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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 5 de março de 2020

Cine Dica: Mostra 1980

Mostra “1980” apresenta na Cinemateca Capitólio 22 longas que celebram 40 anos em 2020.
Touro Indomável 

A partir de 10 de março, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra 1980. Repleta de clássicos, exibições especiais e sessões comentadas, a programação apresenta 22 longas-metragens que completam 40 anos de lançamento em 2020. O valor do ingresso é R$ 10,00, com meia entrada para estudantes e idosos. As sessões com entrada gratuita estão sinalizadas na grade de programação.
A mostra apresenta conjunto de 12 filmes lançados nos Estados Unidos em um momento de turbulência da Nova Hollywood. A geração jovem que tomou de assalto a cinematografia do país durante os anos 1970 conhecia naquele ano alguns fracassos monumentais de produções ambiciosas. Com o tempo, as obras malditas foram reavaliadas e tornaram-se clássicos do cinema. Fazem parte da programação filmes de Martin Scorsese, Brian De Palma, Robert Altman, Dennis Hopper, Michael Cimino, Paul Schrader, Samuel Fuller, Woody Allen, Clint Eastwood e John Carpenter. Os dois filmes de maior bilheteria dos Estados Unidos em 1980 – Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu!, do trio Jim Abrahams, David Zucker, Jerry Zucker, e O Império Contra-Ataca, de Irvin Kershner – também destacam-se na programação hollywoodiana da mostra.
A sessão de abertura, no dia 10 de março, às 20h, apresenta a produção soviética Conhecendo o Grande e Vasto Mundo, realizada pela cultuada Kira Muratova, em sessão comentada por Marcela Bordin e Juliana Costa, integrantes do Cineclube Academia das Musas. O cineclube que estuda filmes realizados por mulheres em Porto Alegre apresenta outra sessão especial comentada dentro da mostra: Simone Barbès ou a Virtude, da francesa Marie-Claude Treilhou.
Dois clássicos brasileiros restaurados ganham exibições únicas imperdíveis: Pixote – A Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco e o canto dos cisnes de Glauber Rocha, A Idade da Terra.
Em diálogo com a obra-prima de Glauber, a mostra exibe os dois filmes que desbancaram o brasileiro no Festival de Veneza de 1980: Glória, de John Cassavetes, e Atlantic City, de Louis Malle. A insatisfação com o resultado motivou um histórico protesto de Glauber durante o festival. A exibição do filme de Malle é uma parceria com a Cinemateca da Embaixada da França e o Institut Français.
O Projeto Raros exibe Não Brinque com Fogo, um retrato da juventude inconsequente de Hong Kong, dirigido pelo genial Tsui Hark. A sessão conta com apresentação e comentários gravados em vídeo exclusivamente para a programação do crítico Filipe Furtado, curador da mostra Cidade em Chamas: O Cinema de Hong Kong. A mostra 1980 apresenta outro cultuado conto cruel da juventude dos anos 1980, o drama holandês Sem Controle, de Paul Verhoeven.
As sessões especiais não param por aí: um dos longas-metragens mais importantes da história do Níger, O Exilado, de Oumarou Ganda, tem sessão gratuita comentada pelo crítico e pesquisador Pedro Henrique Gomes. E no fim de semana de encerramento da mostra, uma sessão da meia-noite com a obra-prima O Iluminado, de Stanley Kubrick.

Programação completa com as sinopses de todos os filmes em: 

GRADE DE HORÁRIOS

10 de março (terça-feira)
20h – Sessão de abertura: Conhecendo o Grande e Vasto Mundo + debate com Cineclube Academia das Musas (entrada gratuita)

11 de março (quarta-feira)
20h – Sem Controle

12 de março (quinta-feira)
18h – Popeye
20h – Anos de Rebeldia

13 de março (sexta-feira)
18h – A Bruma Assassina
20h – Projeto Raros: Não Brinque com Fogo (entrada gratuita)

14 de março (sábado)
18h – Vestida Para Matar
20h – Touro Indomável

15 de março (domingo)
18h – O Portal do Paraíso

17 de março (terça-feira)
18h – Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu!
20h – Bronco Billy

18 de março (quarta-feira)
18h – Gigolô Americano
20h – Agonia e Glória

19 de março (quinta-feira)
16h15 – Memórias
18h – Anos de Rebeldia
19h40 – O Exilado + debate (entrada gratuita)

20 de março (sexta-feira)
16h15 – Sem Controle
18h30 – Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu!
20h – Projeto Raros Especial: Simone Barbès ou a Virtude (entrada gratuita)

21 de março (sábado)
17h – Guerra nas Estrelas: O Império Contra-Ataca
19h30 – A Idade da Terra

22 de março (domingo)
16h15 – A Bruma Assassina
18h – Atlantic City
20h – Pixote, a Lei do Mais Fraco

24 de março (terça-feira)
16h15 – Memórias
18h – Glória

25 de março (quarta-feira)
16h15 – Atlantic City
18h – Guerra nas Estrelas: O Império Contra-Ataca

26 de março (quinta-feira)
14h – Agonia e Glória

27 de março (sexta-feira)
14h – Vestida Para Matar

28 de março (sábado)
14h – Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu!
16h – Memórias
23h59 – O Iluminado

29 de março (domingo)
14h – Gigolô Americano

31 de março (terça-feira)
14h – Touro Indomável
20h – Popeye

1º de abril (quarta-feira)
14h – Bronco Billy
20h – Glória

Cine Dica: Em Cartaz: 'O Homem Invisível’ - Ficção influenciada pelo horror do mundo real.

Sinopse: Depois de forjar o próprio suicídio, um cientista enlouquecido usa seu poder para se tornar invisível e aterrorizar sua ex-namorada. Quando a polícia se recusa a acreditar em sua história, ela decide resolver o assunto por conta própria. 

Independente de qual gênero cabe os filmes atuais corresponderem sobre que acontece com a realidade e fazendo assim com que o público rapidamente se identifique. Em tempos atuais em que as mulheres clamam pelos seus direitos e indo contra os abusos de homens monstruosos, cabe os filmes darem a sua resposta e nos brindando com protagonistas fortes e que falem por elas. "O Homem Invisível" não é somente uma boa refilmagem do clássico, como também fala dos monstros reais que podem estar muito próximos de nós.
Dirigido por Leigh Whannell, do filme "Sobrenatural - A Origem" (2015), e baseado na obra de  britânico H.G. Wells, o filme conta a história de Cecilia, interpretada pela ótima atriz Elisabeth Moss da série "Contos da Aia", que após ser várias vezes abusada pelo seu namorado, um multimilionário e cientista, ela decide fugir dele e construir uma nova vida. Após isso, o ex namorado comete suicídio, mas Cecilia começa desconfiar de que algo ou alguém a está observando ela o tempo todo. Não demora muito para que isso se torne um verdadeiro inferno.
Sendo um projeto que anteriormente serviria para fazer parte do universo de monstros da Universal, que acabou não dando certo diga-se de passagem, o filme flui de maneira sublime graças ao fato de não ter o peso da responsabilidade de fazer parte de um universo compartilhado, mas sim por  ter luz própria e uma preocupação de seus realizadores em se criar uma boa história. O ponto do alto da obra já começa em seu primeiro ato, onde há toda uma construção de um cenário tenso e que irá predominar do começo até o seu fim como um todo. Os minutos iniciais, aliás, já nos dizem tudo e isso graças ao cineasta que segue a protagonista em meio a um cenário luxuoso, porém, do qual ela quer se ver longe o quanto é tempo.
Fora desse cenário, vemos uma Cecilia querendo reconstruir a sua vida, mas que vive traumatizada devido a um passado cheio de abusos físicos e psicológicos. A sensação de medo é tanta que ficamos nos perguntando se há realmente um homem invisível dentro da trama ou se tudo não passa de ilusões de uma mente já fragilizada. Ponto para os realizadores pela alta dose de verossimilhança nesta questão, pois nem é preciso de o homem abusivo ter a capacidade de ser invisível, pois graças as suas atitudes já lhe tornaram um monstro há muito tempo.
Porém, estamos falando de um filme baseado em um grande clássico e assim que começa as manifestações imprevisíveis na frente da Cecilia é então que o filme toma novos rumos. Curiosamente, os realizadores não ficam presos a soluções fáceis em termos de efeitos visuais, pois tudo gira em torno na poderosa interpretação de Elisabeth Moss e fazendo com que ela se torne a peça fundamental para o sucesso do filme. Porém, tecnicamente, a obra também se sobressai graças a câmera em movimento de Leigh Whannell, assim como também a poderosa trilha sonora de Benjamin Wallfisch e da qual se casa com perfeição com cada cena sufocante do filme.
Do segundo ao seu terceiro ato, o filme se torna uma verdadeira cebola com diversas camadas a serem descascadas e revelando situações que nos surpreendem a cada cena. O ato final, aliás, transita do previsível para uma solução radical, porém, necessária não somente para a protagonista, como também uma resposta para todas as mulheres do mundo real que sofrem nas mãos de psicopatas. Em tempos de intolerância e radicalismo, onde o pior do homem está saindo atualmente do armário, cabem as mulheres também serem radicais e usarem o melhor método para se proteger.
"O Homem Invisível" fala sobre um assunto universal, onde as mulheres não devem recuar, mas sim enfrentar o monstro abusivo que deseja sempre as tratar como propriedades e não com humanidade. 


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quarta-feira, 4 de março de 2020

Cine Dica: MEIO IRMÃO, que estreia no CineBancários, dia 05 de março na sessão das19h


Depois de percorrer e vencer festivais entre os quais a 42a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o longa-metragem “Meio Irmão” da diretora Eliane Coster, estreia dia 5 de março , na sessão das 19h no CineBancários.O drama constrói um retrato da classe média baixa na capital paulista ao mostrar o enfrentamento da falta de dinheiro, de liberdade, de respeito e de espaços, como acontece nas periferias de toda grande cidade.
Em “Meio Irmão” conhecemos Sandra, que tem dezesseis anos. Sua mãe está desaparecida há dias. Desorientada e sem dinheiro, ela se vê obrigada a procurar seu meio irmão Jorge, com quem tem pouco contato. Porém, no momento em que Sandra o procura, ele está diante de uma situação difícil: Jorge gravou com seu celular, uma agressão homofóbica a um casal de namorados, acreditando não ter sido visto. No entanto, dias depois ele passa a sofrer ameaças para não divulgar as imagens. Nesta jornada Sandra e Jorge enfrentam seus terrores e resgatam um afeto que havia se perdido.
Segundo a diretora, o filme surgiu de uma indagação sobre a mudança de comportamento dos jovens da última década. "Diferente das gerações anteriores que conquistaram e viveram ao menos a esperança de um mundo produtivo e mais justo, o que se percebe agora é que para esta juventude que cresce nas cidades gigantescas dos países em desenvolvimento, o papel de peça na engrenagem do consumo e na mídia, tornou-se evidente e cada vez mais difícil de escapar”, explica.
No longa-metragem as ações dos personagens reverberam esta situação e os sentimentos que ela suscita: medo, angústia e vulnerabilidade, mas também compaixão, desejo e lucidez, complementa Eliane Coster.

Prêmios
“Meio Irmão” foi exibido na 42a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e eleito pelo público o Melhor Filme Brasileiro de Ficção. “A premiação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo é importantíssima, pois apoia e fortalece um cinema plural. E o enorme público que a Mostra atrai é um termômetro da necessidade que temos de mais filmes com diferentes visões da nossa sociedade”, analisa a diretora.
“Meio Irmão” também levou o Prêmio da ABRACCINE - “Melhor Filme Brasileiro de Diretor Estreante”. O longa venceu ainda dois prêmios e recebeu a Menção Honrosa no 6o Festival de Cinema de Caruaru em 2019. Diego Avelino foi consagrado como Melhor Ator, Cleisson Vidal foi reconhecido pela Melhor Fotografia e Natália Molina recebeu a Menção Honrosa como “Atriz Revelação”.
Já no X Festival Internacional de Cinema da Fronteira ano passado, Natália Molina venceu como “Melhor Atriz”. “Meio Irmão” é uma produção da Oka Comunicações, Periscópio Filmes e Roberto Eiti Produções com a distribuição da O2 Play.

“Meio Irmão” - direção Eliane Coster,
Brasil I Drama I 2018 I 98 minutos
Classificação 16 anos
Ficha Técnica
Direção Eliane Coster
Roteiro Eliane Coster
Produtor Rogério Zagallo
Montagem Fernando Coster
Fotografia Cleisson Vidal
Direção de Arte Roberto Eiti Hukai
Música Satelite Audio
Elenco Natália Molina, Diego Avelino, Francisco Gomes, Dico Oliveira, Eduarda Andrade, André Andrade. Produção Oka Comunicações, Periscópio Filmes e Roberto Eiti Produções
Distribuição O2 Play

C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331205

Cine Dica: Dilili em Paris na Sessão Vagalume (5 a 11 de março)

DILILI EM PARIS É A ATRAÇÃO DA SESSÃO VAGALUME

No final de semana do Dia Internacional da Mulher, a Sessão Vagalume, projeto do Programa de Alfabetização Audiovisual (PAA) aberto à comunidade frequentadora da Cinemateca Capitólio, retoma as atividades mensais apresentando a animação franco-belga Dilili em Paris!
Durante sua primeira visita à Paris, a jovem Dilili precisa desvendar os misteriosos sequestros de várias meninas, que estão assombrando a cidade luz. Para isso, ela encontrará amigos extraordinários, como Monet, Rodin, Santos Dumont e muitos outros, que irão ajudá-la a combater os Mestres do Mal e resgatar as garotas.
A partir de março a Sessão Vagalume volta a acontecer no primeiro final de semana de cada mês, sábado e domingo, sempre às 16h, com ingressos a R$5 e R$10. Os filmes estrangeiros são exibidos em versão dublada. Retrato de uma Jovem em Chamas, de Céline Sciamma, Tarde Para Morrer Jovem, de Dominga Sotomayor, Martin Eden, de Pietro Marcello seguem em exibição até o dia 12 de março.
Açúcar, de Renato Pinheiro e Sérgio Oliveira, ganha mais duas exibições nos dias 5 e 6 de março. O valor do ingresso para os filmes em cartaz é R$ 16,00, com meia entrada para estudantes e idosos.  

DILILI EM PARIS
(Dilili à Paris)
França/Alemanha/Bélgica, 2018, DCP, 98 minutos
Direção: Michel Ocelot
Distribuição: Imovision
Durante sua primeira visita a Paris, a jovem Dilili precisa desvendar os misteriosos sequestros de várias meninas, que estão assombrando a cidade luz. Para isso, ela encontrará amigos extraordinários, como Monet, Rodin, Santos Dumont e muitos outros, que irão ajudá-la a combater os Mestres do Mal e resgatar as garotinhas.


GRADE DE HORÁRIOS
5 a 11 de março de 2020

5 de março (quinta)
14h – Retrato de uma Jovem em Chamas
16h – Açúcar
18h – Tarde Para Morrer Jovem
20h – Martin Eden

6 de março (sexta)
14h – Retrato de uma Jovem em Chamas
16h – Açúcar
18h – Tarde Para Morrer Jovem
20h – Martin Eden

7 de março (sábado)
14h – Retrato de uma Jovem em Chamas
16h – Sessão Vagalume: Dilili em Paris
18h – Tarde Para Morrer Jovem
20h – Martin Eden

8 de março (domingo)
14h – Retrato de uma Jovem em Chamas
16h – Sessão Vagalume: Dilili em Paris
18h – Tarde Para Morrer Jovem
20h – Martin Eden

10 de março (terça)
14h – Retrato de uma Jovem em Chamas
16h – Martin Eden
18h10 – Tarde Para Morrer Jovem
20h – Mostra 1980 – Sessão de abertura: Conhecendo o Grande e Vasto Mundo + debate

11 de março (quarta)
14h – Retrato de uma Jovem em Chamas
16h – Martin Eden
18h10 – Tarde Para Morrer Jovem
20h – Mostra 1980 – Sem Controle

terça-feira, 3 de março de 2020

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'Você não estava aqui' - Os tempos modernos que ninguém quer

Sinopse: Ricky (Kris Hitchen) e a sua família lutam arduamente contra as dívidas desde o colapso financeiro de 2008.  

Ken Loach conquistou o público e a crítica com o filme "Eu Daniel Blake" (2017), obra que fala sobre a burocracia implacável perante as pessoas que buscam pelos seus direitos trabalhistas. Nos últimos tempos, por exemplo, outros filmes vieram sintetizar cada vez mais sobre esse assunto, tanto em filmes que falam sobre um sistema implacável, como visto no recente "Coringa", como também sobre a divisão de classes cada vez mais explicita como foi vista em "Parasita". "Você Não Estava Aqui" fala sobre esses temas e de como a sociedade está cada vez mais sendo engolida pelo trabalho informal moldado pelo sistema capitalista corrupto e sem escrúpulos.
Na trama, Ricky (Kris Hitchen) e sua família se encontram em situação financeira precária. Ele decide adquirir uma pequena van, na intenção de trabalhar com entregas, enquanto sua esposa luta para manter a profissão de cuidadora. No entanto, o trabalho informal não taz a recompensa prometida, e aos poucos os membros da família passam a ser jogados uns contra os outros.
Com uma fotografia azulada e nada acolhedora, o filme se passa em Londres, mas que poderia se passar em qualquer parte do globo, pois o tema é universal e cuja as situações vistas na tela nós acabamos achando, infelizmente, bem familiares. Ricky sonha com a sua independência, mas as engrenagens no mercado informal o engolem sem dó e fazendo com que o protagonista seja drenado gradualmente até chegar ao ponto que não tem mais o controle. Além de um trabalho que não lhe trará equilíbrio, ele também procura se equilibrar nos problemas que surgem em sua pequena família, mas correndo sério risco de cair dessa corda bamba.
O filme explora tanto o trabalho de Ricky como entregador, como também de sua mulher Abby (Debbie Honeywood) como cuidadora de pessoas enfermas. É nesse ponto que também testemunhamos pessoas comuns jaz há muito tempo trituradas pelo sistema, mas que tentam sobreviver com o que tem e fazendo com que Abby se torne uma espécie de ouvinte para elas. Aliás, Abby surpreende ao tentar contornar os obstáculos que ela e seu marido enfrentam e chegando ao ponto de ser até mesmo mais forte do que ele perante situações, por vezes, difíceis de serem controladas emocionalmente.
A questão emocional, por exemplo, é colocada a prova em situações que colocam o protagonista em momentos que parecem que não há mais saída. Além de um trabalho que lhe suga, há também um filho rebelde pronto para explodir e fazendo com que Ricky não saiba mais o que fazer. Além de tudo isso, temos um patrão sem nenhum escrúpulo, mas que sabe como as engrenagens funcionam para fazer a maquina continuar andando e obtendo com o seu discurso em uma determinada cena o direito de nos dar um verdadeiro tapa na cara, porém, inesquecível pelo seu realismo e sinceridade mórbida naquele momento.
O ato final da obra nos puxa para um caminho sem volta, onde vemos o protagonista abraçar um sistema que lhe suga, mas fazendo ele acreditar que não tem mais escolha. Aliás, não há escolha, pois nós do lado de cá da tela sabemos que é um caminho árduo e sem volta, que cabe o mais forte sobreviver perante a um futuro incerto, nebuloso e sendo moldado por esse capitalismo atual e desenfreado. O final é de um grande realismo que nos esfrega na cara fortemente, mas do qual já estamos mais do que acostumados a receber por aqui no mundo real.
"Você Não Estava Aqui" é um retrato sobre nós mesmos sendo triturados pelo trabalho informal e que não nos dá nenhum direito de sonhar por um futuro melhor.  

NOTA: Filme visto pelos associados do Clube de Cinema de Porto Alegre no último sábado (29/02/2020).

Faça parte do Clube de Cinema de Porto Alegre.  
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Cine Dica: Sessão Comentada VOCE NÃO ESTAVA AQUI, de KEN LOACH, dia 03 março, ás 19h no CineBancários


No dia 03 de março, ás 19h, haverá uma Sessão Especial do último filme de Ken Loah, Voce Não estava aqui, quando será debatido a uberização das relaçoes de trabalho contemporâneas tratadas no filme. 

O debate terá a  presença dos convidados:
Luciane Toss -  Sócia-Fundadora da Consultoria Ó Mulheres!, vice-Presidenta da Associação Gaúcha de Advogados Trabalhistas (Agetra), integra a Comissão de Relações do Trabalho e da Comissão Feminismo da ABRAT. É professora da FEMARGS e da Fundação do Ministério Público – FMP. Advogada em Direitos Sociais e Direitos Humanos e Mestre em Ciências Sociais (Unisinos), especialista em Direito Privado (Unisinos), em Nuevos Rectos de Derecho Público (Universidad de Burgos – UBU (ESP), em Derechos Humanos y Derecho del Trabajo (Universidad Castilla La Mancha de Toledo – UCLM (ESP) e em Direito do Trabalho e Previdência Social (Fundação Escola da Magistratura Trabalhista – FEMARGS).  Atualmente cursa especialização em Direitos Humanos e Políticas Públicas (Unisinos). 
Nanni Rios - Jorrnalista, livreira e produtora cultural, mora em Porto Alegre há 10 anos. Assina a curadoria de livros e atividades da Livraria Baleia, especializada em autoria feminista e nas temáticas de gênero, sexualidade e direitos humanos.  

Mediação: Roger lerina - Considerado um dos principais jornalistas culturais do Brasil, Roger Lerina é editor do site que leva sua marca, apresentador da Dicas de Quinta – uma coluna semanal de cultura no programa Sintonia da Rádio União FM, do podcast Cinema Falado na rádio Mínima, escreve uma coluna mensal no caderno Stilo do jornal NH e é repórter correspondente e comentarista de cinema do Canal Brasil (Globosat). Atua também como crítico de cinema, roteirista de eventos e projetos audiovisuais, curador de festivais de música e cinema, mestre de cerimônias em eventos e DJ nas (pouquíssimas) horas vagas, além de participar de júris em editais e premiações da área cultural. 

SOBRE O FILME:
SINOPSE: Ricky (Kris Hitchen) e a sua família lutam arduamente contra as dívidas desde o colapso financeiro de 2008. A certa altura, Ricky tem uma oportunidade de recuperar alguma independência financeira com um furgão novo em folha e a possibilidade de ter o seu próprio negócio, como motorista de entregas por conta própria. É um trabalho duro, mas, o emprego da mulher como cuidadora não é mais fácil. A família é forte, mas quando ambos são empurrados em sentidos diferentes, o ponto de ruptura torna-se iminente.

 “Você Não Estava Aqui” (Sorry We Missed You), novo longa de Ken Loach. O filme relata a exaustiva e difícil rotina de uma família que vive em Newcastle, numa Inglaterra ainda assolada pela crise econômica de 2008. Ricky, Abby e seus dois filhos não têm uma vida fácil. Enquanto Abby trabalha diligentemente cuidando de idosos, Ricky só consegue trabalhos mal remunerados. Sem muita perspectiva, o casal vê uma oportunidade real de melhoria de vida aparecer quando decidem vender o carro que possuem para que Rick possa comprar uma van e se tornar um motorista de entregas por conta própria.
Com roteiro assinado por Paul Laverty, parceiro de Loach há algum tempo e que também assinou o roteiro de “Eu, Daniel Blake”, Você Não Estava Aqui narra a história de um cidadão e sua família, abandonados por um sistema cuja estrutura e tônica empurram cada vez mais e de maneira voraz, para a precarização do trabalho.  
“Este sistema é sustentável? É sustentável recebermos nossas compras através de um homem que dirige uma van 14 horas por dia? Esse é um sistema melhor do que ir diretamente às lojas e conversar com o lojista? Realmente queremos um mundo em que as pessoas trabalhem sob tanta pressão, com efeitos colaterais em seus amigos e familiares? Esta não é a economia de mercado que falha, pelo contrário, é um desenvolvimento lógico, causado pela forte concorrência para reduzir custos e maximizar lucros. O mercado está interessado em ganhar dinheiro, e ambos não são compatíveis. Trabalhadores pobres, como Ricky, Abby e suas famílias, pagam o preço”, comenta o diretor, Ken Loach.
Com o olhar voltado para esses profissionais autônomos, submetidos a um método de trabalho desumano e ilusório, o diretor questiona um sistema posto de novas formas de exploração, em decorrência da economia de livre mercado. Em Você Não Estava Aqui, Ken Loach não pretende apenas abordar a exploração do trabalhador, mas também as consequências disso em escala micro, no quanto esse modus operandi do sistema econômico afeta a vida familiar e faz as relações pessoais não saírem ilesas.  
A exibição do longa no Festival de Cannes de 2019, onde concorria a Palma de Ouro, causou uma grande comoção, assim como quando foi exibido no Festival de San Sebastián (2019), onde levou o Prêmio do Público de Melhor Filme Europeu. Com produção assinada por Rebecca O’Brien, parceira de Loach de longa data, Você Não Estava Aqui marcou presença também em festivais como, Festival Internacional de Cinema de Toronto (2019), Festival Internacional de Cinema de Zurique (2019), Festival Internacional de Cinema de Athenas (2019), e mais recentemente, no Festival do Rio (2019), dentro da mostra Panorama do Cinema Mundial. 
INGRESSOS: À venda na Bilheteria do CineBancários, aberta sempre meia-hora antes de cada sessão. Informações: 34331205.

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segunda-feira, 2 de março de 2020

Cine Dica: Em Cartaz: 'Sonic' - A nova pepita de ouro hollywoodiana?

Sinopse: Sonic, o porco-espinho azul mais famoso do mundo, se junta com os seus amigos para derrotar o terrível Doutor Eggman, um cientista louco que planeja dominar o mundo, e o Doutor Robotnik, responsável por aprisionar animais inocentes em robôs. 
  

Se houve um tempo que era difícil fazer adaptações de HQ para o cinema, por outro lado, fazer uma boa adaptação de um game para as telonas era uma missão quase impossível. O problema são diversos, desde em criar uma boa história baseada em um contesto limitado de um jogo, como também criar uma adaptação de um jogo recente que, por vezes, já é um grande filme como um todo. Porém, "Sonic" vem para nos dizer que é sim possível se criar uma boa trama baseada em sua fonte, mesmo quando ela soa limitada algumas vezes.
Dirigido pelo estreante Jeff Fowler, Sonic é um porco-espinho azul alienígena vindo de outro mundo. Refugiado na terra, ele faz amizade com Tom, interpretado pelo ator James Marsden da primeira trilogia dos "X-Men", e ambos acabam aprendendo certos valores sobre amizade e lealdade juntos. Porém, o Doutor Robotnik, interpretado por Jim Carrey, é convocado pelo próprio governo para investigar e caçar o pequeno velocista.
Para os saudosistas os primeiros minutos iniciais prestam uma bela homenagem para aqueles que cresceram e jogaram o jogo do personagem através da toda poderosa Sega. Por um momento, por exemplo, parecia que eu estava voltando aos tempos em que eu tentava sempre passar por uma nova fase, mas essa sensação é de poucos minutos. Isso se deve ao fato que os roteiristas decidirem trocar o cenário habitual do personagem visto no jogo e envia-lo para o mundo real e fazendo disso o primeiro ponto positivo do filme.
Uma vez entre os humanos, Sonic adentra a cultura pop norte americana e fazendo com que em muitos momentos as pessoas se identifiquem com as referências vistas na tela. Claro que é uma fórmula manjada e vista em outros filmes, mas que aqui funciona graças ao lado carismático do personagem que dá certo na tela quase o tempo todo. Aliás, é preciso reconhecer que a figura e a personalidade do protagonista em si já valem o filme como um todo, mesmo quando em alguns momentos soe um tanto que bobinho.
Em termos de elenco humano não há muito a ser dito, principalmente se colocarmos na parede o desempenho de James Marsden, que aqui ele nada mais é do que uma representação do nosso olhar com relação a existência de Sonic. Se por um lado o seu desempenho soa limitado, ao menos, a sua interação com o protagonista diverte e não soa nenhum pouco chato. Ao menos Jim Carrey, novamente, dá um show de atuação e humor para um personagem que nas mãos de outro ator seria ridículo, mas não para Jim Carrey que criou a carreira interpretando personagens, por vezes, quase unidimensionais como no caso clássico filme "O Mascara" (1994).
É claro que o ato final deixa um grande gancho para uma eventual continuação. Curiosamente, vários elementos vistos no primeiro ato foram deixados de lado para serem explorados em uma eventual nova aventura para o cinema. Resta saber se hollywood vai finalmente conseguir acertar a mão nesse subgênero que pode se tornar muito lucrativo, desde que façam com bom conteúdo.
"Sonic" é uma prova que uma história limitada em sua essência pode ao menos nos divertir em sua proposta básica de entreter do começo ao fim. 


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