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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Cine dicas: Em Cartaz: As Duas Irenes / A Gente



As Duas Irenes



Sinopse: Uma menina de 13 anos, de uma família tradicional do interior, descobre que seu pai tem uma filha de outra mulher, com a mesma idade e o mesmo nome dela, Irene. Agora, a filha do meio se sente num lugar de rejeição e começa a tentar descobrir quem ela é e quem quer ser. Ela começa a perceber como se dão as relações sociais e vai entendendo que o universo adulto é feito também de segredos e mentiras.


Embora exista uma onda politicamente correta, porém hipócrita, é curioso que observo uma aceitação da parte de alguns de que, a tradicionalíssima família brasileira de hoje, não é mais aquela como era antes. Existe a traição, separação e até mesmo pessoas que sustentam duas famílias ao mesmo tempo, mas que reconhecem, mesmo que por um tempo só para si, o quão é fraco com relação a sentimentos e desejos dos quais fazem nascer futuros frutos. As Duas Irenes mostra que não devemos ser movidos pelo ódio devido aos erros do próximo, mas sim tentar conviver em harmonia e aceitar a paz no interior de si.
Dirigido por Fabio Meira (roteirista De Menor), o filme acompanha a história de Irene (Priscila Bittencourt), menina de 13 anos de uma família tradicionalista e conservadora do interior. Porém, o seu pai Tonico (Marco Ricca) tem outra mulher e uma filha, que por sua vez se chama também Irene (Isabela Torres). Por ser de uma cidade pequena, não demora muito para que ambas se cruzem no local, mas que, ao invés de nascer uma rivalidade, nasce então uma singela amizade.
É curioso o cenário do qual se passa a história, onde não há qualquer menção do nome da cidade, do estado ou da época dos acontecimentos. Com uma fotografia cheia de luz em tons pastel, a trama poderia se passar em qualquer interior do país, já que as situações das quais os personagens se encontram são humanas e fazendo com que qualquer um que assiste se identifique facilmente. Não há um desejo da parte do roteirista, por exemplo, em querer transformar ninguém da trama em antagonistas, mas sim retratar pessoas comuns, principalmente focando jovens que estão entrando numa fase de descobertas sobre a vida adulta.
Se a primeira Irene (Priscila Bittencourt) enxerga essa vida secreta do seu pai com certa frustração no principio, logo esse sentimento vai desaparecendo e dando o lugar a curiosidade quando começa a ter contato com sua meia irmã Irene (Isabela Torres). Essa última, aliás, demonstra certo amadurecimento vindo do seu olhar e tendo total consciência sobre o mundo real do qual convive no seu dia a dia. Ambas começam aprender um pouco sobre a vida quando se encontram sempre juntas e se dando conta de que, se essa situação pode se tornar um pesadelo para seus pais, por outro lado, pode se tornar benéfica para elas futuramente.
A expectativa fica por conta da maneira em que as famílias irão tomar conhecimento dessa realidade. Porém, o cineasta prefere deixar isso em aberto, num ato final engenhoso e do qual merece ser aplaudido. Tanto Priscila Bittencourt como Isabela Torres dão um verdadeiro show em cena, sendo que a última nem precisa falar, pois basta os seus expressivos olhos invadir a tela e nos dizer o que a sua personagem pensa e sente. 
As Duas Irenes é um pequeno filme universal, do qual todos nós se identificamos, mesmo quando alguns ainda se recusam em aceitar uma realidade que se encontra mais próxima do que se imagina.    
   

    
A Gente (2013)



Sinopse: Por sete anos, Aly Muritiba trabalhou em uma prisão. Lá ele fez parte da Equipe Alfa. Após estudar cinema e dirigir alguns curtas-metragens, Muritiba, volta ao seu antigo trabalho para reencontrar seus colegas e realizar um filme. A Equipe Alfa é formada por 28 pessoas, homens e mulheres de origens e formações distintas que fazem a guarda e custódia de cerca de mil criminosos numa penitenciária Brasileira. Walkiu torna-se o chefe da equipe e espera fazer um bom trabalho. Mas percebe que suas mãos estão algemadas.


Após uma carreira de prestigio em curtas metragens como A Fábrica (2011) e O Pátio (2013), Aly Muritiba surpreendeu em seu primeiro longa metragem de ficção intitulado Para minha amada morta. Com a câmera sempre em movimento, onde ele criou inúmeros planos sequências com estilo, fez com que aquele filme se tornasse um dos melhores longas brasileiros dos últimos tempos. Porém antes disso, o cineasta havia se aventurado em A Gente, seu primeiro longa documentário, do qual ele já nos apresentaria elementos dos quais ele usaria posteriormente no filme que o consagraria.
O filme acompanha o dia a dia de Jefferson Walkiu, chefe do grupo Alfa, de agentes penitenciários de um presídio de Curitiba. Walkiu tenta ser uma pessoa correta, com mão firme e tentando manter organização em situações, por vezes, caóticas dentro do presídio. Porém, a burocracia e falta de incentivo do qual deveria vir do estado, torna o seu trabalho cada vez mais complicado.
Assim como em filmes recentes como o documentário Central, Muritiba usa a sua câmera para explorar minuciosamente o dia a dia dentro de um local, por vezes, sufocante, mas do qual se deve haver ordem. Em boa parte do tempo, sua câmera acompanha Jefferson, como se fosse um segundo colega ao seu lado e o deixando a vontade para agir com naturalidade perante as situações das quais precisam ser administradas e corrigidas. Ao mesmo tempo, o cineasta não se esquiva em retratar os dois lados da faceta do protagonista que, por ora demonstra uma pessoa humanista, mas que não abaixa a guarda em momentos dos quais exige disciplina.
Ao mesmo tempo, as cenas do presídio são entre cortadas com cenas onde Jefferson se encontra, ou em casa, ou pregando em sua igreja. Embora em alguns momentos essas passagens soem um tanto que dispensáveis, elas se tornam uma forma de escape para que o peso da responsabilidade do protagonista não seja tão pesado. Em sua reta final, Jefferson então percebe que o principal obstáculo para um bom trabalho não venha talvez de prisioneiros indisciplinados, mas sim do desleixo vindo dos próprios políticos que não valorizam a sua categoria e tão pouco se importando com o sacrifício de cada um deles.
Embora curto, A Gente é um pequeno exemplo sobre os obstáculos que os agentes em exercício dessa categoria sofrem e que tornam esses lugares cada vez mais insuportáveis. 




Onde assistir: Cine Bancários: Endereço: R. Gen. Câmara, 424 - Centro, Porto Alegre. Horários: A gente: 15h e 19h. Duas Irenes: 17horas.  



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