Nesse final de semana finalmente
irei participar do curso da história do cinema Gaúcho. Durante as ultimas
semanas tentei ao máximo falar um pouco sobre alguns filmes rodados na minha terra e que eu vi ao longo dos anos. Claro que nem todos tive tempo para falar sobre eles
por aqui, mas acredito que os mais essenciais eu dei destaque.
Como hoje é a ultima postagem
antes do curso, dou destaque ao clássico Vento Norte de 1951, dirigido por
Salomão Scliar e exibido recentemente na reabertura do Cine Capitólio de Porto
Alegre. O filme se encontra completo no Youtube. Confiram abaixo:
VENTO NORTE (1951)
Sinopse: Primeiro filme
gaúcho de longa-metragem, realizado nos arredores de Torres no ano de 1951. Participação dos pescadores da praia de Torres. Luta árdua de todos os dias de
pescadores da costa do Atlântico, envolvidos em violenta tragédia sob a
estranha pressão de uma ventania que sopra do norte e que traz.
Ao longo de mais de
cem anos, o conto da menina que cai numa toca de coelho e vai parar num universo
hiper-realista, conquistou inúmeras gerações de todas as idades e ainda hoje fascina
pela forma como atrai novos seguidores.
Criador: Lewis
Carroll
Charles Lutwidge
Dodgson, mais conhecido pelo seu pseudônimo Lewis Carroll (Cheshire, 27 de
janeiro de 1832 — Guildford, 14 de Janeiro de 1898), foi um escritor e um
matemático britânico. Lecionava matemática no Christ College, em Oxford, e é
mundialmente famoso por ser o autor do clássico livro Alice no país das
maravilhas.
Infância
Quando criança
Carroll brincava com marionetes e prestidigitação (também chamado magia ou
ilusionismo), e durante a vida inteira gostava de fazer passes de mágica,
especialmente para as crianças. Gostava de modelar um camundongo com um lenço e
em seguida fazê-lo pular misteriosamente com a mão. Ensinava as crianças a
fazer barquinhos de papel e também pistolas de papel que estalavam ao serem
vibradas no ar. Interessou-se pela fotografia quando esta arte mal havia
surgido, especializando-se em retratos de crianças e pessoas famosas e compondo
suas imagens com notável habilidade e bom gosto."
Carrol era apaixonado
por vários tipos de jogos, tanto que inventou um grande número de enigmas,
jogos matemáticos e de lógica; gostava de teatro e era freqüentador de ópera, e
manteve uma amizade por toda a vida com a atriz Ellen Terry.
Sua Obra Prima
A história de Alice
no País das Maravilhas se originou em 1862, quando Carroll fazia um passeio de
barco no rio Tâmisa com sua amiga Alice Pleasance Liddell (com 10 anos na
época) e suas duas irmãs, sendo as três filhas do reitor da Christ Church. Lá
ele começou a contar uma história que deu origem à atual, sobre uma garota
chamada Alice que ia parar em um mundo fantástico após cair em uma toca de um
coelho. A Alice da vida real gostou tanto da estória que pediu que Carroll a
escrevesse.
Dodgson atendeu ao
pedido e em 1864 ele a presenteou com um manuscrito chamado Alice's Adventures
Underground, ou As Aventuras de Alice Embaixo da Terra, em português. Mais
tarde ele decidiu publicar o livro e mudou a versão original, aumentando de 18
mil palavras para 35 mil, notavelmente acrescentando as cenas do Gato de
Cheshire e do Chapeleiro Louco (ou Chapeleiro Maluco).
A tiragem inicial de
dois mil exemplares de 1865 foi removida das prateleiras, devido a reclamações
do ilustrador John Tenniel sobre a qualidade da impressão. A segunda tiragem
esgotou-se nas vendas rapidamente, e a obra se tornou um grande sucesso, tendo
sido lida por Oscar Wilde e pela rainha Vitória e tendo sido traduzida para
mais de 50 línguas.
Em 1998, a primeira
impressão do livro (que fora rejeitada) foi leiloada por 1,5 milhão de dólares
americanos.
Obras no Brasil
Edições brasileiras
das obras de Carroll são: Alice no país das maravilhas (1865) e Alice no país
do espelho (Alice do outro lado do espelho, no título mais conhecido em
Portugal) (1872), Algumas Aventuras de Silvia e Bruno, Rimas do país das
maravilhas, A caça ao turpente e Obras escolhidas.
AS VERSÕES
DEFINITIVAS PARA O CINEMA:
ALICE NO PAÍS DAS
MARAVILHAS (1951)
Sinopse:Após seguir um coelho de colete e
relógio, Alice embarca em uma aventura por um mágico mundo cheio de figuras
inusitadas. Tentando encontrar o coelho, acaba conhecendo diversos personagens
marcantes e se envolve em grandes confusões.
Baseado na obra do escritor britânico Lewis
Carroll, o filme deu uma boa condensada nos inúmeros personagens que existe no
conto e o que acabou sendo um pouco criticado pelos apreciadores da obra na
época. Devemos levar em conta é claro, que os criadores da Disney fizeram até
uma boa proeza, em criar uma adaptação de um livro que possui tantos
significados e que ainda hoje faz pensar. O que eles fizeram, foi simplesmente
criar um filme que fosse apreciado por todas as plateias, que mesmo assim, a
trama em inúmeros momentos, bebe da sua fonte literária e com isso se
diferencia e muito dos outros clássicos Disney. Na época do lançamento, o filme
foi um relativo fracasso para o estúdio, contudo, o filme começou ao longo dos
anos ser reconhecido, ganhando grande
sucesso com as reprises pela televisão e provando que o filme na época do seu
lançamento estava a frente do seu tempo mas não seria jamais esquecido.
Momentos sublimes,
como o encontro de Alice com gato, ou então com a lagarta num famoso jogo de
palavras que ainda hoje encanta. Recomendo
Curiosidades: No Brasil o filme teve duas
dublagens, a original feita no ano de 1951 no estúdio Continental Discos, e uma
segunda feita em 1991 na Herbert Richers sob encomenda do SBT. Alice no país
das maravilhas recebeu indicação ao prêmio Oscar de Melhor Trilha Sonora. O
filme foi indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Alice No País das Maravilhas (2010)
Sou admirador incondicional de Tim Burton,
sempre o admirei sua fidelidade pelo filmes com visual sombrio, onírico e personagens estranhos,
como os vistos em Fantasmas se Divertem,
Edward mãos de tesoura e Peixe Grande. Contudo, Burton sabe a palavra que move
a indústria do cinema: “bilheteria" e para isso nada melhor do que encher
os cofres dos engravatados com superproduções e Burton arriscou em filmes como
Batman, Planeta dos Macacos e Fantástica Fabrica chocolate. São filmes no qual
ele injetou sua visão própria, mas não teve uma total liberdade criativa. No
filme Alice no País das Maravilhas se encaixa bem nesse segundo grupo. Voltando
a fazer um filme para Disney depois de vários anos afastado, Burton faz um
filme para a família toda como ninguém, mas não espere mais do que isso. A
trama em si tem começo, meio e fim, previsível, algo um tanto que frustrante
para aqueles que são fãs de carteirinha da obra de Lewis Carroll. Contudo, é de
se tirar o chapéu pelo desafio cumprido pelo diretor em conseguir tal feito em
fazer um filme baseado em um livro com tantos símbolos, significados e charadas
no escuro que ainda hoje deixam inúmeros leitores intrigados.
Mas diferente do que muitos imaginam,
essa historia é uma espécie de continuação mostrando acontecimentos após Alice
ter ido para o mundo das maravilhas quando pequena, agora com 17 anos, Alice
busca compreender o que esta acontecendo em sua volta, se é um sonho, fruto de
uma possível loucura sua ou pura realidade. Ao mesmo tempo em que essa nova
aventura irá lhe servir como uma espécie de lição de como saber lidar com o
mundo normal onde vive. E por ser um mundo mágico cheio de cores, Burton quis
usar ao máximo a ferramenta do momento que é o 3D, e pelo visto fez a lição de
casa, pois nunca um mundo mágico se tornou tão vivo como esse. Assim como
Avatar, nos sentimos dentro da floresta onde flores e lagartas falam com maior
naturalidade. E o que dizer do elenco? Tenho pouco a dizer sobre Mia Wasikowska
como Alice, pois sua interpretação como a personagem não ajuda, mas também não
atrapalha e talvez fosse exigir demais dela em seu primeiro papel de destaque.
Já não posso dizer a mesma coisa sobre a dupla que o diretor gosta tanto de
trabalhar: Depp e Carter. Enquanto o primeiro interpreta um chapeleiro maluco
que por vezes é insano e por vezes controlado e com boas motivações, Helena
Bonham Carter da um show de excentricidade com sua Rainha de copas e seu
cabeção descomunal. Suas aparições em cena são os melhores momentos do filme (a
parte do porco que é usado de uma maneira inusitada é digna de nota). Já Anne
Hathaway faz uma curiosa Rainha Branca que a primeira vista parece uma
verdadeira princesa saída dos contos de fadas, mas possui uma pequena dose de
excentricidade, principalmente em fazer determinados chás. Com isso, Anne
prende a atenção do espectador numa personagem menos conhecida da obra de Lewis
Carroll.
Mesmo com as velhas lições de moral sobre
escolhas e o bem vence o mal impregnado no decorrer do ato final, o filme com certeza
irá agradar o publico jovem pouco exigente e que busca somente duas horas de
boa diversão, mesmo que para alguns seja um tanto que frustrante depois de
tamanha expectativa, mas que esta muito longe de ser um filme ruim. Talvez seja
o melhor filme de Burton em termos de superprodução e se não foi agora que ele
teve total liberdade criativa, com certeza terá, devido ao sucesso desse filme.
Burton é mais que um diretor, é um autor que fala por si, mas com uma
determinada sintonia da forma que as coisas funcionam, principalmente no mundo
do cinema: "agrade os grandes primeiro e domine depois", talvez esse
seja seu lema. Talvez não tenha sempre uma total liberdade com suas obras, mas
quanto mais contem, melhor será o recheio quando for liberado e esperamos
ansiosos Sr Burton.
Nos dias 30 e 31 de Maio eu estarei
participando do curso História do Cinema Gaúcho, criado pelo Cine Um e
ministrada pela Doutora, jornalista e professora Miriam de Souza Rossini.
Enquanto os dois dias da atividade não chegam, estarei postando por aqui os
filmes rodados em nossa terra (de ontem e de hoje) e que eu tive o privilegio de
assistir.
Rocky & Hudson
(1994)
Sinopse As aventuras
da dupla de caubóis gays ganham a tela em dois episódios. No primeiro, eles
precisam lutar contra um perigoso cientista que usa seus inventos para aterrorizar
a sociedade. A segunda trama traz os heróis em busca do Totem Sagrado com ajuda
de seu fiel cavalo e de uma simpática velhinha.
Bem antes de O
Segredo de Brokeback Mountain (2006), dois caubóis gays já foram estrelas de
cinema, sendo no caso, de uma animação gaúcha. Em meio à fama que o Estado tem
de homens machistas e grosseiros surgiu esse casal um tanto atípico para os
padrões: Rocky e Hudson, personagens do quadrinista Adão Iturrusgarai. Foi em
1994 que Otto Guerra decidiu transformar as polêmicas tirinhas em um
média-metragem. Uma animação dinâmica, de um humor negro acalorado e serviu como prova que o estado era capaz sim de fazer boas animações de qualidade. Prova disso foi o recente As Aventuras do Avião Vermelho.
Deu Pra Ti anos 70
(1981)
Sinopse: Conta a
história dos encontros e desencontros de Marcelo e Ceres através da década de
70, em bares, reuniões dançantes e acampamentos.
É interessante ver Porto
Alegre no cinema, principalmente de uma época mais distante e que se torna cada
vez mais dourada. E o registro de um tempo que desperta nostalgia até para quem
nem era nascido. Essa obra de Nelson e Giba tem uma qualidade de imagem e
interpretações ruins.Porém, se fosse diferente, não seria tão bom. Deu pra ti,
anos 70 é um presente para o Rio Grande do Sul e para o Brasil, para todos
aqueles que viveram a confusa década de 1970. Angústias, dúvidas, desejos e
descobertas. E tudo isso de um jeito que só os cineastas gaúchos gostam de
fazer tanto ontem como hoje em dia.
Neto Perde a Sua Alma (2001)
Sinopse: Antônio de Sousa
Neto é um general brasileiro que é ferido no combate na Guerra do Paraguai. Sua
recuperação é no Hospital Militar de Corrientes, na Argentina. Lá ele percebe
acontecimentos estranhos, como o capitão de Los Santos acusar o cirurgião de
ter amputado suas pernas sem necessidade e reencontrar um antigo camarada, o
sargento Caldeira, ex-escravo com quem lutou na Guerra dos Farrapos, ocorrida
algumas décadas antes.
O filme equilibra sua
narrativa, encaixando numerosas cenas de batalha às quais não falta ambição -
em média, cada uma delas teve em cena 700 pessoas e seus respectivos cavalos, o
que bem pode dar uma ideia da logística requerida para as filmagens, nas
imediações de Santana do Livramento, um dos principais responsáveis por um
custo de verdadeira superprodução, em termos nacionais, alcançando R$ 3,3
milhões.
A Festa de Margarette (2003)
Sinopse: A trama conta com
alguns elementos chaplinianos, a história de Pedro (Hique Gomez), que planeja
uma festa de aniversário para sua mulher Margarette (Ilana Kaplan).
O longa, que é mudo e em
preto e branco, flerta com o surrealismo e, em alguns momentos, causa uma
sensação de estranhamento tão cara ao cinema de arte e aos grandes clássicos. O
filme foi premiado em 2006 no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.