Sinopse:Durante a Segunda
Guerra Mundial acontece a Batalha de Dunquerque. É nessa cidade da França que
forças britânica e francesa são encurraladas pelos alemães. Dessa forma entra
em ação a Operação Dínamo, que visa evacuar pelo mar mais de 300 mil soldados.
Em certa ocasião eu estava
assistindo a uma entrevista de Steve Spielberg e da qual ele reconheceu que boa
parte do sucesso do seu clássico Tubarão se deve a sua trilha sonora composta
pelo compositor John Williams. Há filmes que sobrevivem com o tempo, mas não somente
graças ao elenco pela história, mas sim graças a sua parte técnica e que, na
maioria das vezes, a trilha sonora se destaca e dando alma a obra. Dunkirk, talvez
venha a ser lembrado, não só como mais um ótimo filme de Christopher Nolan (Cavaleiro
das Trevas), mas como também pela sua trilha que eleva o seu filme em uma potência
máxima sem precedentes.
Baseado em fatos verídicos,
o filme se passa no início da Segunda Guerra Mundial, onde acompanhamos 300 mil
soldados (ingleses e franceses) isolados em uma praia da cidade de Dunkirki e
esperando por resgate. O problema é que eles são encurralados pelo exército
alemão e eles não tem como retrocederem para a cidade ou avançarem para o mar.
Cabe ajuda que vem, tanto pelo mar, como também pelo ar, para contornar essa situação
e salvar então o maior número de vidas possíveis.
Sem rodeios, Christopher
Nolan faz questão de nos colocar no cenário dos acontecimentos, ao ponto das
palavras ficarem em segundo plano e as imagens falarem por si. Na sequência que
abre o filme, acompanhamos um dos protagonistas, o soldado Tommy (Fionn
Whitehead) correndo em direção à praia para assim escapar com vida. Habilidoso
como ninguém, Nolan já cria um verdadeiro momento de tensão, onde não vemos em
nenhum momento a cara do inimigo, mas o movimento de câmera, os sons das balas
e a trilha sonora majestosa do compositor Hans Zimmer constroem um clima de
medo devido o que virar a seguir.
Como colaborador na maioria
dos filmes de Nolan, o compositor Hans Zimmer, talvez tenha criado aqui o seu
melhor trabalho na carreira, onde boa parte dos melhores momentos do filme se
deve muito ao seu talento em saber conseguir casar a sua trilha com as cenas
que são vistas na tela. Se em Cavaleiro das Trevas, por exemplo, ele usava o som
do violino para nos dizer que o perigo estava por vir, o artifício aqui é usado
num grau mais elevado, onde a trilha e som da aproximação dos aviões inimigos,
por exemplo, se misturam e gerando uma tensão ainda maior para os protagonistas
e para aqueles que assistem. Mesmo quando não vemos o perigo chegar, a trilha
sendo elevada, alinhada com a expressão de medo de alguns dos protagonistas, se
torna uma prova mais do que concreta que velhos artifícios do cinema podem ser
sim ainda a melhor maneira de criar determinadas cenas.
Além disso, Nolan
jamais perde a nossa atenção, principalmente pelo fato de que o filme se divide
em três núcleos distintos e que se passam no mesmo local dos acontecimentos: a
tentativa do soldado Tommy e de seus companheiros em escapar da praia com vida;
a boa vontade do civil britânico Dawson (Mark Rylance) e dos demais barqueiros
da região que decidem resgatar os soldados da praia e do confronto no
céu, onde o piloto Farrier (Tom Hardy) precisa destruir aviões inimigos que
disparam a todo o momento na praia. Curiosamente, Nolan faz com que esses três núcleos
acabem se entre cruzando em situações não cronológicas vistas na tela, mas não faz
com que a gente se confunde, mas sim nos dando a oportunidade de assistirmos
elas por outra perspectiva.
Embora
seja um filme em que o lado técnico e autoral do cineasta fale mais alto, é
preciso destacar o bom desempenho dos atores que interpretaram os seus
respectivos personagens e dos quais acabamos simpatizando com eles. Embora novato na área da atuação, Fionn Whitehead até
que se sai bem ao interpretar o personagem Tommy, principalmente em situações das
quais se exige um determinado desempenho físico perante as situações imprevisíveis
da guerra. E se Mark Rylance é a representação da humildade em meio ao caos
para salvar o máximo de vidas possíveis com o seu pequeno barco, Tom
Hardy nos brinda com uma atuação eficaz como herói piloto da trama e que, mesmo
o acompanhando em boa parte da trama dentro do seu avião, o seu personagem acaba
obtendo a nossa atenção e gerando em nós uma expectativa com relação ao final
de sua missão.
Somando
a tudo isso é preciso reconhecer a persistência Christopher Nolan ao usar velhos métodos cinematográficos
para criação dos seus filmes. Embora seja alguém que abriu as portas para outros
cineastas com relação ao uso das câmeras IMAX, Nolan opta por enquanto em
sempre olhar para trás com relação ao que deu certo no cinema de antigamente,
trazendo então para o presente e fazendo com que seus filmes tenha um grau de verossimilhança
atraente. Portanto não é a toa que, por exemplo, ao vermos inúmeros figurantes representando
os soldados na praia, acabem se tornando tão mais surpreendente do que inúmeros
bonecos virtuais que poderiam ter sido usados durante a produção.
Em menos de duas
horas de projeção, Dunkirk é uma prova absoluta de que as velhas técnicas de
filmagens ainda são eficazes para o nascimento de um belo espetáculo cinematográfico.
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