia. Vale destacar o ótimo desempenho de Mia Goth, cuja a sua personagem tenta compreender a realidade em sua volta, mas não conseguindo esconder a sua própria inocência perante ela.  Ambas as atrizes em cena dão um verdadeiro show e fazendo com que cada uma crie para sua personagem um jogo subliminar onde se encontra facilmente em seus olhares pessoais.       
Tecnicamente, o filme é um verdadeiro colírio para os olhos, mesmo quando em alguns momentos aparente ser bastante econômico. A cinematografia de Christopher Blauvelt (First Cow) utiliza adereços do ambiente como janelas e velas acesas para emular uma iluminação natural, além de uma bela pincelada de tons azulados em alguns momentos a noite. Já a trilha sonora é precisa ao inserir a música clássica a base dos tradicionais violino e piano. 
Sabendo utilizar o humor na medida certa para agradar tanto gregos como troianos, "Emma" se destaca pelo seu visual e pelo seu conteúdo que não envelhece perante ao nosso olhar contemporâneo. Com personagens carismáticos e humanos, o filme nos prende pelo seu humor refinado e cujo os temas se encaixam mesmo quando eles eram colocados em pauta a mais de cem anos. Um dos filmes mais divertidos do ano e isso não é pouco.   
  
Onde assistir: Sky Play

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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Vidas em Jogo' (1998)


No filme anterior, percebe-se que os personagens centrais se encontram presos a uma realidade constante da violência, cuja a cidade sem nome parece, por vezes, um calabouço e que não dá nenhuma boa perspectiva com relação ao futuro. Em "Seven",  David Fincher começa a fazer uma crítica ao sistema pelas entrelinhas, onde a sociedade da década de 90 começa a ser tragada pelo capitalismo cada vez mais desenfreando, fazendo de uma sociedade cada vez mais perder os seus reais valores e culminando no surgimento de um assassino em série para que mudasse o curso daquela realidade nada reconfortante. É então que chegamos a "Vidas em Jogo" (1997), onde nos é apresentado um protagonista que tem tudo, mas que perdeu o seu lado humano.
Com roteiro de John D. Brancato e de Michael Ferris, o filme é estrelado por Michael Douglas, que interpreta o Nicholas Van Orton, uma versão light de seu aclamado personagem do clássico Wall Street – Poder e Cobiça. Ele é um investidor milionário que trata tudo e todos com a mais completa indiferença. É seu aniversário quando o filme começa e as poucas pessoas que hesitantemente desejam “parabéns” recebem ou o silêncio absoluto em troca ou respostas por intermédio de sua secretária. Fincher estabelece essa personalidade também visualmente, trabalhando cores frias, posicionando a câmera sempre abaixo do personagem para mostrá-lo em sua imponência e deixando muito evidente, com um excelente set design, sua mais absoluta solidão, onde quer que esteja.
A trama esquenta quando a única pessoa que o vê como um ser humano, seu problemático irmão Conrad (Sean Penn), dá para ele um “vale-presente” de uma misteriosa empresa chamada CRS, sigla de Consumer Recreation Services (Serviços de Recreação para Consumidores), que, apesar do nome, não tem nenhuma relação com empresas de festas ou serviços de escort. Segundo Conrad, trata-se de serviços que podem mudar a vida de Nicholas, bastando, para isso, que ele ligue para lá. Não demora nada e a curiosidade do protagonista o leva até a CRS. O que acontece em seguida é o tal “jogo” do título em que Nicholas é arremessado em um elaborado e sofisticadíssimo esquema de role playing game.
É aí que a rotina do personagem se quebra e fazendo com que ele precise se virar de uma maneira da qual ele nunca havia feito antes. Fica claro que David Fincher vem nos dizer que esse personagem precisa de uma sacudida, de que ele estava alienado por muito tempo e preso a lembranças ruins do seu pai vindas do passado. Na medida que o personagem cai cada vez mais dentro do jogo, ficamos nos perguntando o que é realmente CRS e quais são as suas reais intenções. Seria somente uma organização querendo o dinheiro do protagonista?  Ou seria uma forma de tirar as pessoas de suas vidas rotineiras?
Não faltam simbolismo no decorrer do filme, desde uma São Francisco um pouco diferente do que é visto nos cartões postais do mundo real, como também pequenas peças significativas que moldam o quebra cabeça como um todo. Entre chaves e espelhos, há uma camada de referências ao clássico “Alice no País das Maravilhas” (1865) e “Alice através do Espelho” (1871) de Lewis Carroll. Há, por exemplo, uma cena digna de nota, onde vemos Nicholas presenciar sua casa ser invadida por inúmeras pichações peculiares na parede e com a música "White Rabbit", cantada pela banda “Jefferson Airplane” e que faz referência ao clássico de Lewis Carroll.
Todos esses simbolismos representan o despertar do protagonista perante o mundo do qual ele estava ignorando e na medida em que ele vai caindo na toca do coelho. Mas para acontecer isso, é preciso também ser feito, literalmente falando. Claro que não faltou detratores acusando o diretor e os roteiristas de criarem um final, por vezes, absurdo, mas que, ao meu ver, jamais escapou de sua real proposta principal.
Ao perder tudo, aparentemente, e cair em desgraça, Nicholas Van Orton volta a se sentir como um ser humano e desvencilhar do peso vindo do passado. "Vidas em Jogo" Um ótimo filme em sua proposta, mas que, ao meu ver, serviria de ensaio para o seu grande próximo filme.

Onde assistir: Google Play Filmes e Youtuber. 

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