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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Cine Dica: Cine Dica: Em Blu-Ray - DVD – VOD: Através da Sombra



Sinopse: A tímida Laura (Virginia Cavendish) é contratada por um homem rico para cuidar de seus dois sobrinhos órfãos, que moram numa fazenda de plantação de café. Apesar de não se dar muito bem com o campo, ela aceita a tarefa, e logo estabelece uma amizade com a pequena Elisa (Mel Maia), enquanto seu irmão é enviado a um internato, por razões desconhecidas. Aos poucos, com a presença dos escravos e da governanta Geraldina (Ana Lúcia Torre), Laura tem a impressão de que alguns segredos são escondidos naquela casa. Ela acredita inclusive ver algumas pessoas que ninguém mais vê.


Quando Através da Sombra abre o seu primeiro quadro, testemunhamos uma espécie de ritual de Laura (Virginia Cavendish), ao vestir a sua roupa elegante escura e dando a entender que ela se encontra de luto. Após isso, ela vai de encontro com Afonso (Domingos Montagner), homem poderoso e que lhe faz uma proposta tentadora para que ela cuide de seus dois sobrinhos, Elisa (Mel Maia) e Antonio (Xande Valois), na fazenda de café que tem no interior. Neste encontro formal, ela aparenta certo desejo no olhar, ao ver Afonso lutando num esporte de luta, mas tentando desviar o olhar e ao mesmo tempo não conseguindo esconder certo prazer naquela situação.
É nessa abertura da trama que o veterano Walter Lima Jr (A Ostra e o Vento) deixa mais do que notório as suas reais intenções com relação a sua adaptação livre de A Outra Volta do Parafuso, clássico gótico do escritor americano Henry James (1843-1916). Os ingredientes para um verdadeiro conto de suspense sobrenatural, com pitadas de terror psicológico, são mantidos com requintes brasileiros, mas é na tensão sexual que vive o verdadeiro mau da trama.
A neblina da era vitoriana sai de cena e dando lugar a fumaça do café queimado que se alastra por um ambiente que, gradualmente, parece amaldiçoado pelo desaparecimento de uma  professora, que Laura então veio a suceder. Governanta, Dona Geraldina (Ana Lúcia Torre) prefere ficar reticente sobre o paradeiro da antiga funcionária, se criando então conflitos interiores em Laura quanto ao que ela acredita enxergar, mas que os demais do local não conseguem ver jamais. 
A versão de Walter Lima Jr para esse terror, com requintes visivelmente vindos do expressionismo alemão, é até de grande coragem, ao ponto de não poupar o lado inocente das crianças em cena. Essas, aliás, se alternam entre xingamentos contra a protagonista e até mesmo provocando o lado conservador que ela tenta manter perto das demais pessoas: a cena em que vemos ela se desarmar perante um beijo surpresa vindo de Antonio é o ápice dessas provocações.
Mesmo possuindo ingredientes típicos de sucesso dentro do gênero de horror, Através da Sombra se envereda por algo mais pé no chão, cuja sua conclusão gerará sempre debates e do qual o tornam  um tanto que incompreendido para os fãs do gênero.  





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Cine Dica: MOSTRA APRESENTA SESSÕES COMENTADAS DE FILMES CLÁSSICOS DE CARLOS REICHENBACH NA CINEMATECA CAPITÓLIO PETROBRAS



 Avanti Popolo



A partir de 1º de dezembro, a Cinemateca Capitólio Petrobras realiza uma homenagem ao grande cineasta brasileiro Carlos Reichenbach. Com entrada franca, a programação apresenta uma mostra de filmes emblemáticos da trajetória do diretor e uma série de debates sobre sua obra.
A programação faz parte do projeto Cinemateca Capitólio – Digitalização e Programação Especial 2017, patrocinado pela Petrobras e financiado através do Pró-Cultura RS da Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Estado do Rio Grande do Sul.
A mostra começa na sexta-feira, 1º de dezembro, às 20h, com uma edição especial do Projeto Raros apresentando o cultuado Snuff, Vítimas do Prazer (1977, 109 minutos) dirigido por Cláudio Cunha, co-roteirizado e fotografado por Reichenbach. A sessão será comentada pelos críticos e pesquisadores Carlos Thomaz Albornoz e Cristian Verardi.
O crítico Inácio Araújo, co-roteirista de Carlos Reichenbach em realizações dos anos 1980, e montador de Lilian M: Relatório Confidencial (1975, 120 minutos), também incluído na mostra, vem a Porto Alegre comentar a sessão de Filme Demência (1986, 92 minutos) no sábado, 2 de dezembro, às 20h.
Na terça-feira, 5 de dezembro, às 20h, o montador e coordenador do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos Milton do Prado, pesquisador da obra de Reichenbach, comenta a sessão de Alma Corsária (1993, 112 minutos).
Completa a programação da mostra o longa-metragem político Avanti Popolo (2012, 72 minutos), de Michael Wahrmann, protagonizado por Carlos Reichenbach. 

FILMES
LILIAN M: RELATÓRIO CONFIDENCIAL
Brasil, 1976, 120 minutos
Direção: Carlos Reichenbach
Exibição digital
Maria abandona o marido lavrador e os dois filhos pequenos seduzida por um caixeiro-viajante (Walter Marins), sofre um trágico acidente de carro e segue sozinha para tentar a vida em São Paulo.

SNUFF - VÍTIMAS DO PRAZER (PROJETO RAROS ESPECIAL)
Brasil, 1977, 109 minutos
Direção: Cláudio Cunha
Exibição digital
Michael Tracey e Bob Channung, inescrupulosos produtores de filmes pornográficos, estão no Brasil para realizar uma obra “snuff’, gênero que alcançou enorme sucesso nos circuitos pornôs de Nova York. Nesses filmes, os atores são assassinados e violentados em cena, sem nenhum truque. Os produtores contratam dois técnicos brasileiros que estão às portas da falência, organizam a produção e arregimentam o elenco: Taty Ibanez, atriz em decadência, antiga rainha dos filmes de cangaço; Glória Verdi, figurante de teatro; Maria Rosa, candidata a Miss São Paulo; Lia de Souza, stripper da Boca do Lixo de São Paulo; o ator Sérgio Bandeira, retirado de um sanatório. Aos poucos, a máquina da fatalidade começa a rodar e as mortes reais vão acontecendo de forma surpreendente e inesperada, causando pânico na equipe de produção.

FILME DEMÊNCIA
Brasil, 1986, 96 minutos
Direção: Carlos Reichenbach
Exibição digital
Um pequeno industrial de cigarros, falido economicamente e em crise doméstica, sai de casa e passa a refugiar-se em visões e alucinações. Como na lenda de Fausto, terá de encontrar seu correspondente Mefisto, que durante a história lhe aparecerá de várias formas e personalidades, ora como traficante noturno, ora como uma cândida velhinha.

ALMA CORSÁRIA
Brasil, 1994, 112 minutos
Direção: Carlos Reichenbach
Exibição digital
Rivaldo Torres e Teodoro Xavier, amigos de infância, lançam o livro "Sentimento Ocidental". Os poetas convidam pessoas dos mais variados estilos para o evento. Enquanto a festa avança, Torres e Xavier relembram momentos diversos do passado.

AVANTI POPOLO
Brasil, 2012, 72 minutos
Direção: Michael Wahrmann
Exibição em DCP
Imagens captadas pelo irmão nos anos 70 são usadas por André na tentativa de reavivar a memória do pai, que há 30 anos espera seu filho desaparecido.


GRADE DE HORÁRIOS
30 de novembro a 6 de dezembro de 2017

30 de novembro (quinta-feira)
17h15 – Cidade dos Sonhos
20h – Sessão de dez anos de Ainda Orangotangos

1º de dezembro (sexta-feira)
17h15 – Cidade dos Sonhos
20h – Projeto Raros Especial (Snuff – Vítimas do Prazer, de Cláudio Cunha)

2 de dezembro (sábado)
17h15 – Cidade dos Sonhos
20h – Filme Demência + debate com Inácio Araújo

3 de dezembro (domingo)
17h15 – Cidade dos Sonhos
20h – Lílian M – Relatório Confidencial

5 de dezembro (terça-feira)
17h15 – Cidade dos Sonhos
20h – Alma Corsária + debate com Milton do Prado

6 de dezembro (quarta-feira)
17h15 – Cidade dos Sonhos
20h – Avanti Popolo

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Cine Dica: Em Blu-Ray - DVD – VOD: O MATADOR (2017)



Sinopse:Cabeleira, um temido assassino de Pernambuco, foi criado pelo cangaceiro Sete Orelhas, que o encontrou abandonado quando bebê. Agora adulto, ele vai à cidade procurar o desaparecido Sete Orelhas. Cabeleira encontra uma cidade sem lei governada pelo implacável Monsieur Blanchard, um francês que domina o mercado de pedras preciosas


O gênero bang bang, ou faroeste para os íntimos, foi ao longo do tempo aproveitado no cinema brasileiro. Isso se deve ao fato da  apropriação que o Cinema Novo fez sobre o sertão, tornando difícil brincar com o estilo numa região cujas mazelas foram representadas com tanta importância e profundidade social, como no caso do clássico Deus e o Diabo na Terra do Sol. Chegamos então no filme O Matador, onde se abandona qualquer traço criado e analisado na obra prima de Glauber Rocha e se assumindo como uma espécie de westerns americano e até mesmo com toques a lá vídeo clipe.
Motivos é o que não faltam para se criar um filme dessa forma, seja ele por motivos mercadológicos, estéticos, ou até mesmo com o intuito de se casar com a realidade contemporânea de hoje e da qual vive em ritmo constante. Mas podemos simplificar que seja resultado da própria Netflix. A toda poderosa streaming constantemente analisa hábitos de consumo, para tomar decisões algumas vezes não muito bem pensadas, cujo resultado soa em alguns momentos como um mero produto para ser somente uma vez degustado do que um cinema mais autoral e do qual o nosso é tão rico e tendo muito a oferecer.
Portanto há uma indecisão clara de qual trama que é para se contar nesse filme, onde ela se transita entre a origem e busca do protagonista Cabeleira pelo seu pai adotivo, ou em sua cruzada em querer ser um matador profissional e do qual se torna ambicioso por pedras preciosas do local. Para piorar, existe a introdução de inúmeros personagens, dos quais surgem e somem num piscar de olhos. O próprio Cabeleira some da trama em momentos distintos, reaparecendo em momentos irregulares e somente se sustentando numa narração off que, por vezes, não é bem introduzida.
O personagem Cabeleira é deveras interessante, principalmente com relação a sua origem trágica e devidamente misteriosa. Ele acaba se tornando uma espécie de lenda do local, um estranho sem nome implacável e que nos faz lembrar os melhores momentos dos filmes de Sergio Leone. Infelizmente faltou um cuidado maior, não somente na produção, como também nos rumos que deram para o personagem.
Outro fator negativo é para aqueles que acompanharam o trailer do filme, já que lá havia sido revelado um momento chave da trama. Para aqueles que forem assistir ao filme sem ter visto o trailer, esse momento pode até ser interessante, mas se torna sem sal para aqueles que deram uma olhada antes. Uma tremenda bola fora da Netflix em termos de divulgação.
Visualmente, muito se falará sobre a beleza do sertão e a luz de seu sol quente. O filme usa ao estremo dos planos distantes, da fotografia de cores quentes, das silhuetas no contraluz e das cores desérticas.Porém, a produção comete o deslize na introdução de alguns efeitos especiais, por vezes, artificiais e dispensáveis em alguns momentos.
Alardeado durante o último festival de Gramado como o primeiro longa brasileiro criado pela Netflix, O Matador tinha todo o potencial, mas lhe faltou mais amor em sua concepção. 



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