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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 22 de março de 2017

Cine Especial: Literatura Policial no Cinema: Parte 4

Nos dias 25 e 26 de março eu estarei participando do curso Literatura Policial no Cinema, criado pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema César Almeida. Enquanto atividade não chega, por aqui eu irei fazer uma pequena investigação sobre os principais clássicos envolvidos nesse gênero cinematográfico.  

Jackie Brown (1997)

Sinopse: Jackie Brown é uma aeromoça, funcionária de uma companhia aérea de segunda linha, que reforça o seu baixo salário trazendo para o país dinheiro sujo de um traficante de armas, Ordell Robbie. Um dia, ela é pega por policiais com uma alta soma numa mala. Mas estes lhe oferecem a liberdade se os ajudar a pegar o traficante.
Terceiro filme de Tarantino que abriu mão de um roteiro original para adaptar o livro Poche de Run, de El More Leonard (O Nome do Jogo). Ignorado no Oscar/98 (só Foster foi lembrado com uma indicação a coadjuvante) leva as telas uma trama aparentemente banal que ganha tensão, suspense e humor por meio de sua criatividade. Repleto de referencias dos anos 70 (figurinos, trilha sonora, cenários) resgatou dois atores daquele tempo (Grier e Foster), da época colocou grandes nomes (Deniro, Fonda, e Keaton) em papeis menores, mas importantes. Mais maduro, Tarantino abandonou a estética da violência explicita dos seus filmes anteriores e talvez por isso na época fosse um tanto que incompreendido, mas jamais esquecido. Um dos grandes momentos chaves do filme, que mostra toda a criatividade do diretor, é uma sequência de trocas de bolsas em um vestuário. Tarantino retorna pelo menos umas três vezes no local dos acontecimentos, para mostrar a mesma trama, mas de ângulos diferentes, focando o destino de cada um dos personagens em decorrência a esses eventos na loja de roupas. Com um uso criativo de montagem de imagens, essa seqüência, apesar de simples é eficaz, que de quebra, é onde os atores estão em seus melhores momentos, em especial a Robert Deniro e Bridget Fonda.
 
O Homem que não estava lá (2001)

Sinopse: Em meio aos anos 40, Ed Crane (Billy Bob Thornton) é um barbeiro infeliz, que vive com sua esposa Doris (Frances McDormand). Ao descobrir que ela o está traindo, Ed passa então a planejar uma trama de chantagem contra ela, a fim de ensinar-lhe uma lição. Mas quando seu plano vai por água abaixo uma série de consequências desagradáveis ocorrem, incluindo vários assassinatos.
Se em seu primeiro filme (Gosto de Sangue) era uma espécie de namoro com o gênero noir, aqui fica mais do que evidente que os irmãos cineastas prestavam, não só um tributo ao gênero, como criaram um filme a altura. Com um belíssimo preto e branco, todas as características deste gênero estão lá, desde a trama policial, assassinato, mulheres sedutoras, narração off, cigarros e traições. Misturando tudo isso com a já estabelecida visão que os cineastas têm em colocar os seus personagens em tramas cujas situações são imprevisíveis e afiadas no humor negro. Mas nada se compara ao grande desempenho de Billy Bob Thornton no decorrer do filme, onde ele protagoniza e narra com a sua voz firme e mansa, transformando-se na grade alma da trama. 


 

Sobre Meninos e Lobos (2003)

Sinopse: Um grupo de três meninos brinca em Boston, e um deles é raptado e estuprado. Os três, já adultos e não mais tão amigos assim, vivem seus inferninhos particulares. Tim Robbins, a ex-vítima, tem uma existência amargurada. Sean Penn é quase um marginal, mas mantém as aparências graças à loja que tem. Quando sua filha de 19 anos é assassinada, seu mundo desaba. E entra em cena o Kevin Bacon, que faz o policial que investigará o caso.
Clint Eastwood é conhecido pela mão firme com que dirige seus dramas e pela primazia na composição de suas trilhas. Em Sobre Meninos e Lobos (Mystic River, 2003) não é diferente, a história nos envolve de forma comovente com traços reais e intimistas que são realçados pelas canções de andamento calmo e introspectivo. Os atores foram levados por Eastwood a uma autoflagelação artística que tem como resultado uma película casual e amistosa que se torna agressiva e amarga com o desenrolar dos fatos. Eastwood toca na emoção como se fosse uma cítara e encontra a ira oculta adormecida por nosso senso moral, mas o som da cítara não a acalma e seu despertar faz com que o próprio destino seja mudado em prol de sua vingança.


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Cine Dica: Em Cartaz: Com os Punhos Cerrados



Sinopse: Os amigos Joaquim, João e Eugenio vivem em Fortaleza e usam suas vozes como armas em uma rádio pirata. Eles invadem as transmissões de outras rádios, causando a fúria de poderosos da cidade, que dão uma recompensa pelas cabeças dos três.

Não tenho dúvida alguma que vivemos atualmente num tempo em que nosso país se encontra dividido, entre aqueles que defendem o capitalismo, ou socialismo, ou até  aqueles que  fecham os olhos e não desejam se ver em nenhum dos lados. Uma vez que o povo não deseja enxergar o que os poderosos, ou até mesmo determinada mídia queira realmente passar para eles, se tem então o nascimento de pequenos grupos, cujo objetivo é irem contra a maré e protestar perante essa falsa e plástica  realidade imposta na vida das pessoas. Com os Punhos Cerrados, é um filme simples, mas que a sua metáfora ecoa em nossa realidade cada vez mais afogada em meias verdades.
Dirigido por Luiz e Ricardo Pretti e Pedro Diogenes (Monstros) acompanhamos a cruzada de três amigos, Joaquim, João e Eugenio, cujo objetivo deles é passar os seus pensamentos através de uma rádio clandestina, para que assim as pessoas da cidade possam ouvir. O problema é que a população se encontra afogada em meio a mentiras e uma realidade plástica confortável e da qual elas não conseguem desvencilhar. Os poderosos e donos da cidade decidem então capturar o trio custe o que custar.
Assim como, por exemplo, Branco sai e preto fica, esse longa metragem possui uma linguagem que transita entre ficção e documentário, já que os próprios protagonistas sendo interpretados pelos cineastas, não se desvencilham muito do que eles são na realidade. Com isso, temos um filme em que retrata um determinado e sombrio futuro, mas que sintetiza a nossa realidade atual, da qual cada vez mais se afunda graças a artimanhas de uma mídia sensacionalista e a serviço de poderosos que pagam melhor quantia. No decorrer do filme, os discursos do trio fazem então todo o sentido, mesmo quando suas mensagens não causem o efeito desejado.
Embora aparente um orçamento curto, o filme é engenhoso ao usar uma fotografia escura, cujo seu teor sombrio combina com o cenário meio que opressor e nada acolhedor. Ao mesmo tempo, o início e o final do filme se desvencilham do principal conteúdo da trama, cujo cenário expandido de um deserto cheio de luz se torna então o único lugar acolhedor para aqueles que buscam fugir de uma sociedade presa por correntes invisíveis. Mas se a luta não é ganha e um deserto se torna o único meio de fuga para onde iremos então?
Com ainda participação da talentosa e bela atriz Samya De Lavor (Boi Neon), Com os Punhos Cerrados, é um pequeno filme que tem muito a dizer, mas que infelizmente muitos irão se fechar em querer não ouvir a sua mensagem e aceitar de bom grado as mentiras vindas de um sistema manipulador e hipócrita de nosso país.  

terça-feira, 21 de março de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Fome de Poder



Sinopse:O vendedor Ray Kroc (Michael Keaton) conhece os irmãos Dick e Mac McDonald. Os dois mostram um novo conceito de serviço de lanchonete, em que o pedido é entregue em 30 segundos e não em 30 minutos. Ray fica abismado com negócio e se torna sócio dos irmãos. No entanto, a ambição do vendedor fala tão alto, que o trio começa uma briga pela detenção dos direitos da franquia de fast food McDonald's.


Às vezes não basta ter uma boa idéia para a criação de um bom negócio, mas também ambição, persistência e esperteza, pois a boa idéia sempre são copiadas e às vezes para melhor. Quem assistiu ao filme A Rede Social, sobre a criação do Facebook, sabe que esse meu pensamento bate com tudo com relação ao que foi mostrado naquele filme e como às vezes a dança das cadeiras pelo poder acaba por deixar muitos para trás. Em Fome de Poder, temos uma nítida idéia de como uma boa idéia pode se tornar ótima nas mãos de outros, mas com um alto preço a pagar.
Dirigido por John Lee Hancock (Um Sonho Possível), acompanhamos a jornada de Ray Kroc (Michael Keaton), que deseja passar de lanchonete a lanchonete para passar suas idéias para a criação de um melhor atendimento para determinado estabelecimento. Em uma de suas viagens, conhece os irmãos Dick e Mac McDonald, cuja lanchonete deles possui um atendimento rápido, organizado e apresentando um jeito incomum de comer um lanche naquele tempo (1954). Não demora muito para Ray querer fazer um negócio com os irmãos para expandir a idéia como uma franquia, mas ao mesmo tempo, despertando uma persistência e ambição fora do comum dentro dele. 
Assim como foi visto no filme A Rede Social, a marca McDonald nasceu através de uma idéia, mas que somente com ambição ela acabou indo tão longe. Já Fome de Poder não é um filme que fará a pessoa desistir de ir à lanchonete mais próxima, pois se levar isso a sério, então já comece a pensar em deixar de tomar Coca Cola, ou qualquer marca alimentícia, pois tudo por trás da cortina sempre haverá uma história ruim para não ser descoberta pela massa. O filme não se intimida em descascar cada camada dessa torre de Babel do submundo dos negócios, cujo público é a peça principal que movimenta as engrenagens para os donos de impérios como o McDonald ganharem mais e mais dinheiro. 
Com um ritmo ágil, John Lee Hancock jamais deixa o seu filme sair dos trilhos, mesmo quando os bastidores do mundo dos negócios aparentam ser um tanto que complicados para serem compreendidos na tela, mas nunca perdendo o ritmo visto nela. Talvez isso muito se deva ao desempenho sempre competente de Michael Keaton, cujo modo de apresentação do seu personagem em cena não faz com que tenhamos raiva dele, mas sim fascinação pela energia que ele emana, mesmo quando certos questionamentos despertam lá no fundo de nós. Essa sensação acaba aumentando quando nos damos conta que os irmãos McDonald (Nick Offerman e John Carroll Lynch, ótimos) foram passados para trás no decorrer da história, mas ao mesmo tempo, questionamos o fato de como foram tão ingênuos perante o universo dos números dos negócios. 
Fome de Poder é um filme que não nasceu para melhorar a imagem dos criadores de poderosas marcas alimentícias, mas sim provar que, para criação de um império, é preciso ambição e muito sangue frio.



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Cine Dicas: Em Blu-Ray, DVD, Netflix e locação via TV a Cabo (21/03/17)



É apenas o fim do mundo



Sinopse: O  escritor Louis (Gaspard Ulliel) passou 12 anos longe de casa e retorna para um almoço em família. Mas para ele não é nada fácil, pois feridas reabrem, principalmente porque terá de rever o irmão (Vincent Cassel), com quem nunca se deu bem.

O diretor canadense Xavier Dolan (Eu Matei a Minha Mãe) sublinha o tom exasperador do filme com sufocantes planos fechados que, além de fortalecer o lado doentio da claustrofobia familiar dos presentes, acaba brindando o cinéfilo com ótimos desempenhos de todo o elenco que, diga-se, é de fato de primeira linha.
Percebe-se no filme a origem teatral da trama, roteirizada pelo próprio Dolan a partir da peça Juste la fin du monde, que o autor francês Jean-Luc Lagarce, falecido precocemente em 1995, escreveu tendo suas próprias experiências como base. Mas não se trata de teatro filmado. Com vigor, É Apenas o Fim do Mundo tem luz própria intensa o suficiente para incomodar e sensibilizar o público com um dos temas mais recorrentes da sociedade atual: a família disfuncional. Seja ela de quem for.


 

Minha Vida de Abobrinha



Sinopse: O inseguro pequeno protagonista de apenas nove anos acaba causando um acidente na residência, levando sua mãe ao óbito. Abobrinha, como costumava ser chamado por ela, se apresenta ao policial, que tenta redirecionar a vida do pequeno menino. De repente, o jovem se vê em um orfanato com crianças sem família, assim como ele.


Melancólico e esperançoso, a animação Minha Vida de Abobrinha surpreende do principio ao fim. O longa franco-suíço consegue de forma equilibrada levantar um tema tão delicado em uma improvável animação em “stop-motion”. A trilha sonora é basicamente instrumental (salvo momentos como a festa) e complementa perfeitamente com as cores e climas propostos pelo diretor Claude Barras. Entre outras coisas, Minha Vida de Abobrinha mostra que, às vezes, a ajuda e o consolo vem de onde menos se espera e que se pode haver esperanças mesmo que as dores do passado ali estejam.



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segunda-feira, 20 de março de 2017

Cine Especial: Literatura Policial no Cinema: Parte 3

Nos dias 25 e 26 de março eu estarei participando do curso Literatura Policial no Cinema, criado pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema César Almeida. Enquanto atividade não chega, por aqui eu irei fazer uma pequena investigação sobre os principais clássicos envolvidos nesse gênero cinematográfico.  



Os Suspeitos (1995)

Sinopse: Cinco suspeitos são detidos em uma delegacia de polícia de Nova York por causa de um crime. Durante a detenção, eles chegam a um acordo e se unem para realizar um grande trabalho. Porém, eles não imaginam que todos são apenas marionetes na mão de alguém mais poderoso, que os está usando, e a dúvida que permanece até a grande revelação final é: quem é essa pessoa?

Os Suspeitos foi a  estréia de Bryan Singer em produções de longa-metragem, foi responsável por alguns dos maiores elogios da crítica no ano de 1995. O filme, quebra-cabeças montado fora de ordem cronológica, é na verdade uma clássica narrativa no estilo que Alfred Hitchcock nomeou de “who-dunit”: um jogo para que o espectador descubra qual a identidade do criminoso. Singer passa 101 minutos exercitando sua perícia em mostrar pistas falsas e esconder indícios do espectador, antes de revelar a verdade. Trata-se de um thriller excitante que inspira a platéia a vê-lo pela segunda vez, em busca de detalhes que poderiam ter ajudado a revelar o mistério.
O filme tem um excelente elenco, liderado por Gabriel Byrne: os emergentes – depois astros premiados com o Oscar – Spacey (estatueta de coadjuvante por este mesmo filme) e Benicio Del Toro (coadjuvante por Traffic) estão entre os ladrões. 
 

Los Angeles, cidade proibida (1997)

Sinopse:No início dos anos 50 em Los Angeles, três detetives que usam métodos distintos de trabalho se defrontam com uma trama de conspiração e corrupção policial, que atinge até os mais altos escalões, que estão ligados a um esquema de prostitutas de luxo, no qual cada uma delas personifica uma estrela de cinema.
Até 1997 Curtis Hanson não parecia ser mais do que um cineasta-padrão de Hollywood, entregando filmes bastante competentes mas nunca geniais, como Uma janela suspeita, A mão que balança o berço e O rio selvagem. Por isso, quando Los Angeles, cidade proibida foi lançado todo mundo na capital do cinema - e mais os críticos e os fãs de bom cinema - ficou de queixo caído. Emulando com propriedade o estilo noir dos filmes policiais dos anos 40, Hanson assinou um filme extraordinariamente bom, capaz de competir de igual pra igual com os maiores clássicos do gênero. Premiado como melhor filme por praticamente todas as associações de críticos americanos, Los Angeles só não levou o Oscar e o Golden Globe por ter esbarrado em um iceberg gigantesco chamado Titanic. Mas até mesmo os admiradores da mega-produção de James Cameron são obrigados a concordar que, em termos de narrativa e inteligência Los Angeles ganha de goleada.


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