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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 12 de julho de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Galeria F

Sinopse: Documentário relembra a história do militante do Partido Comunista Brasileiro Theodomiro Romeiro dos Santos. Ele lutava contra a ditadura já aos 14 anos e aos 18, foi preso por matar um militar. Theodomiro é torturado e se torna o primeiro condenado à morte no Brasil. Mas o militante consegue fugir e 40 anos depois, ele faz novamente o percurso dessa fuga, agora na companhia do filho.

Após o golpe de 2016 (sim foi golpe, aceitem), do qual trouxe inúmeros retrocessos para o nosso país, o cinema, por sua vez, vem cada vez mais vai tendo um papel fundamental, para abrir os olhos daqueles que acreditaram que eram patriotas só por terem saído pelas ruas protestar de forma cega, com a camisa da seleção brasileira e ter caído na lábia de uma imprensa comprada. Se por um lado existem aqueles documentários que defenderam impeachments da ex Presidente Dilma (como o dispensável Impeachment: O Brasil nas Ruas), existe também aqueles que buscam realmente a verdade, tanto sobre passado, como também sobre o presente e não esconde nada com panos quentes. Aliás, é através do passado que a cineasta Emilia Silveira decide explorar uma das figuras presentes dentro da história do primeiro golpe e do qual sofremos em nosso país na década de sessenta.
O documentário Galeria F explora a vida de Theodomiro Romeiro dos Santos, primeira pessoa do Brasil a ser condenada a morte no século vinte. A sentença veio pelo fato de Theodomiro ser um militante socialista na época e que, ao defender a vida de seus colegas devido a uma repressão militar, acabou tendo que matar. Porém, Theodomiro escapa da prisão e quarenta anos depois decide revisitar o percurso de sua fuga e ao lado do filho.
O filme já começa com um exemplo de como será a obra como um todo, onde vemos Theodomiro, ao lado de sua família, revendo fotos do passado e das quais se encontram até mesmo momentos do qual se encontrava na prisão. Emilia Silveira aproveita para escutar os relatos do seu protagonista, entrelaçando-os com imagens de arquivo e dos quais nos faz facilmente adentrarmos num dos períodos mais difíceis de sua vida. Ao lado do seu filho, ele adentra ao cenário do qual ele permaneceu preso, mais precisamente na galeria F de uma prisão, que mais parece um pequeno coliseu e do qual sofria torturas e humilhações.
Apesar de revisitar certos lugares, dos quais lhe faz relembrar de momentos dolorosos, Theodomiro surpreende por manter sempre o bom humor. Ao lado de companheiros da época, sendo muitos também militantes, o filme ganha um tom leve, mesmo perante em situações pesadas e das quais eles descrevem em detalhes. O ápice do documentário é quando Theodomiro relata sobre os poucos momentos que eles pegavam sol fora da prisão e que, ao invés de aproveitarem esse momento, eles se uniam em círculos e debatiam o que fariam mais pra frente fora da prisão.
Curiosamente, é interessante observar o papel da imprensa naquela época e que, embora asfixiada pela censura, procurava compreender nas entrelinhas quem era esse foragido da justiça e do qual atraia cada vez mais curiosos. Não demorou muito para Theodomiro ganhar aliados, sejam da imprensa, políticos ou cidadãos comuns, que viam nele a imagem da resistência perante a intolerância de um governo golpista daquele tempo. Pode-se dizer que esses elementos colaboraram para que Theodomiro obtivesse uma chance maior para sua fuga, mas que não impediu que atravessasse um verdadeiro calvário, principalmente pelo fato da sentença a morte sempre ter ficado lhe assombrando.
Em sua reta final, a cineasta Emilia Silveira coloca então o protagonista na sela da qual ele viveu os seus principais tormentos. Transitando entre as cenas de hoje, com as fotografias da cela daquela época, sentimos então o fim do calvário de Theodomiro, mas do qual as cicatrizes, tanto físicas como nas lembranças permanecem como registro. Ao rever esse passado, o protagonista não busca então vingança, mas sim tenta nos fazer compreender o quão é doloroso ter participado de uma causa, mas que valeu muito a pena. 
Galeria F é um dos muitos documentários brasileiros que virão futuramente, sendo o cinema da resistência e do qual não medirá esforços para nos mostrar a realidade que o país passou e que está passando atualmente. 

 
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