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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Benzinho



Sinopse: Irene é uma mãe de família que precisa lidar com a partida prematura de seu filho mais velho, Fernando, que vai tentar a vida como jogador de handebol na Alemanha.
 
Ontem mesmo uma amiga minha decidiu sair de cena do seu ambiente habitual de trabalho e abraçar novos rumos que irão lhe encaminhar para os seus reais objetivos. As mudanças surgem sempre, mesmo quando você, ou não, tiver provocado o surgimento delas, mas o que conta é de que maneira você irá encará-las perante um cenário do qual não tem mais volta. Benzinho é uma singela história sobre uma família que se une para confrontar as mudanças que vêm no horizonte de uma forma implacável, porém, inevitável.
Dirigido Gustavo Pizzi (Riscado), o filme acompanha a história de Irene (Karine Teles, de A que Horas Ela Volta?), esposa, mãe dedicada e que ajuda a irmã Sônia (Adriana Esteves, de Avenida Brasil) que vive sofrendo nas mãos do marido (Cesar Troncoso, de O Banheiro do Papa). Porém, Irene não sabe lidar com a partida do seu filho mais velho, Fernando, que irá jogar Handebol na Alemanha. A situação piora quando a casa onde moram começa a ficar insustentável e os problemas financeiros começam a surgir no decorrer do percurso.
Transitando entre o drama e o humor, Benzinho é um filme fácil das pessoas se identificarem, principalmente em tempos em que o Brasil vive numa situação do qual coloca as pessoas a conviverem com diversos dilemas, ao ponto de se sentirem, por vezes, perdidos em suas vidas. Porém, o filme se torna reconfortante, não só pelo fato de possuir cores quentes e convidativas, como também nos apresentar personagens tão carismáticos e humanos. A questão da união familiar, aliás, é coração que pulsa no filme a todo o momento e fazendo da obra algo bem convidativo.
Tecnicamente o filme é um pequeno show vindo da autoria de Gustavo Pizzi. O cineasta consegue a proeza de usar a sua câmera das mais diversas maneiras, tanto na forma de apresentar a história, como também em fazê-la se movimentar de uma forma ágil, mas isso graças a uma edição caprichada e da qual não possui limites mesmo no pequeno cenário da casa em que ocorre a história. Contudo, a sua técnica de filmar se torna ainda mais prazerosa de ser assistida graças ao fato dela se casar com a presença do grande talento que é Karine Teles.
Descoberta pela maioria do público pelo filme A que Horas Ela Volta?, Teles surpreende ao construir uma protagonista cheia de energia perante a vida, mas que se sente, por vezes, impotente perante a partida do seu filho e com os inúmeros obstáculos em que ela e a sua família vão enfrentando. O talento da interprete, mais o perfeccionismo do cineasta, faz com que testemunhemos cenas surpreendentes: a sequência em que Irene canta e dança para se esquecer por uns instantes dos seus problemas é disparado um dos grandes momentos da obra.
Contudo, Adriana Esteves também surpreende na ala dos personagens coadjuvantes, ao ponto de roubar a cena sempre quando surge na tela. O conflito de sua personagem com o seu marido, aliás, nos brinda com momentos em que harmonia dá lugar a situações tensas e imprevisíveis. Mesmo com poucos momentos em cena, Cesar Troncoso cria um personagem que não consegue se sustentar com as implacáveis mudanças que ocorrem devido as suas ações e sua cena final é uma síntese do seu conflito interior.
O ato final reserva momentos primorosos, onde a emoção e o inevitável se colidem, dando lugar a uma corrida contra o tempo e fazendo com que os personagens principais aproveitem ao máximo o pouco tempo em que todos se encontram juntos. Ver Irene aceitar as mudanças que ocorrem a ela e a sua família, talvez venha a ser um dos momentos mais singelos do cinema brasileiro deste ano e isso já é um grande feito. Benzinho é sobre os ventos da mudança que nos atinge, mas do qual precisamos domá-los e para que assim possamos fazer o nosso voo mais alto.
 
Onde assistir: Cinebancários. Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horários: 15h e 19h.   



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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Cine Especial: Pier Paolo Pasolini: Intelectual e Cineasta Maldito: Parte 4



Nos dias 01 e 02 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio Petrobras de Porto Alegre, onde irei participar do curso Pasolini: Intelectual e Cineasta Maldito, criado pelo Cine Um e ministrado pela professora e crítica de cinema Fatimalei Lunardelli. Enquanto os dias dessa atividade não chegam, eu estarei por aqui falando um pouco dos filmes desse perfeccionista e polêmico cineasta.

 Decameron (1971)



Sinopse: Adaptação de contos de Boccaccio, como as freiras devassas que realizam milagres sexuais, uma esposa traiçoeira com habilidade para negócios, um artista tuberculoso à beira da morte que tenta trapacear o Céu, jovens amantes flagrados e outros.

Decameron é um filme italiano de Pier Paolo Pasolini que estreou em 1971. Uma adaptação de nove histórias do Decameron de Giovanni Boccaccio, coleção de cem novelas escritas entre 1348 e 1353, que é considerada marco literário na ruptura entre a moral medieval e o realismo, substituindo o divino pela natureza como móvel da conduta humana. Lançando mão de doses de humor satírico, o filme é dividido em nove histórias, que compõem um painel da vida social na Itália medieval. Decameron acaba sendo uma adaptação para o cinema bem divertida, exibido sem pudores visuais, interpretado por uma série de pessoas comuns sem formação interpretativa entre os atores – em nome da expressão da realidade – e apresentando um contexto peculiar cronologicamente tão distante mas, ao mesmo, ideologicamente tão próximo da vida atual.
 


Os Contos de Canterbury (1972)



Sinopse:Quatro contos eróticos de Geoffrey Chaucer são contados de forma bem-humorada através das experiências de um grupo de viajantes. Eles mostram os padrões sociais, sexuais e religiosos da Inglaterra do século 14.


Os Contos de Canterbury (1971), filme do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, adaptado da obra de Geoffrey Chaucer, é a segunda obra da chamada “trilogia da vida”; iniciada por O Decameron (1970) e completada por As mil e uma noites (1974). Os Contos de Canterbury nos mostram a morte como um perseguidor dessa vida: Thanatos diretamente ligado a Eros. Os Contos de Canterbury, de Chaucer, foi escrito no século XIV, em forma de poema. Além dos contos utilizados por Pasolini no filme, há vários outros, além de muitos fragmentos, anotações e contos deixados incompletos por Chaucer. 
Para completar, Pasolini faz uma magnífica representação do inferno com claras influências da pintura de Hieronymus Bosch.




As Mil e Uma Noites (1974)

Sinopse: Terceiro tomo da sua “Trilogia da Vida”, iniciada com “Decameron” e “Os Contos de Canterbury”, Pasolini usa os contos tradicionais do Médio Oriente, para nos trazer uma série de histórias onde o amor e o sexo estão entrelaçados e explorados em tonalidades diversas, da tragédia à traição, do encantamento à devoção, em contos de príncipes e princesas onde a busca do amor é o tema recorrente, e a história de Nur ed-Din (Franco Merli) e Zumurrùd (Ines Pellegrini) é o fio condutor, motivo para contos dentro de contos, onde cada personagem tem a sua própria história de fascinação e desilusão a contar.

Pier Paolo Pasolini completa a sua “Trilogia da Vida” com as tradições do Médio Oriente a servirem de inspiração no filme “As Mil e Uma Noites”, continuando a usar textos antigos como ponto de partida, como nos filmes citados, onde bebera em Boccaccio e Chaucer, respectivamente. Como nos dois tomos anteriores, Pasolini partiu de um argumento escrito por si, para uma representação livre dos universos coloridos narrados nos textos originais. Desta vez, a grande diferença era de orçamento, a permitir exteriores filmados no Irão, Yemen, Etiópia, Índia e Nepal, em busca de locais que melhor trouxessem imagens imaculadas de aldeias e construções antigas plenas da aridez e exotismo que associamos ao Médio Oriente. Com uma teia de histórias complexamente entrelaçada, Pasolini dá-nos, neste terceiro tomo da sua trilogia, o mais doce e inocente destes três filmes, não fosse ele baseado em histórias de encantar e não tivesse ele o amor como principal tema.

Mais informações sobre o curso clique aqui.