Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Três Anúncios Para Um Crime

Sinopse: Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby, responsável pela investigação.

O faroeste não está morto, muito pelo contrário, pois está mais vivo do que nunca e sobrevivendo numa dura realidade contemporânea. O faroeste americano amadureceu, aprendeu com os seus erros e compreendeu que o duelo de mocinho contra bandido é uma coisa que nasce bem mais embaixo e tornando tudo algo bem mais complexo. Três Anúncios Para Um Crime eleva o subgênero faroeste contemporâneo a um novo patamar, pois os bandidos não tem rosto, mas sim apenas as cicatrizes das quais eles vão deixando.
Dirigido por Martin McDonagh (Sete Psicopatas e um Shih Tzu), o filme acompanha a cruzada de Mildred Hayes (Frances McDormand), que teve sua filha assassinada a sete meses e a policia foi ineficaz durante o caso. Ela decide então  fazer um grande protesto usando três outdoors, não somente exigindo justiça, como também fazendo uma crítica ao xerife local Bill Willoughby (Woody Harrelson). Não demora muito para Hayes sofrer diversos atritos, não somente vindos da  policia, como também de boa parte da cidade.
Do princípio ao fim o filme pertence a Frances McDormand, cuja a sua personagem é uma entidade da natureza incontrolável,  da qual ninguém terá força o suficiente para freá-la e tão pouco ela será persuadida. É aquele tipico personagem do qual foi escrito com carinho para o interprete e Frances fez a lição de casa a dedo, pois dificilmente terá outra interpretação feminina tão forte quanto essa nos próximos meses que virão. Em meio as suas marcas da idade, a interprete consegue nos passar todas as dores e magoas que uma mãe carrega e exigindo a todo custo justiça.
Sua Mildred Hayes se torna então uma personagem desperta numa realidade em que as pessoas somente querem seguir com as suas vidas e tão pouco se importando com as feridas em aberto daquela cidade. Contudo, o filme não faz somente faz  uma dura crítica contra os homens da lei do local, como também retrata seres humanos falhos, cujas suas vidas se vêem desmoronando de uma forma gradual mas muito sentida. O Xerife Bill (Harrelson) compreende o quanto foi ineficaz no trabalho da investigação, mas o destino foi cruel contra ele próprio, ao ponto que não lhe resta muito o que fazer, mas apenas deixar a sua marca e fazer com que as pedras do tabuleiro comecem a se movimentar.
É o caso da pedra do tabuleiro chamada Jason Dixon (Sam Rockwell, de Lunar), policial desleixado, racista e que tão pouco se importa com os problemas dos outros, a não ser os dele próprio. É aquele tipico personagem do qual você odeia facilmente, mas como o filme tem os dois pés no mundo real, o cineasta providência para que as inúmeras camadas do seu ser interior sejam então descascadas. Claro que até lá desejaremos o pior para ele, principalmente após num plano sequência protagonizado por  ele e que, por pior que seja, é um dos melhores momentos do filme.
A questão portanto do filme não é sobre quem é mal ou bom durante a trama, mas retratar pessoas que cometem graves erros, mas que são seres humanos e que tentam seguir suas vidas com o que restam. Não é o que há dentro delas que os tornam o que são, mas sim suas ações é o que moldam elas como pessoa. O final em aberto faz com que nos perguntemos quais os caminhos que aqueles indivíduos irão trilhar e se irão se tornar pessoas melhores ou piores do que elas já foram um dia.
Três Anúncios Para Um Crime é sobre atos e consequências e cabe aos personagens saberem conviver ou não com suas próprias feridas. 


Nenhum comentário: