quarta-feira, 29 de maio de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: Terapia de Risco



Sinopse: A trama gira em torno da jovem Emily Hawkins (Rooney Mara), que acaba de ver o marido (Channing Tatum) ser libertado da prisão por um crime de colarinho branco. Mesmo aliviada, Emily tem crises de depressão e busca a ajuda de medicamentos prescritos para conter a ansiedade. Ela também busca amparo num tratamento psicológico, lidando com  profissionais (Jude Law e Catherine Zeta-Jones). O tratamento, por mais que comece de forma positiva, vai gerar consequências inesperadas na vida da jovem.

A quem diga que Terapia de Risco seria o ultimo filme de Steven Soderbergh, pois o próprio alega que está muito cansado e que gostaria de encerrar com sua carreira de cineasta. O caso, que isso já faz alguns anos que ele fica dizendo isso, e nesse meio tempo, ele tem lançado pelo menos dois ou três filme por ano, sendo que às vezes até mesmo eu me perco sobre o que já foi lançado dele (o ultimo que eu vi no cinema foi Contagio). Caso esse venha ser o seu ultimo filme, pelo menos ele fecharia a carreira com estilo, pois embora não seja uma obra prima, o filme possui todos os ingredientes que fizeram a sua carreira decolar desde Sexo, Mentiras e Video tape.  
Embora seja com um elenco pequeno (diferente de outras obras como 11 Homens e um segredo), o filme não deixa de ser uma teia de inúmeros eventos, a partir do momento que a protagonista Emily (Rooney Mara) passa a sofrer de depressão e pede ajuda a um psiquiatra (Jude Law), que por sua vez recorre a uma amiga e psiquiatra (Catherine Zeta-Jones) para testar na paciente um novo antidepressivo que estão testando. O caso que tudo ocorre de uma forma inesperada e Emily acaba matando o seu próprio marido (Channing Tatum) num momento que parecia estar em sonambulismo, ou efeito do remédio. Do inicio até a metade do filme, o que assistimos é um verdadeiro jogo de cenas, onde o cineasta cria, o que parece ser um verdadeiro retrato sobre até onde a depressão de uma pessoa pode levar, mas nem tudo é o que parece.
Na realidade o primeiro ato é a construção de um palco, onde os protagonistas (aparentemente) se apresentam como eles são. Mas a partir do segundo ato, Soderbergh cria uma verdadeira cebola de tamanho gigante, aonde aos poucos ele vai descascando-a e revelando a verdadeira personalidade de cada um dos protagonistas e fazendo com que tudo que imaginávamos até então fique do avesso. Com isso, é preciso dar palmas para Rooney Mara e Jude Law, pois se no principio eles se apresentam de uma forma, aos poucos seus personagens vão crescendo de tal forma, que a imagem da qual ambos tinham  no principio, se torna cada vez mais distante quando eles começam a mudar radicalmente.
O curioso é observar, que como Soderbergh gosta de fazer filmes da sua autoria, mas que ao mesmo tempo não perde a oportunidade de fazer uma critica pessoal de determinado assunto. Se em Traffic ele escancara a verdadeira torre de Babel sobre o trafico de drogas, aqui ele mostra o submundo sobre o universo farmacêutico e como eles tratam os seus pacientes como se fosse gado, fazendo de tudo para que eles tomem os remédios novos que eles vão lançando ao longo dos anos. Podemos interpretar o filme também como uma espécie de continuação de Contágio, pois tanto neste como naquele, o cineasta soube muito bem retratar a hipocrisia daqueles que controlam os remédios perante a uma situação inexplicável, seja vinda de um vírus ou até mesmo de uma doença mental.

Embora o final decaia um pouco em soluções fáceis, isso não é o suficiente para tirar o brilho desse filme elegante, eficiente e que nos prende atenção do inicio ao fim. Se for a aposentadoria do cineasta, então ele encerrou suas atividades com honras.   

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terça-feira, 28 de maio de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua


Sinopse: 1974, uma pequena cidade no interior do Texas. Uma garota escapou de um massacre que matou cinco pessoas e é criada sem saber a verdade sobre seu passado. Já adulta, Heather Mills (Alexandra Daddario) é surpreendida ao ser informada que é a beneficiária da herança de uma avó que nem sabia existir. Ao lado dos amigos Nikki (Tania Raymonde), Ryan (Trey Songz) e Kenny (Kerum Milicki-Sanchez), Heather viaja ao Texas para conhecer a mansão que herdou. Entretanto, ela tem duas regras a seguir: não pode vender a mansão e precisa seguir à risca as instruções deixadas pela avó em uma carta. O problema é que, antes mesmo de abrir esta carta, Heather é surpreendida por outro parente que também sobreviveu ao massacre de décadas atrás.

Quando se acha que uma franquia já deu o que tinha que dar, eis que surge mais um capitulo, seja refilmagem, reeboot ou prequel. No caso de O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua, é na realidade uma continuação direta do clássico dos anos 70, ignorando suas seqüência e refilmagens e injetando algo de novo. Para começar, John Luessenhop (Ladrões) foi engenhoso em começar o filme com cenas clássicas da obra original, fazendo o espectador desavisado se situar na trama e reconstituindo o que aconteceu realmente após aqueles trágicos eventos.
Após uma mirabolante desculpa (coisas de família), o roteiro entrega algo já bem familiar para os fãs do gênero: grupo de adolescentes com os hormônios em ebulição, fazem uma viagem para se hospedarem num determinado lugar, para então cada um deles servirem de vitimas para Leatherface. Claro que é preciso ter uma heroína linda (talvez virgem) e a bola da vez é Heather, personagem vivida por Alexandra Daddario, que descobre ter fortes ligações de sangue com a família do assassino. Com os peões prontos no tabuleiro, ocorrem as típicas cenas de perseguição, que a gente já sabe muito bem quem vive e quem morre e com altas doses mutilação e sangue, algo que não foi visto no clássico de Tobe Hopper.
Mas para tentar surpreender o publico, o ato final entra num território arriscado, onde faz com que a gente se esforce em ter simpatia com o vilão, fazendo dele uma espécie de anti-herói e vitima das circunstâncias, enquanto as autoridades locais, que acreditam que são a lei e a ordem, acabam se tornando os verdadeiros vilões da trama. Não sei se é correto mexer no que já funcionou e o que deixa o futuro do gênero indefinido, fazendo a gente temer que sempre surja uma justificativa para que não temamos tanto esses monstros tão conhecidos nossos.
Seria a onda do politicamente correto aterrissando até mesmo nos filmes hiper violentos? Espero que não!  

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Cine Dica: Programação de 28 de maio a 2 de junho do Cinebancários

CineBancários estreia documentário sobre ativista do grupo Sendero Luminoso 

O CineBancários estreia dia 28 de maio o documentário Sibila, sobre a trajetória da ativista política Sybila Arredondo de Argueda. Dirigido por Teresa Arredondo, sobrinha da protagonista.
 O filme é uma co-produção entre o Peru, o Chile, a França e a Espanha e permanece em exibição no CineBancários de 28 de maio a 2 de junho, nas sessões das 15h e 17h, com ingressos a R$ 6,00 para público geral e R$ 3,00 para bancários e jornalistas sindicalizados, idosos, estudantes e clientes do Banrisul.
 Com Sibilia, a diretora peruana Teresa Arredondo recupera em detalhes uma história dramática, que marcou profundamente a sua família. Quando decidiu fazer seu primeiro longa documental, optou por abordar este fato que, além de ter ressonâncias íntimas, está diretamente relacionado à história recente de seu país. Em entrevista concedida por ocasião do lançamento do filme, a diretora afirmou lembrar em detalhes da noite em que a história da sua família mudou: “Nós recebemos um telefonema dizendo que minha tia Sybila estava na prisão acusada de fazer parte do Sendero Luminoso. Eu tinha sete anos e o silêncio protetor de meus pais me fizeram transformar a imagem dela em um mistério. Ela ficou na prisão por 15 anos. Hoje ela está livre e eu quero chegar perto dela, para escutar e entender." O Sendero Luminoso é uma organiza&cc edil;ão terrorista de inspiração maoísta fundada na década de 1960 por estudantes e professores de universidades do Peru. A guerrilha foi quase considerada extinta no final da década de 90, mas reapareceu na primeira década dos anos 2000.
 A diretora Teresa Arredondo nasceu em Lima, no Peru, em 1978. Estudou documentário na Universidad Autónoma de Barcelona. Lá ela fez seu primeiro curta-metragem, In Crescendo (2007). Seu segundo curta-metragem, Días con Matilde (2011), foi premiado em diversos festivais. Sibila é seu primeiro longa-metragem e ganhou o prêmio de direitos humanos no BAFICI, o Festival Internacional de Cinema de Buenos Aires.

Sibila, de Teresa Arredondo. Chile/Peru/França/Espanha, 2012, 95 minutos. Documentário.
 Classificação indicativa: 12 anos.
  
Abismo Prateado entra em cartaz no CineBancários na sessão das 19h 

O CineBancários exibe de 28 de maio a 2 de junho, na sessão das 19h, o longa Abismo Prateado de Karim Aïnouz, baseado na canção Olhos nos Olhos, de Chico Buarque.
 Violeta (Alessandra Negrini), é uma dentista de 40 anos, casada e com um filho adolescente, que está pronta para começar mais um dia em sua rotina, entre seu consultório, a academia e um novo apartamento em Copacabana. Parece ter uma vida dos sonhos, até que recebe um recado no celular, o que muda drasticamente seu cotidiano, fazendo com que ela passe por uma dolorosa experiência, durante a qual busca entender a situação, andando pelas ruas do Rio de Janeiro.
 Ingressos: R$ 6,00 para público geral e R$ 3,00 para bancários e jornalistas sindicalizados, idosos, estudantes e clientes do Banrisul.

Abismo Prateado, de Karim Ainouz. Brasil, 2011, 100 minutos. Com Alessandra Negrini e Thiago Martins. Drama. Classificação Indicativa 14 anos.
   
Cineterapia exibe Má Educação de Almodóvar, seguido de bate papo com Manuela D'ávila

O Cineterapia deste mês apresenta o filme Má Educação, de Pedro Almodóvar (La mala educación, Espanha, 2004, 106 minutos), seguido de bate-papo com a jornalista e deputada federal Manuela D’Ávila. A exibição tem entrada franca e acontece na segunda-feira, dia 27, às 20h, no Cinebancários.
Considerado um verdadeiro mergulho na alma masculina e buscando quebrar tabus, a película traz o personagem Ignácio, um rapaz educado em colégio católico que se apaixona pelo colega de classe, Enrique. No entanto, Ignácio acaba despertando interesse maior em seu professor e diretor da escola, Padre Manolo.
 Passados os anos, os dois rapazes se reencontram diante de um bloqueio criativo de Enrique, que agora é cineasta. Ignácio é aspirante a ator e apresenta a ele o roteiro “A Visita”, parcialmente elaborado a partir de experiências de vida de ambos.
 Em sua 24ª edição e quarto ano consecutivo, o projeto disponibiliza clássicos que estudam novas formas de desenvolver a sensibilidade e possibilita análise comportamental por destacados pensadores, psiquiatras e escritores gaúchos. Já participaram do evento nomes como Thedy Correa, Frank Jorge, Tatata Pimentel, Jorge Furtado, entre outros.
 A mediação da conversa fica por conta dos terapeutas Cínthya Verri e Roberto Azambuja.

Reservas de ingressos deverão ser feitas pelo e-mail projetocineterapia@gmail.com

Mais informações e horários das sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui.

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

domingo, 26 de maio de 2013

Cine Especial(HQ): ESTRANHOS NO PARAÍSO: PARTE 6

"Eu não sei de que tecido é feita essa nossa vida, mas do outro lado de nossas dores mortais, há um lugar de santuário".
-Katchoo. 


 ESTRANHOS NO PARAÍSO - SANTUÁRIO 

Sinopse:Após dez anos sem ver sua melhor amiga, Francine a encontra por acaso em um restaurante de hotel, mas perde Katchoo de vista antes que possa falar com ela.Deprimida, mergulhada em um casamento infeliz, Francine desmorona em lembranças de Katchoo, David e de suas vidas juntos. Aos poucos são reveladas as razões para as duas terem se separado por tanto tempo. Enquanto isso, a senhora Peters, preocupada com a infelicidade crônica de sua filha, entra em contato com Katina Choovanski e proporciona o reencontro das duas. 


Às vezes, a gente se pega recordando de um passado distante, de uma época que não volta mais e que se da conta de que os pequenos momentos valeram por toda uma vida. Numa época da escola em que eu era desprezado pelos outros alunos (por ser diferente), nunca me esqueço de uma amiga que veio até mim para a gente se entreter no salão. Não era nada demais, apenas ficávamos correndo um do outro, mas são pequenos momentos como esse que sinto muita saudade. Mas então o que dizer de pessoas que cruzam as nossas vidas, que nos completa, mas que por um motivo ou outro o destino acaba nos separando?
Com esse pensamento, não tinha como não me identificar com Francine, que ao rever de longe a sua melhor amiga (e grande amor) Katchoo, imediatamente ela se lança em um mar de lembranças, que na realidade correspondem aos arcos anteriores Love Me Tender, Inimigos Mortais e Tempos de Colégio. Para os fãs brasileiros dessa HQ, não foi fácil descobrir como seria esse reencontro, pois a primeira vez que vimos uma Francine mais velha e observando Katchoo de longe, foram á exatos intermináveis dez anos e que o ultimo volume  Tempos de Colégio havia sido lançado á seis longos anos. Não foi fácil, mas antes tarde do que nunca e editora HQM lança, não só o melhor arco da série até aqui, como também a melhor leitura que eu tive nesse ano.
Retornando a trama, Francine acaba por sem querer perdendo a chance de falar com Katchoo e imediatamente sucumbe a depressão e bebida em um bar. No retorno para casa, ela mergulha em boas lembranças em que vivia com Katchoo e David. São impressionantes nesses momentos os desenhos que Terry Moore cria, pois na pagina 15 ele faz uma transição entre o futuro e o presente de uma forma tão perfeita, que da a sensação que estamos assistindo aqueles flashback que acontecem em determinados filmes. De quebra, Moore cria uma bela homenagem há um dos quadros do pintor Potthast, em que os protagonistas estão observando em um museu e é aonde acontece uma incrível coincidência.

De volta ao futuro, Francine deseja loucamente voltar para casa, mas não se refere ao seu antigo lar com a mãe, mas sim se referindo a Katchoo. Para a surpresa do leitor, a mãe dela toma uma difícil decisão. Após isso, somos levados a saber onde Katchoo está vivendo, para logo em seguida receber uma importante ligação que mudaria os seus próximos dias. Até a pagina 42, Terry Moore cria um cenário, onde a trama transita entre o humor pastelão e o mais puro drama, sendo que esse ultimo é muito bem representado por uma Francine em frangalhos, arrependida de ter tomado certas decisões na vida e de se dar conta de que não tem como mudar isso.
Mas para a sua surpresa, Katchoo se encontra em sua cozinha, ao lado de sua mãe e filha fazendo biscoitos. É ai leitor, que a personagem se desmonta e é nas próximas paginas  que Terry Moore me pegou de jeito: duas paginas, onde o escritor soube transitar tranquilamente entre a literatura e HQ, onde somos brindados com uma das leituras mais emocionantes e tristes que eu li esse ano, pois eu me identifiquei tanto com ela, que faço questão de escrevê-la aqui embaixo para sentir as palavras, junto com as paginas originais publicadas nos EUA:    

SANTUÁRIO: POR KATCHOO.

Quando eu tinha 13 anos,
vi um colega da minha escola
morrer no concreto, ao
lado de um ônibus escolar.
Na barulhenta brincadeira
das crianças empurrando,
o garotinho foi atirado
na frente do ônibus que se
aproximava e acabou atropelado.
Esperando pela ambulância,
nós ficamos ao redor dele, 
como uma parede de vida,
e assistimos a sua morte.
Primeiro ele balbuciou
sem poder se mexer, seus
olhos fechados bem forte.
Mas enquanto a multidão
relembrava o terrível momento,
de novo e de novo, de vários
pontos de vista, o garoto foi se calando.
Ele abriu os olhos e olhou além de nossas
silhuetas para ver o sol, numa calmaria de paz.
Então percebi que ele não mais via o céu,
nem sentia a brisa do outono,
nem sentia dor alguma ou ouvia o som, 
dos professores chorando.
Eu não sei de que tecido
é feita essa nossa vida, 
mas do outro lado de nossas
dores mortais, há um lugar de santuário.
Eu sei por que uma vez estive ao lado
de um garotinho e o vi encontrá-lo.
Anos depois, segurei a mão de Emma
até ela achar seu santuário na neve
que caia do lado de fora de sua janela. 
Então eu encontrei no banco de traz
de uma viatura que corria, sob as lagrimas de Francine. 
Acho que foi por isso que voltei. 
Há algo mais importante que os
trabalhos que temos e
os papeis que interpretamos.
Algo além da forma
e da direção das nossas mudanças.
Tem a ver com quem tocamos e porque,
e isso importa mais do que
podemos entender ou talvez lembrar.
Então, não importa o que aconteceu
ou que foi dito naquele verão horrível
dez anos atrás, se Francine precisa de mim
eu vou estar aqui para ela, para segurar
sua mão e fazê-la saber que não esta sozinha.
Eu devo isso a ela, não da pra ver? 
Nos olhos dela, encontrei o meu santuário.
E agora, quando a vida é feita de sombras
bloqueando o sol, Francine também procura por isso.
Mas não é irônico que ela procure em mim
por algo que vi nela todo esse tempo?
Não sei, talvez o santuário não seja
realmente encontrado no sol, na neve ou
nas lagrimas da pessoa amada.
Talvez, quando é o momento certo,
essas coisas simplesmente captem o reflexo
de nossa própria alma e nos lembrem de
quem realmente somos e de eu nosso lar
nunca esta tão longe assim – apenas além das silhuetas que escurecem o sol. 
Por causa dessas duas paginas, é que o arco Santuário me pegou de jeito e me fez querer escrever sobre o que já foi publicado de Estranhos no Paraíso até aqui no Brasil. Eu nunca vi texto e imagem (um traço quase vivo) se casarem de uma forma tão perfeita, pois não só nos emocionamos com os pensamentos de Katchoo, como também nas imagens de uma Francine apertando fortemente a mão em sua boca, pois da a entender que ela não está acreditando no que está vendo, que o seu santuário de paz está a sua frente. Acima de tudo, foi um texto que me identifiquei muito, que me fez mudar de opinião sobre certos pensamentos pessoais que eu tinha ao longo desses anos e que me fez revisitar o passado, mesmo ele não estando ao meu alcance.
Após essa explosão emocional de imagens e texto, Terry Moore intensifica mais ainda o casório de HQ + literatura. Da pagina 55 á 62, existe paginas somente com textos, onde descreve a conversa das duas protagonistas após o encontro na cozinha, sendo que as paginas ao lado somente ilustram uma única imagem, mostrando ambas sentadas nos fundos da casa. O dialogo explora ainda mais o que havia acontecido com ambas durante os anos que ficaram separadas, mas deixa certas questões no ar, como o fato do verdadeiro destino de David no futuro. O restante do arco retorna ao presente, onde vemos o primeiro conflito das amigas.
Embora tenhamos ficado confortáveis sabendo que no futuro elas se reencontrariam, não tem como não ficar tenso durante a primeira discussão de ambas, que chega a um ponto de elas serem muito cruéis uma com a outra. O caso que ambas estão certas, mas ao mesmo tempo ambas estão erradas em diversas questões: Katchoo jamais foi muito sincera com a sua amiga com relação a certas passagens do seu passado, e com o fato de esconder isso de Francine, acaba colocando a amizade com a sua amiga em cheque. Já Francine, ao negar os verdadeiros sentimentos que sente por Katchoo, sempre fez com que a relação entrasse numa verdadeira montanha russa de idas e vindas e sem saber no que vai dar. Ambas se amam, mas nunca souberam exatamente administrar esses sentimentos que tinham uma pela outra.

O conflito chega ao ponto, que acreditamos que foi essa passagem em suas vidas que as levou a não se verem mais, mas até termos certeza disso, Terry Moore cria momentos de alivio cômico, como o fato da personagem Casey, que é casada com o famigerado Fred Femurs, começar a dar em cima de David, principalmente após o seu marido escancarar a sua obsessão que ainda tem por Francine. Ao mesmo tempo, novamente o universo de Darcy Parker retorna para bater a porta na vida dos protagonistas, mas dessa vez (aparentemente) os deixa numa sensação de puro êxtase. Em meio a tudo a isso, Francine retorna para casa e decidida a se entregar ao amor por Katchoo, mas como sempre, surge algo para não acontecer exatamente isso.  
O final do arco termina com momentos muito engraçados, principalmente protagonizados por Casey, que ao longo da série irá ter sua participação aumentada. Mas embora (aparentemente) todos tenham terminado juntos novamente, os últimos quadrinhos deixam um grande gancho para o próximo arco, onde o mundo de Darcy Parker irá retornar para deixar a vida dos protagonistas do avesso. Mas embora eu considere que esse final não tenha terminado de uma forma perfeita (que difere do seu inicio arrebatador), Santuário é desde já a melhor HQ do ano, por fazer mexer com os nossos sentimentos, e como eu disse acima, faz com que a gente repense sobre certas questões da vida, como amor, amizade e escolhas que tomamos ao longo de nosso percurso.
O mal disso tudo, é temer a possibilidade de tão cedo a editora HQM não publicar o próximo arco, sendo que  tem  ainda mais dez volumes pela frente,  para então finalmente chegar ao seu final. Torcer para que essa demora de lançamento de arco para outro não aconteça, pois Estranhos no Paraíso é leitura obrigatória, não só para fãs que curtem HQ de qualidade, como também para aqueles que curtem uma bela historia sobre seres humanos comuns, com os seus sentimentos conflitantes e até aonde podem ser levados por eles.   
Leia mais sobre Estranhos no Paraíso: Parte 1234 e 5.

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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Cine Especial(HQ): ESTRANHOS NO PARAÍSO: PARTE 5

ESTRANHOS NO PARAÍSO: 
 TEMPOS DE COLÉGIO

Sinopse: Tempos de Colégio, o sexto volume da série, mostra como Katchoo e Francine se conheceram no segundo grau e os conturbados acontecimentos em suas vidas.É uma história sobre a inquietude dos sentimentos e a desolação diante de um mundo que parece não ser o seu. Sobre relações familiares desestruturadas, seja em tons de preto-e-branco ou sob um fino véu cor-de-rosa. E é sobre perda. Mas principalmente, como é a tônica de toda a série, sobre encontrar o abrigo e o amor que nos fazem continuar. Ainda, retornando ao presente das garotas veja uma história em que, após bater a cabeça, Katchoo se imagina num mundo no qual Francine é Xena, a Princesa Guerreira, e ela sua fiel ajudante. 


Embora esse seja o sexto volume da série, Terry Moore surpreendeu em dar uma pausa nas tramas vistas no presente e viajar então no tempo, mais precisamente nos dias em que Katchoo e Francine se conheceram na escola. Embora a trama interrompa o percurso dos acontecimentos que estavam acontecendo, o volume é muito bem vindo, pois serve como ponto de partida para aqueles que não haviam lido as edições anteriores e explora ainda mais os motivos que levaram a dupla central há ter uma ligação de amor e amizade tão forte ao longo dos anos.   
Sabiamente, Terry Moore apresenta a dupla central ao mesmo tempo, mas em quadrinhos separados e em seus respectivos lares. Aqui, vemos como essas duas são bem diferentes uma da outra: Francine (aparentemente) parece uma adolescente perfeita, com uma família perfeita e com todos os desejos comuns que uma jovem americana deseja ter. Já Katchoo, vemos que a vida dela é um tanto que rebelde e de cara vemos que sofre nas mãos de um padrasto inconsequente  São dois lados completamente diferentes, onde aparentemente não existia nenhuma possibilidade de que haveria um contato forte entre as duas, mas bastou um momento na sala de aula que mudasse esse quadro. Após um desastroso poema apresentado  por Fred Femurs (o futuro e chato ex namorado de Francine), a professora pede para Kachoo apresentar o seu poema:

Esta Mascara que eu uso.
Por Katchoo

Está máscara que uso por você me foi dada
em uma noite de inverno, sob as arvores,
o azul e negro dela são uma mortalha em minha vida
envolvendo meus olhos e toldam meu olhar.

Esta máscara que uso finge que estou aqui
e me esconde do terrível pavor
de que você possa achar meu coração
e tomá-lo também sob as arvores.

Está máscara que eu uso para me esconder da dor.
é tudo que tenho para manter a sanidade
Foi só um tombo, é o que você e manda dizer
nenhuma palavra pode este inferno deter   

Está máscara com a qual, rezo a Deus, por que
ele tanto me odeia para me ver morrer
um pouco mais a cada madrugada
em que este homem vem e minha alma é violada

Mas a garotinhas, meu amigo, crescem
e aprendem os maldosos caminhos dos homens.

Está máscara que eu uso cairá no dia
em que a máscara que uso sobre seu tumulo repousar      

Por fim, enquanto todos ficaram paralisados (para logo em seguida ignorarem), somente Francine é que teve coragem de ir até  Katchoo e elogiar o seu poema. Neste exato momento, os dois universos que pareciam completamente diferentes um do outro, começaram a enxergar as qualidades que ambos tinham. A relação de amizade e futuro amor começa com as visitas de Katchoo batendo na janela de Francine, onde ambas conversam sobre a peça (Estranhos no Paraíso) no qual Francine irá participar.

Nesse momento se cria um “porto seguro” em que ambas enxergam uma na hora, pois no final das contas, ambas eram solitárias em seus respectivos mundos: Francine parecia à menina perfeita, mas bem da verdade não tinha amigos, sendo que poderia facilmente servir de alvo de gozação dos outros alunos e tudo dava á entender que sua família estava a caminho de uma crise. Já Katchoo além de ser rebelde e ter opinião própria, já sofria certo preconceito sobre os boatos de ser lésbica. A relação de ambas deu certo desde o principio, porque elas jamais colocaram em primeiro plano os seus defeitos, mas sim as suas qualidades e respeito que sentiam uma pela outra.
Infelizmente nem tudo foram flores para as duas garotas, pois Francine atuaria na peça (Estranhos no Paraíso), onde aconteceria um embaraçoso imprevisto (visto no primeiro arco) e que a tornaria alvo de gozação de toda a escola. Já Katchoo seria brutalmente espancada e estuprada pelo seu padrasto, sendo um acontecimento que a marcaria pelo resto da sua vida. Ambas em um inferno astral, Terry Moore cria um pouco de alivio, quando Katchoo (toda ferida) vai em busca de refugio nos braços de Francine, que vive também o seu pior momento na vida.    

Após ambas viverem pesadelos reais, as duas protagonistas nada podem fazer, a não ser encarar o dia seguinte, mas por caminhos diferentes: enquanto Francine encara toda a escola, Katchoo toma a difícil decisão de abandonar a cidade, principalmente após ter sido ignorada por uma mãe negligente. Nas ultimas paginas, Terry Moore nos brinda com um dos melhores e mais tristes momentos da série, que embora saibamos que ambas voltariam a se reencontrarem nas historias do presente, isso não impede de nos sentirmos aquela sensação de aperto na garganta e de tristeza, principalmente quando Francine se da conta que finalmente havia achado a sua melhor amiga, mas que infelizmente ela teria que ir embora.
Os últimos quadros fecham com chave de ouro o arco, onde mostra uma  Francine mais velha, vista pela ultima vez no inicio do arco Love Me Tender e observando o seu amor de longe. Mesmo sendo o arco mais curto da série, Terry Moore criou uma bela historia sobre o amor e amizade de uma maneira tocante, sincera e que explora os significados que levam os opostos se atraírem de uma forma tão forte. Uma historia que não se leva em conta as diferenças que cada um de nos temos, mas os sentimentos puros isso sim é o que contam.  
        

Nota: Além dessa tocante historia, no final do álbum há uma pequena homenagem que Terry Moore faz a série Xena: A Princesa Guerreira, que estava fazendo sucesso na época e que por coincidência, as protagonistas de Estranhos no Paraíso tem muito mais em comum com as protagonistas daquela série do que podíamos imaginar.


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Cine Dicas: Estreias do final de semana (24/05/13)


Holy Motors 

Sinopse:Monsieur Oscar (Denis Lavant) é um homem sombrio que viaja de uma vida para a outra. Ele alterna-se entre ser um assassino, um pedinte, um industrial, um monstro e um pai de família. Ele parece ser um ator representando, mas onde estão as câmeras? Oscar vaga acompanhado por Céline, que dirige o enorme carro que o transporta pelos arredores de Paris. Como um assassino que se move de morte em morte, ele persegue a beleza e o motor da vida, as mulheres e os fantasmas da sua memória.


Velozes & Furiosos 6 

Sinopse: Desde que o golpe de Dom (Vin Diesel) e Brian (Paul Walker) no Rio de Janeiro deixou o grupo com US$100 milhões, os heróis se espalharam pelo globo. Mas a incapacidade de voltar para casa e viver em um lar tornou suas vidas incompletas. Enquanto isso, Jobbs (Dwayne Johnson) esteve perseguindo uma organização de mercenários sobre rodas, um grupo de homens cruéis divididos em 12 países, cujo mentor (Luke Evans) tem ajuda da destemida Letty (Michelle Rodriguez), a antiga namorada de Dom, que ele acreditava estar morta. A única maneira de parar este grupo de criminosos é superá-los nas ruas, por isso Hobbs pede a Dom para reunir um grupo de elite em Londres. A recompensa? Perdão a todos eles, para poderem voltar para as suas casas e tornarem suas famílias completas novamente.


Artigas - La Redota 

Sinopse:No ano de 1884, um ditador uruguaio obriga o famoso pintor Juan Manuel Blanes a fazer um retrato do libertador José Artigas, o homem que liderou um exército popular no interior do país. O artista utiliza um esboço de 1811, realizado pelo espião espanhol Guzmán Larra, para começar sua obra. Setenta anos antes, Larra havia sido contratado para acabar com a vida de Artigas e acabou testemunhando os anseios de seus oito mil companheiros. Os destinos desses três homens se cruzam, mudando a vida de cada um deles e do povo uruguaio.


A Datilógrafa

Sinopse: Aos 21 anos de idade, Rose Pamphule mora com seu pai e estar prestes a casar com o pacífico filho de um garagista. Ela poderia virar uma dona de casa, mas a jovem tem planos mais ambiciosos. Ela sai de sua cidade e tenta um emprego de datilógrafa no escritório de seguros de Louis. Mesmo se suas habilidades como secretária são fraquíssimas, o homem fica impressionado com a velocidade com a qual Rose consegue digitar. Logo o espírito competidor de Louis se desperta: ele decide aceitar Rose como sua secretária, contanto que ela treine para participar da competição de datilógrafa mais rápida do país. 

Raça 

Sinopse:Apesar de viverem em um país com a segunda maior população negra do mundo e reputação de harmonia racial os afro-brasileiros permanecem praticamente ausentes dos salões do poder. Raça apresenta a história de três pessoas na linha de frente da batalha contemporânea pela igualdade. Em Brasília o único senador negro luta pelo estatuto da igualdade racial. Em São Paulo um famoso cantor negro lança uma emissora de TV. Na zona rural uma neta de africanos escravizados defende os direitos de sua terra ancestral. 

Sem Proteção 

Sinopse: Jim Grant é um advogado viúvo que leva uma vida pacata em Nova York com sua filha de 11 anos. Nos anos 1970 no entanto ele era um ativista radical membro do grupo terrorista Weather Underground. Perseguido por roubo e assassinato Jim vinha ocultando sua verdadeira identidade desde então. Quando uma antiga integrante do grupo se entrega ao FBI um jovem e ambicioso repórter acaba descobrindo pistas sobre o passado de Jim. Não há mais local seguro para ele e agora ele terá que buscar uma maneira de limpar o seu nome. Baseado no livro homônimo de Neil Gordon. Festival de Toronto 2012.


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