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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cine Especial: TODAS AS CORES DE PEDRO ALMODÓVAR: Parte 2


Nos dias 14 e 15 de Julho, estarei participando do curso TODAS AS CORES DE PEDRO ALMODÓVAR, criado pelo CENA UM e ministrado pelo Doutor em Ciências da Comunicação Josmar Reyes. E enquanto os dois dias não vêm, por aqui, estarei escrevendo um pouco sobre o que eu sei desse  cineasta, que adora explorar o universo feminino de várias maneiras possíveis.

MULHERES A BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS

Sinopse: Numa das coberturas mais chiques da Espanha, três mulheres chegaram a seu limite psicológico. Super-sexy Pepa (Carmen Maura) sempre obcecada com Iván (Fernando Guillén), o amante que terminou com ela deixando um recado na secretária eletrônica! Sua melhor amiga, a neurótica Candela (Maria Barranco) procura refúgio na casa de Pepa, pois recentemente descobriu que seu amante é um terrorista shiita. E a ex-esposa de Ivan, Lucia (Julieta Serrano), acaba de voltar de uma estadia de 20 anos em uma instituição para doentes mentais. Elas são todas completamente malucas - na verdade, estão à beira de um ataque de nervos... e uma delas está prestes a cometer um assassinato, a menos que as outras amalucadas "femmes fatales" possam detê-la.

Um dos primeiros e grandes sucessos da carreira de Almodóvar, que obteve não somente na Espannha, como internacionalmente. Essa hilariante comédia revisita o gênero, da forma como ele era criado no cinema americano dos anos 40, que por sua vez, é vagamente inspirado na peça A Voz Humana, de Jean Cocteau. A produção foi uma das primeira que fez finalmente o mercado internacional ficar de olho em Antonio Bandeiras e Carmen Maura da um verdadeiro banho de interpretação como Pepa, em momentos inesquecíveis.  Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, que infelizmente, acabou perdendo para Pelle, o Conquistador.      

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Cine Dicas: Em DVD e Blu-Ray (04/07/12)


Eu Matei Minha Mãe

Sinopse: Hubert tem dezessete anos e não ama sua mãe. Além de só ter olhos para o gosto kitsch, as roupas bregas e pequenos detalhes como a forma que ela come, ele a contempla com desprezo. Os mecanismos de manipulação e a culpabilização empregados por ela também não lhe passam desapercebidos e Hubert se vê progressivamente tomado por uma relação de amor e ódio fora do seu controle. Confuso, ele vaga por uma adolescência ao mesmo tempo marginal e típica, repleta de descobertas artísticas, experiências ilícitas, amizades e sexo.

Primeiro filme de Xavier Dolan, que já em sua estréia, acabou atraindo inúmeras atenções em festivais ao redor do globo. Diferente do que se pode imaginar sobre um filme adolescente, Eu Matei Minha Mãe vai mais para um lado obscuro, sobre os conflitos de quem passa essa época de incertezas da vida. De uma maneira crível, vemos o protagonista (o próprio Xavier Dolan) ser sufocado até o pescoço pela atenção descontrolada da mãe, o que acaba não escondendo o ódio que sente pela situação, muito embora tenta ter um auto controle interior, para não cometer algo pior. Embora com esse titulo, a trama em si não envolve nenhum assassinato, mas sim sobre um rapaz com seu lado emocional afetado, em busca de um caminho na vida, para então, se ver definitivamente livre para voar.     

J. Edgar

Sinopse: O drama que explora a vida pública e privada de uma das figuras mais poderosas, controversas e enigmáticas do século 20. Principal nome da lei nos Estados Unidos por quase cinquenta anos, J. Edgar Hoover era temido e admirado, odiado e reverenciado. Mas, na intimidade, ele mantinha segredos que teriam destruído sua imagem, sua carreira e sua vida.

Clint Eastwood já fez de tudo na vida como cineasta, que embora  esse seu ultimo filme não entre os dez melhores filmes de sua impecável carreira, é uma produção que não ofende a inteligência de ninguém, diferente de tantas produções dispensáveis que estréia atualmente. Embora todos conheçam Eastwood como machão, sua pareceria com o roteirista gay(Dustin Lance Black), vencedor do Oscar por Milk: A Voz da Igualdade, acabou se saindo muito bem a principio, para retratar a vida do fundador do FBI de uma forma humana e sincera. A trama entra na vida pouca explorada de J.Edgar, que sempre foi muito bem reservada, o que acabou não impedindo de alguns saberem do verdadeiro "eu" dele, muito embora não tenha tido problemas de discriminação, mesmo numa época mais conservadora.
Novamente, Leonardo Dicaprio tem um desempenho espetacular, ao retratar um ser com conflitos internos, que se vê dividido em suas responsabilidades e pelos desejos internos que sente dentro de si. Sendo que isso é muito bem retratado, quando ele se vê no espelho, numa cena espetacular e digna de indicação de Oscar, que injustamente acabou não acontecendo. Com uma reconstituição de época primorosa e uma fotografia que quase se oscila para o preto e branco, J. Edgar é uma prova que Clint Eastwood não tem restrição nenhuma em dirigir determinadas historias, diferente do que muitos achavam por ai.

Mulheres do 6º Andar

Sinopse: Ao lado de esposa Suzanne, Joubert leva uma típica vida burguesa no filme "As Mulheres do Sexto Andar", mas quando a antiga empregada do casal decide deixar sua casa eles conhecem de perto esses novos trabalhadores.

O encontro da classe francesa, com feliz despojada vida espanhola, o diretor e roteirista Philippe Le Guay (Três Turnos) constrói humor, drama e romance de uma forma bem descontraída, leve e divertida, fazendo agente não querer abandonar tão cedo aquele universo cheio de vida que ocorre dentro daquele prédio.

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terça-feira, 3 de julho de 2012

Cine Curiosidade: A PIADA MORTAL NO PALCO


Enquanto o novo filme do morcegão não chega, ficamos curtindo uma encenação do clássico A Piada Mortal, que rolou no ultimo Multiverso Comiccon 2012. Cortesia de Gabriel Luiz Elvilbiel, que é uma verdadeira copia exata do Coringa imaginada por Alan Moore e que sempre rouba a cena no evento.   



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Cine Especial: TODAS AS CORES DE PEDRO ALMODÓVAR: Parte 1



Nos dias 14 e 15 de Julho, estarei participando do curso TODAS AS CORES DE PEDRO ALMODÓVAR, criado pelo CENA UM e ministrado pelo Doutor em Ciências da Comunicação Josmar Reyes. E enquanto os dois dias não vêm, por aqui, estarei escrevendo um pouco sobre o que eu sei desse  cineasta, que adora explorar o universo feminino de várias maneiras possíveis.

FALE COM ELA

Sinopse: Benigno e Marco são dois desconhecidos que acabam virando amigos em decorrência do destino. Enquanto esperam com toda a esperança possível as mulheres por quem são apaixonados, – Alicia e Lydia –, saírem do estado de coma do hospital, acabam tendo uma afinidade muito grande. Benigno possui uma espécie de amor platônico por Alicia, pois apaixonou-se sem ter tido tempo de ser correspondido, antes do acidente dela. Marco, em contrapartida, após o acidente, não consegue definir muito bem seus sentimentos com relação a Lydia, e tem dificuldades de lidar com ela na cama do hospital. Ambos só podem fazer uma coisa enquanto esperam: falar com elas.

Almodóvar prima pela originalidade ao contar uma historia no mínimo bizarra na relação  obsessiva de Benigno (Grandionetti) pela bailarina Alicia (Watling) e no enfoque do estado de coma. Ao mesmo tempo, são notáveis os rumos dados ás situações de Benigno e do jornalista (Câmara), bem como a inserção do filme mudo dentro do filme. Neste melodrama com alguns lances de humor, participações especiais da bailarina e coreógrafa Pina Baush em seqüências que se interligam com os conflitos, e do cantor Caetano Veloso, além da voz de Elis Regina na trilha sonora. Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.e Oscar de melhor roteiro original.      
        

TUDO SOBRE MINHA MÃE

Sinopse: Esteban (Eloy Azorín) é um precoce escritor de dezessete anos que, em seu aniversário, pede como presente para sua mãe, Manuela (Cecilia Roth), que ela vá a uma apresentação da peça "Um Bonde Chamado Desejo". Após o término, Esteban espera ansiosamente pela saída da estrela Huma Rojo (Marisa Paredes) dos camarins, afim de pegar um autógrafo com ela. Em meio ao temporal, Esteban é atropelado, falecendo logo a seguir no hospital. Sozinha, sua mãe decide voltar para Barcelona, cidade de onde fugira há alguns anos atrás, para encontrar o pai do menino, que vive como travesti, e dar-lhe a difícil notícia.

A viagem de Manuela (Roth, notável) permite a Almodóvar fazer uma obra prima em que a diversidade de sentimentos e impulsos convive ora de forma densa, ora com um humor escrachado, em especial, quando surgem personagens bizarros como o do travesti (Sam Juan). Emocionante do começo ao fim, equilibrando-se poeticamente nas raias do folhetim, o cineasta espanhol fez um filme perfeito, apoiado com um elenco extraordinário. Oscar de melhor filme estrangeiro, Globo de Ouro nesta categoria e prêmio de melhor direção no festival de Cannes.      
          



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Cine Dica: Em Cartaz: Mulher á Tarde




Sinopse: O filme acompanha o cotidiano de três jovens mulheres, que vivem juntas em uma grande cidade do Brasil e atravessam momentos cruciais na vida.

Embora seja um filme de pouco mais de uma hora de duração, para alguns vai parecer mais longo, pois o filme a todo o momento não acontece nada, sendo que apenas vemos uma das protagonistas, por exemplo, sentada em um sofá ou observando a rua pela janela por vários minutos. O que a primeira vista pode ser monótono para alguns, se torna interessante da maneira que o cineasta  Affonso Uchoa conduz essa trama, pois boa parte dela se passa dentro de uma casa, em pouco espaço, com somente três garotas e que nenhum momento temos uma exata idéia do que elas são uma para outra. Seriam irmãs? Amigas? Amantes? Fica na opinião do espectador, de acordo com o que viu!
De uma forma bem Hitchcock, a câmera viaja nos cenários em busca de suas protagonistas, para daí então se tornar algo que Ingmar Bergman sempre gostava de fazer, que é focar ao máximo suas personagens, conhecer suas personalidades, para então conseguir tirar algo dali. Muito embora as personagens vivam em seus universos interiores separadamente, mesmo convivendo num mesmo ambiente. Se nos formos mais fundo, Uchoa talvez tivesse a intenção de se fazer um cinema com relação a pintura, pois em muitos momentos, a câmera fica por inúmeros minutos parada, focando somente aquela cena, como se aquilo devesse ser registrado e moldado em um quadro. Fazendo isso, pode se dizer então, que é uma referencia aos primórdios do cinema, em que muitos consideravam como a maquina que se fazia fotografia em movimento.  
Uma sessão de cinema para poucos, mas que enche os olhos de um publico mais exigente.

Em cartaz somente na SALA P. F. GASTAL:  Avenida Presidente João Goulart, 551 - Marcílio Dias, Porto Alegre. Sessões 15horas e 19horas.


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Cine Dica: Em Cartaz: SOMBRAS DA NOITE


Sinopse: Barnabas é rico poderoso e um playboy inveterado até que ele comete o erro grave de quebrar o coração de Angelique uma bruxa em todos os sentidos da palavra Angelique condena-o a um destino pior que a morte transformando-o em um vampiro e enterrando-o vivo. Dois séculos mais tarde Barnabas é libertado de seu túmulo e surge nos dias modernos.


Na maioria dos casos, personagens incompreendidos e que sempre sofrem perante a sociedade comum, são sempre os verdadeiros protagonistas dos filmes de Tim Burton e em Sombras da Noite o quadro não é nenhum pouco diferente. Baseado fielmente de uma novela exibida na tevê americana nos anos 60, a produção (como toda obra autoral do cineasta), carrega inúmeras cenas góticas, que remetem o melhor da era do expressionismo alemão. Com isso, não é de se surpreender, que inúmeras cenas remetem aqueles clássicos, principalmente Nosferatu, contudo, o filme enlaça esse visual com o colorido dos anos 70, onde o protagonista acorda, depois de vários anos embaixo da terra. As cenas em que ele se levanta e se depara com o novo mundo é hilário, com o direito de ele chamar o tão conhecido símbolo de Mcdonald de Mefistófoles!
Feito essa seqüência, vemos Barnabas se ajustar a essa realidade, ao lado da nova geração de sua família, liderada por Elizabeth (Michele Pfeiffer, ainda no auge da beleza), mas além de ter que se acostumar a esse novo mundo, ele precisara se confrontar com seu algoz do passado, que é uma bruxa totalmente obcecada por ele, interpretada de uma forma bem à vontade pela atriz Eva Green, que desde que surgiu no reboot de 007, não tinha um papel tão significativo como esse. Mas como é de costume, Johnny Depp é que sempre da um show de interpretação, mesmo quando o seu desempenho, carrega algumas características de seus personagens anteriores, mas que sempre é ajustado de acordo com o universo que o cineasta cria para ele.
Embora oscile de um cinema autoral para um comercial (principalmente em seu ato final), Sombras da Noite agradara em cheio os fãs de longa data do diretor. Muito embora ainda estejam na espera por uma historia 100% original, que já faz um bom tempo que o cineasta esta devendo. 

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cine Especial: O Cinema Surrealista de Luis Buñuel: EXTRA


O UNIVERSO  INTERIOR DE LUIS BUÑUEL

Não é de hoje que o ser humano tem certa dificuldade em tentar se expressar, sem se preocupar em ser rotulado pelos outros, talvez por temer por ser excluído ou até mesmo ser  rotulado como louco. Em tempos mais conservadores a situação era bem pior, porém, houve pessoas que arriscaram o seu próprio pescoço para dizer o que bem entendesse que na maioria dos casos, foi através da literatura como do Marques de Sade, que para muitos era um gênio, outros (como a igreja católica), consideravam subversivo e pagão. Em uma de suas muitas declarações, Luis Buñuel disse uma vez, que caso não fosse um cineasta, seria com certeza um escritor. Atualmente fica até difícil imaginar uma realidade em que ele fosse somente envolvido na literatura, mas acredito que se houvesse algo que ele quisesse escrever, com certeza ele passou tudo o que ele queria passar de um livro, para a tela de um cinema.
Todo mundo conhece Buñuel por não ser somente um cineasta ousado pela criação de seus filmes que fascinam, mas por suas declarações polemicas, como a tão famosa frase, “sou ateu graças a Deus”.  Mas o buraco é muito mais fundo do que se possa imaginar, pois acredito que Buñuel não era uma pessoa descrente com relação a um ser superior, mas que gostava de ter a mais pura liberdade para se expressar do que pensava e sentia com relação a determinados assuntos e que com certeza não estava gostando dos rumos que a igreja católica tomava em sua época até a sua morte. Em seus filmes, ele gostava de expressar o que sentia no mais fundo do seu consciente, e se por um lado houve pessoas que o rotularam como louco outros viram que as imagens estranhas (principalmente de filmes como Cão Andaluz e a Idade Do Ouro), eram uma forma dele se expressar o que ele sentia e que por mais que possa ser estranho dizer, nada mais era também, do que sentimentos que ás outras pessoas guardavam para si.   

No final do filme a Idade do Ouro, por exemplo, vemos uma rápida adaptação de um dos contos de Marques de Sade, em que um Duque sai de um castelo, onde está acontecendo  uma orgia que dura há dias e para a surpresa de muitos na época, o Duque tem a cara de Jesus Cristo. Em Paris, o cinema que passava esse filme naquele tempo (inicio dos anos 30), foi completamente incendiado e por vários anos o filme se tornou proibido por lá, mas o que esperaria de um homem, que até mesmo disse uma vez que sentia atração sexual pela Virgem Maria? Era de se esperar algo do mesmo nível!
Mas acredito que o que ele quis sempre passar, não era somente o que ele sentia, mas o que todos nos às vezes sentimos ao longo da vida, mas que tínhamos medo de dizer publicamente seja com relação a opiniões ou pensamentos que para muitos é um verdadeiro tabu. Eu por exemplo, nunca senti o que ele sentiu com relação à imagem a Virgem Maria, mas quando eu era pequeno, sentia certo medo de ficar olhando, não só para ela, mas como também a imagem de Jesus Cristo. Com o tempo, essa sensação que tinha logo foi se dissipando e comecei a seguir sempre a religião dos meus pais (católica), mas não vejo a imagem da Virgem Maria como algo sagrado e sim há vejo como uma mulher bem afortunada por ter sido escolhida para a criação do filho de Deus. Os meus sentimentos internos por fim, dariam um ótimo filme com Buñuel no controle e imagine então se todos nos tivéssemos tido uma oportunidade de colocar para fora os sentimentos para ele. Com certeza ele teria grande material para filmar.

SURREALISMO, CONSIENCIA E  SONHOS

Em Cão Andaluz, o filme começa com o típico letreiro de “era uma vez”, para então vermos um homem (o próprio Buñuel) afiando uma lamina. Imediatamente o homem vai para uma sacada, observar uma nuvem cortando a lua cheia, cuja cena se casa com o homem cortando um olho de uma mulher. A cena chocante, imediatamente deixa a pessoa, tão acostumada com começo, meio e fim de uma trama, ficar se perguntado o que exatamente viu anteriormente. A Trama se segue, em cenas que aparentemente confusas, que a única coisa que se pode tirar dali e compreender, é de uma relação complicada de um casal, envolvido em momentos, em que homem vê sua mão se encher de formigas, para então depois a mesma mão, aparecer cortada no meio da rua.
Com a ajuda do Salvador Dali, um dos grandes representantes do surrealismo da época, Buñuel quis fazer uma espécie de conto vindo de um sonho, ou simplesmente expressar os seus sentimos que tinha em sua consciência em celulóide, mas por mais que tente explicar os significados das imagens, sempre haverá novas interpretações para serem levantadas, pois Cão Andaluz é o típico filme que possui tantas camadas de interpretação, que pode muito bem se escrever um livro sobre o assunto. Imagine então se o filme fosse um longa metragem, mas em pouco mais de 15 minutos, foram o suficientes para entrar para historia, sendo que para alguns, é o melhor que expressa  a consciência interior do cineasta. Falando em consciência, não me surpreenderia se ele tivesse a capacidade de nos hipnotizar e enganar nossa perspectiva, pois é fato que ele aprendeu muito sobre hipnotismo quando era jovem. No filme Esse obscuro Objeto de Desejo, vemos uma protagonista, que faz de tudo para manter uma obsessão a um homem mais velho. O que poderia ser retratado de uma forma simples, Buñuel nos prega uma de suas maiores peças de sua carreira, onde simplesmente troca a atriz por outra, sem mais nem mesmo e o que é mais assustador, foi o fato que a maioria do publico (e eu) não percebeu num primeiro momento a troca das atrizes. Sinceramente, não me lembro de algo parecido em outro filme e que com certeza jamais acontecera algo semelhante, nem mesmo com a mais alta das tecnologias atuais, mas que bastou com simplicidade (com hipnotismo?) para Buñuel passar a perna  na gente com maestria.


UMA AULA DIFERENTE DAS OUTRAS

Escrevo tudo isso sobre esse cineasta, pois ainda estou sobre efeitos dos dois  dias do curso sobre ele, que foi criado pelo CENA UM e ministrado pelo escritor Mario Alves Coutinho. Diferente dos outros cursos que eu participei a intenção da atividade não era para dissecar cada filme do cineasta, mas sim, tentar pelo menos chegar perto sobre quem era esse homem e do porque ele fazia os filmes dessa forma. A minha conclusão, é como eu disse acima, de que ele era mais humano do que qualquer um, mas tinha mais coragem do que muitos, para passar na tela o que ele pensava e dizia com relação ao mundo em que vivia.  Buñuel se foi em 1983, mas deixou um legado a muito a ser analisado e discutido, principalmente hoje, num mundo em que cada vez mais as pessoas têm a mente aberta e que vivem um pouco  mais livres para se expressar e dizer o que bem entender. Buñuel talvez tenha visto o futuro e já havia um bom tempo se adiantando. Nos cinéfilos só temos que agradecer.      

“O acaso é o grande mestre de todas as coisas. A necessidade só vem depois, não tem a mesma pureza."

Luis Buñuel


Leia também: Especial, o Cinema Surrealista de Luis Buñuel: Partes 1,2,3,4,5,6 e 7

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